Sentado a Beira do Caminho

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Sento a beira do jardim. Observo as flores e invejo suas cores, observo as borboletas e sonho ter tal leveza na alma e no coração. Pouco a pouco faço parte dele, sinto os ramos enroscarem meu corpo e deixo que tal mutação aconteça, a terra me aqueça e a chuva me alimente. Talvez uma vez parte do jardim o amor floresça em mim.
— Talvez seja assim.

EU INDIGENTE

Eu, o resto sem eira nem beira
Quem cata os restos na feira
Mais uma escória programada
Mais uma história mal pichada

Interpreto um papel maçado
Reciclo o papel passado
Um papelão: é o que faço
No papelão: deito e me abraço

Vender bala: meu ganha-pão
Correr da bala: destinação
A indiferença: desperta minha dor
A sirene: meu despertador

A lua enche meu saco
Com seu olhar pálido
Nem a terra absorve
O meu chorar árido

O sol nasce, minha pele frita
E minha sombra assombra
Minha voz trava, meu silêncio grita
E meu grito tomba

Varrido pelo vento
Sou mais um excremento
Maltratado pelo tempo
Dormir é meu passa-tempo

Abrigado na solidão
Sou um eterno desvalido
Com o pensar comprimido
E o latido reprimido

Meu signo: cão de rua
Destino: viver no mundo da lua
Guerra: encarar esse mundo insensível
Sonho: tirar essa coleira invisível

Nome: Zé ninguém
Sobrenome: algum alguém
Sem identidade
Sem entidade
Sem idade.

Me disseram que você
Anda um pouco distraída
Ouvindo Bob Marley
Na beira do mar.

Cedo ou tarde, quem sabe,
a gente se encontra
Na beira do mar, pelas ruas da cidade
Em algum lugar
Cedo ou tarde, quem sabe,
a gente se encontra
Pela madrugada, em algum fim de tarde

sou um poeta
sem eira nem beira

ninguém me chama
Manuel Bandeira

Carta de ⁠saudade

Quando eu enlouquecer
Quero estar na beira do mar
Admirando as estrelas do céu
Admirando as ondas do mar

Quando esse dia chegar
Quero estar com você
Olhando seu corpo lindo
Que me faz enlouquecer

Sei que vou enlouquecer
Pois não paro de chorar
Sinto a falta de você
E não sei como te falar

Te vejo em meus sonhos
E não sei o que fazer
Por que te amo e te adoro
E não posso mais te ter.

⁠Tenho um coração indomável que não se cansa de lutar. Tenho uma alma guerreira que beira a loucura, sempre à tua procura!

Flávia Abib

Enluarado

Vem pisar na areia
Vem brincar na beira do mar
Tem uma lua cheia
Pronta para te banhar

Larga a timidez
Vem, vem pra ver a lua
Bela de tanta nudez
Esperando a sua.

Eu aqui, apaixonado pelas duas
Todo, enluarado pelas nuas.

O vento que vem de lá
Entra sem eira nem beira
Descabela o mundo de cá
Abre a janela, venta e incendeia.

EU QUERO

Um pôr do sol na beira do mar
Sentar na areia ouvir uma canção
Dedilhada nas cordas de um violão
Esperar a noite chegar...

Quero num dia qualquer
Sair de mãos dadas pela rua
Sentar na praça olhar a lua
Ser menina ou ser mulher...

Nas noites frias um chocolate quente
Um cobertor numa noite chuvosa
Uma sopa quentinha bem gostosa
Aqui no sofá só a gente...

Quero uma risada sincera
Um olhar apaixonado
Um abraço bem apertado.

Quero liberdade- ser o que sou
Não ligar para o que irão pensar
Se eu sonho ou deixo de sonhar
Quero o hoje e nunca o que passou.

Autoria- Irá Rodrigues

⁠Postes Laranja

Avenida barulhenta
Se cala na sarjeta
Postes Laranja
Na beira da falência

Gasolina fedorenta
Poluição da grande empresa
Postes Laranja
Ignoram sua presença

Cidades isoladas
Vidas isoladas
Postes Laranja
Invadem nossa mata

Progresso é o que se diz
E escreve com um giz
Postes Laranja
Se espalham como chafariz

Está ficando estrelado
Está ficando clareado
Postes Laranja
Apagam o estrelato

Eu preciso ficar calmo
Fugir do urbano no marasmo
Postes Laranja
Me perseguem por todo lado

Postes Laranja
Postes Laranja
Postes Laranja
Postes Laranja
Por onde eu vou não tem mais vermelho
Verde, azul, amarelo
Roxo, branco, preto,
Cinza, marrom ou caramelo
Tudo o que vejo na distância
São apenas Postes Laranja

