Primeiro dia de aula: frases que celebram esse novo começo
Queria entender o porque as pessoas preferem aprender as coisas com o sofrimento do que com a saudade.
Temos que aprender a apurar nossos ouvidos ensinando-os a ouvir música boa, a sentir ela... Temos que ir treinando os olhos, pra sentir o que é apreciar uma arte, uma foto, uma vista se quer de um lugar bonito, temos também que treinar nosso paladar, aprender a comer o que a natureza nos dá. Temos que treinar a mente, exercitá-la, aprender com a vida a usufruir cada vez mais de tudo que nos foi emprestado nesse corpo. Pra sairmos dele com o espírito muito mais evoluído.
O meu erro é achar que a minha estrada não tem curvas, quando tenho que aprender a lidar com elas, meus acidentes são inevitáveis. Ando numa velocidade, que as paradas são bruscas, e minhas marchas são reduzidas mas não ficam neutras, não pαro, caio, mas levanto... E assim sigo, caindo, me machucando, mas não demoro no chão, e continuo a seguir!
Qual a melhor escola para o meu filho?
A educação é o grande legado que os pais deixam para os seus filhos. Foi o que disse, com grande perspicácia, a autora dos sublimes Poemas dos Becos de Goiás, Cora Coralina, numa frase inspirada: Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Disse isto, segundo Olympia Salete Rodrigues, uma de suas biógrafas, quando tinha já o rosto enrugado, o corpo alquebrado e maltratado pela vida, mas tinha a alma lisa e pura. Com essa longa experiência, Cora sabia, ao conceber essa frase, que a primeira etapa da educação se dá em casa, e não importa a idade de quem assume a tarefa de educar. E é em casa que os filhos começam a absorver as virtudes e os vícios dos pais ou avós. Porque, mais do que as palavras, as atitudes calam alto na história das crianças.
Depois vem a escola. E nesse momento surgem numerosas dúvidas para que se consiga escolher a melhor escola. Alguns pais não se interessam tanto e relegam essa tarefa para terceiros. Outros até exageram, perguntando a todo tipo de especialista ou a qualquer outra pessoa, em que escola devem matricular os seus filhos.
Hoje, é comum a mídia oferecer, com base em alguma pesquisa ou avaliação, um ranking com as melhores e as piores escolas. Não acho que esse seja um critério interessante para se basear no momento da escolha, até porque esses critérios são muitas vezes duvidosos e nem sempre conseguem mostrar o que é uma escola de qualidade.
Há alguns aspectos, entretanto que podem ser observados e que ajudam na escolha:
1 - Os pais devem visitar a escola com os filhos e perceberem o seu ambiente. É fundamental que a criança goste da escola em que estuda.
2- O aspecto físico é importante. Salas de aula agradáveis, biblioteca, espaço de cultura, lazer, esporte. Não é necessário que o prédio seja luxuoso, mas que seja limpo e digno de um espaço em que se educa.
3 - É importante avaliar o quanto a escola investe na formação de seus professores, que são a alma da escola. Se o espaço físico for suntuoso, mas o corpo docente despreparado e desmotivado é preferível procurar outra escola.
4 - Mesmo que os pais você não sejam especialistas em educação, é recomendável saber a linha pedagógica da escola, o seu projeto de ensino-aprendizagem e formas de avaliação.
5 - Deve-se analisar o currículo da escola, cuidadosamente, para verificar se há preocupação com temas do cotidiano como ética, cidadania, respeito ao meio ambiente, diversidade cultural, entre outros. Os pais não devem ter vergonha de perguntar tudo ao orientador que os receberem na escola. E, durante a conversa, é possível reparar no preparo dele, ao dar as respostas.
6 - Os pais devem observar os funcionários, e se possível, o diretor da escola. Uma regra básica é que todo o educador deve ser educado. Uma escola que preza por esse valor investe na capacitação de todas as pessoas que nela trabalham.
7 - Um aspecto essencial a ser observado é se a escola prepara para a cooperação ou apenas para a competição. Cuidado. Pode ser que os pais queiram apenas que o filho ingresse depois em uma faculdade, sendo aprovado no exame vestibular. Isso é importante, mas a escola tem que preparar para a vida toda, e não apenas para um exame.
8 - Uma alternativa interessante é questionar alguns pais que freqüentam a escola para ver se o discurso dos educadores é condizente com a prática.
9 - Os pais devem avaliar se o preço é compatível com o seu salário. A mesma avaliação deve ser feita em relação à localização, para que não vire um transtorno, o caminho de ir e vir.
10 - Os pais devem decidir junto com o seu filho, não importa qual seja a idade dele. É importante que ele sinta que ajudou a escolher a escola em que estuda.
Essas são algumas dicas. Há outras. O mais importante é que o pai, a mãe, o avô ou a avó, levem a sério a educação da criança. Em casa, na escola, na vida.
Outra dica: por melhor que seja uma escola, ela nunca vai suprir a carência de uma família ausente. Portanto, a família deve participar de verdade do processo educativo de seus filhos. Esta nem é uma dica minha. É de Cora Coralina, quando, na sua grande sabedoria, disse isto: Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Artigo publicado no jornal O Popular, Goiânia (28/10/2007)
CÂNDIDA ADÉLIA,PRADO DE POEMAS
Mestra na sala de aula, mestra em recontar a vida. Adélia Prado escreve como quem fala para a vizinha, numa conversinha mansa, descansada, cheia de vocativos, remetendo a pessoas que espera serem velhas conhecidas do leitor. É a tia Ceição, a lavadeira Tina do Moisés, a Dorita. Mestra na emoção.
