Preciso e Gosto de Intensidade

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Eu gosto de carinho violento. De falar. De estar certa.
De quem entende o que eu digo. De quem escuta o que eu penso.
Da minha prole. Dos meus discos. Dos meus livros.
Dos meus cachorros. Dos Stones. Do Rock Natural.
Da minha solidãozinha. Dos meus blues. Do meu sofá vermelho.
Da minha casa. Do meu umbigo. De unhas cor de carmim.
De homem que sabe ser homem. De noites em claro e dias em branco. De chuva e de sol.
Eu guardo as minhas rejeições em vidrinhos rotulados com o nome deles.
Eu sou mole demais por dentro para deixar todo mundo ver.
Eu deixo para quem eu acho que pode comigo.
Ninguém sabe.
Mas eu tenho coração de moça.

O capricho da simplicidade
Bom gosto e mau gosto custam a mesma coisa, me disseram certa vez. Adotei a frase como minha, tanto concordo com ela. Aliás, o mau gosto às vezes custa até mais caro.
Eu estava numa grande loja, naquele esquema de "só estou dando uma olhada", quando vi uma senhora se apossar de uma bolsa como se tivesse encontrado o Santo Graal. Chamou a filha e mostrou: "Não é linda?". Agarrada à bolsa em frente ao espelho, ela virava de um lado, de outro, extasiada com a própria imagem carregando aquela bolsa de couro azul-turquesa com umas 357 tachas pretas. Eu já vi bolsa feia nesta vida, mas como aquela, nem nos meus pesadelos mais tiranos.

Mas a tal senhora estava apaixonada pela bolsa. Mostrava a etiqueta com o preço para a filha e dizia: "E nem é tão cara!".

Nem é tão cara? A loja deveria estender um tapete vermelho e chamar banda de música para quem levasse aquele troço por R$ 5.

E a senhora voltava pro espelho, se olhava, levo ou não levo? Eu tive vontade de cutucar o ombro dela e dizer pelamordedeus não faça essa loucura, olhe em volta, tem bolsa muito mais bonita, com mais classe, mais usável, deixe essa coisa medonha pra lá.

Claro que não me meti e saí da loja antes de ver a tragédia consumada.

E então fiquei pensando nessa história de bom gosto e mau gosto, classificação que os politicamente corretos rejeitam, dizendo que gosto cada um tem o seu e fim de papo. Não é bem assim: a diferenciação existe. O que não impede que pessoas de bom gosto errem, e pessoas de mau gosto acertem - de vez em quando.

Cheguei em casa e fui reler um texto escrito por Celso Sagastume, em que ele defende que bom gosto se aprende. Que uma pessoa começa a gostar do que é bom quando adquire bagagem cultural (através de viagens e do acesso à arte) e quando tem humildade para observar pessoas e lugares reconhecidamente sofisticados e extrair deles a informação necessária para compor o seu próprio bom gosto.

Sofisticação, no entanto, tem variadas interpretações. Eu não troco uma charmosa bolsa de palha por uma Louis Vuitton e pode me chamar de maluca. Nunca duvidei de que menos é mais, e acho que estou me saindo razoavelmente bem, com uma porcentagem aceitável de deslizes.

Bom gosto e mau gosto custam a mesma coisa, me disseram certa vez. Adotei a frase como minha, tanto concordo com ela. Aliás, o mau gosto às vezes custa até mais caro. Ninguém precisa de muito dinheiro quando tem capricho e noção.

Capricho para tornar sua casa confortável, alegre e preparada não para uma foto ou uma festa, mas para ter história. Capricho para escrever um e-mail mantendo certa diagramação e um português correto. Capricho ao se vestir, deixando de se monitorar por grifes e valorizando mais o estilo.

Capricho é cuidado e atenção. Flores frescas nos vasos, unhas limpas, música em volume adequado, educação ao falar, abajures em vez de luz direta, um toque personalizado e uma pitada de bom humor em tudo: nas atitudes, no visual, até na bagunça do escritório, que uma baguncinha também tem seu charme.

Onde eu quero chegar com isso? Na bolsa azul-turquesa com 357 tachas pretas que a gente carrega desnecessariamente por falta de treinar o olho para as coisas mais simples.

Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas. Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez. Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso. Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o fato de serem como são e ninguém poder fazer nada. Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são. Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem.

A hora do encontro é também despedida. A plataforma desta estação é a vida.

Milton Nascimento e Fernando Brant

Nota: Trecho da música "Encontros e Despedidas"

Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar... ambos precisaremos, um do outro.

É preciso tomar cuidado com as paixões impossíveis, nestes casos achamos que quanto mais difícil for para conquistar a pessoa, melhor, mais seduzidos ficamos. Isto não é amor, isto é vontade de ganhar, não é vontade de amar. Este amor idealizado é que gera sofrimento. Se o amor não é correspondido, deve-se simplesmente deixar a outra pessoa ir embora. Se um amor não correspondido está gerando muito sofrimento, provavelmente não se trata de um amor verdadeiro, sendo apenas uma idealização feita da pessoa, em que alguém se apaixona por aquilo que pensa que o outro é, e não por aquilo que ele realmente é.

Eu não preciso de ti. Tu não precisas de mim. Mas, se tu me cativares, e se eu te cativar... Ambos precisaremos, um do outro. A gente só conhece bem as coisas que cativou. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!

Era preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo.

Simone de Beauvoir
Quando o espiritual domina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.

Fernando Teixeira de Andrade

Nota: Trecho de um poema de Fernando Teixeira de Andrade. A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Fernando Pessoa.

...Mais

Não preciso de dez mandamentos para viver, me basta só um: não interferir na vida dos outros.

É preciso amadurecer a dúvida

Nem sempre a resposta está pronta. Há uma beleza na dúvida que vale a pena de ser apreciada. Forjar a resposta antes do tempo é a mesma coisa que colher frutos verdes...

Demore na dúvida... E descubra a sabedoria que insiste em se esconder na ausência de palavras.

É preciso que nos habituemos a arrancar regularmente os baobás.

Estou sempre disposto a aprender, mas nem sempre gosto que me ensinem.

Winston Churchill

Nota: Dito no parlamento inglês a 4 de novembro, 1952

Quanto mais gosto da humanidade em geral, menos aprecio as pessoas em particular, como indivíduos.

Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas. Por um triz não sou uma bruxa.

Gosto de porcos. Os cães olham-nos de baixo, os gatos de cima. Os porcos olham-nos de igual para igual.

Winston Churchill
CHURCHILL, W., Churchill by Himself, ed. Langworth, PublicAffairs, 2008

Quando procuro o que há de fundamental em mim, é o gosto da felicidade que eu encontro.

Quem abandona a luta não poderá nunca saborear o gosto de uma vitória.

Mistério

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!