Queremos Amor Selvagem
A MINHA DOR
O que é isto que rasga meu soneto em sofrência
E de onde está poética que sussurra em alta voz
Versos frios, que tortura, dum amor na ausência
Que me devora por inteiro, num sentimento atroz
Triste sensação, desilusão em riste, rima triste
Há um tormento no peito que sufoca e agiganta
Tudo tão cinza, e uma prosa penosa que insiste
Numa dolorosa poesia que resiste e desencanta
Aonde estão as trovas tão cantadas com alegria
Aquela doce poesia, não o silêncio que me resta
A solidão, pensamento amargo e a paixão vazia
Cadê os versos, aqueles com ventura ao dispor
Com estória e histórias não essas que molesta
Pois cá neste versar penalizado só a minha dor...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 setembro, 2021, 14’25” – Araguari, MG
MINHA POESIA
A minha poesia já não é mais triste
Que chorava as agruras de outrora
Pois no meu verso a ventura existe
E o agrado, mora na estrofe, agora
Cada versar de dor, outro arrojado
Apagando as sensações sangradas
Não mais quero verso abandonado
Que sejam as emoções iluminadas
Em muitas prosas sozinho versei
Numa cena em vão, triste cenário
Porém, outra poética ao verso dei
E deste modo rompe nova fantasia
E todo o amor de antes, necessário
Aqui se encontra na minha poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Setembro 30/2021, 13’50” – Araguari, MG
RECOMEÇO
Pensava eu, não mais versejar o amar
E a poesia vazia de tão doce melodia
Pensava eu, a viver com a poética fria
Mas a prosa, ousou novo prazer brotar
Cada verso, agora, o afeto é impresso
Após tantas as sensações fracassadas
Vejo o versar em prosas apaixonadas
É poética de uma paixão eu confesso
Ó poema tão repleto de tanta ternura
Trazendo agrado a quem já foi sofrido
Dum remoto tempo de ilusão e agrura
Que dizer eu, deste canto de sensatez
Que na inspiração adiante tem sentido
Ao enrabichado que ama mais uma vez...
© Luciano Spagnol poeta do cerrado
01, outubro, 2021, 18’00” – Araguari, MG
DESPEDAÇADO
Vejo os cacos de mim, cá derramado no cerrado
Enrabichado, me perdi, nem mais sei quem sou
Na poesia, o pesar é vivo, e se vivo ainda estou
Me restou o sentimento no pedaço despedaçado
É o desejo quebrado, e uma solidão tão gigante
O meu sussurrar de paixão não pode ser ouvido
São tantos suspiros que no coração foi perdido
Que a inspiração emudece numa aflição falante
Oh, sedutor amor, custoso, se acaso você existe
Dá-me a paciência e a tranquilidade dum aporte
Pois, cá na emoção me esgotei de estar tão triste
E do viver, a melancolia é o meu pesado motivo
Frágil, manso, suxo e duma ilusão não tão forte
Sou só um poeta sonhador que do amor é cativo
© Luciano Spagnol poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 05’27” – Araguari, MG
DEVOLVA-ME
Devolva-me a direção, por favor
Que tu roubaste do meu coração
Preciso me ter, ter o meu dispor
Pois tu deixaste no peito um vão
Devolva-me o que levou do olhar
Arrancando o sentido do encanto
Restando a desilusão a questionar
A sangrar, e a sofrer, tanto, tanto
Dói, pois a quietude foi-se embora
Tudo é ser apenas, por apenas ser
Só há o meu desprazer aqui agora
Devolva-me a meu ardor, faz favor
Já não aquento mais, assim, sofrer
Afligi saber que ainda és um amor...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 outubro, 2021, 14’30” – Araguari, MG
TOMO
Tão longe me leva a poesia
Alevanta a alma e o desejo
Só emoção, donde me vejo
Inspirando agrado e alegria
Vezes me perco na porfia
Da ilusão, outras me rejo
E sempre afeto eu almejo
Criando na prosa fantasia
Vós, poesia, cá no cerrado
Meu alento, minha fiança
Do coração o meu assento
Se haveis, amor postulado
Dar-lhe-á para a confiança
Pra assim, eu ser sentimento...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 outubro, 2021, 17’17” – Araguari, MG
"Valse Oubliee"
