Retribuindo uma Amizade
Muitas vezes a nossa vida se compara a de uma árvore. Assim como a árvore, nós também vivemos diferentes estações. Não há como fugir delas. O inverno talvez seja a estação mais triste. As folhas começam a murchar até caírem completamente. As folhas já não existem mais, os frutos desaparecem. O que resta, para quem observa a pobre árvore, são os galhos retorcidos que, uma vez expostos, revelam as imperfeições antes escondidas pela beleza superficial. Mas não devemos nos enganar: aquilo que parece estar matando a árvore na verdade é essencial para a sua sobrevivência. Ainda que o inverno esteja rigoroso, seco, sem cor ou perfume, a árvore não está morta. A vida ainda está dentro dela. As forças, antes usadas para embelezar a árvore, agora são gastas para fazê-la crescer, onde ninguém vê, aprofundando as suas raízes. Dizem ainda que em muitos lugares onde não há inverno as árvores não produzem frutos.
E assim também acontece conosco. Muitas vezes Deus nos guia até o deserto para ali nos revelar o nosso próprio coração (Dt 8.2). Toda a beleza superficial desaparece e passamos a enxergar as nossas próprias falhas e limitações. Nossa justiça própria se revela como um trapo de imundície (Is 64.6) e nós murchamos como folhas de uma árvore que seca. As circunstancias que não podemos que não podemos mudar e os sonhos que parecem não se realizar nos levam a um estado de desconsolo e desesperança semelhante ao de uma árvore no inverno, adoecendo o nosso coração (pv.13.12).
Muitos se perdem exatamente ai, no inverno de suas vidas. Mas, em vez disso, podemos nos render ao processo divino de fazer morrer o que é superficial e ganhar vida no interior. São mudanças de valores que fazem parte do nosso crescimento espiritual. O inverno é uma oportunidade de conhecermos a nós mesmos e de sermos transformados à medida que conhecemos a Deus intimamente. É no inverno da alma que podemos aprender a dependência total para com o Senhor e a desfrutar o descanso em sua soberana vontade. E na morte do EU que renascemos para uma nova vida: aquela que Deus tem para nós. É na falência de nossas próprias tentativas que passamos a experimentar o braço do Senhor agindo em nosso lugar. É quando não podemos mais seguir adiante que Deus nos carrega em Seu colo paterno e, então podemos chegar onde devemos ir. É na nossa limitação que experimentamos o poder de Deus se aperfeiçoando em nossa fraqueza. É assim que trocamos os trapos da nossa justiça própria pela obra perfeita e graciosa de Cristo na cruz.
Durante o inverno, podemos simplesmente nos render e adorar. É verdade que as vezes nos debatemos, mas quando enfim nos rendemos como em um estado de hibernação, onde “dormimos” interiormente. Nossos sonhos, projetos, as promessas de Deus para nós parecem estar em um “estado de espera”. E realmente estão elas não morreram. As palavras de vida, proclamadas por Deus a nosso respeito, estão dentro de nós, aguardando o tempo oportuno. São promessas do Senhor para o nosso casamento, para nossos filhos, para nossos ministérios. E enquanto descansamos no Senhor, Ele trabalha para cumprir cada uma de suas palavras.
Durante o inverno tudo que podemos fazer é esperar; é ter a esperança da próxima estação. E quando a primavera chegar, aquela pobre e sofrida árvore sofrerá uma maior transformação! As águas irão regá-la novamente ela voltará a dar flores, frutos e suas folhas verdes serão mais bonitas do que nunca! Creia: comerá os frutos e viverá o cumprimento das promessas! Assim como a noite escura passa e a alegria vem com o amanhecer em breve a luz do Senhor vai acender o seu coração.
A paciência de esperar é possivelmente a maior sabedoria de todas: a sabedoria de plantar uma semente e esperar a árvore dar frutos.
A primeira ideia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade.
TRIDADE
A vida é uma planta misteriosa
Cheia d’espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras
Poesia e amor...
E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d’alma a corda estremecida,
É fada que nos leva além da vida
Pálidos de langor!
A poesia é a luz da mocidade,
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...
Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!
Quem vivenciou a Segunda Guerra Mundial, sabe que 11 de setembro foi uma coisa terrível, mas não foi pior que muitas outras coisas.
Só vou perguntar porque você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo.
Natureza, deusa do viver
A beleza pura do nascer
Uma flor brilhando a luz do sol
Pescador entre o mar e o anzol
Pensamento tão livre quanto o céu
Imagine um barco de papel
Indo embora para não mais voltar
Indo como que Iemanjá
Quanto tempo leva pra aprender
Que uma flor tem que vida ao nascer
Essa flor brilhando à luz do sol
Pescando entre o mar e o anzol
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Ser capitã desse mundo
Poder rodar sem fronteiras
Viver um ano em segundos
Não achar sonhos besteira
Me encantar com um livro
Que fale sobre a vaidade
Quando mentir for preciso
Poder falar a verdade.
Essa é uma estória de um rapaz que conhece uma moça, mas você tem que saber de antemão que não é uma estória de amor.
Eu nunca havia pensado em manter uma pessoa específica em segurança... zelando por sua vida. Nunca havia pensado em tal possibilidade até conhecê-la, ela fazia com que isso fosse tão difícil (...) e embora já houvesse aprendido a me controlar, quando em sua presença, eu continuava sendo-lhe perigoso, muito perigoso.
E quando tudo parece estar bem, vem uma onda e derruba tudo leva sem nem te dar satisfações! Mas não se engane ela pode parecer mal, porém te machuca, mas te ensina. O que for pra ser, será!
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.
Algumas loucuras antes de partir
Este texto não tem pretensão literária, é apenas uma cartinha de despedida simples e meio jogada, uma ruptura breve e necessária entre nós. Eu só queria dizer, antes de amarrar fitinhas do Bonfim na mala, antes do frio gostoso na barriga, antes do avião me projetar pra trás avisando que a hora tão esperada chegou, que eu continuo a mesma, ainda que completamente diferente.
Eu continuo deixando tudo pra última hora, eu continuo preconceituosa demais e mal-humorada além da conta, eu continuo com medo de tudo e de todos ainda que isso, por alguma razão louca, me faça amar ainda mais tudo e todos.
Mas eu também descobri coisas deliciosas a meu respeito como, por exemplo, que eu assusto todo mundo com o meu espelho de Palas Atenas. Uma pessoa superficial e de mentira jamais agüentaria ficar perto de mim, quer coisa melhor que isso? Afasto as sombras ainda que muitas vezes me sobre a solidão, afinal, são poucas as pessoas realmente vivas.
Descobri, depois de muito meditar, ler, fazer yoga, estudar mitologia, fazer terapia e tomar passe, que o que realmente faz uma mulher feliz e plena é a escova progressiva. Meu cabelo está lindo, liso, brilhante e macio. Sim, eu também posso ser apenas fútil e isso é libertador. Gente, meu cabelo tá um arraso!
Eu ainda choro do nada porque viver é um drama, mas sabe o que eu descobri? Que essa vida dramática é muito engraçada. Semana passada eu e algumas amigas rimos a noite inteira e celebramos o fato de sermos únicas, de sermos sozinhas, de sermos tão parecidas e de sermos umas das outras. Eu descobri que a melhor coisa do mundo são os amigos e por isso queria dizer: Letícia, Ana, Carol, Myla, Lívia e Priscila, eu amo vocês pra cacete.
Queria dizer pra vocês que eu enchi quatro sacos de coisas velhas e mortas e joguei no lixo. Queria dizer pra vocês todos que, pela primeira vez na vida, depois de cinco anos, ele me ligou e eu não atendi, por pura preguiça de andar pra trás ou aceitar um amor de quem tem medo de esperar pelo amor. Queria dizer que eu não acho mais que fulana passou do peso, que fulana passou da conta de imbecilidades e que fulano se esqueceu de ser real. Eu apenas queria dizer que eu tô bem em forma, sou bem bacana e, graças a Deus, tenho plena certeza do que vim fazer nesse planeta.
