Renato Russo Poemas sobre a Vida

Colocam na cruz
Esses bravos soldados
Que mesmo torturados
Se mostram por inteiro

Essa é a dor
De tantos que amam
Daqueles que já
Nem fazem mais planos

Lutando pra serem aceitos
Lutando pra darem seus jeitos

Mesmo tremendo
De frio ou de solidão
Não tem mais segredo
Nenhuma luta será em vão

Mesmo com mais medo
Da vida do que da morte
Em um mundo tão hostil

Vem, deixa o vento
Desarrumar você
É tão lindo você não saber
Quão lindos os fios caem
Na testa

Eu nem sei mais o que dizer
Pra te manter perto
Fico aqui a observar, discreto
Meu medo é ser muito
Direto

Pode entrar
Cuidado pra não tropeçar
Em tantas incertezas

Fica um pouco mais
Sem você é tão escuro
Deixa eu acender seu cigarro
Você nem viu, mas já me acendeu

Vem, deixa o tempo
Descompassar você
Eu queria lhe parar no tempo
E ser pra sempre seu

⁠"Para algumas pessoas, projetos são maiores que lugares, sonhos vão muito alem das distâncias, realizações não tem fronteiras, lágrimas afogam saudades, e conquistas tem o tamanho do mundo"

Renato Jaguarão.'.

⁠(Assim quando me for)

É lindo o findar de tarde
Mirando aquele retosso
Daqueles tempos de moço
No lombo do meu cavalo

Era como um regalo
Aquela vida lá fora
O arrastar das esporas
Pelo trilhar do galpão

A eguada relinchando
Silhuetando a manguera
O João de barro a porteira
O velho fogo de chão

Depois chegava a pionada
Naquela roda de mate
Cada um dando um aparte
Na trova que se estendia

Daqueles findar de dia
Ainda trago a memória
Pra mim era propria glória
Por ter nascido gaúcho

Quem sabe ainda me toque
No derradeiro final
Quando se vai o bocal
Por mais forte fora o tento

Me reste ainda um momento
Pra relembrar minha sina
Dessa vida tiatina
Lambendo o cocho de sal

A velha cruz em sinal
Na hora da oração
Coloquem junto ao caixão
O pavilhão tricolor

Um lenço vermelho em cor
Pra lembrar o gauderismo
Minha vida de xucrimos
E a minha declamação

E se sobra um espacito
Junto ao meu corpo judiado
Meu violão do meu lado
Pinho velho afinado

Pra chegar no outro lado
Já fazendo algum costado
Uns verso bem declamado
Pro patrão nosso Senhor...

Renato Jaguarão.

⁠"O amor tem muitas maneiras
De parecer que morreu
Mas um amor nunca morre
Finge apenas que esqueceu"

⁠"Quando o silêncio afaga
Você me abraça mansa
E o que é bonito, acalma
E faz tão bem pra alma"

⁠"O impulso nervoso, quando ativado,
é considerado a mais poderosa força
em um complexo campo vibracional"

[...]

Há uma luz em toda esquina
Há um beijo a ser compreendido
Há um cego procurando ajuda,
questionando-se por que não é ouvido

Há amizades de pura malícia
Há entorpecentes servindo o bem
Há doutores que não veem a cura
e evocam o mundo do além

Há artistas que fazem campanhas,
doam dinheiro e desejam a paz;
Há campanhas que nos entristecem,
porque querem nos passar para trás

Há um menino desaparecido
Há um católico que virou pastor
Há traficantes dentro da cadeia
em contato com o exterior

Há um casal, em Bodas de Prata,
sonhando um dia um lindo filho ter;
Há uma jovem há trinta e seis semanas
acompanhando o seu ventre crescer

[...]

Tantas vias, tantos infortúnios,
recomeços e pontos finais;
Viva o hoje em plena gratidão
e nunca deixe o amor pra trás

⁠"Já disse sim a tantos 'tem que',
que, de fato, só comecei a viver
quando deixei de dar ouvidos"

[...]

Alguém que se sinta capaz
de pôr em prática
sua maior capacidade de amar,
sabe o quão doentio é
ser influenciado

Ainda mais ser inserido
em um plano fundamentalista,
onde seres se limitam a ordens,
como peças de um xadrez

Perdoem-me os mais leigos:
digo, sem titubear, que isso é
um verdadeiro escambo intelectual

Sim! Bugigangas vendidas
aos homens do terceiro milênio,
em troca da aptidão racional

O cérebro serve-se dessa droga,
dopando-se de alucinação restrita,
até que as sinapses caudalosas
acalmem-se por completo,
em estado de coma induzido

[...]

E pronto!
Eis mais um ser inativo!
Jurando fazer boas obras,
quando, na verdade,
tornou-se propagandista
de um complexo Sistema

Ganha de brinde uma camisa,
seja Azul, seja Vermelha,
além de uma bandeira,
pra erguer seu fanatismo
Torna-se exímio aluno
das escolas tradicionalistas,
e graduado em preconceitos

[...]