⁠Essa é a história de um homem que possuía uma pequena chácara à beira da estrada onde criava frangos.
Os frangos, assados pela sua mulher, tornaram-se famosos.
Ele viu que poderia transformar aquilo num bom negócio. Mandou reformar a fachada da casa, colocou algumas mesas ao ar livre, mandou fazer um grande painel na frente.
A frequência se tornou grande e seus lucros também, o negócio crescia cada vez mais.
Agora, em diversos pontos da estrada havia cartazes indicando: "Frangos assados, os mais deliciosos da região."
O negócio ia tão bem, que o homem pôde colocar seu filho nas melhores escolas e, mais tarde, mandou-o para a Universidade.
Quando o filho voltou, já formado, disse ao pai:
- "Papai, o país está atravessando uma série de crises, acho melhor começar a fazer economia se quer que o nosso negócio sobreviva."
Uma das primeiras providências foi suspender a confecção de novos cartazes e cortar a verba de conservação dos já colocados.
E o filho recomendou: "É melhor não acender mais o cartaz de neon, é preciso economizar luz."
Com essa medida, a frequência, como era natural, foi caindo; verificaram que muitas mesas ficavam vazias e decidiram retirá-las. Poucas semanas depois, quase não restavam mais mesas.
Os motoristas continuavam passando pela estrada, mas agora não sabiam que naquele lugar comia-se um ótimo frango assado.
Assim foi indo, até que nenhum negócio mais foi realizado.
Olhando para o que sobrava do que outrora foi um restaurante, vendo o neon apagado e corroído, os cartazes jogados à beira da estrada, o homem viu como seu filho era inteligente e como pôde, com tanta antecedência, prever o caso.
"É... meu filho tinha razão, a crise foi feia mesmo."
Enquanto isso, muitos outros negócios de frango assado, não tão bons quanto aquele, prosperavam porque seus donos não sabiam que "a crise vinha aí".
Autor desconhecido

Sou como aquele hotel na beira da estrada.

Onde tantas pessoas já passaram.
Algumas por uma só noite,
apressadas foram embora
sem nem tomar
o café da manhã.

Outras ficaram dias
e mais dias,
e mais dias.

Ocuparam os espaços.
Ocuparam meus vazios.
Fizeram festa.
Conversaram madrugadas a dentro
e
foram permanecendo.

Sou como aquele hotel no meio da estrada.

Para alguns, salvação.
Para outros, refúgio.

Sou o lugar em que muitos descansaram.
E também
bagunçaram.
Reviraram tudo e foram embora
sem arrumar nada.
fugiram no meio da noite.

Sem pagar o que me deviam.
Sem dizer muito obrigado.

Abriguei todo tipo de gente.

Chegadas.
Partidas.
A verdade é que todos permaneceram
o tempo que deviam permanecer.

Nem um dia a mais.
Nem um dia a menos.

Ficaram tempo suficiente
para contarem
a sua história
e
conhecerem a minha.

Ninguém foi embora
sem
me deixar
uma lição,
um aprendizado.

Sou um pouco de todos que
já me
atravessaram.

“Que cada coisa que você faça, fale, seja ou pretenda ser, seja como se você estivesse a beira da morte.”

Enquanto caminhava feliz a beira mar, num barco sem fundo, tropecei na perna de um velho cego, sentado em pé num dos cantos de uma parede oval que filosofava sobre a vida, lendo um grosso livro de Matemática de apenas uma capa que dizia: a terra é redonda como uma bola Triangular que gira parado no sentido anti-horário, e... terminando a sua longa leitura, o velho cego e mudo, fechou o grosso livro e dormiu caminhando numa cama feita de madeira de pedra e disse: - Sou um pobre sonhador.

Estamos sempre a um fio de fazer uma loucura como um intrépido a beira do abismo.

⁠Que o mar leve
além-mar,
todo o mal.

Que o mar traga
à beira-mar,
o bem real.

⁠No abraço me esforço à beira do poço, descalço ... soluço, roço, encosto e gosto. Me retorço nesse esboço sonhando com o espaço, desfaço o laço e me contrasto com o que posso, toco, embaraço e com olhar de um palhaço sorrio e vou!

X

Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?

Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?

Muita coisa mais do que isso,
Fala-me de muitas outras coisas.
De memórias e de saudades
E de coisas que nunca foram.

Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentir

Suicídio

À beira do abismo.
Não sei se te empurro
Ou me jogo do precipício.