Saudade do meu Homem

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Mas para não sentir dor eu vou jurar ao último ouvido do meu universo o quanto você é descartável. O quanto sua molecagem não permitiu nenhuma admiração de minha parte.

‎Fantástico: o mundo por um instante é exatamente o que o meu coração pede.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Virás comigo, disse sem que ninguém soubesse
onde e como pulsava meu estado doloroso,
e para mim não havia cravo nem barcarola,
nada senão uma ferida pelo amor aberta.

Repeti: vem comigo, como se morresse,
e ninguém viu em minha boca a lua que sangrava,
ninguém viu aquele sangue que subia ao silêncio.
Oh, amor, agora esqueçamos a estrela com pontas!

Por isso quando ouvi que tua voz repetia
"Virás comigo", foi como se desatasses
dor, amor, a fúria do vinho encarcerado

que da sua cantina submergida soubesse
e outra vez em minha boca senti um sabor de chama,
de sangue e cravos, de pedra e queimadura.

Pablo Neruda

Nota: "Soneto VII" de "Cem sonetos de amor"

Quero não sentir nada. Quero descansar meu coração de saco cheio das minhas invenções e precisando se preparar para viver algo de verdade. Como será que é acordar e não esperar nada com o toque do celular, da campainha, do messenger, do e-mail, do ar, do chão? Como será que é sentir e gostar da vida pela sua calmaria e banalidade? Como será que é viver a banalidade sem achar que isso é banal?

Mas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usámos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, meu caro. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensámos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos.
E conto velho também é o facto de o sabermos. Eu não pretendo dizer nada de novo. Apenas volto a perguntar-lhe:
- Porque continua, então, a proceder como se não o soubesse? Porque continua a falar-me de si se sabe que para ser para mim como é para você mesmo e para eu ser, para si, como sou para mim, seria preciso que eu, dentro de mim, lhe desse a mesma realidade que você dá a si mesmo, e vice-versa, e isso não é possível?

Com todo respeito, a forma como vivo a minha vida é problema meu.

- Meu pai costumava dizer que a vida não nos dá segundas oportunidades.
- Dá, mas somente para aqueles a quem não deu uma primeira. Na realidade, são oportunidades de segunda mão que alguém não soube aproveitar, mas são melhores que nada.

Ele: Meu amor, se eu morrer, você vai ficar muito triste?
Ela: Claro, meu anjo! Nem penso nisso. Eu não conseguiria mais viver... Mas por que você perguntou isso?!
Ele: Por que se é assim, ainda que aconteça algo terrível, que eu entre até em coma profundo, eu te prometo que vou lutar com todas as forças para não morrer primeiro que você...

Não te confessarei o meu sofrimento, porque ele te faria desgostar de mim. Não te farei censuras: elas irritar-te-iam justamente. Não te direi as razões que tu tens para amar-me, porque não as tens. A razão de amar é o amor. Também não me mostrarei mais, tal como tu me desejavas. Porque tu já não desejas esse.

Volto-me então para o meu rico nada interior. E grito: eu sinto, eu sofro, eu me alegro, eu me comovo. Só o meu enigma me interessa.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

As pessoas me olham dos pés a cabeça, observam meu jeito, meu comportamento, minhas roupas, meu cabelo, e já acham que me conhecem o bastante pra me julgar.

Sinto falta do meu passado sim, mas prefiro o presente, porque hoje eu sei em quem eu podia confiar e quem nunca iria me abandonar.

Me entender é simples. É só se pôr no meu lugar, ver as coisas que eu vejo, passar pelo que passo e sofrer pelas coisas que eu nunca comentei.

Soneto XLVI

"Minha vista e meu coração travam mortal combate,
Sobre como dividir a conquista de tua visão:
O meu olho barraria do meu coração o retrato de tua visão,
Meu coração, ao meu olho a liberdade daquele direito.
Meu coração acha que tu nele te quedas,
(Um segredo jamais penetrado com olhos penetrantes)
Mas o defensor nega a acusação,
E diz que nele a tua bela aparição se queda.
A decidir a peleja é convocada
Uma busca dos pensamentos, que todos ligados ao coração;
E com o seu veredito fica determinado
A metade do olho límpido, e parte do caro coração:
Assim, o devido ao meu olho é tua parte externa,
E o direito do meu coração, o teu amor interior de coração."

