Frases de José Saramago

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Costuma-se dizer que as paredes têm ouvidos, imagine-se o tamanho que terão as orelhas das estrelas.

O talento ou acaso não escolhem, para manisfestar-se, nem dias nem lugares.

O mundo é tão bonito e eu tenho tanta pena de morrer.

Há ocasiões que é mil vezes preferível fazer de menos que fazer de mais, entrega-se o assuntto ao governamento da sensibilidade, ela, melhor que a inteligência racional, saberá proceder segundo o que mais convenha à perfeição dos instantes seguintes.

O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio.

José Saramago
Ensaio sobre a cegueira. Lisboa: Editorial Caminho. 1995

A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar.

Os únicos interessados em mudar o mundo são os pessimistas, porque os otimistas estão encantados com o que há...

Fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro, com o resultado, muitas vezes, de mostrarem eles sem reserva o que estávamos tratando de negar com a boca.

Damos voltas e voltas, mas, na realidade, só há duas coisas: ou escolhes a vida ou afastas-te dela.

José Saramago
Puente, Antonio. Saramago: ‘La ce, un eufemismo’. El Independiente, 29 ago. 1987.

Nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida.

A vida é assim, está cheia de palavras que não valem a pena, ou que valeram e já não valem, cada uma que ainda formos dizendo tirará o lugar a outra mais merecedora, que o seria não tanto por si mesma, mas pelas consequências de tê-la dito.

Química

Sublimemos, amor. Assim as flores
No jardim não morreram se o perfume
No cristal da essência se defende.
Passemos nós as provas, os ardores:
Não caldeiam instintos sem o lume
Nem o secreto aroma que rescende.

José Saramago
Memorial do Convento

Eu acredito no respeito pelas crenças de todas as pessoas, mas gostaria que as crenças de todas as pessoas fossem capazes de respeitar as crenças de todas as pessoas.

Não é a pornografia que é obscena, é a fome que é obscena.

José Saramago

Nota: Pensamento dito durante uma entrevista a Jô Soares, em 1997.

Venham enfim as altas alegrias,
As ardentes auroras, as noites calmas,
Venha a paz desejada, as harmonias,
E o resgate do fruto, e a flor das almas.
Que venham, meu amor, porque estes dias
São de morte cansada,
De raiva e agonias
E nada.

Cada segundo que passa é como uma porta que se abre para deixar entrar o que ainda não sucedeu.

Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais.

José Saramago
Ensaio sobre a cegueira. Lisboa: Editorial Caminho. 1995

Dulcineia

Quem tu és não importa, nem conheces
O sonho em que nasceu a tua face:
Cristal vazio e mudo.
Do sangue de Quixote te alimentas,
Da alma que nele morre é que recebes
A força de seres tudo.

É assim a vida, vai dando com uma mão até que chega o dia em que tira tudo com a outra.

Se queres ser cego, sê-lo-ás.