Quimera
BEIJO AUGUSTO
Como eu aguento?
Essa pergunta me vem, às vezes…
fica incerto tempo
e desaparece.
Voltará?
Perguntas e vontades voltarão?
Ou viraram altocúmulos?
Estratos? Cirros talvez…
Quero nimbos,
seguidos de relâmpagos e chuva forte!
Não saber é o que não aguento.
É isso que eu não aguento: não saber!
O que, como, para onde…
qual é o rumo mesmo?
Nau sem norte… já disse isso?
Pois repito.
Gosto de repetir algumas coisas
para me convencer da resposta, essa que não sei
resposta errada
resposta certa
como qualquer resposta sempre foi: certa E errada
nunca uma única coisa
pois verdade é isso mesmo: quimera
pantera, fera, véspera do escarro
mas nunca companheira inseparável.
A verdade é qualquer coisa menos a realidade
é equação algébrica:
X – REALIDADE = VERDADE
Se a realidade for maior que qualquer coisa,
a verdade terá um formidável enterro
E é assim que eu aguento, sem aguentar de saudades
daquilo que eu sei que existe, mas não vejo
da verdade, às vezes, positiva
daquilo que me revelou,
nada mais revelando, além do beijo
do augusto anjo.
Tudo aquilo que não se justifica...
Justificado está.
Não se bestifique, a ponto de querer compreender aquilo que vai além da compreensão. O amor, a morte, o azar e a sorte, a nobreza, a pobreza, a quimera ou ilusão, e a acachapante solidão.
060323
QUIMERA
Numa desordem completa
Uma querela o teu olhar
Uma desmesura tua paz
Tuas mãos me fazem desejar
...
Na mesa de quatro
Pés
Mãos
Lábios
Dedos
Nos
Atos
Insolentes
...
Teus
Dedos
A desalinhar
O meu vestido
...
Tua
Língua
A bagunçar
Os meus botões
...
Sete taças de vinho
Uma perfeição inevitável
Desajustando
Os meus sentidos
Sem desviar
Os meus agrados
...
Acordei
E pude sentir
O formato
Gosto
E desejo
Dos
Teus
Beijos
Nos
Meus
Lábios
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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