Não aquela emoção grandiosa das tragédias gregas. Não a emoção espetacular das tragédias das tevês. Não. Descreve e narra as emoções pequeninas, que povoam os corações de todas as pessoas. Como quando a gente promete visitar alguém e não vai, e fica se sentindo constrangido, depois. Como quando a inquietação atinge um casal, que começa a perceber dificuldades na relação a partir de mínimas evidências - "Abel e eu estamos precisando de férias. Quando começa a perguntar quem tirou de não sei onde a chave de não sei o quê, quando já de manhã espero não fazer comida à noite, estamos a pique de um estúpido enguiço."
Foi com essa sabedoria que coroou a sua participação na Feira Literária Internacional de Parati, de 9 a 13 de agosto. Disse ela: "poeta é o que consegue perceber o ordinário, qualquer tolo repara o incomum".
Com essa placidez de rio Itapecerica, que banha a sua mineira Divinópolis natal, Adélia espicaça o leitor e o ouvinte a obter funduras de pensamento. "O transe poético é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta."
Foi exatamente sobre isso que conversou a poeta Adélia Prado, na Festa Literária Internacional de Parati. Disse que a nossa vida ficou "esvaziada de realidade". Estava numa mesa de debates, apropriadamente denominada Bagagem, título de seu primeiro livro. A pergunta que se fazia era esta: que livro você levaria para uma ilha deserta? Ela escolheu "A transparência do mal" de Jean Baudrillard. E explicou, docemente: "Escolhi esse livro porque ele mostra que o individuo é um ser único. Sem o horror, não há a possibilidade do amor. Sem o mal não existe o bem".
Arrebatou platéias, em Parati, como arrebatara antes o patrício Carlos Drummond de Andrade, que vaticinava no Jornal do Brasil, em 1975, numa crônica, a senda de sucesso da poeta. Levou muita gente às lágrimas, pela comovente simplicidade com que abordou assuntos tão variados quanto amor e política. Sobre política, lamentou que os brasileiros não tenham um "consciente político coletivo", arma, segundo ela, "capaz de dar um jeito no País". Disse mais: "Nem mesmo juventude transviada nós temos, no sentido de que eles não têm uma via para se desviar dela".
Filosofou: "O que confere dignidade é aquilo que dá sentido à vida."
Falou de pedagogia: "Liberdade absoluta é liberdade nenhuma. Liberdade é ter compromisso com alguma coisa".
Falou de caridade: "Você já nasce experimentando uma orfandade. São Francisco fez um texto muito bonito em que diz 'eu, velhozinho miserável'. Isso é reconhecer a necessidade da ajuda".
Falou de inspiração: "As paixões humanas são as mesmas em Nova York, em São Paulo e na roça. Não tem importância ficar lá".
Lá quer dizer Minas Gerais. Lá, lugar do qual dizia Guimarães Rosa: "Minas são muitas. Porém, poucos são aqueles que conhecem as mil faces das Gerais".
Adélia Prado conhece. Porque tem alma de poeta, porque faz da poesia o pão espiritual, a fonte vital. Porque é uma mulher que tem inspiração para escrever isto: "Uma ocasião, meu pai pintou a casa toda de alaranjado brilhante. Por muito tempo moramos numa casa, como ele mesmo dizia, constantemente amanhecendo."
Adélia é poeta porque é cândida. A cândida Adélia, prado de poemas.
O PERFIL DO GESTOR DA ESCOLA
Mas, para estabelecer um plano político pedagógico eficiente, hão que se levar em conta alguns elementos essenciais. É preciso que o diretor busque uma identidade para sua escola - sempre em harmonia com os princípios estabelecidos pelo sistema do qual faz parte. Uma unidade escolar que eduque na adversidade, que atue firmemente na eliminação do preconceito ou da discriminação, que privilegie o papel protagonista do aluno, que possibilite oportunidades de capacitação docente. É com esse olhar de respeito para o diretor de escola e para a importância da função que exerce cotidianamente que o Governador Geraldo Alckmin lança um programa inédito de formação de gestores. Trata-se de um curso de especialização em gestão, promovido pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Ao todo serão 360 horas de aulas - 180 na modalidade presencial e 180 na modalidade a distância. Para isso, cerca de 9 milhões e 700 mil reais foram investidos nessa ação destinada a ampliar a formação de seis mil diretores, vice-diretores e professores-coordenadores. Dentre outros temas, neste curso o gestor verá que há conceitos pedagógicos que foram debatidos pelo legislador constituinte, outros que se encontram na LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Somem-se a esses aqueles elaborados pelos legisladores estaduais e pelos responsáveis pela execução das políticas públicas, de forma geral. São princípios que têm de ser incorporados na rotina das escolas. Preceitos frutos de debates que não surgiram de forma vertical, ao contrário, nasceram de numerosas discussões com educadores e representantes da sociedade. A criança, por exemplo, é protegida pelo ECA, e o plano político pedagógico da escola não pode caminhar em outra direção. Lembremos que a Constituição Federal prevê a formação da pessoa, antes mesmo de dissertar sobre cidadania ou mercado de trabalho. A LDB, por sua vez, fala em ensino de qualidade, em gestão democrática. Já as normas da Secretaria da Educação tratam da inclusão, da formação humana, da convivência entre os diferentes, da escola acolhedora. Conceitos norteadores que não podem ser negligenciados. A identidade da escola só se constrói nas relações entre os agentes do processo educativo. Outra grande missão do diretor: promover o envolvimento entre professores, funcionários, alunos, pais, família, comunidade. O professor é a alma da educação, mas os demais funcionários da escola também desempenham funções importantes e precisam ser respeitados. Muitas vezes eles estabelecem vínculos com os alunos. Nesse sentido, são educadores também. Já a família é a grande responsável pela formação dos jovens. Pais têm de se aproximar da escola. E o diretor, como líder, promove essa união. Experiências comunitárias, como a da Cidade-Escola Aprendiz, serão analisadas como modelos de intervenções bem-sucedidas da escola na comunidade e vice-versa. Da mesma forma, práticas de sucesso nas escolas públicas serão socializadas pelos diretores, para que possam ser replicadas. Aliás, esse será o trabalho final do curso. Trata-se de uma iniciativa que não deixa de ser também uma homenagem a esses fantásticos diretores. Profissionais que, em sua maioria, exercem um trabalho extraordinário em nossas quase seis mil escolas - mas, nem sempre, têm a visibilidade que merecem por isso. Parabéns por exercerem liderança democrática. Parabéns por acolherem pessoas tão diferentes, tão ávidas de aprendizagem e proporcionarem a elas ensino de qualidade.
