Rua
Brás
No centrão da terra da garoa
De janelas para a rua
Velhos na praça, atoa
Casarões no tempo tatua
Desta ou aquela pessoa
A história... e a vida continua
Os moleques descalço o pé
De juventude nua
O boteco de seu Josepe
De outrora, tão fugaz!
O ambulante vende leque
A italianada em cartaz
Nas cantinas, nos bares
Aqui é o Brás!
Terra de todos os lugares...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/04/2020, 12’58” – Brás, São Paulo
O ACENDEDOR DO DIA (soneto)
Lá vem o sol o acendedor do dia na rua
Este mesmo, rubro, que vem reluzente
Raiando no horizonte, turvando a lua
Quando o véu da noite se faz ausente
Parodiado a poesia, a prosa continua
Na energia, na quimera poeticamente
À medida que a luz aos poucos acentua
E a escureza da noite se vai de repente
Encantada evidência que Deus nos doa
Brilho que doira o dia e ilumina a vida
E que com tal esplendor nos abençoa
Assim, em nossa alma o amor insinua:
O bem, a fé, a felicidade a boa acolhida
Que na claridade com a gratidão tatua
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020, 07’22” – Triângulo Mineiro
CARNAVAL, só que não ...
A turba dentro de casa, privado carnaval
Em tempo da peste, calma é a rua a fora
Marchinhas e dos blocos nenhum sinal
É o mascarado de uma troça que chora...
Silêncio na rua até que venha a aurora
O surdo do samba, num gemido final
Apavora a inação, tomou conta agora
De toda folia e, não vai ter Carnaval!
Quieta a colombina, toda alva de cal
Pierrô chora, e teus olhos tão baços
Sem os passos é, não tem carnaval!
Os quatro dias ausentes de cortejo
Passistas fora dos seus compassos
Fica pro ano que vem, o folião beijo!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14/02/2021, 06’46” – Triângulo Mineiro
OUTRO CARNAVAL
Longe do agitado turbilhão da rua
Eu, num oco silêncio e aconchego
Do quarto, relembro, num sossego
Os carnavais com a folia toda nua
Mas a saudade palia de desapego
De desdém, mas numa trama sua
De tal modo que a solidão construa
Lembranças, e assim eu fique cego
Teima, lima, este fantasiado suplício
Dum folião, com o seu efeito de ter
Que no tempo não tenho mais início
Porque a disposição, gêmea do querer
A alegria pura, tão inimiga do artificio
Agora é serenidade e fleuma no viver...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Amigos, se soubesse que seria nosso último jogo de "travinha" na rua, não teria cobrado o pênalti da vitória; Que seria nosso último pique-pega, jamais seria pego; Que seria nosso último pique-esconde, estaria escondido até hoje, mas as brincadeiras acabaram, crescemos.
Onde te perdi, ou melhor, onde não conseguir te ganhar ? Em qual rua, em que lugar, em qual momento deixei de ser especial pra você ? É insuportavel conviver com tua frieza, tua indiferença, com o teu num tou nem ai...já que não tem jeito, não tem volta, já que o beco não tem saida, ja que não tem como fazer o retorno, vou fugir, vou me esconder em um lugar onde ninguém possa vê a minha tristeza, onde ninguém possa ver a minha desilusão, a minha amargura, a minha saudade...
Comigo levo apenas a certeza de que o que foi não pode mais ser. Ah, Levo comigo também o som vazio da tua voz, a indiferença do teu olhar e todas canções que ouvir.
Em cada rua que andar, a cada estrada que percorrer, a cada passo que der, estarei desejando cruzar o teu caminho !
Acordei, sentir o sol, olhei pra rua...pessoas indo e vindo
cada uma com sua história.
Se buscando, se perdendo, se encontrando.
Cada uma com sua angustia, sua tristeza, sua saudade.
Olho em cada rosto, busco em cada face um sorriso, um olhar...
ninguém tem tempo, todos correm.
Não há mas tempo pra ninguém
buscam poder, dinheiro, prestigio.
A felicidade ficou perdida na avenida
a amizade em uma rua qualquer
Todos correm sem se ver, sem se olhar
o amor perdeu a batalha,
mas ainda há tempo de vencer a guerra !
