Pra Falar Verdade as vezes Minto

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Nunca consegui fazer coincidir aquilo que eu supunha ser a verdade com aquilo que me ajudava a viver.

Toda a verdade e todo o erro, se repetidos mil vezes, tendem a converter-se no seu contrário. Apenas pela razão de nos fatigarem.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

Todo erro se apoia numa verdade da qual se tem abusado.

A arte não consiste em desfigurar a verdade em artifício, mas em emprestar ao artifício a fisionomia simples da verdade.

Uma boa frase cria a sua verdade. É por isso que os políticos escolhem meticulosamente os seus slogans para criarem a deles.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

A verdade «sou eu». Quando o outro disse «o Estado sou eu», disse a mesma coisa. Só que meteu a polícia para não haver dúvidas e outros a dizê-lo também.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

A verdade és tu. O que mais que se segue já não interessa à conversa. Excepto para demonstrares essa verdade, em movimento de recuo.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

O erro é a regra: a verdade é o acidente do erro.

O casamento, se queres saber a verdade, / é um mal, mas um mal necessário.

A verdade primeiro ama-se, depois demonstra-se.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Escrever, Bertrand, 2001

A estreita ligação do erro com a verdade nasce do fato de um erro simples e consumado ser inconcebível e, por ser inconcebível, não existir. O erro fala com duas vozes, uma delas afirma o falso, mas a outra desmente-o.

Olhando bem
O cafezal, na verdade,
São laranjeirinhas...

Se é verdade que as conjurações são, por vezes, montadas por pessoas de espírito, são, contudo, executadas por animais ferozes.

Toda verdade inédita começa como heresia e acaba como ortodoxia.

Ao fogo da verdade, as objeções não passam de foles.

Lembro como era bom compartilhar minha felicidade com os amigos, falar pelos cotovelos sobre alegrias que soavam até ofensivas àqueles que não entendiam o que se passava no interior de um corpo em festa. Eu costumava ser uma alegoria ambulante. Agora a festa terminou, os copos estão espalhados pelo chão, os pratos sujos, silêncio absoluto, ficou o vazio devorador de uma solidão impossível de ser contada.

Chegaram a ponto de falar muitas vêzes de coisas indiferentes ao seu amor; e nas cartas (...) tratava de flôres, de versos, da lua e das estrêlas, recursos ingênuos de uma paixão enfraquecida, que procurava avivar-se com todos os recursos exteriores.

Desamparada, eu te entrego tudo – para que faças disso uma coisa alegre. Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Sofrimento não sofrimento como caminho só se pode falar no passado, dizendo sofrimento foi caminho, só se torna “caminho” se levou a alguma coisa.

Clarice Lispector
Todas as cartas. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

Nota: Trecho de carta para Fernando Sabino, escrita em 24 de janeiro de 1957.

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Hoje em dia, falar de amor e sentir amor são duas coisas totalmente diferentes.