Quase Morto
O MORTO RIO VIVO
Era uma vez o nosso Rio Preto...
De águas tranquilas e escuras de lanolina,
onde banhávamos com alegria.
Ali, em meio a família, nós nos divertíamos.
Chegávamos em casa e não lavávamos os nossos cabelos, para que a lanolina permanecesse neles e os hidratasse com sua preciosa propriedade.
Quão saudável era aquele banho de água doce!
Bom para pele, bom para o cabelo, bom para a alma.
Saudade desse Rio Preto morto pelo homem;
Saudade de afundar meus pés na areia macia que ali existia;
Saudade de ver os moleques atrevidos saltarem da ponte para se aventurar nas águas desse tesouro;
Saudade de brincar de correr de um fantasma jacaré que diziam que ali havia;
Saudade do churrasquinho que papai fazia na beira do chamego Rio Preto lá no antigo Camping, que por sua vez nos recepcionava com um sorriso que só as crianças viam;
Saudade de correr em suas margens e catar os restinhos de lixo para levar de volta para casa, só para deixar o “meu riozinho” limpinho do jeito como chegamos de manhã cedinho para passar o dia com ele e só sair ao entardecer.
Saudade...
Só saudade do morto Rio Preto que ainda vive dentro do meu ser e que lá no seu lençol freático ainda luta pra viver.
24/01/2017
Amor Morto
Estive num sonho incrédulo
Sem ter-te por perto
Não sentia-me concreto
Faltava-me algo, talvez um remédio
A solidão já estava presente
Diferentemente de você
Que sumiu
E eu nem se quer sei o porquê
Mas tudo bem
Quero ver-te engrandecer
Os dias passam-se
Com, ou sem ti
E eu, estupidamente, continuo aqui
Esperando você
Mas eu sei:
Teu caminho não mais cruzarei
Saudades e lembranças
Foi o que você deixou
Deitou-me no amor
E depois, sem compaixão
Me matou
Se livrou de um peso morto, hoje conhecido por EX... Agora tá lá, linda, livre e se sentindo maravilhosamente feliz!
Estamos longe da transição...
A/C(Antes do Corona)
D/C(Depois do Corona)
Capitalismo morto ao final?
Ou todos nós?
O amor está morto. Permanece morto e fomos nós que o matamos, como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes que transformamos o amor em interesse, em datas comemorativas, em presentes, em viagens, em declarações da boca pra fora em público, em gestos repetidos como segurar a mão, dar flores, postar fotos juntos. As próximas gerações continuarão sofrendo repetindo o erro das gerações antigas que procuram um fantasma.
(Uma adaptação de Nietzsche sobre Deus)
O escândalo da graça de Deus:
Na sexta-feira, o Deus que se fez homem, morto por causa dos nossos pecados; no sábado, luto, incertezas e silêncio no coração daqueles que o seguiam; no domingo, a morte prostrada diante do Leão que ruge. E agora, a vida ecoando por toda a parte na Terra.
E ainda morto, renasci. Sem ver o mundo, me transmuto a ser as possibilidades que existem em mim. Não dependo da aprovação de ninguém pra ser feliz, esse meu eu dependente já morreu, o que sobram são e não foram o que hoje eu sou.E ainda morto, renasci. Sem ver o mundo, me transmuto a ser as possibilidades que existem em mim. Não dependo da aprovação de ninguém pra ser feliz, esse meu eu dependente já morreu, o que sobram são e não foram o que hoje eu sou.
Decidi sepultar, o morto que durante muito tempo insistir em carregar, decidi sepultar o que não pode se fazer presente, decidi sepultar aquilo que vive apenas em mim, mas que não vive em nada além de mim. Decidi sepultar o que insiste ferozmente em não viver!
Balada dos desempregados
Nem vivo nem morto, em estado catártico.
O desemprego àquela altura os imobilizava completamente.
Muitos de seus planos já haviam sido abandonados. Deixados de lado. Simplesmente.
A frustração e o sentimento de impotência invadiam seus corpos, tomando-os de assalto por completo.
A insônia, a impaciência, a desesperança já eram uma constante em suas noites/dias.
A escuridão que lhes afagava a face, também os confundia um tanto.
Face a face com a versão mais cruel de suas vidas, via o número de iguais se multiplicarem dia a dia:
- Por todo o bairro, por toda a cidade, muitos desocupados, precarizados, sambando pra desenrascar o feijão com arroz e o leite das crianças antes de o sol se por. Dia após dia.
Muitos ainda não haviam apreendido o real tamanho do problema que, feito um iceberg tendo apenas uma pequena parte à mostra, despontava de forma aterradora.
Mais de quatorze milhões de desempregados... Greves múltiplas. Revolta nas ruas. Educação na UTI. Saúde em total colapso. A população da periferia sendo dizimada pela criminalidade e pelas drogas. E o país imobilizado. Desgraçados...
Há de haver punição pra tanta maldade, se não aqui na terra, em algum lugar há de haver uma mão pesada o suficiente pra parar essa gente que não sente empatia por qualquer um que seja.
O filhinho da minha vizinha morreu ontem de sarampo. SARAMPO. Pois é... Inacreditável não é mesmo?
O vizinho da rua de cima se enforcou. Não aguentou o acúmulo de tantas dívidas e por isso se matou.
Aqui no bairro não é novidade ver gente mendigando alguma coisa pra comer. A fome como todos pensavam também não foi erradicada. Por aqui parece epidemia. O alcoolismo quadruplicou. Os andarilhos e moradores de rua são inúmeros.
Pequenos e constantes furtos aos comerciantes são frequentemente relatados, repetidas vezes os poucos comerciantes que ainda resistem de pé são vítimas de espertalhões que não querem se enquadrar na dinâmica cruel de agora.
Pelas ruas do bairro tem gente vendendo de tudo:
- Ovos, picolé, cigarros do Paraguai, abacaxi, vassouras, panelas, produtos de limpeza, balas e doces, derivados de milho, amendoins torrados, pizza de dez...
A vida está difícil mesmo. Os preços aumentaram muito.
Nos supermercados as sacolas estão quase sempre vazias. Até o macarrão instantâneo e o milho para pipocas de micro-ondas foram reajustados em mais de trinta por cento em menos de uma semana.
O preço do botijão de gás é hoje praticamente um assalto a mão armada.
O que fazer com tanta desesperança senhor prefeito? O que fazer senhor governador? Senhores deputados? Senhores senadores? O que fazer senhor presidente? Acabou o milho, acabou a pipoca. É isso?
O romantismo morreu,hoje o amor está morto,é muito fácil eu te conhecer e amanhã te esquecer,me sinto Bauman falando sobre a liquidez da sociedade e a liquidez do amor,como é fácil hoje desapegar-se de alguém que você sempre quis ter.
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