Publicado no Jornal Diário de São Paulo
ESCOLA POSSÍVEL
Vinda de uma instituição aberta para receber crianças, jovens e adultos necessitados de apoio e de autoconfiança para descobrir seus talentos, a escola que estamos construindo não é mera transmissora de informações. O Programa Escola da Família - que abre a unidade escolar todos os fins de semana para a comunidade e que completou dois anos - surgiu para mostrar que isso é possível. Já se podem verificar alterações expressivas na comunidade escolar e, por extensão, na sociedade. Dentre elas, a redução da evasão escolar no estado de São Paulo: da 1 à 4 série - Ciclo I do Ensino Fundamental - 0,7%, o índice mais baixo do Brasil; o número de adolescentes e adultos que freqüenta o Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que, no Ensino Médio, passou de 30 mil alunos, em 1995, para 481 mil, em 2005. A qualidade da educação, como um todo, tem recebido pareceres muito favoráveis. É o que mostram os resultados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Para além da educação, os índices de violência registrados nas escolas e vizinhanças caíram em até 81%. Acreditamos que devemos tudo isso à apreensão do conceito de pertencimento por parte da população. Em outras palavras: a escola é da comunidade e a comunidade tem de se apropriar dela. E é essencial que todos caminhem nessa direção: pais, professores, diretores, funcionários, voluntários, jovens universitários que têm a possibilidade de estudar, como bolsistas, e trabalhar como monitores do programa. É desse modo que a educação dá a sua resposta à crise de valores que enfrentamos. Não pode ser diferente quando há o respaldo de um governante que elege a educação como prioridade - o que exige muito mais recursos do que discursos.
Publicado no jornal O Globo
FILOSOFIA NO CURRÍCULO ESCOLAR
Muitos foram os debates, questionamentos, textos e diálogos relativos à importância da Filosofia como instrumento capaz de auxiliar o indivíduo em sua formação integral. Formação ampliada pelo exercício ininterrupto do pensamento, da análise e da reflexão proporcionadas por aquela que pode ser vista como a mãe de todas as ciências. Um verdadeiro portal por onde irrompem os raios luminosos da consciência criativa, do exercício de cidadania, da paixão pelo saber. É possível estudar Filosofia por meio de múltiplas formas e caminhos. Pelo caminho histórico, que passa pela Grécia Antiga, pelo teocentrismo medieval, pelos ousados pensadores renascentistas e modernos e, por fim, por intermédio da investigação dos problemas do mundo contemporâneo e da complexidade da chamada Era Pós-Moderna. Também é possível estudá-la por temas. Lembremos que a Filosofia percorre as sendas da lógica, da ética, da estética, da política, da física e da metafísica. Ela nos permite uma compreensão mais ampla sobre o belo e seus significados, encontrados amiúde nas esculturas, pinturas, peças teatrais, poesias e músicas. Da mesma forma, é uma ciência que aumenta nosso campo de visão em relação à difícil - mas ao mesmo tempo instigante - arte da convivência em sociedade. Também nos ensina sobre a solidão, sobre os meandros do nosso próprio "eu" e sobre o modo como devemos estar inseridos no "nós". O "nós" que configura as relações com o outro e com o mundo em que vivemos. É a Filosofia quem nos convida, ainda, a um entendimento menos superficial a respeito da moral, da ética e do modo como transitamos entre os conjuntos de regras, condutas ou padrões sociais. É também ela que lança luzes sobre o indivíduo, a sociedade e as diversas maneiras em que ocorre a profícua interação entre um e outro. Na Filosofia se originam e se apóiam, ainda, as discussões de poder e de Estado, bem como os fundamentos ideológicos que definem a vida e as obras de governantes e governados. A proliferação ininterrupta dos veículos de comunicação de massa tornou possível, ainda, estudar Filosofia pelos textos e intertextos de artigos e reportagens de jornais e revistas, bem como pelos programas televisivos e filmes representativos da sétima arte. Textos e imagens que trazem em seu cerne informações que propiciam a contextualização e o diálogo intercambiante das várias facetas do conhecimento. Facetas que se mesclam a ponto de poderem ser traduzidas - e percebidas - apenas por aqueles cujo discernimento e capacidade crítica foram devidamente estimulados ao longo de sua trajetória educacional, de sua formação cultural. O mundo é uma grande escola. E o aprendizado não pode ficar restrito à sala de aula. Quanto mais aberto for o horizonte do aprendiz, mais saboroso será o tempo que haverá de envolvê-lo no exame minucioso de temas essenciais às gerações vindouras. Ao instituir o aumento da carga horária no Ensino Médio e ao incluir a Filosofia como disciplina obrigatória no currículo (depois de uma ampla consulta à rede pública), o governador Geraldo Alckmin mostra que está em sintonia com as necessidades mais prementes da História. Mostra, ainda, que a educação prossegue sendo uma de suas prioridades. É importante ressaltar que a inserção da Filosofia no currículo escolar é um passo a mais... Um passo que vem complementar a valorização da arte e também da prática esportiva nas escolas, ocorridas após as mudanças positivas implementadas na disciplina de Educação Física. Mudanças que trazem o respaldo milenar dos filósofos gregos. Sábios educadores que diziam que sem esporte e sem arte não se forma um cidadão. Acreditamos que não se pode negligenciar a formação dos jovens. Não se pode permitir que sejam utilizados como massa de manobra. Muito ao contrário: cabe a nós, educadores, auxiliá-los na construção de sua autonomia, ensinando-os a caminhar com pés próprios, e demonstrar, por meio de exemplos, que é necessário valorizar os sonhos e ter coragem para realizá-los. Por tudo isso, aos professores que trabalharão com Filosofia na rede estadual de ensino deixamos aqui o nosso respeito e a certeza de que atuarão não apenas como facilitadores desse conhecimento, mas como instigadores, problematizadores, semeadores de idéias. Mestres que, temos certeza, já sabem que é o respeito às múltiplas opiniões e olhares que talha os jovens para a aventura da vida. A nau do conhecimento precisa de timoneiros aptos a executar viagens determinantes ao progresso, ao avanço, às descobertas. Condutores que sejam companheiros, corajosos e afetivos. Que a Filosofia nos sirva de norte nessa jornada. Uma boa viagem a todos!
