Ruth Rocha Amor
'2017'
Sorri bastante.
Sorrisos sinceros,
outros faz-de-contas.
Chorei lágrimas,
daquelas que roem por dentro,
disfarçadas...
Peguei alguns sonhos com as mãos,
e subscrevi textos com a alma.
Me doei,
não tanto o quanto deveria.
Dei à mão à labuta,
equilibrei alegrias.
As somas foram maiores.
Abracei o que pudia...
Sem ser rude nas escaladas,
fui alma gêmea,.
Despenquei espantufado..
Subi montanhas,
nevoeiros.
Sempre simples,
como a relva e seus orvalhos,
crescendo intermitente...
"Nascemos com o choro e morremos agonizando. Precisamos aprender a viver e a morrer pacificamente"
--- Risomar Silva ---
'FÉRIAS AMAZÔNIDA'
O vento sopra o inferno. O calor amazônico flutua sob o rio, deixando as pessoas em flamas, desnutrindo-as nos barcos calorentos...
O rio amazonas engole leitos e o abstrato. Os ribeirinhas se aproximam ainda mais das matas, com seus filhos, pescando nos barcos que passam...
As crianças gritam, sons abafados pedindo comida dos céus. De repente a correnteza os ouvem e algumas migalhas vão ficando para trás, flutuandos ao léu...
A Capital tem ócio, tem casas penduradas, como a violência íngreme e diária. O ribeirinha tem sonhos: passar as férias na capital...
Mal sabe do dragão atormentando pessoas, sem água tratada, sem alegria no rosto. Férias tem mais sabor nos córregos, no vento balançando a casa simples de palha...
No paladar arejado, comendo o peixe sem sal. No mergulho diário lavando a alma. Na ausência de tormento e do barulho da cidade grande...
O cosmopolita tem sonhos: passar férias nas terras do ribeirinha...
'RIBEIRINHA'
Vejo o infinito passear nas águas.
À minha frente há paraísos.
Escurece.
É hora de ascender lamparinas ou olhar vaga-lumes,
desmitificando a escuridão...
O peixe está na brasa.
Crianças alegres estão a brincar,
sem ter pressa de chegada.
Sou morada a ver navios,
com suas guloseimas distantes...
Sou acenos,
canoas cortando rios,
a caçula trouxe um pote de doce.
A mesa está farta.
Cantaremos músicas populares para agradecer.
E para que o amanhã seja feliz como o hoje...
LAR DOCE LAR
Nas ruas,
o barulho tardio.
Pessoas atônitas,
andando de um lado para o outro.
Há crianças perdidas.
Observa-se penumbras.
Pássaros voando sob telhados...
Tudo à céu aberto,
cheiros triviais,
desses sentidos no aconchego do lar.
Em flash back,
as feridas vão se abrindo,
uma a uma...
A percurso será longo,
como a acre canção que não finda.
A chegada cortante,
como o rio e seus talha-mares.
Lentamente,
tudo fica longínquo...
Ventos formam alusões,
e o infinito distorcido aparece.
A metrópole dá lugar a paisagens exuberantes.
A cidade vai encolhendo com seus arranha-céus.
O coração distante,
bate descompassado...
Os olhos molhados agradecem,
na esperança que as telas se reiterem,
e os quebra-cabeças regressem um a um como antes.
A saudade vai sendo esquecida.
E o doce lar vai abraçando seu tirano,
serenamente...
TRABALHA A DOR
A TV na vitrine
Casa emprestada
O operário é um cisne no lago
Asas quebradas
Vendendo força de trabalho
Poder na produção
Não pode cansar [de domingo a domingo]
Manufatura em excesso
Recebe migalhas
Declínio no preço...
Ideologia de igualdades
Sutilizados pelo empregador
O sofisma é aparente
O empregador abastece cidades
Com o suor do trabalha a dor...
Monta todas as TV's
Sem descanso no trabalho
Tem suas aparentes metas
Acorda no alvorecer
Assim como borboletas...
