Poesias que Falam de Amor do Seculo Xix
... E VERSA-SE UM SONETO
... e versa-se um soneto arruelado
Na vil saudade, num gesto amargo
O coração com sentimento calado
E versos dispersos deixado ao largo
... e versa-se um soneto tão letargo
A alma ansiando tudo compassado
E a solidão infundindo o descargo
Mais do que deve, o pesar, atado
... e versa-se o soneto sucateiro
Nos suspiros do querer esquecer
Custe o que custar, teimosamente
... e versa-se um verso do madeiro
Da crucificação do soneto a sofrer
Chora o verso, queixa, inutilmente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
25 outubro, 2022, 21’19” – Araguari, MG
EU, POETA DO CERRADO
Eu, tenho o toque pulveroso do cerrado
O cheiro de mato, uma sensação plural
Uma imensidade, ora árido ora normal
Tão cheio de reconto e tom encantado
Projecto do chão de um céu encarnado
Num traço caipira, e sentimento igual
Escrevo com uma transmitância verbal
Bordando os amores, dores e o agrado
Eu, poeta do cerrado em construção
Aqui nasci, raiz, sonhador do sertão
Que canta, chora, sonha, faz poesia
Escrevo-me por inteiro, sou presente
Nos galhos tortos, no vento fremente
Eu, tenho o toque agreste da pradaria!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 outubro, 2022, 20’54” – Araguari, MG
ENTURVAR NO CERRADO
Esmorece as caliandras no enturvar
É o dia que se despede em partida
Com seu pôr do sol em um versejar
Cá no cerrado, escuridão incontida
Galhos retorcidos, mal desenhados
Sombreiam o chão na cor garrida
Traçando uns detalhes encarnados
O céu estrelado, graça, desmedida
O horizonte com laivos cinzentos
Melancólicos, pardando o sertão
É a noite imbuída no seu manto
Pia a coruja: canto com lamentos
Ritmando o noturno com sensação
Dando ao olhar, o encanto, tanto!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 outubro, 2022, 18’56” – Araguari, MG
MÃOS-POSTAS
Poéticas sem norte, leva-me pra sintonia
Das emoções plenas, quiméricos cantos
Asas da imaginação, os encantos, magia
Ou me perca, a devanear, sonhos tantos
Poéticas sem norte, leva-me para a urgia
Das ilusões, cuida dos meus juízos santos
Ou não. Traga-me cânticos com melodia
Quando, suas cadências, são quebrantos
Sentimentos, sensações, em liberdade
Que põe liberto o destinto pro criador
Tendo narrativa e emotiva descoberta
Ah! poética sem norte! Tende piedade!
Inunda a alma do poeta com o que for
Contanto que não seja poesia incerta!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 outubro, 2022, 16’08” – Araguari, MG
ORGULHO
Meus são os versos do chão cerrado
Poética acre, puro céu e denso mato
No galho tortuoso o poema trançado
Escrafunchado de um singular recato
Eu entendo o sentimento acentuado
O luar que prosa inspiração e trato
E ao meu versar, o versar fascinado
Com um perfume ao sensível olfato
Nas minhas mãos, a poesia orgulhosa
Se te poeto, sertão, na sua imensidão
É com a imaginação e tons especiais
E, então, pressintam a quão formosa
Natureza, que suspira, pulsa, é paixão
Neste imenso dom de poder ser mais!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01 novembro, 2022, 17’37” – Araguari, MG
INDECISÃO
Possa lá prosseguir amargurado!
Andar com uma sensação poente
Se uma apertura atroz e sofrente
Enche de bruma o verso poetado
Se o sentimento cá tanto povoado
Que tenta impor está dor ardente
Logo este pesar assombra a gente
Tão pungente e tão determinado
Seja a poesia doce ou então salina
Sempre há aquela inspiração afim
Sempre há rumo em cada esquina
Sei lá qual dos versos é razão, enfim,
Se é o perdão ou é a justiça divina...