Queria aproveitar para fazer um elogio a mim, sim, chega de me detonar. Queria te dizer, sua escrotinha que dorme comigo todas as noites, que nenhuma das vezes em que eu cheguei perto da janela e fiquei na ponta dos pés, eu estava sendo sincera. Queria te dizer que, apesar de você se sentir imensamente sozinha de vez em quando, eu sou milhares, e todas essas milhares te acham a melhor mulher do mundo. Queria bater palmas pra todas as vezes em que você sacrificou o que você mais amava em nome de seguir a diante com o teu fígado e todas as vezes em que você ficou pequenininha para que ficar grande fosse ainda maior. Obrigada por nunca ter fugido de mim, obrigada por ter me encontrado, obrigada por estar aqui. Confie que agora, de dentro de mim, conquistar o mundo vai ser ridículo. Ah, e tem mais: sua bunda até que é bonitinha, mas o resto é um arraso.
Hoje eu acordei nervosa e irritada com a minha viagem, aí parei e pensei: chega de se boicotar minha filha, tá na hora de você ser muito feliz.
Gente, tá na hora da gente ser muito feliz. Primeiro porque somos de verdade, depois porque somos filhos de Deus e, pra terminar, porque existe escova progressiva!
Enquanto eu não volto, deixo vocês com o filme “Pergunte ao Pó”, o livro é melhor, mas John Fante vale a pena mesmo empobrecido. Deixo vocês com um fim de tarde na Rua Novo Horizonte, o lugar onde sempre sou feliz porque sempre dá pra ser feliz. Deixo vocês com os quadros da Fer Veriga, com a voz da Marisa Monte e da Nina Simone, com a frase maravilhosa de Vinícius, “a vida só se dá pra quem se deu”, e com a sopa de aspargos do Pasta e Vino nas madrugadas. Tem ainda a senhorinha de setenta anos que fez o curso de strip da Fátima Moura, a garotinha do farol que esperou a mãe virar de costas pra me dizer baixinho “Não quero dinheiro não, mas me traz uma boneca?”, tem o Ronaldinho Gaúcho que consegue ser lindo com tanta feiúra não porque é rico, mas porque é criança, e tem, claro, a Lolita, que não tem vergonha de ficar histérica sem amor, assim como a dona.
Meu peito está cheio de curiosidade e alegria. É possível sim amar a vida, ainda que qualquer amor tenha seus dias de crise. E eu só queria deixar todos vocês, enquanto eu não volto, com um pedaço de mim. Pode pegar sem cerimônia, alma quanto mais a gente dá, mais a gente tem.
Muito obrigada por todos os e-mails maravilhosos que eu recebo todos os dias, por todas as palavras de incentivo e carinho. Por todos os recadinhos no Orkut. Vocês me dão a certeza de que eu estou exatamente onde eu deveria estar. Vocês fazem valer a pena todo o sacrifício, muitas vezes solitário, de ser uma pessoa sem medo de sentir de verdade a vida de dentro e a de fora.
Não me xinguem se este texto ficar muito tempo nesse site, todo mundo precisa, pra viver, morrer de vez em quando. Até a volta.
UMA MENSAGEM A GARCIA
Esta insignificância literária, UMA MENSAGEM A GARCIA, escrevi-a uma noite, depois do jantar, em uma hora. Foi a 22 de fevereiro de 1899, aniversário natalício de Washington, e o número de março da nossa revista "Philistine" estava prestes a entrar no prelo. Encontrava-me com disposição de escrever, e o artigo brotou espontâneo do meu coração, redigido, como foi, depois de um dia afanoso, durante o qual tinha procurado convencer alguns moradores um tanto renitentes do lugar, que deviam sair do estado comatoso em que se compraziam, esforçando-se por incutir-lhes radioatividade.
A idéia original, entretanto, veio-me de um pequeno argumento ventilado pelo meu filho Bert, ao tomarmos café, quando ele procurou sustentar ter sido Rowan o verdadeiro herói da Guerra de Cuba. Rowan pôs-se a caminho só e deu conta do recado - levou a mensagem a Garcia. Qual centelha luminosa, a idéia assenhoreou-se de minha mente. É verdade, disse comigo mesmo, o rapaz tem toda a razão, o herói é aquele que dá conta do recado que leva a mensagem a Garcia.