Sair á rua dei de cara com o vento sentir o sol, vi flores...corri para encontrar amores...amores perdidos, passados, pra sempre lembrados.
Amores amigos, amores irmãos...olhei de lado encontrei um sorriso, cair na festa, entrei na música, dancei na chuva, andei descalça, busquei o mar, fui nas ondas, vestir saudades, calcei passado, troquei olhares...puxei a cadeira, sentei na mesa, pedir uma dose de carinho, de atenção.
Atravessei a rua, encontrei um rosto, sentir cheiro, ouvir vozes...descobri em mim uma criança: pedi um sorvete, lambuzei a cara, tropecei na escada, levantei. Segui em frente, encontrei pássaros, galopei pelo rio, cavalguei no mato, seguir trilhas, encontrei barreiras, subi ladeira, desci barracos e assim levo a vida e a vida vai me levando.
Tem um mundo secreto dentro de mim...uma rua deserta que me leva por uma estrada estranha e me faz chegar a caminhos que não conheço.
Dobrei a esquina, olhei de lado, atravessei á rua, subi a escada, desci a ladeira, busquei novos caminhos, segui uma nova estrada...cavalguei na relva, pulei a cerca, escancarei a porteira, me aqueci na lareira, corri no campo, pulei no rio, dancei na chuva, escorreguei no mato, nadei com a correnteza, agarrei as ondas, andei com pressa, abracei o vento, senti a brisa, matei saudade, vivi lembranças, desejei passado, olhei pra frente, toquei presente, tentei correr, cair na rua, me vi sozinha...te vi ao longe !
Fui mais perto, olhei em teus olhos, sentir tua boca...deitei em teu corpo, abracei teu rosto, marquei teu cheiro, tatuei teu toque, ouvir teu silêncio, gargalhei com tuas palavras, brinquei de esconde- esconde, cair no poço.
Rolei em teus braços, tropecei em teu rosto...cabelos em desalinhos, coração acelerado.
Paixão desenfreada, amor sem medida, desejo, vontade...
Chorei, não consegui.
Perdi você !
Tantos desencontros...e de repente a gente se esbarra em uma rua qualquer. Domingo, rua deserta...destino, tudo acontece quando tem de acontecer !
Lá vem eu na passarela
Carregando o sol e a lua
Abraçando a chuva
Correndo na rua.
Lá vem eu te candando
Poemas declamando
Lá vem eu te possuindo
Te domando,
Despertando teus desejos
Acordando teus beijos
La vem eu te dando flores
Te abraçando.
Lá vem eu para te roubar
Devagarinho te domar
Beijar tua pele quente
Matar minhas vontades
Te cheirando, te tocando
Lá vem eu vivendo,
Sonhando,
Sonho.
Andar na lua,
Dançar no vento
Girar na rua
Rodopiar na chuva
Alcançar o mar.
Despertar nas ondas
Abraçar as flores
Brindar,
Sonhos, vida.
Segundos que se vivem
Momentos que se vão
Pensamentos
Rodopiar nas neves
Escorregar na areia
Atravessar rios,
Amar, amar e amar
Escancarar o riso
Cantar,
Fazer poemas
Falar em versos
Tocar o sol
Viajar,
Nas nuvens
Alcançar o mar
Ser poeta
Poesia,
Ganhar teus olhos
Se entregar
No ar.
E se em alguma esquina a gente se tocar, fecho os olhos, cruzo a rua...o que for faço para evitar o toque. Construo barreiras, faço escadas...só capaz de voar no tempo pra não da mais de cara com você !
De tudo do nada que vivemos, me acompanham. São toneladas de querer, sentir...rua vai, ruas vem e não acaba. São noites, dias após dias, anos. Música toca, sorrisos lembram...silêncio marca ! Não há como fugir, escapar...está em tudo: está no rio, no sol, mar...está nas estrelas, no céu, no luar; te encontro nos pássaros, nas flores. Um doce lembra, sorvetes, chocolates...não há como apagar. Mora em mim, faz morada; me segue, persegue em tardes, madrugadas !