Ou se é a sedução dizendo que sim!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 novembro, 2022, 14’24” – Araguari, MG
Asas
Porque a cidade me prende com laços de asas onde os pássaros moram
O rural me despe de cintos dourados e me enche de música
É no silencio do rio na turbulencia do mar
Que as raizes de formosas arvores me alimentam as palavras
Seiva da juventude em taças de corolas
Flores de campos coloridos que me invadem
Senta-se a cidade a meu lado
Inquietação no ajuste da escolha entre a pedra e a terra
O bulício e a quietude na pele que se quer sentida
E afago o olhar nas marés de trigo e choro a selva urbana onde moram os pássaros sem asas
03/11/2022
Não chove para sempre
Lava-se a calçada de noites mal dormidas
Sob a chuva dolente num cair gemido
Num choro longo e diligente
Zelosa de angústias e desassossegos
Mas cresce no peito o novo dia
No cinzento da claridade escorregadia
Faz-se sol na vontade dos campos
Onde brilha ainda o trigo loiro
E vestem-se de gratidão os bagos da vida
Frementes de desejos impossíveis
Cálido e sagaz o fruto da abastança
Das águas correntes que banham as margens
Esquece-se a noite que foi claro dia
Sacode-se o caminho do pó da melancolia
E recorre-se à loucura do mundo para enfrentar
Todas as intempéries com ousadia
VOU DEIXAR PARA AMANHÃ
Vou deixar para amanhã. Está saudade
Hoje vou viver a poética, seja qual for
De dor, choro ou o verso pela metade
Vou lamentar amanhã, hoje quero flor
Agora é viver o sentimento de verdade
Ter vontade, ir em frente, ter o melhor
Amador e amante, com toda qualidade
Sem censura, uma aventura sem pudor
Hoje é liberdade. Agora é o que soma
Sem hora, lugar. Aquele afável aroma
Talvez me encontre e o amor imprimir
E, assim, então, sentir a sensação luzidia
A poesia encantada de encanto e magia
Vou deixar para amanhã, hoje vou sorrir!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/11/2021, 19'11" – Araguari, MG
QUERO VIVER ASSIM...
Quero viver assim, numa poesia num arrebol
Inebriado com o canto da cigarra no cerrado
Na encantada tarde e aquele lindo pôr do sol
“Bonachado” sem arrependimento ou pecado
Minha vida é uma prosa e tão cheia de anzol
E, também, venturas, tal o som compassado
De um violino, cantante, da poética em prol
Sou um bardo dum presente e dum passado
Quero viver assim, poeticamente, ter valores
Olhar sedutor, rima a favor, as dadas flores
E que a minha maneira não me deixe ao leu
Sobre o meu fado um sentido e uma canção
Na certeza de que tudo é emoção, sensação
Em um renovo. Solto de sentimento cruel!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 novembro 2021, 15'51" – Araguari, MG
ESTRANHO PÔR DO SOL
Entardeceu enebriado de agruras
Entristeci e me senti sem diretriz
Arrepelei o choro, as desventuras
E tudo o mais que a tristura quis
Amarguei aflitivo naquele jazigo
O céu pardo e tão melancólico
Entenebrou e suspirou comigo
E o sentimento se tornou eólico
Mirei o horizonte tosco do ocaso
E lá distante os sonhos e o acaso
Escoou pelos olhos a infelicidade
Solitário, o pôr do sol num ritual
De um estranho silêncio colossal
Me fez chorar na alma a saudade
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18 novembro 2021, 18'55" – Araguari, MG
FELICIDADE
É palavra rimada com sensação inteira
Anda de ventura em ventura no prazer
E quão profundo no sentimento é viver
É aquela razão na sua causa verdadeira
É o sorrir e a doce satisfação parceira
Que contenta a alma da gente pra valer
E no nosso destino nunca é corriqueira
Abraça, acaricia, e faz o coração bater
Felicidade é ser, peculiar e encantada
Complexidade no querer, sensacional
E é, certamente, ao mérito reservada
Basta que o detalhe não seja artificial
Galgar degrau a degrau desta escada
Para a felicidade não nos ser parcial!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 novembro 2021, 20'20" – Araguari, MG
NOITE DE INSÔNIA
Sob a rútila luz da lua no cerrado
Nesta noite de primavera, e fria
Meu tratear, sentinela acoimado
Provoca, acossa e ao sono arrepia
Pende do pensamento um passado
Memória, sussurros e louca utopia
Tal um desalento nuvioso e velado
É está minha sensação, de ti vazia
Na janela o vento na fresta, ali chia
Um perfume seco irrompe o quarto
E cá, um aperto, me faz companhia
E a tua lembrança não fala, se cala
Para um trovador que o amor sentia
Noite de insônia e a saudade entala!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 novembro 2021, 05'08" – Araguari, MG
SONETO
Prosa d’alma! Compasso e essência!
