Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix
QUERIDO PROFESSOR...
Apesar de ser pequenininho
E não entender muito das palavras,
Hoje acredito em tudo o que você me falava.
Muitas vezes me senti perdido,
Inseguro, sentindo-me a pior das criaturas.
Mas você me acolheu com sua maneira inteligente
E, ao mesmo tempo, diferente,
De dizer: confie em mim!
Palavras não traduziriam meus sentimentos,
Nem expressariam o que sinto aqui dentro por você.
Obrigado, professor, por sempre me ensinar!
Por isso — e por outras coisas — sempre irei te valorizar.
Quero aqui em alguns versos
Fazer também o meu protesto
Defender o meu nordeste
Do preconceito e da discriminação
Eu escolho o cordel
Por ser a linguagem mais fiel
Que representa o sertão
Pra ser sincero
não entendo a indignação
Dessa gente infeliz
Que não sabe o que diz
E só fica aí falando mal do nosso povo
Só porque não fomos baba ovo
De um presidente que a qualquer custo queria ganhar a eleição
Mas, felizmente, essa já não é mais a questão
O fato é que o nordeste sempre foi injustiçadooo
Taxado por muitos de atrasado
Lugar de gente sem noção
Mas contra isso eu digo é não
O povo aqui é tão sabido e politizado
quanto você que mora aí do outro lado… e fica falando mal do meu sertão.
Então, meu compadre, respeite o meu nordeste pois aqui tem sim cabra da peste
E se você duvidar
Pega aí
Os cabras retados da literatura, da arte, da cultura
E vamos aqui comparar
Duvido que tem aí
No seu lugar
Um Luís Gonzaga
Um Chico Anisio
Um Jorge Amado
Ou um José de Alencar
Vou nem seguir com
a Lista
Para não te humilhar
Nem vou falar de culinária, nem das praias
Que você costuma vir aqui frequentar
Mas se você tá acostumado
Com falsidade, hipocrisia
ou até mesmo com essa sua ideologia
Dá no pé e vai cantar
em outra freguesia
Porque caráter e honestidade por aqui a gente não negocia
Também não vou te Tratar com desdém
E pode até continuar banhando em nossas praias
que a gente não faz desfeita de seu ninguém
Você pode não valer um vintém
Mas por aqui, meu Compadre, o mal se paga é com o bem
Ser Professor
Ser professor é plantar,
mesmo em solo endurecido,
é regar com esperança
um futuro adormecido.
É saber que a flor do sonho
brota do chão mais sofrido.
É lutar contra o cansaço,
é sorrir quando há dor,
é fazer do giz um laço
que abraça com amor.
É ter fé no impossível
e ensinar com fervor.
Professor é luz que guia,
é farol na ventania,
é quem insiste e confia
na força da educação.
É aquele que não desiste,
mesmo quando a dor persiste,
carregando em sua mão
o poder da transformação.
Não tem capa, nem medalha,
mas vence cada batalha
com coragem e coração.
Porque ser mestre é ser ponte,
entre o vale e o horizonte,
entre o “não sei” e a solução.
Por isso, neste dia,
fica aqui minha poesia,
em forma de gratidão:
— Professor, tua missão
é divina e verdadeira,
tua voz é a sementeira
que faz brotar uma nação.
Erros são conseqüências de tentativas frustradas ,
Quem na vida nunca errou é porque nunca arriscou
nada...
Por mais que tentem apagar a estrela que
brilha em ti,
mantenha teu semblante firme , pois Cristo te faz
sorrir ...
O errar é humano, mas quem nele insiste é insano,
Vários saíram de cena simplesmente porque errou...
Se eu te trago sorte, aposte em mim
Se te deixo mais forte, aposte em mim
Te faço ver o norte, te dou rumo
Prum eterno amor sem fim
Xis
Não me perdi numa ilusão. Perdi-me
Na incoerência, entre os devaneios
E no poço sem razão encontrei-os
Débeis, onde a cortesia os oprime
E num inconsequente e fatal crime
Duma imaginação, tive sonhos feios
Onde a inspiração de olhares cheios
Da mesmice, deixou de ser sublime
Mas há tempo no bem, compreenda
Não só os que se tem, - os fugitivos
Os da fé do amor que não nos infama
São tais como o andejar de uma lenda
A alma terá sempre os homens vivos
No afeto, ardentes como uma chama
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018, 14
Cerrado goiano
DEVANEIOS
Quantas vezes, em sonho, as asas da ilusão
Flechado pra onde estás, e fico ali no vazio
Me perdi nos devaneios, e então a solidão
Em um deserto agridoce: de amargor e frio
Angústia, minh’alma voa, quer outra direção
Soluça na treva, triste realidade que arrepia
Sonhos que mais parecem querer confusão
Estirado sob o céu, do cerrado, árida folia
Quantas vezes, a imensidão, assim calada
De cada canto passado, o olhar espantado
Via minhas lembranças no beiral debruçada
Quantas vezes, quantas vezes, a passividade
Da noite, num luar tão sedento e desfolhado
Fez lagrimejar cada versar de uma saudade...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CHUVA (soneto)
Chove lá fora. O meu peito também chora
São suspiros de velhos e eternos pesares
Da alma que desapegando quer ir embora
Uma tristura que diviso, repleta de azares
Chove... Que agonia se percebe de outrora
Ah! Quem falou pro agrado voar pelos ares
Em preces de ira, com o chicote e a espora
Deixando as venturas laçadas pelos alares...