Tentando voar com amarras
Sonhando com a imensidão sem limites
Almejando casulo melhor
Mas é apenas robô mecânico
Mero historiador sem história....
Metamorfose agridoce
O capitalismo é uma sucessão da miséria
Mas permanece como se não fosse
Eis a sorte do trabalha a dor:
Explorado por bactérias...
E eis que o trabalha a dor
Continua sem a TV que tanto sonhara
Sem seu feudo para apaziguar o suor
Utopizando a vida genuína
Falácias de quem vence a dor...
'MEU COLEGA DE QUARTO'
Ele sempre chora.
E perde as estribeiras.
Clama pelas razões que lhe sustentam.
Tem o coração do tamanho de um trem,
viajando por vilarejos,
perfeccionado o amanhã,
diferente do hoje...
Sonha com os pretextos,
esquecidos nas janelas.
Tem o coração remendado de razões banais.
Ele sofre,
como o copo quebrado,
perfurando a pele,
fragmentando abraços...
Tolo,
esquece bicicleta nas ruas,
fotografias no chão.
Espera sorrisos que não vem.
E aguarda esperança nos diálogos trazidos pelos ventos.
O presente fez-se maré,
e todos não entendem...
Ele é reflexo,
vidro polido.
Com suas lágrimas intermitentes e diárias.
O quarto está escuro e não se pode vê-lo.
Queria não sê-lo,
e não desejar-lhe imagens diárias.
Meu colega de quarto,
o espelho,
tão singular,
transparente,
sempre foge de mim...
'TE DESEJO O MELHOR, CARO IRMÃO'
Que o amanhã seja melhor que hoje,
e suas esperanças já engavetadas sejam libertas.
A 'liberdade' tem sido tua inimiga,
privando-te de viver razoavelmente a vida,
de sentir as tantas fragrâncias expostas ao nosso redor.
Olha a tua dor como aprendizado e algo passageiro,
lembrando que tu a compartilha,
sem que percebas...
Não se precisa daqueles enormes castelos vistos nos filmes de ficção para ser feliz.
Precisamos cultivar apenas um: o nosso castelo interior.
Que ele seja simples,
aconchegante e de bom grado.
As construções da vida começam com um pequenino tijolo,
depois,
se tiveres foco,
virão as próximas etapas...
Não esqueces de acolchoar a cama [para que ela fique quente] nas noites geladas.
Não te entristeces se sentires muito frio.
Levantas as mãos e pede lençóis.
A 'jogada' estar em dar o primeiro passo,
o primeiro abraço verdadeiro.
A labuta tem que ser diária,
para confortar a alma.
Se o quarto sempre escurece,
janelas deverão ser abertas para que a luz da lua nos ampare,
sem medos ou receios...
Não quero te perder para a ignorância,
nem tampouco para o mundo negro.
Ando triste ao ver esses olhos vendados,
culminando falência de órgãos.
Lembras que,
há como contornar quase todas as situações desarmoniosas da vida e mudar uma história.
Não te fixas em reescrever o presente tão sofrido focado no passado.
Te fixas num novo recomeço.
Vira a página calmamente e sem pressa.
Vê que ela estar em branco,
precisando das tuas mãos com novos pincéis e outras tintas.
Não há erro em recomeçar uma nova história,
uma nova vida...
'PORTA'
A porta não está deserta,
há fantasmas fazendo-lhe companhia.
Indivíduos mórbidos,
cada vez que é entreaberta...
Atrás dela,
as faces e as dores.
Com seus condolentes personagens,
gritos sem cores...
A porta é áspera,
e não abri com facilidade.
Por mais que se tente,
é tristeza aparente e saudade...
Mas a porta há de enfraquecer-se,
nas suas microbactérias.
E os pequenos olhares terão lugar definido,
com suas reconstruções e artérias...
Ela é passagem,
caminho bucólico.
Não precisas mais ocultar-se,
nem cantar canções melancólicas...
Teus segredos já fora definhados,
tenta seguir a razão.
Ser alegre na intuição,
escultando as pessoas de tenra idade...