A voz duma sensação não esquecida
Despertar da recordação adormecida
Versos rimados em sua boa cadência
Literário, ilusório, atroz ou clemente
Feliz na presença, triste na ausência
A emoção palpita a cada existência
Canção que recita o evento da gente
Tu fazes da saudade a rima singular
E da felicidade, agrado, um doce lar
Traduz a menúcia da vida a seduzir
Em ti, cada um pedaço, cada instante
Em um todo, encantador e sussurante
Tu soneto, poética que se faz sentir!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21 de novembro, 2021 – Araguari, MG
A MINHA VISÃO COMO FILÓSOFO SOBRE O FUTURO?
" Acho que os homens estarão como hoje são modernos e entregues ao inconsciente vaidoso de pretensões e ocupações. Daqui há 100 anos os homens livres poderão estragar a vida como quiserem assim como quem é preso aos impedimentos se estragam ao reduzirem seu intelecto ao ser ou coisa que o domina.
FILÓSOFO NILO DEYSON
BUCÓLICO OCASO
No fim da tarde bucólico em despedida
Cá no cerrado, o sol num agrado enorme
E o coração em ritmo rápido e uniforme
Em um prazer meu e, encanto desta vida
Me embriago com o horizonte planiforme
Belo, rubro em uma exuberância colorida
Declina o sol em sua tão poética acolhida
Alheio no apego avilto o desdém disforme
Luzidio ocaso, variegado, e tão ardente
Onde a surpresa e admiração é presente
Num rompante de fascínio, de felicidade
O fim de tarde silente e tão inteiramente
De estrelas desmedidas num céu poente
Sedução e suspiros misturado a saudade...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
23, novembro, 2021, 18’49” – Araguari, MG
MAIÚSCULO LUGAR
Eu amo o cerrado pelo que é o cerrado
Pelo fascínio na razão ao lhe conhecer
Sem importar se árido é o teu cercado
Se és diversificado e gigante no haver
Eu amo o cerrado, a tua dura natureza
O teu pôr do sol que a beleza proverá
Canto a canto tuas flores, bela certeza
Buritis, pequis, no planalto encontrará
O cerado é agrado, é só saber amá-lo
Ipês floridos, na seca, um doce regalo
E quem o conhece quer sempre voltar
É apreciar, dum cinza ao pó magenta
E nas chuvas o verde então apresenta
O cerrado Brasileiro, maiúsculo lugar!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021 – Araguari, MG
PORTA-VOZ
Cada naco do fado de que eu vivi
Resumido, desvairado e disperso
Suspirei, chorei, contentei e senti
E tudo o mais sussurado no verso
Amei, dos não amores sobrevivi
Em um trovar poético e diverso
Alguns com exatidão os escrevi
Amoroso, na imaginação imerso
Tudo passa, fugaz e tão fecundo
Poesia é vida e vive eternamente
E não é minúscula e ou teoremas
Tende. Intui. No inspirado segundo
Em cada sensação ali está presente
Deixo de porta-voz, os meus poemas
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
24, novembro, 2021, 20’07” – Araguari, MG
ABUNDANTE
Pensas tu, caro ledor, que os bardos
Vivem na sofrência, com a alma fria
Criando carência, fingindo a poesia
E tendo nos mistérios os seus fardos
Não creias que sejam tão solidários
Suspiros, agonia, os faz companhia
Traz prosa e a sensação, então, cria
Deixando coar da alma seus diários
Talvez encontre a dor com o amor
Nos versos daquele poeta pendente
Então, sinta e terás o olhar do autor
Eu, um pecante na dor e indigente
Na paixão... Sentimento a compor
Vivo abundante, que sonha, sente!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29/11/2021, 21’22” – Araguari, MG
Quando eu entro no hospital para fortalecer um paciente, não importa a sua idade, eu tenho uma regra: não posso falhar.
Então preciso estar forte, tanto físico, para usar o manto que pesa 25 killos e com a sensação térmica de 50 graus, quanto emocionalmente, para lidar com a dor de outras pessoas, e também forte espiritualmente, para enfrentar o que muitas vezes eu desconheço…
Eu sou de carne e osso, igual ao Batman, a única diferença é que eu não sou uma ficção.