Publicado no jornal Correio Popular
O 'Cinema Paradiso' e a volta às aulas
No clássico Cinema Paradiso (1989), do diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore, o pequeno e sensível protagonista Totó descobre o mundo por meio de uma escola diferente. Uma escola encantada, impregnada de sonhos, desejos, possibilidades. Uma escola travestida de cinema e que prescinde do quadro negro justamente porque ensina, comove e arrebata os corações e mentes utilizando imagens, emoções, sentimentos e ações reproduzidas nas projeções comandadas por Alfredo - espécie de mentor, professor, pai e amigo do eloqüente Totó. É essa vontade de desvendar o mundo, vivenciada pelo pequeno personagem de Tornatore, que pretendemos levar aos alunos da rede estadual de ensino na próxima segunda-feira, quando seis milhões de estudantes voltam às aulas e assumem seus postos de aprendizes nas seis mil escolas do Estado. Estamos convictos de que a maioria de nossos 250 mil educadores tem muito do amor, da generosidade e do espírito apaixonado do velho projecionista Alfredo. Homem que se vale dos filmes e de suas histórias para fazer do menino Totó um ser humano melhor, mais confiante no futuro. Uma criança comprometida com o aprimoramento de seus talentos. Alfredo ministra ao bambino muito mais do que o ofício da projeção das fitas. Sábio, o velho mentor ensina, a bem da verdade, a importância do sonho, a importância de acreditar neles e a necessidade de lutar para que se tornem realidade. Alfredo é um professor na acepção mais completa do termo. Um mestre que, mesmo após ter perdido a visão durante um dramático incêndio no cinema em que trabalhava, consegue enxergar em seu pupilo o grande artista que ele se tornaria um dia. O grande homem que deixaria aquela pequena cidade sem oportunidades em que viviam em busca da concretização de seus ideais. Ideais fundamentados na concepção, na produção e na execução de suas próprias histórias. Histórias, por isso mesmo, mais fascinantes do que aquelas assistidas nas sessões das matinês. É essa a função do educador. É essa a missão das instituições de ensino. Despertar potenciais. Descobrir dons adormecidos. Injetar confiança em crianças e jovens muitas vezes descrentes de seu valor, de sua singular capacidade de escrever belos roteiros para suas vidas. Nesta época do ano, em que retomamos as atividades do processo ensino-aprendizagem em nossas escolas, faz-se necessário refletir sobre o modo como devemos "seduzir" nossos alunos para a beleza da vida e para as diversas maneiras de torná-la melhor, a cada dia. As salas de aula podem, sim, ser tão atraentes quanto as telas de cinema. Até porque é por meio delas que começamos a aprender mais sobre nós mesmos, sobre os que estão à nossa volta e sobre os que estão distantes. É nelas que deparamos com a melodia da poesia, com a dança frenética dos números, com a natureza e seus infinitos mistérios. É lá que os melhores professores nos orientam sobre o quanto podemos ser detentores das rédeas de nosso destino. O período escolar encerra anos indispensáveis ao crescimento emocional e intelectual dos indivíduos. Anos em que precisamos receber estímulos, incentivos, elogios e críticas construtivas. Tempos em que planejamos, passo a passo, o início de nossa trajetória. A educação necessita de doses maciças de ousadia, da intensidade de espíritos inquietos, da energia pulsante de uma vocação peculiar: a vocação pela propagação de saberes, pelo gosto em debater, refletir, discutir e analisar o mundo junto com o outro. Uma vocação que impulsiona o ser humano ao crescimento ininterrupto. Vocação que se traduz em amar o conhecimento e, principalmente, em compartilhá-lo. A Secretaria de Estado da Educação acredita em seus educadores e tem orgulho de presenciar o modo com que têm exercitado o magistério. É impressionante o empenho desses mestres em fazer o melhor, em participar ativamente de nossos programas, projetos e ações, como é o caso do Escola da Família. Nas visitas às unidades educacionais, nos eventos programados pela secretaria, nas capacitações, na maneira dedicada com que nos apresentam sugestões, no brilho apaixonado com que nos revelam suas idéias... Tudo nos lembra a grandeza e a extrema sensibilidade do inesquecível Alfredo, de Cinema Paradiso. Por tudo isso, a todos vocês que fazem da educação um exercício contínuo de arte, de amor e de altruísmo, um maravilhoso ano letivo. E, sobretudo, o nosso muito obrigado. Que em 2004, possamos avançar ainda mais na construção de uma escola viva, dinâmica e sedutora. Uma escola capaz de deixar nossos aprendizes como o pequeno Totó: repletos de entusiasmo, energia e autoconfiança.