No meio do deserto da ignorância,
com os olhos rabiscados de poeira,
com muita sede e em estado de inanição,
relutando em voltar ao passado

Foi, então, que avistei ao longe
o oásis do templo imortal;
Lá, jazia a minha verdadeira felicidade
e um refrescante suco filosofal

[...]

"Somos seres divinos e puros!
A nobreza corre em nossas veias!
Hábeis para:
Criar
Recriar
Esperançar
Reciclar"

Amar
Sempre

⁠"Um espesso fio de opinião
pode ocasionar ou encerrar
uma Grande Guerra Mundial"

[...]

Quando imergi no calabouço da desilusão,
na tentativa de me encontrar com a razão,
para, então, oxigenar o oceano da emoção,
foi que compreendi o porquê daquela lição

De tempos em tempos, sou provado;
testam minha paciência e o meu vigor,
testam a crença, a resiliência e o amor,
testam alma, carne, a pele e seu rubor

Nessas frações de tempo gasto,
onde muito se observa o rastro
o qual deixamos em vidas alheias,
formam-se laços, ou pior, cadeias

Aprisionado neste "muito se espera",
Reduzo a minha velocidade altruísta,
luto e ainda tento ser o bom artista,
mesmo sem aplausos e plateia vazia

Assim, aquele turbilhão de energia
cobrada, que provoca inundação,
com sapiência, mudo a entonação,
para assim poder sorver sobrevida

[...]

Não faça tudo pelos outros,
faça o que lhe for essencial,
faça com amor e muito zelo,
um pouquinho é substancial

Um cadinho de boa fé,
um cadinho de nós;
um cadinho de tempo
repartido com os avós

[...]

"Precisamos desatar os nós
de cobranças desnecessárias,
para não invalidarmos a linha
de pensamento construída
ao longo de nossa história"

⁠"Ninguém chega à Luz
sem antes passar pelo
caminho das sombras"

[...]

Sensação gélida de medo:
limita a capacidade moral,
amarga a bebida da fé,
adormece o sonho colossal

Ponto falho e sem sentido
é ver esse sonho arruinar;
quando há oportunidades,
lute para ele se concretizar

Lute, mas não lute contra a dor!

Essa dor, por vezes, insuportável,
é amiga do processo de evolução;
é dor com a qual se deve conviver,
para compreender sua imperfeição

Deixo aqui uma atitude sábia:
"o exercício de negar a negação"

Permitir-se é o segredo
que nos veste de saber;
armadura que protege,
que nos faz sobreviver

Ir defronte aos seus infernos,
e enfrentar os seus demônios,
reconhecendo suas frustrações

E se for combater algum vilão,
mire quem vende a perfeição,
fórmula utópica dos charlatões

[...]

O outro lado do muro
tem o cheiro da infância;
tudo é mais saboroso,
tem respeito e importância

Não é com sorte que se chega lá,
tampouco aguardar pelo socorro;
na verdade, há um Vale de lições,
experiências que ferem corações

Todos nós chegamos lá,
por vezes atravessamos
para o lado acalentador

Todo dia o portal se abre
para que possamos viver
a doce sensação de amor

[...]

"Um dia, um Grande Sábio desceu
à morada infernal para poder,
então, ascender de vez aos Céus"

⁠"É preciso mesmo ter de passar
pela remodelagem opressora
sem antes consultar a voz
contida no ventre da emoção?"

[...]

Vozes ativas pelo mundo,
numa mínima proporção,
abraçam todo o submundo,
desprovido de indagação

Pregam pelos quatro cantos
uma maneira de ressignificar;
Mas, afinal, isso é relevante
diante de seres pensantes?

De início, talvez seja salutar,
sair de uma inércia cognitiva
e experimentar novos ares,
acolhidos por novos altares

Entretanto, se a imposição perdurar,
e a memória intuitiva voltar a aflorar,
o centro dos batimentos emocionais
entra em intenso conflito existencial

Duro impacto no chão da negação,
sentir-se inferiorizado, sem razão,
com o verbo esperançar reduzido,
torcendo unicamente ser abduzido

[...]

Em outros versos, noutro tempo,
cá deixei mensagens de motivação,
e outra vez vos trago a semente
da antiga árvore da compreensão

Busque dar sua melhor versão,
sua contribuição para o mundo;
Escute mais o sussurro interior,
relocando-o à trilha da essência

Neste eterno mover da atração,
onde somos energia em evolução,
mude, se preciso, a concepção,
para fazer valer a tua existência

[...]

"O elixir da vida merece um novo brinde!"

"O estado latente de um espírito
disposto a amar irmãmente outrem
supera o fator da consanguinidade"

[...]

Um brinde às quinze
primaveras simbióticas!
Um salve à positividade
que pairou sobre nós!

Sincera e fraternalmente,
unidos no ontem, no hoje
e no amanhã, ad eternum

Doce sentimento incondicional,
de tão intenso, tornou-se atemporal;
Proximidade faz-se necessária
para abastecer nossa constelação

Pela generosidade do tempo
e pela experiência adquirida,
ou melhor, compartilhada,
amadureceu a ideia de chamá-los
não mais amigos, mas sim irmãos!

