Querer bem e uma Prece que se Reza por Alguem
PRETO, SOMBRA E SEMENTE
Irmão, teu apelido é uma cor que carregas como cicatriz e estigma. Teus passos, arrastados no asfalto quente de promessas quebradas, desenham um caminho de fuga. Os entorpecentes são teus únicos abrigos. Esquece essas casas de papelão que o vento leva e reconstrói um novo lar, mesmo que com mãos trêmulas. Erras como quem cai no mesmo buraco e não tenta mudar. Os anos passam, mas tu permaneces parado no mesmo cruzamento, vendendo tempo em troca de minutos de esquecimento. Teus filhos e parentes, esses fantasmas de teu sangue, ainda te esperam na soleira da memória, com olhos que não aprenderam a odiar. Eles são espelhos quebrados onde teu rosto se reflete em fragmentos e ainda assim sorriem (escondendo a dor profunda) quando te veem...
Enganas os outros como enganas a fome, com migalhas de histórias requentadas. Os de sangue próximo já não choram por ti; apenas observam de longe, como se assistissem a um incêndio lento. Não vês que te transformaste em tua própria lápide ambulante? O chão que te acolhe é frio e fedido, mas é o único que não te pede explicações. A chuva te lava e tu a bebes como se fosse redenção, mas nunca tenta saciar tua sede de paz. Irmão, ouves os gritos da tua própria carne? Ela clama por um último gesto de dignidade, por um instante em que não sintas vergonha de existir. A ajuda está lá, à tua frente, mas exige que estendes a mão. E tu, acostumado com tão pouco, esqueceste como se pede socorro...
Eu ainda insisto em acreditar em ti, irmão. Não por ingenuidade, mas porque conheço o brilho que há por trás desses olhos embaçados. Deus, ou seja lá o que nomeamos como esperança, não desistiu de ti. Ele está no pão que comes quando há, no teto que não tens, nos de sangue que clamam por ti. Volta não como herói, mas como sobrevivente. Para de trocar tua vida por êxtases momentâneos. O chão que pisas pode ser o mesmo, mas tu podes ser diferente. Irmão, tu és semente sob o concreto. Não deixes que te definam pela podridão que te cerca. Germina. Todos ainda acreditam em ti. Tenta voltar, percorrer um novo caminho...
ECOS DO ACASO...
O despertar é uma fagulha num vasto vazio pré-existente, um instante de luz contra a escuridão eterna e silenciosa. Não há um propósito inscrito nas estrelas ou em tabletes de argila, apenas o choque mudo de estar consciente, de respirar. A pergunta é um eco que se perde nos corredores da mente, uma ânsia por uma placa de sinalização num caminho não trilhado. Somos um acidente com a audácia de exigir explicações, uma canção breve que insiste em conhecer a partitura completa. A existência precede qualquer razão, qualquer desígnio oculto, e o porquê talvez seja apenas o som do próprio pulso...
O relógio é um tirano que inventamos para medir nossa queda, seus ponteiros giram velozes, colhendo segundos como flores murchas. A infância é um país distante, visto da janela de um trem em movimento, cuja paisagem desfoca-se em tons de verde e poeira dourada. A velocidade é a percepção do fim, o peso suave da despedida, cada momento um grão de areia escapando por entre os dedos. O tempo não acelera; somos nós que deslizamos ladeira abaixo, e o assombro não é pela rapidez, mas pela proximidade do solo. A memória comprime anos em fotografias sem nitidez, e a vida é esse breve clarão entre duas escuridões imensas...
A ordem do mundo é um quebra-cabeça com peças de outros mundos, não há uma lógica, apenas uma colisão constante de forças cegas. As coisas são assim porque o equilíbrio é um acidente momentâneo, o resultado de um jogo de dados jogado sobre um pano sem gravidade. O caos é a lei fundamental, vestindo o disfarce enganoso da ordem, e a razão busca padrões nas nuvens passageiras. Não há um arquiteto, apenas a poeira cósmica se rearrumando, e a beleza reside justamente nessa falta absoluta de motivo. Acontece porque acontece, uma cadeia de eventos sem testemunhas, e nós somos a parte que, por um instante, ganhou olhos para ver...