Publicado na Folha de S. Paulo
Um aprendizado contínuo
"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". A frase magistral, extraída da obra Grande Sertão: Veredas, do mestre João Guimarães Rosa, encerra uma série de conceitos, idéias e sugestões capazes de nos arrebatar por dias seguidos, tamanho o seu impacto e a sua densidade. Como quase tudo que o autor de Sagarana escreveu, ela exerce nos leitores um fascínio quase hipnótico, justamente porque representa uma síntese rara que une poesia e filosofia, convidando-nos à reflexão e também à apreciação estética. Ela nos leva a pensar sobre as experiências que vamos acumulando durante a vida e o modo como elas ajudam a moldar nosso caráter, nossa personalidade, nosso jeito singular de ser, de existir no mundo. Nossa convergência ou divergência dos valores, da ética, da moral. Guimarães Rosa parecia mesmo possuir a chave que abre a porta dos mais diversos mistérios que regem a aventura humana. Não foi à toa que, quando de sua morte, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu para ele o poema "Um chamado João", em que, de forma sábia, questionava a melhor maneira de definir o criador de Riobaldo e Diadorim: "Embaixador do reino/ que há por trás dos reinos,/dos poderes, das/ supostas fórmulas/ do abracadabra, sésamo?/". O poeta de Itabira acertara mais uma vez. Assim como ele próprio o era, há artistas, escritores e pensadores que nos instigam, com suas obras, a encontrar o caminho do meio-termo, do equilíbrio entre a razão e a emoção. Um caminho que nos leva a apreender a magia do real. Um real muitas vezes invadido, enriquecido e incrementado pelas vias do imaginário. Esse imaginário tomado pela percepção aguçada que adquirimos por intermédio de suas histórias, de sua lógica primorosa, de seus sentimentos, de suas emoções. A leitura e o conhecimento são, por assim dizer, as pedras fundamentais das construções que originamos em nossa passagem na Terra. Ambos nos possibilitam, ainda, integrar os mais variados rincões espácio-temporais. Sentimos, por exemplo, um gosto doce de eternidade quando lemos estes versos de "Evocação ao Recife", de Manuel Bandeira: "Recife... /Rua da União.../ A casa de meu avô.../ Nunca pensei que ela acabasse!/Tudo lá parecia impregnado de eternidade/ Recife.../. Rosa, Drummond e Bandeira nos mostram que os grandes artistas e pensadores nos capacitam para uma jornada que mescla as lembranças do passado e a compreensão do presente, perfazendo vias que, comumente, podem nos transportar às paisagens tão sonhadas para o nosso futuro. Três tempos que, juntos, propiciam descobertas fantásticas. O conhecimento que transmitem por intermédio de seus textos e de sua arte nos impulsiona a seguir veredas especiais e a sair das cavernas escuras da ignorância. Foi assim, também, com os filósofos gregos, dentre eles, Aristóteles, que no livro Ética a Nicômaco desenvolveu um verdadeiro tratado sobre a arte do bem-viver. A obra do preceptor de Alexandre, o Grande, foi escrita especialmente para mostrar a Nicômaco, filho de Aristóteles, as direções mais adequadas a tomar para uma vida pautada pela ética, sustentada pela tolerância, pelo respeito aos seus semelhantes, pelo cultivo da amizade e do amor. Escrito há mais de dois mil anos, o texto é cada vez mais atual e necessário. Neste início de século XXI, seria maravilhoso se todos tivessem a oportunidade de se debruçar sobre essa obra magnânima. Foi pensando nisso que apostamos na idéia de realizar trabalhos que divulguem e propaguem idéias fundamentadas nesse livro de Aristóteles, utilizando, no entanto, linguagens e exemplos mais próximos da nossa realidade. É nossa esperança contribuir para que todos, principalmente os mais jovens, despertem para a apreciação de textos mais reflexivos e para a leitura de temas relevantes. Trata-se de uma tentativa de traduzir de forma mais contemporânea os caminhos inicialmente indicados por Aristóteles para a felicidade, para a prática do bem, para o apego à justiça e à sua propagação, para as atitudes moderadas, para a sapiência em concretizar as melhores escolhas, em conhecer e praticar as virtudes mais nobres, em valer-se da razão e do coração, em cultivar o amor e, principalmente, ser feliz. Sabemos que não existem fórmulas prontas ou tampouco mapas que apontem o passo a passo para a edificação de uma vida digna e honrada. Entretanto, temos convicção de que o conhecimento é o único passaporte capaz de levar as pessoas a uma postura verdadeiramente ética e a atitudes condizentes com as sugestões do filósofo grego, que dizia: "Toda a arte e toda a indagação, assim como toda ação e todo o propósito, visam a algum bem". Esse é o nosso maior desejo: fazer o bem para os que buscam compreender um pouco mais sobre o seu norte e sobre as bússolas que podem conduzi-los pelo grande Sertão que é a vida. Acreditamos na grandeza dessa jornada, sobretudo porque temos o respaldo do mestre Rosa, embaixador de todos os reinos, quando afirmou, pela boca da personagem Riobaldo: "Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar (...) O sertão é do tamanho do mundo". Que o nosso mundo e as nossas fronteiras possam se expandir, sempre, pela estrada verdejante da ética.