Somos alguém,
com nossas portas esquartejadas,
algumas dolosas,
nas suas formas diferenciadas...
Porém,
somos vigor e podemos mais que ela,
aflingi-mo-los eis as sequelas,
e as esperanças baterão à nossa porta...
Não evitas o mundo,
nem tenta ser abstrato!
Abre todas as portas sem receios,
e não será mais refém desse quarto...
'ESPERA'
Mãos cruzadas e o olhar breve não vira a noite passageira,
desnorteada.
Ainda respiro a escrivaninha que não perdura.
Olhos intrigam as paixões que rodeiam.
Sou grito,
aflição.
Melodia sem compasso,
noites sem luar...
Mergulho expectativas sombrias,
avulsas.
Permuto passos que conspiram a ação do tempo.
Abraço palavras duradouras,
persistentes.
Tenho excelência pelo azul da aurora.
Relógios que não andam,
aguardos...
Tudo passa tão velozmente.
O coração imóvel ainda pulsa tua espera,
solidão.
Sou criança nas circunstâncias do tempo.
Respiro sequelas.
Murmuro abraços.
Dilacero interrupções,
proteção...
por Risomar Silva.
'A vida é passageira, mas ainda restam os acasos. Que novas árvores cresçam pujante dentro do teu coração, suplicando a felicidade que precisas.'
--- Risomar Sírley da Silva ---
'SOBRE A VIDA...'
Pode nos falar um pouco sobre 'solidão'?
- Creio que a maioria das pessoas sentem ou já sentiram. Sentir solidão é saudável. Às vezes não! Depende de quem a estar sentido no momento. Gosto da solidão, de me sentir solitário. De estar perdido no meu mundo sem ninguém para interferir nesse transe. Sentar na minha escada sozinho e ficar observando os degraus que fazem parte das minhas ilhas, meus ventos, cheiros. De voltar no ontem e abraçar o singelo vislumbrando o futuro. Ler alguns livros e não compartilhá-los por que ninguém os entenderiam. Solidão me trás introspecção, deixa-me suave com meus abandonos...
- O lado negativo de sentir solidão é que as pessoas próximas te interpretam mal. Te veem diferente. Às vezes queremos ficar sozinhos enxergando nossos delírios, viajando por lugares semelhantes, outros desconhecidos. Conotar as mesmas paisagens, ou lugares que nunca fomos. A solidão é esse pilar que, de alguma forma, tenta nos afastar da realidade, embora sabendo que nos próximos minutos, estaremos com os pés novamente em cicatrizes, consumidos pela exaustão de mais um dia, um novo dilema...
--- Risomar Sírley da Silva ---
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ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 02.
- Como foi sua adolescência? Você falou que começou a trabalhar com sete anos.
- Um pouco divertida! Porém, junto com esse divertimento, muito trabalho. Trabalho desde sempre, nunca fui de rejeitar trabalho. Até os dezesseis anos, trabalhava na rua vendendo produtos no crediário. Meu último trabalho como vendedor, já com dezessete anos, foi numa loja (já morando em Itaituba/PA) de produtos importados. Vi o anúncio numa rádio, mas quando cheguei lá, já tinha uma moça na minha frente. Insisti com o proprietário umas duas semanas até ele me aceitar como vendedor. Ganhava comissão do que vendia. Sempre me sobressaí nas vendas.
- Após isso, já com dezenove anos, fui aceito no quinquagésimo terceiro Batalhão de Infantaria de Selva. Passei um ano de forma consistente com minhas obrigações. Conheci dezenas de jovens com a minha idade. Foi um ano de diversão, mas com muitas responsabilidades. Sempre ajudei na casa e com a família, dando assistência com o que podia. Com vinte anos já com a dispensa do quartel, resolvi ir para Manaus - Amazonas - tentar coisa melhor.
- A adolescência é uma época de descobrimento. É onde nos colocamos no mundo. É quando os sentimentos e a realidade chega de fato. Você tem o sentimento de que estar preparado para vida, mas isso não passa de um período frustrante diante das situações. É quando o primeiro amor chega e vai de repente. É quando você sente frio e não tem ninguém para te aquecer, mas isso são meros detalhes diante da experiência vivida.
