Reflexoes de Olga Benario
Sou de poucos amigos e amigas.
Os que tenho, cultivo como plantas frutíferas
Todos os dias devemos regar ,
para frutos retirar e jutos saborear .
A primeira vez que me viu ele atravessava a Paulista. Eu estava com o cabelo meio oleoso. Vestia aquele casaquinho preto que soltou o forro. No olho direito tinha um pouco mais de maquiagem que o esquerdo. Ele contou duas covinhas perto da bochecha. Tirou um pouco da terra que tinha ao redor da minha boca e fez as contas rápido: eu era dois anos mais velha que sua irmã mais nova. Ainda estava no chão, caída perto de um montinho de sujeira. Ele segurou o documento com as duas mãos, guardou-o na carteira e me levou pra casa. No trajeto Paraíso-Consolação pegou o documento de novo e reparou que era a primeira vez que via alguém tirar foto 3x4 com um sorriso grudado na cara. Riu do sorrisinho verdadeiro e me colocou no bolso do seu casaco cinza. Trocamos o primeiro e-mail depois que eu já dirigia sem carteira tranquilamente, e que ele havia correspondido com três garotas que nunca perderam o documento próximo à estação do metrô Trianon. Marcos está no último período de Ed. Física.e vai ser meu personal training em 2015 quando eu estiver podre de rica escrevendo uma coluna na Vanity Fair. Marcamos um encontro e eu estou prestes a cancelar porque morro de medo de decepcioná-lo. Pra ele eu sou a escritora, da revista, do site. Aquela que fala alto pisa firme e tem resposta pra tudo. Aquela divertida, com piadas confiantes. Pra ele, eu sou a menina do bolso furado. Acredito.
Eu posso engolir minha língua, posso morder meu indicador até sangrar, posso respirar dentro do saco de pão até sufocar, mas ela não vai morrer. Eu posso arremessá-la contra o chão gelado do banheiro, pisar alto e gritar forte, mas ela não vai desaparecer como a fumaça do banheiro. Sua marca de batom vai ficar registrada na minha xícara de zebra, seu sopro leve vai deixar meus talheres sobre a pia e seus passos pontuados vão amassar o que sobrou da festa. A sujeira continua lá. Bem no cantinho do lado bom da cama. Próxima ao interruptor e dentro do carro. A sujeira mora em mim e varre o que houver ao redor. Ela se sente à vontade no meu guarda-roupa e pesa a bolsa de mão. Já avançou para os novos cômodos e aos finais de semana habita a sala e a cozinha. Ontem achei um pedaço de azeitona dentro do lixo do carro. Ela sobreviveu mais de um mês e não cheirou mal. Eu prometi não tirá-la dali, mas ela desapareceu. Desapareceu naquilo que eu mesma criei como o ticket do estacionamento, o comprimido, a garrafinha d’água, o cartão do celular, a alça do sutiã, a trufa, o recibo, as chaves...
Não foi o choro mais doído, nem o desesperado. Foi o choro baixinho, na saída do trabalho. Eu, com minha bolsa pesada e meu par de brincos bonito, chorei com o caminhão de lixo. Nenhuma ideia, nenhum projeto bom, nenhum roteiro bonito pra me confortar. O caminhão recolhia o lixo e deixava seu rastro fedorento. Olhei no retrovisor meu batom desbotando, meu queixo sujo de rímel, o esmalte descascado. Eu olhei o gari de cabelo loiro e sua cara de comigo vai tudo bem. Olhei o outro, despretensioso que atravessava a rua com cara de sonso. Pensei nas esposinhas que os esperavam, limpas. Pensei em limpar toda a sujeira do lixo desmoronando, mas virei a cabeça pra pensar em outra coisa.
Eu torço contra, praguejo, sinto ciúmes porque também quero carregar o fardo pesado de ter duas pessoas disputando meu pé gelado à noite.
Tudo em que eu acredito pode não ser real para o mundo
Mas dentro de mim está vivo, como se eu pudesse fazer tudo o que meu coração quiser.
tocando a música para que todos ouçam, mesmo sabendo que será um show solo.
Eu adoro o jeito que você me protege, mas isso não significa que eu te ame.
