Ruth Rocha Amor
POR INSTINTO
Meu coração vai vertendo sangue
Se desmanchando aos farelos
E assim mesmo ainda leva
Uma artilharia de pedras
Que insistem no instinto
Jeito de continuar doendo
Sua munição resiste ao tempo
De plena seca, que se ultrapassa,
Passa rolando, de tocaia
Dos ermos lastros das carcaças
O vento se me insinua em vez:
“Prossegue firme sempre à frente”.
Abandone à claridade da direita
Tome o rumo de Che Guevara
Se embriague com essa marcha
Que parte aguerrida da mecânica dura
Alveje os dizeres: assim seja.
Mas com quem me confundem neste mundo
Para neutralizar a tradição?
Acheguem crias da esperança
Conduzam-me na padiola
Para o recanto da paz que busco
Revelem-me a luz do amor
Desfaçam seus cabelos amarrados
Sobre mim, caso contrário
Não verão em mim nenhuma culpa
Se derem cabo de mim mais cedo.
Você com certeza não é o que eu sempre sonhei pra mim...
Nunca me dei o luxo de sonhar tão alto assim!
Ninguém gosta ou deixa de gostar de alguém porque deseja, a vida é que nos conduz e dita as regras para o nosso coração.
FÓSSIL
Ao me acharem
Descobrirão uma parte do mundo
Com o mistério
De onde surge a matéria
O barro das raízes profundas
Das árvores petrifeitas
Dos orifícios onde tudo cabe
O meu esboço defindo
A minha fisionomia.
Uma matéria
Que desperta o interesse
Para Niede Gidon.
O mais antigo dos homens
Se parece comigo
E eu não passei
Pela metamorfose
Como um fóssil qeu se junta
O primeiro homem
Tem profundo, traços meus
E eu descendo já mais pra cá
Mais ressente
Como a escultura
Que a chuva de ontem
Deixou para ser vislumbrada
Hoje no dia frio.
Um fossil não tem coração
Um macaco não fala
Limita-se a imitar gestos
Que a nós são sinais
Que eles aprenderam conosco
E não fazemos como eles.
FELIZ
Perdão aos que me vêem assim, feliz.
É só jeito de impor-me à vida
Que não gosta de pessoas alegres
Por ela todos eram como não me posto.
Um sofredor, resignado, rastejante.
Por ela não haveriam sorrisos,
E é por isso que eu rio, rio de nada.
A depender de suas graças,
O mundo era um cortejo extenso,
Daí eu só mandar flores,
Que ela me tome como diferente,
Dono dos risos, das caras de paz com ela,
Que ela me conte como um aventurado,
E conste no seu relato, eis um erro,
Um descalabro, alguém que nunca chora.
Ele não conta despedidas, não vai embora.
Por isso quando quero me derramar em água,
Me tranco no mais escuro do meu quarto,
Derramo lá o que tem pra ser aguado,
E o tempo que for necessário, a dor , o pranto,
Eu quieto, se ouço alguém por perto,
Bato martelos, passo as mãos nas cordas do violão,
Quando a voz destreme, imito um canto,
Pois quem canta está feliz,
E assim pra quem ouve eu fiz
Daquele dia, sozinho, uma farra.
Mas não deixo de sorrir, de mostrar-me feliz,
Assim a vida me deixa, sem saber que sou,
Entre todos os que ela persegue
E quer passar ao extremo fio,
Talvez eu seja o mais infeliz.
Feliz eu não sou, ou não estou,
Mas como eu, esses que a vida dá-se como castigo,
Sou mais um que ela não contou.
PRESCRITO
Quero que a cada segundo
De cada minuto.
Que todo minuto
De toda hora.
Que pelas horas
De todos os dias
Que nos dias
Da vida toda,
Digas que me ama.
Porque em te ouvir assim
Com essas confirmações,
Que em mim se alargam,
Saberei que sou amado.
E que foi sem me esquecer.
Agora a pouco por me dizeres.
Quero que me repitas
As vezes do amor sentido,
Dentro da lista espessa,
Faladas por toda vida.
Assim me sentirei amado.