Levantei-me da mesa e escrevi "Uma mensagem a Garcia" de uma assentada. Entretanto liguei tão pouca importância a este artigo, que até foi publicado na Revista sem qualquer título. Pouco depois da edição ter saído do prelo, começaram a afluir pedidos para exemplares adicionais do número de Março do "Philistine": uma dúzia, cinquenta, cem, e quando a American News Company encomendou mais mil exemplares, perguntei a um dos meus empregados qual o artigo que havia levantado o pó cósmico.
- "Esse de Garcia" - retrucou-me ele.
No dia seguinte chegou um telegrama de George H. Daniels, da Estrada de Ferro Central de Nova York, dizendo: "Indique preço para cem mil exemplares artigo Rowan, sob forma folheto, com anúncios estrada de ferro no verso. Diga também até quando pode fazer entrega ".
Respondi indicando o preço, e acrescentando que podia entregar os folhetos dali a dois anos. Dispúnhamos de facilidades restritas e cem mil folhetos afiguravam-se-nos um empreendimento de monta.
O resultado foi que autorizei o Sr. Daniels a reproduzir o artigo conforme lhe aprouvesse. Fê-lo então em forma de folhetos, e distribuiu-os em tal profusão que, duas ou três edições de meio milhão se esgotaram rapidamente. Além disso, foi o artigo reproduzido em mais de duzentas revistas e jornais. Tem sido traduzido, por assim dizer, em todas as línguas faladas.
Aconteceu que, justamente quando o Sr. Daniels estava fazendo a distribuição da Mensagem a Garcia, o Príncipe Hilakoff, Diretor das Estradas de Ferro Russas, se encontrava neste país. Era hóspede da Estrada de Ferro Central de Nova York, percorrendo todo o país acompanhando o Sr. Daniels. O príncipe viu o folheto, que o interessou, mais pelo fato de ser o próprio Sr. Daniels quem o estava distribuindo em tão grande quantidade, que propriamente por qualquer outro motivo.
Como quer que seja, quando o príncipe regressou à sua Pátria mandou traduzir o folheto para o russo e entregar um exemplar a cada empregado de estrada de ferro na Rússia. O breve trecho foi imitado por outros países; da Rússia o artigo passou para a Alemanha, França, Turquia, Hindustão e China. Durante a guerra entre Rússia e o Japão, foi entregue um exemplar da "Mensagem a Garcia" a cada soldado russo que se destinava ao front.
Os japoneses, ao encontrar os livrinhos em poder dos prisioneiros russos, chegaram à conclusão que havia de ser cousa boa, e não tardaram em vertê-lo para o japonês. Por ordem do Mikado foi distribuído um exemplar a cada empregado, civil ou militar do Governo Japonês.
Para cima de quarenta milhões de exemplares de "Uma Mensagem a Garcia" têm sido impressos, o que é sem dúvida a maior circulação jamais atingida por qualquer trabalho literário durante a vida do autor, graças a uma série de circunstâncias felizes. - E. H.
East Aurora, dezembro 1, 1913
Uma Mensagem a Garcia
Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória como o planeta Marte no seu periélio. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente tinha que tratar de assegurar-se da sua colaboração, e isto o quanto antes. Que fazer?
Alguém lembrou ao Presidente: "Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan ".
Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e, após quatro dias, saltou, de um barco sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão, para depois de três semanas, surgir do outro . lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregando a carta a Garcia - são cousas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a
Garcia; Rowan pegou da carta e nem sequer perguntou: " Onde é que ele está?"
Hosannah! Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze imarcescível e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altivo no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia.
O General Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa, em que a ajuda de muitos se torne precisa, têm sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a imbecilidade de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada cousa e fazê-la.
Assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.
Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: "Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição sucinta da vida de Corrégio ".
Dar-se-á o caso do empregado dizer calmamente: "Sim, Senhor" e executar o que se lhe pediu?
Nada disso! Olhar-te-á perplexo e de soslaio para fazer uma ou mais das seguintes perguntas:
Quem é ele?