Que sejam dadas mais voltas
De Júpiter ao redor do Sol!
Que brotem mais laranjas e
tamarindos sob nosso Céu!

Que se multiplique a energia,
para inspirar outras canções!
Dos laços que do nada surgem
e fortalecem nossos corações!

[...]

"Uma árvore de grande porte
e com raiz profunda, um dia
coube na palma de sua mão"

⁠"A todo instante há uma alma
talentosa esperando aplausos"

[...]

Neste mundo de ocultos líderes,
com habilidades inigualáveis,
a voz do coração tem sede
dos gestos de afirmação

Estão nas redes sociais,
propagando seus poemas,
compondo a todo instante
o visto, o sentido e o escutado

Mais que isso: estão buscando
alimentar-se daquilo anima'lma,
que hasteia a bandeira do existir

[...]

Corações caem no abismo
da introspecção,
empurrados pelo não
ou pelas mãos da omissão;
Na batida contra o chão,
encontram o frio-depressão

[...]

São apenas observações
de um corredor de praça,
que avista pessoas sem graça
quando não batem sua meta

e quando alguém consegue,
vai em busca de atenção,
olha ao redor até identificar
o aplauso de quem vibrou
com a conquista da ação

[...]

"Neste curso evolutivo,
tenhamos a sensibilidade
de reconhecer vitórias alheias:
É o tal do toque humano
capaz de salvar vidas"

⁠"O realinhamento do pensar,
com os pés firmes no hoje,
é uma conquista pessoal
e um salto pro desconhecido"

[...]

Sofrer por algo pretérito,
relembrar os ocorridos,
deixa os olhos midriáticos
e ecoa na fossa dos ouvidos

A memória então reconstituída,
traz à tona a cena consumada,
reabrindo a porteira da ferida,
duma alma ainda não curada

Foi a falta de perdão?
Foi a falta do adeus?
Até quando julgarás?
Onde está teu Deus?

Eu sei que a saudade é um dom
que Deus nos dá para relembrar
quem amamos e onde estivemos

É salutar o brilho da lembrança
carregada de poemas e de corais,
memorizar perfumes e músicas,
e associá-los a pessoas especiais

Mas remoer aquilo que enfraquece,
que deprime um projeto promissor,
faz-nos esquecer do nosso futuro,
dos sonhos, das metas e do amor

Eu sei quão é difícil superar a perda,
de algo que um dia foi vida e sorriu,
que abreviou seu tempo e a restar
pele gélida, sem rubor e sem pulsar

Sei que oprimem as recordações,
esse mau gosto do vazio que fica,
entretanto veja que tudo são lições,
para vós aqui deixo mais essa dica

[...]

Encoraje-se e permita-se ao novo!
Olhe para a frente e escreva muito
no livro de sua vida tão vigorante,
desejada pelos limitados e enlutados,
e por quem virá no próximo instante!

⁠O amor realmente existe?
Ele realmente existe?
Será que o amor verdadeiro é real?
Será que entre 8 bilhões de pessoas existe minha alma gêmea?

⁠"A verdadeira humildade e amizade, consiste em reconhecer e torcer pelo sucesso do outro, mesmo que isso, "para os demais", demostre sua incapacidade ao ver o amigo chegar onde tu não chegou"

Renato Jaguarão.

⁠Eu me despi para você
Sem saber o seu querer
Acreditei na aparência
De uma louca paixão
Sem saber o seu querer
Sem saber o seu caráter
Sem saber a sua intenção
Eu me despi para você
Com toda a intensidade
Da minha paixão
Desconfiei da sua maldade
Mas contestei a minha intuição
Num momento vivi uma doce ilusão
Em seguida, passei pela sombra da sua escuridão.
Sem saber o seu querer
Eu me despi para você
Deixei florescer a paixão
Sem saber o seu querer
Sem saber a sua intenção
Não foi falta de sorte
Não querer enxergar a intuição
Eu me despi para você
E agora, me despeço de você e da sua escuridão.

⁠Simplicidade.

Me faz falta a simplicidade. ...
Do entardecer da campanha. ...
O mate, dois dedo de canha. ...
Até o naco de fumo. ...
Acho que perdi o rumo. ...
Quando me vim pra cidade. ...
Onde me amadrinha a saudade. ...
Na varanda do apartamento. ...
Tentando buscar o vento. ...
Que se foi com o minuano. ...
Levando aquele paisano. ...
De bombacha e chapéu largo. ...
Revirando o gosto amargo. ...
Do mate madrugueiro. ...
Dos tempos de campeiro. ...
Nos pagos da Fronteira. ...
Daquela essência lindera. ...
Do entardecer na querência. ...
Me resta só a insistência. ...
De lembrar o velho passado. ...
Pra não perder o costume. ...
E sentir por vez o perfume. ...
Daquele cheiro de mato.

Renato Jaguarão.