Certa saudade perdida
Nas estrofes tão vivas
Pulsa e dói ao ser lida
E vivas quanto cativas
Tal exato, exato fato
Chora duma dolência
Pleno de existência
E tão cheio de olfato
Certas cenas, acena
E sussurra baixinho
Nos ataca sem pena
Ao coração sozinho
Nessa “valse oubliee”
Ferido por um punhal
A sofrência à mercê
O amor, sentimental...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08, outubro, 2021, 13’09” – Araguari, MG
FIM DA PRIMAVERA
Foi num alvor assim. Sussurrava o vento
E o meu coração apático sentia a aragem
No céu carmesim, do raiar em nascimento
O sol lumiava a manhã, tão bela imagem
Desfolhava o odor do jardim, doce alento
A derradeira rosa, aparatava a paisagem
Na aurora do cerrado, lustroso momento
E o meu pensamento em ilusória tiragem
E eu, sonhando, ali sonhava pela metade
Duma saudade sentida, o sentir saudade
E tendo junto de mim o amor em espera
E as flores derradeiras, no espaço solto
Num murmurar, tu disseste: vou e volto
E não voltaste! Foste com a primavera!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/10/2021, 06’01” – Araguari, MG
ÚLTIMA VIA
Ao transpor os umbrais da solidão
Tento a inebries do esquecimento
Deixei de lado o vazio sofrimento
Entalhando o sentimento e emoção
Dá-me a vida, ó sensação doída
O amor noutro amor se escafedeu
Nesses sussurros o pranto é meu
E a paixão suspira na despedida
E, se um dia alguém te perguntar
Não diga nada, assim, deixa estar
E cá fico eu com a minha poesia
Nesta sofrência daqui do cerrado
Solitário, vai-se indo, imaculado
Pois tu foste a minha última via...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de outubro de 2021 – Araguari, MG
A PALAVRA MAIS BELA
Folheei a prosa e o verso pra buscar
A beleza de uma palavra a compor
Sem igual, pude, assim, encontrar
O deleite e a razão de uma: o amor
Perguntei ao coração, sem receio
A resposta é certa, farta de desejo
De fascínio e paixão, e tão cheio
De emoção, tal um suspirado beijo
Assim, interroguei a mansa sintonia
Com convicção conseguiu me trazer
Muito carinho e a inigualável magia
Então, perguntei ao singular agrado
E o sentimento veio assim me dizer:
Amor, bela palavra, a aquele amado!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 de outubro de 2021 – Araguari, MG
Incerteza
Pergunto ao vento que vem
Me dê notícia do meu bem
E o vendo se cala, aquieta
O vento diz nada ao poeta
Pergunto a ilusão que passa
Por que toda essa negaça
Por que tanto sonho ao chão
Me diz, toda está servidão
Por nada, não me diz nada
O cerrado de boca calada
A quimera quieta no canto
E a poética sem um encanto
E a quem perguntar então?
Ao desencontro, a desilusão?
Ao tempo que fugaz passa?
Ou incerteza com tal negaça?
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 de outubro de 2021 – Araguari, MG
UM FADO, POIS ENTÃO
Se, pois, então, és recordação
Uma ilusão que saudade gera
Lá por estar fundo no coração
O silêncio é bem o que ulcera
E essa sensação tão profunda
Não perece com a primavera
Dor que faz a prosa moribunda
Tristura que sempre se espera
E, eu sem amansar essa severa
Angústia, que me faz diminuto
Ao lado onde a sonho degenera
Fico a cada minuto a me abastar
Do teu nome, em um verso bruto
De um fado, pois então, a cantar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18’08”, 16/10/2021 – Araguari, MG
27 versos mais três
Poeto para ti...
E nunca me canso
Hora aqui, hora ali
Pouco o descanso
Só quero lhe mimar
E um abrigo manso
Pra apoiar meu olhar
Dizer-te o que senti
Sinto. Poder te cuidar
Amar com cuidado
Numa só sensação
Estar apaixonado
Feliz o coração
Ter-te ao meu lado
É doce razão
Tão do agrado
Paixão!
Ao desejo apreciado
Ao carinho feição
Não quero vaidade
Nem só diversão
Quero o todo, não a metade
Te quero! nunca em vão!
Tens meu sentido
A minha admiração
Tudo se faz colorido
E com diversão...