Publicado no Jornal do Commercio
Escola da família: espaço da paz
Educação. Conhecimento. Saber. Palavras capazes de operar milagres, revolucionar histórias e construir futuros condizentes com as expectativas sociais. Um país comprometido com a educação de seu povo concede aos seus cidadãos a argila propícia à grande escultura coletiva responsável por moldar as nações verdadeiramente soberanas. Nações executoras de uma obra-prima imprescindível que é a herança maior das gerações que se sucedem. O Governo do Estado de São Paulo está empenhado em proporcionar essa educação efetiva e eficaz cujo legado dará origem a um Brasil mais justo, fraterno e igualitário. Brasil que se faz dia a dia por meio de desafios, ideias, projetos e ações como o Programa Escola da Família, lançado recentemente e que acontece todos os finais de semana nas mais de seis mil escolas da rede estadual de ensino. Trata-se de uma iniciativa tão inédita quanto ousada, fundamentada no compromisso de fazer da escola um ambiente acolhedor, familiar... Um ambiente que possibilite uma educação multiplicadora, extensiva aos familiares dos alunos e a toda a comunidade do entorno escolar. Um lugar que visa a retomar o espírito sagrado das academias gregas, onde alguns dos maiores filósofos de todos os tempos prepararam os aprendizes com vínculo, afeto. Na Academia, no Liceu ou no Jardim de Epicuro o saber se misturava ao prazer. Isso é educação. Cultura, esporte, saúde, lazer, cursos e palestras que promovem geração de renda estão disponíveis nessa nova proposta de instituição de ensino. Aos sábados e aos domingos, as unidades educacionais abrem suas portas e presenteiam a população do Estado com espaços e atividades que fornecem aprendizagem e entretenimento para seis milhões de alunos, somados aos seus familiares e aos 25 mil universitários que estão compartilhando seus conhecimentos com a comunidade. Jovens que monitoram essas ações pedagógicas e recreativas. Nesse contexto, o sonho de edificar uma escola de qualidade está agora mais próximo da realidade. Uma realidade também integrada ao sonho da universidade gratuita. Isso porque todos os milhares de universitários que atuam no programa - somente alunos egressos da escola pública - estudarão sem custos nas faculdades particulares parceiras desse empreendimento. O Estado paga a metade, até o limite de 267 reais. A faculdade assume a outra metade e o aluno, como contrapartida, trabalha em uma escola pública. São duas grandes ações de enorme envergadura social: escolas abertas à comunidade e o acesso à universidade para os nossos aprendizes. A democracia é a espinha dorsal do projeto, uma vez que a comunidade escolar escolhe as atividades que serão implementadas de acordo com as suas maiores necessidades, respeitando a cultura e os costumes locais. É a escola como o espaço mais importante do bairro, da cidade, da região. Parceiros de grande estatura acreditaram nesse sonho e partilham conosco do maior programa de cidadania escolar já desenvolvido neste país. O instituto Ayrton Senna, a Unesco, o Faça Parte - Instituto Brasil Voluntário e centenas de colaboradores espalhados por todas as escolas públicas estão caminhando ao nosso lado nesta jornada pela educação de excelência. É a crença no envolvimento, na responsabilidade partilhada. É a escola pronta para os desafios do século XXI. O início teve o êxito que imaginávamos. Escolas repletas. Os universitários, os educadores contratados, pais, alunos e muitos, muitos voluntários que quiseram dar a sua parcela de contribuição para essa escola dos nossos sonhos. A comunidade tem um novo e bom programa todo final de semana: ir à escola! Pais e filhos estudando juntos, convivendo, ensinando, aprendendo. O Estado fazendo sua parte. São 60 milhões de reais apenas neste semestre. É um investimento de retorno garantido. Investimento no ser humano. Estamos qualificando para a vida e para o mercado de trabalho. Esse é o diferencial da educação competente. Como diz o governador Geraldo Alckmin: "O prédio é importante. A construção é importante. Cada biblioteca e cada laboratório são um auxílio precioso no desenvolvimento da aprendizagem. Mas o essencial não é a obra de cimento e cal. O essencial é a obra humana". Professores, pais, alunos.... Esperança de um mundo em que a convivência seja menos traumática e mais afetuosa. Uma convivência que pode ser enriquecida e solidificada nesta nova Escola da Família, neste novo espaço de paz.