A mente é um rio de lava, um turbilhão de faíscas e sombras, pensamentos surgem como insetos efêmeros sob uma luz forte. Eles cruzam o céu interno sem pedir licença ou dar explicações, são estranhos passageiros em uma estação sempre lotada. Essa velocidade é o reflexo do mundo, sua overdose de estímulos, um mecanismo de defesa contra a quietude que assusta. É o cérebro tentando mapear a inundação com um copo de café, uma dança frenética para não ouvir o silêncio subjacente. Cada ideia é uma fuga, um pequeno universo paralelo e portátil, onde se esconder da pergunta é uma ideia no qual não será respondida...
A solidão é um planeta com atmosfera própria, uma gravidade diferente, onde os sons comuns chegam distorcidos e as cores vibram em outra frequência. Não se é de um lugar, mas de um tempo que ainda não chegou para os outros, ou de um passado tão remoto que virou lenda até para si mesmo. A diferença não é uma escolha, é uma geologia íntima, um fóssil na alma, uma assinatura escrita em uma língua que ninguém se dedica a aprender. É o preço de sentir as costuras do universo de forma muito clara, e o fardo de carregar um olhar que nunca se desliga, nunca descansa. Não é superioridade, mas um exílio, uma ilha de sensibilidade crua, onde se é simultaneamente o prisioneiro e o único habitante...
A data não foi um sorteio, foi uma convergência de infinitas variáveis, um ponto único no tecido do espaço-tempo que precisava de uma testemunha. O universo não escolhe; ele simplesmente é, e você aconteceu nele, naquele cruzamento exato de astros e histórias, de sangue e acaso. A pobreza é uma lição, é a geografia cruel onde a semente caiu, o solo árido que exige raízes mais profundas para encontrar água. E o cansaço e o peso de carregar todas essas perguntas sem repouso, a exaustão de ser a interrogação ambulante em um mundo de pontos finais. É a fadiga de um espírito velho que se vê preso em matéria efêmera, ansioso por um descanso que chegará, inevitável e completo...
--- Risomar Sírley da Silva ---
Ago - 2025
'POEMA DESESPERADO...'
Cada um de nós, uma vertente nos punhos. Exceto o desespero, tal qual a proliferação do amanhã, sem cortina de cores...
Canto palavras ao chão sem sentidos. Jogo vogais nas cortinas, falando das desesperanças do amanhã. Tenho sílabas, proparoxítonas. Não quero o olhar dos que tem idade de oitenta...
Quero crianças nas calçadas soltando borboletas. Sem criação de desesperos. Espreitando no peito calçadas de nuvens em meio à multidão. Poema desesperado, cantando canções de ninar...
'AMNÉSIA'
Recentemente, encontrei uma das minhas irmãs e dei-lhe um forte e longo abraço. Desses que nunca mais esquecemos. Eu não sabia onde morava. Tinha esquecido quem eu era. Para onde ia. Estava andando ao léu, talvez perdido como sempre. De repente, emocionado, falei-lhe:
- Sabia que eu sinto falta de todos vocês?
Naquele exato momento, o coração jorrava uma saudade repentina de tudo e de todos. Talvez do tempo perdido. Das conversas jogadas que nunca tivemos. Nós choramos por algum tempo abraçados...
Sua casa estava bem diferente da última lembrança. Tinha uma área bem simples na frente. Atrás, um lago enorme, onde dava para ver meninos pescando o almoço. Alguns peixes em fieiras estavam à mostra, ditando abundâncias. - O que você faz aqui?
- Estou meio perdido - Falei!
Os olhos dela estavam abatidos, mas por trás da retina consegui ver o brilho que tinha quando éramos crianças. Tomando banho na chuva. Fazendo traquinas. Vendo o pôr-do-sol em outra perspectiva...
Eu tinha uma lembrança e ela estava ali à minha frente, viva, pouco sorridente. Falando das coisas diárias e banais, outras surreais. de repente perguntei-lhe: - quem eu sou, onde moro?
- Você não lembra? Sua casa fica algumas quadras daqui. Vá direto e vire à esquerda, na terceira quadra.
- Quem você é? É uma pergunta difícil de responder. Você é o que é! E ninguém vai tirar isso de você! É um homem bom, com seus erros e acertos. Logo após, despedi-me e fui embora. A memória meio confusa, expressando a saudade de uma vida toda...
'A ´ÁRVORE'
À minha frente uma árvore
Frágil
Porém
Jorrando vida e ar fresco
Caule submerso sob o pequeno rio
Sugando seus nutrientes para a vida...
Ressentida com alguns galhos quebrados
Ela nunca será mais a mesma
Os ventos vindos dos quatros cantos não são amigos
Porém
Ela resiste por um tempo...