Chove lá fora. Minh’alma também aflora
E eu sinto o que o cerrado também sente
O pingo quente, e abafada a aflição afora
E esta tal melancolia que no temporal uiva
Tão impiedoso e ruidosa, que vorazmente
Tem a sensação: - choro! E chove chuva!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
SONETO CHOROSO
Choroso soneto, meu, tão chorado
Sem leveza, sem arte, sem ternura
Traçados pela sorte em desventura
Em vagidos manhosos desentoado
É tristura na trova, e desesperado
O estro. No papel cheio de ranhura
Sem condição de uma doce leitura
Afrontando o coração desgraçado
E nesta tal tirania de infeliz criatura
Ditosos algozes. No peito abafado
Surgindo da sepultura da amargura
Ó sátira mordaz, de sentido perverso
Deixe o teu jugo imóvel e silenciado
Guie só fausta melodia ao meu verso
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Dia do médico (18 outubro).
Ser médico...
É dar de si eternamente
Partilhar a dor do doente
Torna-lo confiante e forte...
É ser presente na vida e na morte.
Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18 de outubro, 2015
Insanidade
Servente ao pensamento dormente
Ora em lampejos de lucidez, ora
Em apagões da balela traidora
Logo, chorais, amarguradamente
Desejais regressar... tarde a hora
Entristeceis... árida é a corrente
Angústia e desejo, é recorrente
Quando a insensatez te devora
Sofreis do aluamento, lembrança
Pois da sua tão pouca sanidade
Fura-te o peito, ferido por lança
Triste engano! agita-se a fatuidade
Te rouba a tua sedenta esperança
E te jogam no porão da falsidade...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
olavobilaquiando
CONTRAMÃO
Como a maldade egoista, sombria
Que do homem o bem lhe é tirado
Qual apenas, o ruim, é seu brado
De falseta, e cuja a ação é tirania
Não aguenta nunca a luz do dia
O qual, de amor, não é adornado
O teu peito pra glória é fechado
No cruel interesse: a idolatria!
E hoje, entre tantos, muitos são
De um coração ermo, ressecado
Horrendo, traindo na contramão
Pulsam cobiça, e seus espinhos
Repugnam a honra de outrora
Empedrando de ira os caminhos
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
O POEMA
A obra de um poema é tal a imaginação
Evolam do agridoce de um pensamento
Em disperso vapor, e cintilante explosão
De palavras e quimeras, em um evento
Vidas que saem da vida, em universos
Pó de uma idéia, ao torvelim do vento
Içadas do porão da alma, ali imersos
Grifadas no tempo num só momento
Inventa, tenta, o certo e o imperfeito
Reinventa: fala e cala, o sim e o não
Emaranhadas dentro de um cântico
Mas o verso certeiro este sai feito
Do peito... em salmos do coração
Imortal: em testemunho semântico!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 20 de outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
REGRESSO
Irei! Que importe o engano? Desate deste nó
Sobre o dúbio está o ousado ensaio. Então!
Arda em chamas o medo, evole deste chão
Os teus segredos, uive as feras, sem ter dó
Vamos! Ignoto, um botão entreaberto, e só!
Regue este deserto com outra tua emoção
Leve tudo: felicidade, amor; infortúnio não!
Pois, o que for perdido, no tempo, vira pó...
Depois que o pecado ao mudo é revelado
Nada importa, todo regresso tem direção
Ah! E tu, má sorte, aí, fique do outro lado!
E se, a vida com seu crime não for ilusão
Redimido e sublime, não fique ultrajado
Errar, é falta, e não a perene contrição!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
A interpretação vai de acordo com seus princípios, cada qual lê o que a sua verdade vê e a sua razão acredita. Afinal, tudo é aquilo que lhe convêm: Ser Humano.
(poeta do cerrado)
VANITAS
Só, em silêncio, a inspiração tímida e fria
Poeta... A prosa sai tremulante e inquieta
Rascunhando a estrofe em uma linha reta
De ilusão secreta, dor e suspiro em agonia
Febril, sua o devaneio, amotina a euforia
Bravia a alma grita, palpita, e então espeta
O nada, por fim, quer ser qual um profeta
Iluminado, falante e de alucinada idolatria
Poeto... cheio da minha imaginação cheia
Nascente do meu mais abismo profundo
E desagregada das paredes da teimosia...
Farto, agora posso descansar a cavalaria:
As mãos nervosas e o coração moribundo.
Arranquei-ti-ei pra vida, vivas tu ó poesia!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
“SPLEEN”
O céu do cerrado, hoje, amanheceu plúmbeo
Sobre o espírito meditabundo, só e chuvoso
E, ungido toda a reta do horizonte, nebuloso
O dia virou noite, e o meu fausto olhar, ateu
Neste temporal escuro tal calabouço lodoso
Onde a vontade quer encontrar o êxito seu
Espavorido, o acaso coloca asas de fariseu
Em um voo infeliz, tão enfado e impetuoso
A chuva a escorrer as traças da melancolia
Imita as aranhas tecendo sua espessa teia
No beiral do vazio, numa angústia sombria
O trovão dobra, de repente, e furibundo
E a alma encarcerada em lúgubre cadeia
Chora o verso, suspirando e gemebundo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, de 2018
Cerrado goiano
GARIROBA
Folhas, entre os ventos, em lufada uivante
De um agudo murmurante de uma ladainha
Sacerdotisa em reza, imponente e rutilante
Do cerrado, amarguenta, a palmeira rainha
Rezas sobre os pequis, de sabor vibrante
Sobre o sertão, e o no regional da cozinha
E, degustada, pasma a delicia suplicante
No fogão de lenha, a branca senhorinha
Amarga, em um holocausto de sabores
Amores e ódio, dura a satisfação bravia
Para as várias receitas, que a acolhê-las
E invade, como anfitriã, nos seus olores
E a principal soberana do prato do dia...
No Goiás, gariroba, primeira das estrelas!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
