Ruth Rocha Amor
Estou me contendo muito nesse exato momento para não escrever outra carta de amor ,para não desabar em meu travesseiro , para não encher a cara com um whisky barato e para não ir correndo até a casa dele e dizer mil bobagens . Estou segurando essa onda gigante de sentimentos dentro de mim , construindo uma represa ,me reconstruindo . Será que da tempo de construir a represa antes que os sentimentos explodam dentro de mim ?
Meu amor,é outra sexta feira chata e chuvosa em que ocupo minhas horas evitando o tédio da melhor maneira possível.Estou melhor do que quando você me deixou,algumas semanas atrás,daquela maneira deprimente.Não inteira,não perfeita,mas melhor,catando os pedaços de mim que você jogou por aí.
Queria te falar sobre coisas bonitas como as flores, as musicas de amor e a passagem das estações , mas não consigo , há dias como hoje em que sinto que você levou embora meu sorriso , minha sensibilidade e meus sonhos .E sinto que mudei muito em pouco tempo e que tem uma parte minha que apodrece enquanto outra está prestes a florescer .
Desculpe ser tão franca mas a verdade é que não acredito mais em juras de amor e como diria Paula Toller , “solos de guitarra não vão me conquistar” ,não mais, e sabe por quê? Por sua causa. Porque você mentiu que me amava e partiu meu coração diversas vezes, tantas que até perdi a conta. Por um lado é bom, porque você me fez forte, por outro é ruim porque você me fez fria.
E lá se foi outra carta de amor em uma segunda- feira chuvosa. Lá se foi mais uma porção de lágrimas congeladas,e um desabafo para te contar sobre as mudanças que se operam em minha vida, as dúvidas que me roem, as músicas que me cercam , as palavras que me consomem, me libertam e me destroem. E para dizer como você tem perdido tudo isso…
Então venha! Venha cheio de amor , de musicalidade e de frases feitas . Venha ao entardecer ou ao raiar do dia . Venha com os olhos cheios de brilho e o coração pleno de amor . Venha enfim não importa de que jeito e em que dia da semana , desde que você venha .
Pessoa são palavras, amor ,das mais variadas formas . Por exemplo,tenho uma amiga que é tempestade, toda agitada, daquelas que na hora do amor provocam explosões de álcool e sentimentos. Tenho outra que é paranoia , cheia de minuciosidades e implicâncias , preocupada com amizades e amores , e outra ainda que toda dada à perfeições porque não aceita nem meios trabalhos nem meios amores , para ela é tudo ou nada, agora ou nunca. E tem aquele garoto que insiste em fazer parte da minha vida. Acho que posso dizer que ele é água porque é o que eu sinto quando olho para ele : ele é a chuva que bate na minha janela tentando entrar, é rio que permanece , é correnteza que leva , é a constante goteira a pingar. E ele não é você , que me deixa louca, que me dá água na boca, mas talvez eu precise de alguém que me traga paz. E talvez o próprio amor não seja um furacão e sim uma garoa.
Fui até a sacada para respirar o ar da noite mas não conseguia pois eu respirava amor. Eu era amor da cabeça aos pés e eu parecia de repente ser capaz de fazer qualquer coisa. Eu iria até o fim do mundo, cruzaria as muralhas da China, atravessaria a nado o canal da mancha. Por ele eu faria qualquer coisa.
Eu sou feita de amor em cada pedacinho de mim, cada átomo , partícula, ou como quer que vocês da área das exatas chame. Eu não sou nada exata, pelo contrário, sempre fui mais subjetiva, cheia de minuciosas entrelinhas que você não soube ler.
Tudo o que eu pensei foi: mais amor, por favor. Eu sentia uma espécie de revolta interna ao ouvir opiniões homofóbicas, amargas e cruéis sobre o mundo. Opiniões de mentes fechadas e ultrapassadas. Por que o amor e a felicidade não poderiam prevalecer sobre tudo? O que importava se havia casais de homens e mulheres se beijando em praças e avenidas? O que havia de errado se era amor?