Assim, nunca é um talvez
E tão pouco um perdigo
Para ti, 27 versos mais três...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19’13”, 17/10/2021 – Araguari, MG
Paráfrase Affonso Gallo
A espera já não é o que era
Esperança... espera
Quem te deu e quem te dera
O tempo passa, tá passando
Só Deus sabe até quando
Cai a pétala ao chão
Choram mágoas o coração
Vai a vida e a vida vai, vive
Recordação de onde estive
São saudades, emoção
Sensação... sensação
De outrora primavera
Agora mais quimera
Mais lentidão
Importante é a razão
O que mais vale, o amor
Onde for....
Já não é o que era
Esperança... espera
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04’50”, 18/10/2021 – Araguari, MG
AMANHÃ
Vou sofrer amanhã. Hoje estou de saída
Já é tarde. Há muita coisa a fazer ainda
E na prosa deixarei a tristura escondida
No verso aquela dura sensação infinda
Hoje eu vou ter a poética descolorida
Sem o amor, a paixão, e a graça linda
Sem suspiro ou aquela ilusão proibida
Entregar-me-ei a solidão na berlinda
O silêncio no momento não importa
A quem está com a tal ventura morta
Talvez eu me arrependa assim estar
Mas, nada consolará minh’alma vazia
Nem mesmo o encanto de uma poesia
Amanhã é outro dia e um outro idear!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
19 outubro, 2021, 18’:23” – Araguari, MG
CICATRIZES
Muitas dores, por certo, me brotaram
Por certo, em muitas dores eu sangrei
Alguns estrepes, n’alma, me fincaram
Desses o silêncio, o pesar, eu guardei
Das sofrências que dores entrelaçaram
A tua foi a mais acerada, a que chorei
Das tredices que com remorso faltaram
A tua me feriu e o que mais me assustei
De tantas amarguras as juras morreram
O sentimento caído, sensações teceram
Muitas fincaram, doem, e como eu sei!
E se ainda sinto saudades do teu abraço
São suspiros, termo e apenas um pedaço
Do profundo e intenso amor que te dei...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 outubro, 2021, 05’:17” – Araguari, MG
INVOCAÇÃO
E quando a saudade for um passado
Pra habitar, por fim, a sensação fria
Nesse momento de soltura e valeria
Eu peço que o carinho seja louvado
Não quero ter sentimento neste dia
Pois, nesse afeto fui tão enamorado
Se o ocaso quis ter o revés ao lado
Da agrura, imploro, que seja vazia
Depois que tudo mudar, tudo se for
Não faça do meu olhar abandonado
Quero o surgir de um apego maior
Se já te perdi no desfolhar do fado
Quero noutra vida tê-lo meu amor
Existindo no que nos foi negado...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21, outubro, 2021, 01:50 – Araguari, MG
ÚLTIMA HOMENAGEM
Este derradeiro soneto te ofereço
Em versos últimos e tão penados
Na rima incerta a dor de adereço
Sufocando os hinos apaixonados
Segui aqui o final de um começo
E os sentimentos tão assustados
E neste cansaço o teu desapreço
Mais as culpas dos meus pecados
Foi um amor, passageiro, pouco
Pois no sonho inventado e louco
Eu e tu caminhamos para o fim
Assim, cada linha um dissabor
E também fica um doce amor
Crer que um dia doou pra mim
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23 outubro, 2021 – Araguari, MG
AQUELAS MÃOS
Mãos tão gentis, ternas e apaixonadas
Aquelas mãos que tanto agrado faziam
Tão cheias de doçura e tão aveludadas
Pelo atraente amor que as consumiam
O carinho na doce habilidade, candura
Cursos calmos e de uma delicada linha
E que bem raramente tinham a tristura
Ou um avesso agravo no maneio tinha
Eram mãos que se davam com apego
Ameigando o afeto no seu aconchego
Tanto ao atrito quanto a sorte da vida
As mãos daquela afeição, ó saudade!
Suspiros na sensação, pura felicidade
Que hoje é gesto de dorida despedida...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07/11/2021, 16'58" – Araguari, MG
CORAÇÃO CAMARADA
Tu sentes meu coração? Está sensação
Num emaranhado de emoção corada
Em meio a felicidade alva e iluminada
Nesta tarde no cerrado cheio de paixão
Festeja-se a vida por estar enamorada
O ardor que aninha, o amor em alusão
Arfa o peito e os lábios em tentação
Delicias tu, meu amigo, e mais nada
Estou feliz, estou acolhido, e achado
Com um perdurável agrado ao lado...
Que vontade de gritar e de compartir
Ó bando sentimento, caro camarada
Contigo quero uma concórdia velada
Protele está ventura no nosso existir!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 14'07" – Araguari, MG
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