Que enciclopédia?
Onde é que está a enciclopédia? Fui eu acaso contratado para fazer isso ?
Não quer dizer Bismark?
E se Carlos o fizesse?
Já morreu?
Precisa disso com urgência?
Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo procure o que quer?
Para que quer saber isso ?
E aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Garcia, e, depois voltará para te dizer que tal homem não existe. Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta; mas, segundo a lei das médias, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que Corrégio se escreve com "C" e não com "K ", mas limitar-te-ás a dizer meigamente, esboçando o melhor sorriso.` "Não faz mal; não se incomode ", e, dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo. E esta incapacidade de atuar independentemente, esta inépcia moral, esta invalidez da vontade, esta atrofia de disposição de solicitamente se pôr em campo e agir - são as cousas que recuam para um futuro tão remoto o advento do socialismo puro. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado do seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam de ser feitorados. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de se não o fizer, ser despedido no, fim do mês. Anuncia precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar - e; o que é mais, pensam que não é necessário sabê-lo.
Poderá uma pessoa destas escrever uma carta a Garcia?
"Vê aquele guarda-livros", dizia-me o chefe de uma grande, fábrica.
"Sim, que tem? "
"É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandasse, fazer um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas também podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas, e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da incumbência que lhe fora dada ".
Será possível confiar-se a um tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?
Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais externando simpatia para com os pobres entes que mourejam de sol a sol, para com os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre, entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no poder.
Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que "matar o tempo ", logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despendindo pessoal que se mostre incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituílo por outro mais apto. E este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente, em tempos adversos, com a única diferença que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores - aqueles que podem levar uma mensagem a Garcia.
Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra precisa para gerir um negócio próprio e que ademais se torna completamente inútil para qualquer outra pessoa, devido à suspeita insana que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia, retrucaria provavelmente: "Leve-a você mesmo".
Hoje este homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em quase petição de miséria. No entanto, ninguém que o conheça se aventura a dar-lhe trabalho porque é a personificação do descontentamento e do espírito de réplica. Refratário a qualquer conselho ou admoestação, a única cousa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota de número 42, sola grossa e bico largo.
Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como este, não é menos digno de compaixão que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam prematuramente encanecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.
Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas, quando todo mundo se apraz em divagações quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de impecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada, salvo a sua mera subsistência.
Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro, como, também tenho sido patrão. Sei portanto, que alguma cousa se pode dizer de ambos os lados.
Não há excelência na pobreza de per si; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.
Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranquilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qualquer outro feito que não seja entregá-la ao destinatário, esse homem nunca, fica "encostado" nem tem que se declarar em greve para, forçar um aumento de ordenado.
A civilização busca ansiosa, insistentemente, homem nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, ser-lhe-á de conceder. Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: Precisa-se, e precisa-se com urgência de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia.
Por não compreendermos a significação das palavras, nem eu nem meus amigos, uma coisa se tornou muito clara: que há maneiras de não compreender e que a diferença entre a não compreensão de um indivíduo e a não compreensão de outro cria um mundo de terra firma ainda mais sólido que as diferenças de compreensão. Tudo quanto outrora eu pensava ter compreendido desfez-se e eu fiquei como uma lousa limpa. Meus amigos, por outro lado, entrincheiravam-se mais solidamente na pequena vala de compreensão que haviam escavado para si próprios. Morreram confortavelmente em sua pequena cama de compreensão, para se tornarem cidadãos úteis do mundo. Senti pena deles e sem demora abandonei-os um a um, sem o menor pesar.
Se for paixão, uma hora passa. Se for amor, voltará a dar certo. Só espere, só ore, só creia em Deus. Ele muda tudo, até mesmo os corações
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Textos de amizade para honrar quem está sempre do seu lado
- Versos de Amizade
- Frases de Amizade
- 72 frases de amigos que reforçam o valor da amizade
- Mensagens de amizade para valorizar e celebrar quem sempre está ao seu lado
- Frases de carinho e amizade para expressar gratidão e afeto
- Cartas de Amizade