Eu queria explodir em milhões de pedacinhos para espalhar amor ao mundo, para aquelas pessoas tristes, rancorosas, amargas, sem brilho e sem loucura sentirem na pele como a vida era linda e como ela valia a pena em cada segundo .
Percebi que o amor de verdade é fácil, fácil como respirar, e leve como uma manhã de sábado, e não precisa ser cheio de dramas e disputa de quem é o mais frio, quem se importa menos.O amor de verdade não faz mal, ele cura.
Meu coração estava em pedaços, mas o mundo não tinha culpa,e apesar de doer, eu era feita de amor e queria que o mundo sentisse as coisas boas que o amor proporcionava, mesmo que ele doesse de vez em quando. Eu queria organizar festas,queria crianças sorrindo, queria reuniões de família e felicidade. Porque a felicidade realmente era a coisa mais fugídia e importante do mundo.
Eu só tenho eu mesma, ,uma bagagem excessiva de livros e uma ânsia de amor que só os poetas mais loucos poderiam entender e eu te ofereço minha prosa e poesia, que você pode achar pouco , mas que na verdade corresponde a 90% de mim
Na primeira semana só chovia, amor, dentro e fora de mim, com relâmpagos incessantes e trovões arrasadores; e eu não comia, não dormia, não conseguia respirar! Na segunda semana deixei a ansiedade e a agonia me roerem por dentro e por fora, e na terceira eu entrei em uma rotina exaustiva, tomando saudade de café da manhã, dor de almoço e agonia de jantar, levando para cama sua ausência, algumas lágrimas mal contidas e gotas e mais gotas de rivotril para conseguir dormir.Porém nessa quarta semana eu só sinto paz... Chame de conformismo se quiser, chame como preferir, mas eu chamo esse novo e elevado estado de espírito de paz.
Meu amor, mais do que qualquer coisa hoje,eu quis te escrever. Quero, mais do que quero, anseio, necessito escrever o que sinto, o que sufoco mas não demonstro, o que me rói e não me destrói por completo, o que se passa nessa confusão que é minha cabeça. A primeira carta foi de amor, a segunda de saudades e essa terceira eu intitulo de "dúvida". São tantas as dúvidas que nos cercam, não é mesmo? Como posso saber se o seu amor não é de papel, que pode se desfazer com a primeira tempestade ou ir embora com a ventania? Como confiar em você de novo?
Eu havia trancado o restante do amor que sentia por você em uma caixa escura dentro do meu coração. Porém, nesse momento há qualquer coisa, como o céu, o mar, o sopro do vento, que abriram essa caixa e levaram um sopro de oxigênio ao amor que sufocava. E agora esse amor está forte, agora esse amor está vivo, e grita. Grita em desespero para você voltar, grita em desespero para não morrer.
Quando estávamos voltando de barco até a praia a música "Balada do amor inabalável", do Skank, começou a tocar, e aí meu coração se suavizou. Lembrei então dois anos atrás,após o término do meu namoro, de como me arrumava todas as tardes para ir a aula, cada dia tentando ir mais bonita para ele ver o que perdeu cada dia retocando a maquiagem borrada pelas lágrimas. Aquela música exprimia minhas dores e esperanças e a saudades de um amor. Ela exprimia todos esses sentimentos, mas agora não mais. Agora ela exprimia o sal do mar, o calor do sol e o vento que bagunçava meus cabelos. Era engraçado que a mesma música pudesse em momentos distintos exprimir sentimentos tão adversos, e me senti grata pelo céu, pelo mar, por estar viva , por não amá-lo mais e por ao mesmo tempo meu coração estar transbordando de amor. Foi nesse momento que eu percebi que estava pronta para amar de novo.
Me falaram que meu amor por ele não fazia sentido, que ele era muito imaturo, idiota e egocêntrico. Mas o amor não foi feito para fazer sentido. O amor não tem cor, nem idade, nem religião, então quem dirá lógica! O amor não é um cálculo matemático, cheio de frações e diretrizes; ele é irracional como um animal selvagem, pulando sobre você quando você menos espera, não obedecendo a lógica ou a gramática, apenas os seus próprios instintos.
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