Ruth Rocha Amor
Tenho medo de que teus sentimentos por mim não sejam verdadeiros, tenho medo de que tudo entre nós acabe, tenho medo do Amanha, tenho medo dos pensamentos das pessoas que nos rodeiam, tenho medo de te perder, tenho medo de que você não me AME, e o pior de tudo é que tenho medo dos meus MEDOS.
Mulheres deveriam ser as primeiras a não julgar a roupa de uma mulher. A promoção de uma mulher. Os medos de uma mulher. Os defeitos de uma mulher. Porque, como dizem por aí, com a mesma severidade com a qual julgamos, seremos um dia condenados. E a vida de uma mulher é ser condenada diariamente: por estar gorda, por ser bonita demais, por chegar muito tarde, por não ser mãe, por trabalhar demais, por não casar. Precisamos colaborar com essa dinâmica errada?
Por vezes sentimos que está a faltar algo, não sabemos o que é, apenas sentimos um vazio. Não estamos alegres e nem tristes acho que estamos apenas existindo. Talvez seja saudade do que já se viveu ou vontade de querer viver algo intenso, mil perguntas surgirão mas resposta alguma terão. Talvez devêssemos deixar de nos preocupar ou talvez devêssemos pedir por socorro, mas pedir socorro por qual motivo? Se nem sabemos o que estamos a sentir... que sensação mais absurda e perturbadora.
Sentimos que precisamos falar com alguém, mas ao mesmo tempo sentimos que ninguém entenderia então optamos por nos isolar e fingir que está tudo bem porque é bem mais fácil dizer que está tudo bem, do que tentar explicar algo que não se sabe o que é, por isso, sempre estará tudo bem, mesmo que dentro de nós estejamos a travar uma batalha.
Havia pessoas assim, para as quais a verdade era demasiado simples e prosaica e sentiam necessidade de a embelezar.
Querida Compulsão,
Escrevo-te neste momento, após muitas reflexões misturadas pelo escorrer de minhas lágrimas, para manifestar meu desejo de romper com o nosso relacionamento. Durante boa parte da minha vida me fizestes muito bem, adormeceu minhas dores mais profundas, acalmou os fantasmas do meu passado, deixou guardado no meu inconsciente memórias que eu não suportava e rejeitava no consciente, acalentou-me na solidão escura e sombria. Não obstante, as dores adormecidas estão despertando, os fantasmas do meu passado estão retornando, as memórias estão se tornando vivas e conscientes, e a solidão cada vez maior e mais assustadora.
Querida, me ajudastes a fugir de todas essas tormentas, no entanto, estou cansada de fugir, de temer, de me esconder. Quero começar minha caminhada de encontro a felicidade plena, aprender a lidar com minha dor e sofrimento que juntas nos esforçamos tanto para escondê-las. Agora quero recebê-las de bom grado, deixar que percorram por todo meu corpo, fortes e latentes, parar de resistir, finalmente me render. Por fim, preciso fazer isto sem ti. Agradeço-te de coração por todos os nossos momentos juntas, mas agora irei navegar por águas desconhecidas, me aventurar em um novo relacionamento, eu e minha dor.
Obrigada, querida.
Adeus.
Não sou poeta mas posso rimar.
Num sonhar acordado busco inspiração.
Em uma rima certa pro meu coração.
Contra a permanente necessidade de ser e tornar os outros infelizes, não há argumento, não há auxílio, não há solução.
Da minha mãe eu prefiro não falar.
A emoção é tão grande, o sentimento é tão forte, que não aguento; as palavras começam a vazar pelos olhos.
Não há privacidade simplesmente.
São selfies, vídeos e áudios.
E não é possível uma simples audiência.
Com o vizinho, o amigo, o parente.
Na casa, na piscina, na igreja.
Não há privacidade simplesmente.
Na saúde, na alegria e na doença.
Que Deus esteja sempre com você, mas acima de tudo, que você esteja sempre com Deus.
Porque estando Ele contigo teus passos serão confirmados, e estando você nEle teus passos são corrigidos.
Olhando para o presente, imaginamos um futuro.
E achamos que esse rio da vida vai continuar seu percurso da mesma forma que o vemos agora.
Sem redesenhar suas margens;
Sem reduzir-se em épocas secas;
ou desbarrancar em tempos tempestuosos.
O futuro é vida, e vida é imprevisível.
Por ser imprevisível, não devemos nos orgulhar.
Pelo mesmo motivo não devemos nos desesperar.
Recuperando antigos rascunhos concluí que preciso passar-me a limpo.
Para livrar-me desse bolorento odor sobre os meus sonhos.
Livrar-me desse amarelado sem Graça, esse desbotamento da fé.
Desempoeirar as ideias.
Recuperando antigos rascunhos, concluí que já tive projetos melhores, esboçava sentimentos melhores.
Recuperando antigos rascunhos, concluí:
Procrastinar orações, envelhece esperanças.
A grama que vês de longe é a grama que te arranca suspiros. Só não reparas que o cheiro do verde que sentes vem da grama que pisas.
Entre os gritos da multidão ou no silencioso deserto.
Pisando em pedras ou atingido por elas.
Entre os próprios tropeços e as armadilhas da estrada.
Temos uma certeza única e suficiente:
desde o calvário Ele é o nosso caminho.