Aprendizes eternos
"Mestre não é só quem ensina; mas quem, de repente, aprende." A frase lapidar de Guimarães Rosa é perfeita para ilustrar este momento histórico da educação paulista. Em dezembro, sete mil e quinhentos professores da rede estadual de ensino realizaram um sonho e conquistaram uma vitória inédita em suas vidas. Os docentes concluíram sua participação no PEC - Formação Universitária, programa de educação continuada cujo objetivo é fornecer aos professores efetivos no ensino da 1ª à 4ª série, com formação de nível médio, de mais de 2.000 escolas de ensino fundamental do Estado, a oportunidade de formação em nível superior fornecida pela USP, Unesp e PUC-SP. Esses profissionais deram um salto qualitativo sem precedentes em suas carreiras na medida em que vivenciaram e venceram os desafios impostos pelo mundo acadêmico, ampliando seus horizontes pessoais e profissionais. A universidade propicia a aquisição de saberes variados, edificados por meio das reflexões, das contestações, das discussões e dos debates inerentes à formação superior. Essa experiência forneceu aos educadores a chance de estabelecer contato com as mais modernas tecnologias interativas voltadas para o ensino, o que surtirá efeitos bastante positivos na prática docente. O processo de atualização ininterrupta dos professores é fundamental para o aumento da qualidade de ensino nas escolas estaduais. É importante que os educadores adquiram uma visão ampla do processo educacional, analisando e avaliando as novas tendências da educação do século 21, bem como a consciência sobre o papel crucial que desenvolvem na formação de uma geração mais crítica, participativa e cidadã. O reflexo dessas percepções é imediato. As aulas tornam-se mais dinâmicas e produtivas, instigando a participação dos alunos e colaborando para o sucesso do binômio ensino-aprendizado. Se há uma integração positiva entre mestres e aprendizes, o professor passa a ser um referencial efetivo para o aluno, que, por sua vez, absorve os ensinamentos e transforma-se em agente multiplicador desses conhecimentos em sua comunidade de origem. É o início de modificações significativas que se expandem em todos os níveis da pirâmide social. A educação é uma prioridade para o governo Geraldo Alckmin, cuja gestão é alicerçada pelos ideais verdadeiramente democráticos. Nas palavras do grande educador brasileiro Anísio Teixeira: "Nascemos desiguais e nascemos ignorantes, isto é, escravos. A educação faz-nos livres pelo conhecimento e pelo saber e iguais pela capacidade de desenvolver ao máximo os nossos poderes inatos. (...) Democracia é, literalmente, educação". Acreditamos nesse conceito e, por isso, não estamos medindo esforços para a valorização dos professores e para a melhoria gradativa das unidades escolares. Prova disso é que, assim como o PEC, dezenas de outros programas estão causando uma revolução fantástica no dia-a-dia da educação de São Paulo. Nosso próximo passo é viabilizar o programa Bolsa-Mestrado, que prevê financiamento dos cursos de mestrado para os professores da rede. Outra coisa importante e que já está sendo feita é a transformação das 89 diretorias regionais de ensino em núcleos de capacitação permanente para os professores da rede, proporcionando treinamento para os docentes de suas respectivas regiões. Essa medida vai agilizar todos os processos relativos à educação continuada dos educadores. Nosso desejo é implementar uma formação de excelência, pautada no diálogo franco e aberto com os profissionais da área educacional e na concretização de parcerias com empresas, ONGs e demais instituições sociais. Estamos realizando debates frutíferos sobre o tema, como ocorreu na Semana de Estudos "A Escola dos Nossos Sonhos", realizada em novembro e que deu origem ao Fórum Permanente "A escola dos nossos sonhos" e ao Fórum Regional "Parceiros da Escola". Todas essas iniciativas, aliadas ao nosso entusiasmo em dar prosseguimento a elas, nos dão a certeza de que o ano de 2003 será decisivo na solidificação dessa proposta de uma educação de ponta, voltada à formação integral do ser e à construção de uma realidade mais justa, fraterna e igualitária. E os professores são, sem dúvida, os grandes executores dessa nova política educacional. Semeadores incansáveis cuja missão é fazer germinar no coração dos aprendizes o amor pelo saber - esse parceiro inseparável na jornada rumo à felicidade.
Publicado no Jornal A Tribuna - Santos
Escola Solidária - Um sonho possível
Diversas são as formas, as cores e as intensidades da dor e da miséria humanas. É muito difícil compreendê-las e, principalmente, vivenciá-las. É tarefa árdua também concebê-las e desenvolvê-las por meio da ficção. Missão possível apenas aos grandes gênios da arte. Na literatura, temos exemplos magníficos de escritores que fizeram uso da pena para nos comover de forma arrebatadora, transportando-nos a universos paralelos aos quais, na maioria das vezes, só poderíamos ter acesso graças às tramas e às personagens de seus clássicos. Émile Zola, com Germinal, Victor Hugo, com Os Miseráveis, José Saramago, com Levantado do Chão e Graciliano Ramos, com Vidas Secas, são alguns dos mestres capazes de nos conduzir de forma eficaz rumo a essas experiências de pura transcendência. Lendo essas obras, aprendemos mais sobre a vida na medida em que saímos da zona de conforto em direção ao desconhecido. É quando despertamos de fato. Nisso residem a grandeza e a beleza da arte. Entretanto, na época em que vivemos, a dor e o sofrimento estão cada dia mais explícitos, mais "naturais" e menos literários. E, como a grande maioria das pessoas não têm a genialidade dos grandes artistas para purgar as tristezas do mundo, criando obras-primas, precisamos encontrar caminhos alternativos para amenizá-las ao máximo. E a solidariedade é um deles. Sendo assim, é essencial sabermos que a solidariedade está fazendo escola no Brasil. Dados da ONU revelam que o País já possui um exército de 14 milhões de trabalhadores voluntários. Em sua maioria, esses brasileiros dedicam em média um dia e meio por semana ao voluntariado. Os trabalhos voltados à educação correspondem a 16% do total dessas ações. O número de jovens envolvidos com essas atividades cresceu de 7% para 34%. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo acredita que a escola, por meio de uma educação voltada à cidadania, pode ampliar ainda mais o número de pessoas ligadas a essas atividades. O trabalho pedagógico direcionado à conscientização dos estudantes em relação à solidariedade e às diversas formas de a manifestar pode atingir um enorme contingente populacional, conforme esses alunos se tornam agentes multiplicadores desses conceitos. A escola é um centro de luz e, como tal, precisa gerar mecanismos capazes de iluminar os caminhos e o futuro da sociedade. Temos de dar aos nossos aprendizes a possibilidade de serem os refletores e os condutores de novos e melhores tempos. Nesse sentido, nosso grande desafio é aproximar, cada dia mais, a comunidade da escola, estimulando a interação democrática entre alunos, pais, funcionários e toda a população de seu entorno. Dessa forma, o aluno poderá se envolver na concepção e no desdobramento de numerosos projetos, por meio de um comportamento pró-ativo, responsável e cooperativo. Esse é motivo pelo qual daremos início à abertura gradativa das escolas da rede estadual de ensino nos finais de semana, de maneira que os moradores da região tenham acesso aos conceitos implementados pelas escolas cidadãs. Os primeiros passos para a concretização dessa realidade já foram dados, com o projeto Parceiros do Futuro e com a recente assinatura do termo de parceria entre a Secretaria de Estado da Educação e o Instituto Brasil Voluntário - Faça Parte. O acordo visa instituir o programa estadual Jovem Voluntário-Escola Solidária em toda a rede. A iniciativa tem como alvo os alunos da educação básica e objetiva estimular projetos e ações voluntárias nas escolas. Para atingir essa meta, várias ações serão desencadeadas, como a articulação de alianças com organizações sociais que já atuam ou possam colaborar com a implementação, divulgação e viabilização do programa; mobilização da opinião pública para a importância da escola como espaço privilegiado para promover o protagonismo juvenil e ampliação de oportunidades e estratégias que facilitem a inserção voluntária e responsável dos jovens em atividades socioculturais na própria escola e também em outras instituições de sua região. Assim deve ser encarada a educação: como um milagre que possibilita a concretização dos sonhos. Nosso trabalho e a determinação em exercê-lo são frutos da crença de os poder tornar realidade.