Quadrado em qualquer
Das partes do dia.
Falado em repetição
Colados na minha boca.
Temo que se assim não for
Se acabe essa comoção
Que percebo nos teus olhos.
E os meus a quem amarão.
"O que sou o que serei,o que quero e o que eu sempre quis...Não precisa saber,não precisa,se precisasse,o que saberia?
CADÊ O MUNDO
Entre os meus olhos
E o teu leito
Onde fica o mundo
Terá sumido
Neste espaço tão pequeno
Mas o tempo existe
E é por ele
Que conto meus desatinos.
Entre os meus beijos
E a tua boca
Cadê o mundo?
Coloca-se ante
O vidro embaçado
Sem futuro
Sem passado
Cadê tudo o que fiz
A fotografia de perfil
Do teu rosto simulado
Dessa costura fosca
A sombra fina
Que contorna o teu nariz.
ADIOS
Vai o tempo e fica o dia na metade,
E todo o dia foi por todos demarcado,
Manhã o sol clariei, tarde o amor melhorei,
De noite perdi-me contando estrelas
E olhos que brilhavam do mesmo tanto.
O mundo contempla o tempo, que há em todo lugar.
Nos pés de quem fareja uma perna e meia
Nas mãos de quem segura seu coração.
Para os que vêem nos olhos luzes,
Seguram a claridade e se dão na boca
Regujitos das entranhas expostas,
Amor que não vê pelas costas, e não se despede,
Prefere andar, selar seu próprio nome,
E amar, montar o diagrama, se enclausurar
Aonde for bom, o tempo é todo um remédio.
TEMPO
Passa o tempo e a estrada vai
Aonde só ela sai
E eu não consigo ir.
Cada passo conta tempo
E o coração ainda inventa
Amores pra eu buscar.
Tempo
Que se conta rápido e lento
De quando chega a saudade
E a espera se ela vem.
Vida, ainda
Que eu te inventasse de novo
Vendo o tempo
Eu nem saia do ovo.
A falta de preparo e treinamento dos jovens nas empresas é algo estarrecedor. É muito mais fácil e cômodo dizer “não” do que se verificar se de fato é possível fazer o que é solicitado.
SÓ EM PENSAR EM TI
Só em pensar em ti
Com as marcas que deixaste aqui
Comigo, a vontade é infringir
Os nós que os meus braços insistem
Em relutar que te ausentastes
E minha cabeça comanda
Ainda ações, sentimentos
De dor Para onde incide
A precisão do aparte
Como alguém que amputara a perna
Mas a dor insiste
Ele a movimenta e se cobre
Até onde seria o pé.
E assim eu te calculo aqui
Ainda fazendo parte de mim
Enquanto vou me diminuindo
A precisão do teu corpo esguio
E por me calar
Um sintoma de clara vida
Os meus pensamentos
Vadeiam e eu te anuncio
A princesa de outro reinado
Prometida a mim por legado
De alguém, um nó, uma certeza
Que me clareiam a alma.
"A liberdade de expressão nos permite o direito de escrever errado, de falar errado, de errar na expressão da livre escolha".
ANTES DE TI
Antes de te ter
Eu não tinha os provimentos de agora.
E tudo o que eu ganhava
Gastava em negócios com o mundo.
Tudo, nada, serviam-me
Da mesma forma, desatinada
Ou era pequeno ou demasiado grande.
O tempo encontra o que guardamos
E por todas as vezes tirava de mim.
Mas quando se tem o amaor do seu lado
Tudo tende a se modificar.
Se sou acanhado
Não sabia valorizar o que tenho
E tudo escapava de mim
Como água que contemos nas mãos.
E até eu desaparecia.
Clara estrela, benfazejo dia
Luminoso instante
Em que a mim te deste
Tudo passou a ter sentido e valor.
Encareceram, valorizaram-se
E hoje é o mundo
Que me acerca
Propondo negócios comigo
Mas tudo eu quero, contigo
Ninguém cogita, nem pensa ter
Sabem que são minhas
Todas as peças de ouro
Lustrado amor
Com o pano que cobre
De transparência,o meu coração...
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