--- Risomar Sírley da Silva ---
ENTREVISTA: Etapa 01 - Quadro de pergunta 04.
Porque a estrutura familiar (no Brasil) está em ruínas?
- Essa pergunta me lembra muito as palavras 'política' e 'moral'. As famílias estão em ruínas devido a atual estrutura política implantada. A política da libertinagem, onde todos falam o que querer e o que vem na cabeça. As pessoas tem na cabeça, principalmente os jovens, que podem tudo. Esquecem e não tem em mente que suas ações, desencadeiam uma montanha de ações impróprias como o desrespeito e o desacato. Esse monte de direitos exacerbados. Temos como exemplo as tecnologias atuais que é uma linha tênue que está afundando mais e mais nossos jovens. Não há mais respeito como o de antigamente, onde o pai, tinha poderes de 'alinhar' os filhos, sem a intervenção do Estado. Não generalizando, claro. Temos hoje uma estrutura familiar destroçada por uma política amoral, que dá mais direitos que deveres.
'PERGUNTAS'
- Qual foi o dia mais especial da sua vida até aqui?
- Com certeza o dia do nascimento do meu filho mais velho, quando peguei-o nos braços e o balanceava docemente. Um turbilhão de perguntas incitava a mente. Lembro-me de todos os detalhes.
- Qual foi a fase mais difícil que você já viveu?
- Quando meu filho mais velho teve uma obstrução intestinal. Todos me falavam, ou davam uma expressão de que ele não voltaria mais da sala de cirurgia. Chorei muito ao vê-lo sofrer tamanha dor apenas com nove anos de idade.
- Se você pudesse voltar no tempo e escolher um dia para você viver novamente, que dia você escolheria?
- O dia em que eu desistir de uma pessoa que eu estimava muito (J). Talvez eu não o fizesse novamente. Com certeza, eu teria outro destino. Outros desencontros, outras experiências.
- Se você pudesse escolher uma pessoa para passar o dia inteiro juntos, quem você escolheria?
- Uma pessoa que eu a estimava muito.
---- Risomar Silva ---
A desconexão entre nós cria uma sensação de calor que só pode ser extinto com um beijo enlouquecido de paixão...
IMAGEM
As velhas imagens guardadas no escuro sótão, respiram o pó de memórias que nunca morrem. O rosto fixado na percepção já amarelado, revelam histórias escondidas em olhares e pixels desbotados no tempo...
Caminhos e pensamentos estreitos do passado são palavras em ecos longínquos. Corre-se despreocupado nos campos, em tardes douradas que o tempo esqueceu engavetado. A brisa ressoa saudade..
As representações é um portal de lembranças, um reflexo de instantes cristalizados. Os anseios nos rostos familiares, contam sagas de amores que se foram e desafios presentes, hoje, são apenas folclore...
Na velha casa de palha, a mesa é sempre posta para o jantar, onde o aroma de pratos esquecidos ainda pairam. As risadas ao redor, agora sussurros, são a prova de que o passado está presente em formatos absortos...
E assim, diante dos apocalipses que se guardam, rever-se o obsoleto que nunca se apaga. As lembranças, como estrelas no céu noturno, iluminam o presente com sua imitação quase eterna...
Em cada rabisco, uma vida se desenha, traçadas por sonhos, lágrimas e gracejos. O tempo, senhor de todas as coisas, é vencido pela eternidade do instante capturado...
As imagens nunca morrem, subversivas trocando sonhos. E o encontro é sempre afável, numa trilha que não finda. E assim caminha-se, perpetuando imagens criadas...
--- Risomar Sirley da Silva ---
QUANDO PENSO EM TI...
"Quando penso em ti, descubro o quanto a 'falta' estar presente nos meus dias incompletos..."
Minhas respostas lembram um filósofo desencantado que ainda guarda um resto de esperança — como se a lucidez sobre as amarras do mundo não apagasse completamente a chama da minha própria essência.
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