Ainda está no começo
Pequenina em meio à tantas
Sufocada
Sua pequena sombra irá fazer falta nos dias de sol
Faltará seus dias trazendo felicidades pelas manhãs...
Seu caule precisa vencer a sujeira das águas
Sugar apenas o que é bom
Seus galhos secos caem um a um
A árvore está morrendo
Não há nada a fazer...
Apenas esperar o improvável
Frutos que nunca virão
Outras árvores suspiram a infelicidade da pequena
Já sem vida
Cair no esquecimento...
E quando minha loucura acabar. Que eu volte à realidade. Assim como uma criança perdida, voltando aos braços de um pai...
Sentado sob uma pedra, ele olha o rio majestoso [Tapajós], com suas curvas e maravilhas, e fica pensando na vida. Carregando uma dúvida desde criança que aperta o peito desde sempre. E percebendo tudo que o envolta, todos os dias repetitivos, todo o tempo que passara [e passam] nos olhos tão rapidamente, parecendo o hoje que o abarca, ele ver várias reflexões...
- Qual a finalidade de tudo isso? Bilhões de pessoas que existiram, outras que ainda carregam seus caminhos para um aquém nada absoluto. E ele lá, observando o tempo passar a sua frente. O rio fazendo sua trajetória, sua rotatividade, como se fosse amaldiçoado para isso. No inverno, correntezas destrinchando vidas, no verão, águas quentes, sem sombras para aqueles que procuram relvas...
A pretensão dele desde crianças [adolescente] era a felicidade. Sem demagogia, mas já o conseguiu. Era conquistar um emprego dos sonhos, mas já o tem! Bens necessários, mas já alcançou! Ter um amontoados de diplomas, mas já os conquistou! Ele acha difícil acordar todos os dias sabendo que o que queria já fora conquistado. Procura-se uma razão, mas ela perdeu-se e com certeza, alguém irá encontrá-la em outros rios...
O sol começa a aparecer e ele pensa: - dei bastante amor, acredito que já amei também, não sei ao certo. Hoje, nesse momento, estou insípido, incrédulo e com o coração vazio. Não quero pessoas por perto. Quero ficar aqui, observando o voo das garças, ouvindo o cantar dos pássaros que hoje, não me sustentam mais os ouvidos. Que meus filhos reescrevam suas histórias, sem retóricas, apenas vivendo com esperança nos olhos, sem importar-se para os rios que, de quando em vez, aparecem sem bater a porta...
--- Risomar Sírley da Silva ---
A vida é uma merda a partir do momento que o ser humano toma consciência da sua magnitude e insignificância ao mesmo tempo.
--- Risomar Sirley da Silva ---
DIREITOS? Não generalizando, claro! Temos hoje uma estrutura familiar destroçada por uma política amoral, que dá mais direitos que deveres.
'DESCONHECIDO...'
Amar é uma palavra sem sentido que as pessoas usam para aflorar um estado de espírito contundente. Tenho paixão, mas que na maioria das vezes, mente, deixa-me inquieto. Repleto de respostas que nunca existiram. Sou assim repleto. Perplexo nas horas vagas. Mas com uma vontade de mudar os rumos. Sabendo que meu mundo, nunca existira...
"Cada problema é uma oportunidade para a edificação do caráter, e, quanto mais difícil a situação, maior o potencial de desenvolvimento dos músculos espirituais e da fibra moral. Paulo disse: “Sabemos que essas tribulações produzem paciência. E a paciência produz caráter” (v. Romanos 5.3,4, NCV). O que acontece exteriormente em sua vida não é tão importante quanto o que acontece dentro de você. As circunstâncias da vida são temporárias, mas o caráter é eterno."
LIVRO: UMA VIDA COM PROPÓSITOS: PARA QUE ESTOU NA TERRA? - Rick Warren
Casei, mas nunca deixei de ser solteiro. No mais, se agora somos uma só carne, por que não a sinto em mim?
Sem amor, a vida deixa de ser uma existência para ser uma sobrevivência.
Assim também, uma existência sem objetivos é vazia, subexistencial.
Há uma fase na vida em que você pensa que sabe tudo, mas não sabe o que pensa, e nem pensa que isso é tudo que sabe.
Uma ação injusta conduz a uma reação de defesa, assim como uma pergunta cretina suscita uma resposta não menos cretina.
Limitar o espaço de um gênio, impossibilitá-lo de criar,
é como ofuscar o brilho de uma estrela em seu esplendor.
A genialidade não é mérito do gênio,
pois é uma dádiva de Deus, a quem pertencem todos os méritos e honras.
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