Publicado no jornal Folha de S. Paulo
Escola para todos
Ele era negro, epiléptico e pobre. Para complicar ainda mais sua trajetória de vida, nasceu no século XIX, em meio à sociedade marcadamente preconceituosa da época. Filho de uma lavadeira açoriana e de um pintor mulato, passou a infância no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Órfão, foi criado pela madrasta. Freqüentou o curso primário numa escola pública e aprendeu Francês e Latim com amigos da família e com um padre. O mais impressionante nessa história é que, mesmo sob o signo de tamanha dificuldade, reluziu a estrela maior de nossa literatura. Falamos do escritor Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908). Como vimos, o grande mestre das letras nacionais, autor de clássicos como Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, cursou apenas o primário. Na verdade, até bem pouco tempo, era essa a realidade da maioria das crianças nascidas nas classes menos favorecidas economicamente. A história já nos provou que, em nosso país, muitas vezes, a conquista do aprendizado entre nossos escritores geralmente se deveu à figura de um padre ou de um fidalgo que vinham em socorro dos grandes artistas de origem humilde. Foi assim não só com Machado de Assis, mas com outros grandiosos representantes da literatura, para ficarmos apenas na seara das letras. O poeta Cruz e Sousa, filho de escravos, foi acolhido por uma família rica que resolveu educá-lo. Foi quando encontrou os conhecimentos necessários à expressão de sua arte. Lima Barreto, por sua vez, teve auxílio de seu padrinho - um visconde - que o ajudou a concluir o segundo grau. Hoje, o Brasil vive uma outra realidade, muito mais positiva em relação ao acesso das comunidades carentes à escola. Os números divulgados pelo último censo comprovam: os avanços relativos à universalização da educação em nosso país destacam a evolução de toda a rede pública do Brasil. Atualmente, 95% das crianças de 7 a 14 anos estão na escola, diferentemente do que tínhamos em 1991, quando uma em cada quatro crianças pobres estava fora dos estabelecimentos de ensino. Já a taxa de escolarização entre os jovens de 15 a 17 anos passou de 55,3% para 78,8%. Em São Paulo, isso fica ainda mais evidente: 99% das crianças entre 7 e 14 anos de idade estão na escola e o índice de evasão caiu diminuiu brutalmente, permitindo que as crianças e jovens permaneçam nas escolas. Em 1994 a evasão paulista era de 9% para o ensino fundamental e 19% para o médio. Em 2000 caiu para 4,5% e 12% respectivamente, os índices mais baixos do país. De acordo com o CENSO MEC 2001, a evasão caiu ainda mais, isto é, 3,1% para o ensino fundamental e 8,9% para o ensino médio. Os números deixam claro: a escola é, agora, uma possibilidade acessível à maioria esmagadora de nossas crianças, independentemente de cor, gênero, raça, credo ou classe social. É certo que ainda há muito a ser conquistado, mas o primeiro passo já foi dado: a garantia constitucional do direito à educação para todos. Uma das nossas metas é, justamente, seguir à risca o texto que compõe o artigo 205 da Constituição Federal: . A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A seqüência de nosso projeto educacional será, cada vez mais, aliar quantidade à qualidade, proporcionando a todas as crianças da rede pública de ensino a capacidade necessária ao pleno sucesso de sua vida pessoal e profissional. Temos certeza de que esse é o sonho de todos nós, educadores. Mas, para realizá-lo, é importante lembrarmos que ele se constrói um pouco a cada dia, em cada nova aula, em cada pequeno gesto de respeito e consideração aos educandos. O amor ao que fazemos, seja qual for nossa área de atuação, é o grande responsável pela grandeza de nossa obra e pela beleza de nossa história. O entusiasmo é essencial, sempre. Recordemos as palavras sábias de Balzac, outro mestre da literatura: "O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo". Boa semana a todos!
Publicado no Jornal A Tribuna
Uma das coisas que aprendi é que nem sempre as coisas são como a gente quer, que a gente pode dar uma volta na vida, vencer os obstáculos e derrubar as paredes que nos impeça de seguir em frente em busca de nossos sonhos, nunca esquecer o passado e ver que foi por causa dele que possibilitou você chegar onde está hoje.
Supomos que a vida seja como aprender a andar de bicicleta, então, não devemos parar quando nos machucarmos, uma hora ou outra aprenderemos o jeito certo de equilibrá-la.
Homem inteligente não menospreza a capacidade das mulheres, pelo contrário, aprende com elas!
Sou feliz por ter amizade com grandes e sábias mulheres!
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