Poetas Brasileiros

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Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciasse — eu te amo —, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam.

Ferreira Gullar

Nota: (trecho extraído do livro "A estranha vida banal", editora José Olympio – 1989 projeto releituras)

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Amizade
Como as plantas, a amizade não deve
ser muito nem pouco regada.

Carlos Drummond de Andrade
In: O Avesso das Coisas - 6º Edição, 2007.

Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.
Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Tentação.

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Acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética afetuosa e participante.

A morte é que está morta
Ela é aquela Princesa Adormecida
no seu claro jazigo de cristal.
Aquela a quem, um dia - enfim - despertarás...

E o que esperavas ser teu suspiro final
é o teu primeiro beijo nupcial!

- Mas como é que eu te receava tanto
(no teu encantamento lhe dirás)
e como podes ser assim - tão bela?!
Nas tantas buscas, em que me perdi,
vejo que cada amor tinha um pouco de ti...

E ela, sorrindo, compassiva e calma:

- E tu, por que é que me chamavas Morte?
Eu sou, apenas, tua Alma...

"Chapado de coca cola mas nunca de coca e cola."

Então, e como sempre, era só depois de desistir das coisas desejadas que elas aconteciam.

Clarice Lispector
Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Nota: Trecho do texto A procura de uma dignidade.

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De Gramática e de Linguagem

E havia uma gramática que dizia assim:
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.

As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso...João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...

AMIGOS


tenho " amigos " que parece que têm medo de mim!... tenho a impressão que se estão a afastar cada vez mais de mim!... mas podem ficar descansados, não tenham medo, podem conviver eu não faço mal, não morde nem tenho nenhuma doença contagiosa!!! acreditem... mas tudo bem... comam, bebam, brinquem hà vontade, que quando precisarem , eu cá estou...Sempre!!... é que afinal eu sou vosso amigo, se é que ainda não repararam..

Os anjos não compreendem os homens.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Belo Belo"

Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.

Porém já tudo se perdeu
no olvido imenso do passado

Não venci todas batalhas que lutei, mas perdi todas que deixei de lutar

"Os verdadeiros analfabetos são aqueles que aprenderam a ler e não leem."

(Mário Quintana)

O instante existe (...) Não sou alegre nem sou triste: (...) Não sito gozo nem tormento. Atravesso noite e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço. não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei!

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto Felicidade clandestina.

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Não me venha achar ruim, porque você me conheceu assim!

Um leão ferido ainda tem vontade de rugir.

O tempo consumido em aprender coisas que não interessam priva-nos de descobrir as interessantes.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio, me salvo e me dano: amor.

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