Poetas Brasileiros

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Tempo De Amor

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

E o passado é como o último morto que é preciso esquecer para ter vida.

Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue, porque nem sempre existe palavra para dizer tudo.

Eu, viva e tremeluzente como os instantes, acendo-me e me apago, acendo e apago, acendo e apago. Só que aquilo que capto em mim tem, quando está sendo agora transposto em escrita, o desespero das palavras ocuparem mais instantes que um relance de olhar. Mais que um instante, quero seu fluxo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Vida incomoda bastante, alma que não cabe bem no corpo.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Criança periférica, rejeitada
Teu mundo é o submundo.

Aprendi que mais vale lutar do que recolher tudo fácil. Antes acreditar do que duvidar.

Cora Coralina

Nota: Trecho do poema "Ofertas de Aninha (aos moços)", do livro "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha". 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p.145.

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Viver em sociedade requer instinto de formiga, dentes de leão e habilidade camaleônica.

Para aqueles que atrapalham meu caminho: eu passarinho, eles passarão.

E achava bom ficar triste. Não desesperada (...). Claro que era neurótica, não há sequer necessidade de dizer.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Eu tenho que ser minha amiga, senão não aguento a solidão.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.

A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor.

Quando perguntam de onde tenho ressurgido
respondo:
- Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios.

Faz de tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.

Cora Coralina
DENÓFRIO, Darcy França. Melhores Poemas. São Paulo: Global Editora, 2008.

Nota: Trecho do poema Aninha e suas Pedras.

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Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza.

Vinicius de Moraes
Antologia poética

Nota: Trecho de "Elegia ao primeiro amigo"

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Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: — Nunca fez mal...
Quem, bêbado, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?

"Que o meu rosto reflita nos espelhos um olhar doce e tranquilo, mesmo no mais fundo sofrimento; e que eu não me esqueça nunca que devo estar constantemente em guarda de mim mesmo, para que sejam humanos e dignos o meu orgulho e a minha humildade, e para que eu cresça sempre no sentido de Tempo..."

Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Poema: A CASA

Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.