Seco
E quando você não é regado, você vai ficando seco, frio, distante, desistindo de si mesmo. E a única coisa que fica além da insegurança é a certeza de que ou você luta sozinho ou você perde a batalha.
A natureza renova-se constantemente, por isso temos que deixar cair o que está podre e seco em nós, não nos revoltemos e sejamos gratos pela renovação.
Podem até não me aplaudir, mas vão ter que engolir o orgulho a seco, porque vão me ver se destacando.
Após dias, cansado e sedento
Num deserto de solidão
de um clima seco de sentimentos,
pude avistar a minha salvação,
meu momento de refrigério,
até poderia ser uma ilusão,
mas não, era uma ninfa de vermelho
que tinha vindo buscar-me
pra um oásis eterno.
Bolero de inverno no cerrado
No cerrado, seco, o sol da manhã
Nos tortos galhos, o ipê, a cortesã
De um inverno, em uma festa pagã
Desperta o capricho do deus tupã
Degustando a aurora tal um leviatã
E numa angústia, o orvalho, num afã
Do céu azul, num infinito, de malsã
Craquela o dia no seu tão árido divã
Do duro fado, tão pouco gentleman
E tão árido, tal uma agridoce romã
E vem o alvor, com o frígido de hortelã
Bafejando poeira cheia de balangandã
Tintando a flora em um rubro poncã
Zunindo o vento tal um som de tantã
Num bolero ávido por um outro amanhã...
São gemidos, uivos, sofreguidão
Correndo pelo sulco do cascalhado chão
Emergindo desse pântano, ressequida solidão.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 27 julho 2018
Brasília, DF
Nem sempre entendemos o porquê dos lugares onde a vida nos coloca.
Às vezes parece solo seco, outras vezes, céu nublado...
Mas mesmo assim, com fé, a gente cria raiz, se fortalece
e encontra um jeito bonito de florescer.
Porque onde Deus nos planta,
Ele também cuida, rega e faz crescer.
A gente só precisa confiar no tempo…
E se permitir florir.
— Edna de Andrade
@coisasqueeusei.edna
Amigo é água de poço
em terreno seco e alto:
Está sempre lá no fundo,
quase fica d´outro lado
do próprio mundo...
Obrigado por brotar
nesta longa escavação,
quando prestes ao cansaço
quase volto, ou de repente
caio no Japão.
Senti tuas asas essa noite. Tua plumagem áspera não me deixou dormir, teu abraço frio e seco me deixou melancólico. Pedi que fosse embora, mas só colocou seu dedo ossudo e gélido na minha boca em forma de silencio. Será que vira todas as noites agora? Eis que me resta é sua companhia até o fim dos dias
Meu amor seco ficou
desde que tua vida
da minha se separou.
Tu és o outono
da minha primavera.
Sem ti não mais
vou florescer!
Eu Quero Um Beijo...!
Eu quero agora, pra hoje, sem demora...!
Eu quero um beijo suado, seco ou molhado...
Eu quero um beijo desnudado de juízo,
No verso do olho, reverso da alma...
Eu quero um beijo sem letras nem fonemas...
Eu quero um beijo no verbo...!
Eu quero um beijo perdido ou achado...
Sem pausas nem lacunas...
Intercalado...!
! Sem precisar nada ser dito...
Eu quero um beijo que fale a minha língua...!
Eu quero um beijo calado, no grito...!
Eu quero um beijo no ato, de fato...
Eu quero um beijo ao gosto do desejo...
Eu quero um beijo seja como for...
Sem compromisso ou com amor...!
Eu quero agora, pra hoje, sem demora...!
Eu quero um beijo...!!!
A MINHA VIDA
A minha vida é um deserto
É um simples seco areal
As flores que vou tocando
Perdem todas as folhas
O caminho é inseguro
E a minha estrada é fatal
Pois alguém vai semeando o mal
Para que eu o possa recolher
As minhas ilusões derretem
Como o gelo num mar de fogo
Os sonhos são bandos de pássaros
Entre tantos, tantos medos
A minha vida é um seco areal
Nos abismos de trilhos marcantes
A flor que toco simplesmente morre.
É que eu sou do sertão!
Sou um fruto travoso demais!
Sou lá de longe do morro seco, sim.
As emoções são quentes por lá.
As lágrimas são mais salgadas.
A sede é incessante no verão.
O bigode delas é de Portugal.
Mas o cabelo é latino.
O agreste é holandês no Brasil.
Mas o sertão é um Brasil espanhol.
O gênio é de drama lá.
Mas o amor é apimentado.
Eu vim para o norte.
Aqui faz calor o ano todo.
Mas também sempre chove forte.
Trouxe minha força de sobrevivência.
Mas aqui o ritimo é de crenças.
Dançam a magia da floresta.
Amam como colhem o açaí.
Adoçam frutos ácidos.
Aqui mudei o ponto de vista.
Não há briga de touros na empoeirada avenida.
Mas sim de araras no céu nublado.
Não falta agua limpa nas torneiras.
Mas falta acesso a muitos direitos constitucionais.
Mas eu continuo aqui tentando sorrir mais.
O desafio é meu como mulher de fibra.
A conquista depende da minha coragem.
Eu vim de lá do sertão.
Aprendi cedo a respeitar pai e mãe.
Mas também a defender minha vida na unha.
Essa cara feia feia de sábado com ar de segunda.
Eu não estou sempre sem ela.
Mas ela não diminui meu caráter.
É que sou brava, mas tambémm justa.
Eu sou sertaneja de raiz numa cidade nutella.
Hoje sou do mato indústrial.
Mas já fui poeira vermelha.
Eu sou seca só de expressão.
Mas de coração não.
No sertão nasceu o meu.
Mas foi no pulmão do mundo que se perdeu.
Mesmo assim, ainda bate em mim uma saudade.
A de ver outra vez minha serra da russa.
Antes de chegar nno alto sertão.
Se um dia olhar o jardim e ele estiver seco e as flores mortas, não me culpe por não tê-las regado mais.
Filosofar, nada mais é, do que o pensar além do sentido, delirar em pleno juízo, se afogar em seco motivo.
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