Onde tenho o meu pensamento que me dói estar sem ele,

Esta coisa terrível de não ter ninguém para ouvir o meu grito.
Esta coisa terrível de estar nesta ilha desde não sei quando.
No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia.
Um avião, um navio, uma nave espacial.
Não veio nada, não veio ninguém.
Só este céu limpo, às vezes escuro, às vezes claro,
mas sempre limpo, uma limpeza que continua
além de qualquer coisa que esteja nele.
Talvez tudo já tenha terminado
e não exista ninguém mais para lá do mar mais longe que eu vejo.

Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.

Ele pegou meu rosto nas mãos, quase com indelicadeza, e me beijou, os lábios inflexíveis movimentando-se nos meus. Não havia desculpa nenhuma para o meu comportamento. Obviamente, agora eu sabia disso, e no entanto, não consegui deixar de reagir exatamente como naquela primeira vez.
Em vez de ficar imóveis, meus braços se estenderam para agarrar com força seu pescoço, e eu de repente estava colada em sua figura pétrea. Eu suspirei e meus lábios se separaram. Ele recuou, cambaleando, interrompendo sem esforço meu abraço.
Edward: Droga, Bella! - explodiu ele, ofegante - Você vai me matar, juro que vai.
Eu me curvei, segurando meus joelhos para me apoiar.
Bella: Você é indestrutível - murmurei, tentando recuperar o fôlego.

Coloque um espelho no meio do meu caminho entre a lavanderia, o supermercado o sapateiro, o colégio e a locadora. E que ao me olhar eu goste do que eu veja. Não deixe que eu passe uma semana sem usar um batom bem vermelho, ou uma bota bem alta ou um jeans bem justo. Proteja meus cabelos do vento e os brincos dos olhares invejosos. Que nunca falte na minha vida comédias românticas e boas depiladoras. Deixe que eu feche os registros e as janelas. Mas por favor, abra algumas portas. Se eu estiver com vontade de chorar, faça com que eu chore um dilúvio. E que tenha saído de casa sem pintar o olho. Para cada dia de TPM, me dê uma vitrine com sapatos lindos. Já que eu nunca pedi milagres, faça com que minhas celulites sejam ao menos discretinhas, me dê saúde, tempo livre, silêncio. E um dermatologista de confiança. Também vizinhos tolerantes que não perguntem porque eu corro na esteira depois da meia-noite. Dê forças para eu insistir que meu filho coma salada, diga obrigada, limpe a boca no guardanapo, faça as pazes e puxe a descarga. Cegue meus olhos para as sujeiras nos cantos e para os brinquedos no meio da sala, não deixe que minha testa fique franzida como uma saia plissada. Ajude para que eu chegue do trabalho e ainda consiga brincar, fazer cosquinha, pintar dentro da linha preta. E se eu não tiver a menor condição de me manter em pé, faça com que as crianças voltem dormindo da escola. Dê firmeza para os meus seios e os meus argumentos. Entenda se eu pintar as unhas e roer tudo depois. Faça com que o sol seja meu personal trainer, meu complexo de vitaminas, meu carregador de bateria mas quando eu pedir um diazinho de chuva não pergunte por quê. Afaste os homens que não elogiam e os que buzinam antes de abrir o sinal. Proteja minhas poucas horas de sono e não me julgue mal caso eu não acorde de madrugada para cobrir meu filho. Que o trabalho não seja bom somente no dia de pagamento. Para cada batata quente, me dê um café recém passado. Ilumine o espelho do banheiro e proteja minhas pinças, meus cremes e segredos. Entenda quando eu oro para cancelarem uma reunião não é gastar oração à toa, pode ter certeza. Faça com que eu siga a dieta e a intuição. Ajude a não faltar gasolina, não furar pneu, não arranhar calota. E afaste os motoqueiros do meu retrovisor. No meio de tudo isso faça com que eu ache tempo para virar namorada de novo, ir ao cinema, jantar fora, beijar na boca, dormir abraçadinha. Por mais complicado que seja o meu dia faça com que ele termine, e não eu...

Eu não posso mudar o mundo, mas posso mudar o meu rumo. E cá pra nós, é disso que estou precisando.

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