Segundos se passam quando estou ouvindo todas aquelas vozes
E então ele construiu um castelo e me fez sua rainha
com todas as aquelas luzes
Eu chorava em cima de tudo
E eu irei destruir o seu castelo
Era um homem de aparência antiga
Todas as noites eu sentia suas lágrimas sobre o meu rosto
E então ele construiu um castelo e me fez sua rainha
Eu não via problema quando suas mãos violentava meu corpo com paixão
Então eu abri os olhos e vi que não era real
Tudo desmoronava a minha volta
As paredes se moviam me deixando presa
E todo aquele azul manchava a parede
E então ele construiu um castelo e me fez sua rainha
Mas não era real, eu corria em direção a ele
mas não o encontrava no final da estrada
E o céu ficava escuro, o vento ficava mais forte
E eu dizia ”eu vou destruir seu castelo”;
Pois você não nasceu para ser o meu rei.
Eu não quero falar de você nem da sua voz lerda de saudade. Não quero falar sobre o seu pânico de me ver depois de uns anos, nem da sua roupa bonita, seu salto quebrado e seu melhor ângulo ensaiado para os primeiros cinco segundos. Não quero falar que você confundiu meu nome com Renato, nem do tremelique que sentiu quando transferi a ligação. Não quero falar da sua resposta fácil, do seu jeito atrapalhado, nem da sua pressa de viver a gente de novo. Não quero falar do seu esmalte descascado, dos seus cílios montados nem de quantas vezes você escovou a língua pra me parir do seu cérebro. Eu não quero falar do seu amor surrado que manca, rasteja e permanece. Eu não quero falar, mas eu sei que você pensou em me contar do carro, da viagem, do banco e do despertador pra sufocar a troca de telefone e o jantar depois do trabalho. Eu não quero falar, mas eu sei que você é a única que acredita que vou ocupar o espaço vazio entre a poltrona e a planta da sala. Você é a única que acredita que eu vou deitar nas suas almofadas pra assistir um dos nossos filmes e acordar com o umbigo sujo de pipoca.
Quanto sonho não vivido
do jeito que foi sonhado!
Mas tudo tem mais sentido
quando, enfim, é conquistado.
Se tivesse examinado nas Efemérides o que acontecia no céu naquela noite, nem me deitaria para dormir.
Precisei me sentar e repetir algumas vezes para mim mesma: estou em casa, é noite, alguém está batendo na porta, e só então é que consegui controlar os nervos.
Saímos de casa e, imediatamente, nos envolveu esse ar muito familiar — frio e úmido — que nos relembra todos os invernos que o mundo não fora criado para a humanidade, e durante pelo menos a metade do ano nos demonstra a sua hostilidade. O frio atacou brutalmente as nossas bochechas, e emergiram nuvens brancas de vapor de nossas bocas.
Na minha opinião, depois da morte, a matéria deveria ser aniquilada. Seria o método mais adequado para lidar com o corpo. Assim, os corpos aniquilados voltariam diretamente para os buracos negros de onde vieram. As almas viajariam para a luz com a velocidade da luz. Isso se de fato existir algo como a alma.
Quando eu estiver mais triste
mas triste de não ter jeito,
quando atormentados morcegos
— um no cérebro outro no peito —
me apunhalarem de asas
e me cobrirem de cinza,
vem ensaiando de leve
leve linguagem de flores.
Traze-me a cor arroxeada
daquela montanha — lembra?
que cantaste num poema.
Traze-me um pouco de mar
ensaiando-se em acalanto
na líquida ternura
que tanto já me embalou.
Meu velho poeta, canta
um canto que me adormeça
nem que seja de mentira.
Menina sublunar, afogada,
que voz de prata te embala
toda desfolhada?
Tendo como um só adorno
o anel de seus vestidos,
ela própria é quem se encanta
numa canção de acalanto
presa ainda na garganta.
Não sendo bicho nem deus
nem da raiz tendo a força
ou a eternidade da pedra,
o poeta nas palavras
põe essa força de nada:
sua funda é o poema.
Iraruca
Destino é o nome que damos
à nossa comodidade,
à covardia do não-risco,
do não-pegar-as-coisas-com-os-dentes.
Quanto a mim,
pátria é o que eu chamo poesia
e todas as sensualidades: vida.
Amor é o que eu chamo mar,
é o que eu chamo água.
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