Poesias para um Futuro Papai

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Quem nos dá as maiores alegrias?
Quem nos faz amargar dores sem remédio?
Quem dá um espirro e nós que ficamos gripados?
Quem, com um soluço, nos faz desmontar em lágrimas?
Com um sorriso, faz o dia mais cinzento brilhar como só num impossível caribe?
Quem mora na nossa cabeça, como um ocupante bem-vindo e eterno?
Quem nos mostra, com todas as letras, que não somos nada, não servimos para nada, além de servir?
Quem, com uma nota baixa, consegue despertar nossa fúria?
Com um biquinho, acaba com nossa marra?
Quem nos criva de preocupações?
Nos rouba noites de sono, por uma palavra não dita, pelo telefone que não toca?
Quem nos faz acordar antes do sol, para que não se perca a hora de dizer, sem falta: presente!?
Quem nos reapresenta à vida e nos faz ver o mundo como se fosse pela primeira vez, de novo?
Quem nos revela nossa velhice e decadência?
Por quem seríamos capazes de morrer?
E ainda assim, quem nos faz imortais?

O Inseto
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.

Sou mais pequeno que um inseto.

Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centímetros queimados,
pálidas perspectivas.

Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo umedecido!

Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.

Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!

Horóscopo de mulher

O carácter é um pouco egoísta, independente, teimoso e autoritário (sobretudo para os inferiores sociais), se bem que estas qualidades sejam compensadas por qualidades sociais intensas e efusivas. Há uma acentuada ambição, sobretudo social, uma forte intuição das coisas práticas, e um grande poder de dominar, uma grande força de vontade e tenacidade. Isto apesar de ser fácil de zangar, impulsiva, tendente a ir até ao exagero em tudo, tanto que muitas vezes terá de se arrepender de actos impulsivos, cujas consequências nem sempre serão agradáveis. A excitabilidade nervosa é grande e deve sempre evitar coisas que a preocupem e tudo quanto possa incidir sobre os nervos, sobretudo as emoções muito fortes, que não tem a resistência precisa para suportar. Há uma certa propensão para a tristeza, que pode às vezes chegar até à melancolia, isto muito embora haja uma grande disposição para tudo quanto representa passatempo e diversões. Em todo o caso, há muita espontaneidade e sinceridade e uma grande impressionabilidade às coisas da vida social.

O espírito é engenhoso, imaginativo, sempre irrequieto, com facilidade em arranjar soluções para as dificuldades que lhe possam surgir, e é ao mesmo tempo preocupado e instável, sendo, porém, no fundo, intenso e violento em tudo. Há uma grande dose de subtileza e diplomacia feminina.

Fernando Pessoa
Pessoa inédito. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

(...) e vou definitivamente ao encontro de um mundo que está dentro de mim, eu que escrevo para me livrar da carga difícil de uma pessoa ser ela mesma.
Em cada palavra pulsa um coração. Escrever é tal procura de íntima veracidade de vida. Vida que me perturba e deixa o meu próprio coração trêmulo sofrendo a incalculável, dor que parece ser necessária ao meu amadurecimento – amadurecimento? Até agora vivi sem ele!
É. Mas parece que chegou o instante de aceitar em cheio a misteriosa vida dos que um dia vão morrer. Tenho que começar por aceitar-me e não sentir o horror punitivo de cada vez que eu caio, pois quando eu caio a raça humana em mim também cai. Aceitar-me plenamente? é uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda a minha palavra tem um coração onde circula sangue.
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada. Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea visão, sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um milímetro.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

As tuas mãos grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
- como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciavam ou fremiam da nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo.
como quem junta gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah! Como os fizestes, arder, fulgir, como o milagre de suas mãos!

E é ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas...
essa chama de vida - que transcende a própria vida
...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

Eu Sei (Na Mira)

Um dia eu vou estar à toa
E você vai estar na mira
Eu sei que você sabe
Que eu sei que você sabe
Que é difícil de dizer
O meu coração
É um músculo involuntário
E ele pulsa por você
Um dia eu vou estar contigo
E você vai estar na minha

Enquanto eu vou andando o mundo gira
E nos espera numa boa
Eu sei, eu sei,
Eu sei

A Fome e o Amor

A um monstro

Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,
Receando outras mandíbulas a esbangem,
Os dentes antropófagos que rangem,
Antes da refeição sanguinolenta!

Amor! E a satiríasis sedenta,
Rugindo, enquanto as almas se confrangem,
Todas as danações sexuais que abrangem
A apolínica besta famulenta!

Ambos assim, tragando a ambiência vasta,
No desembestamento que os arrasta,
Superexcitadíssimos, os dois

Representam, no ardor dos seus assomos
A alegoria do que outrora fomos
E a imagem bronca do que inda hoje sois!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

A grandeza de um ser humano não está no
quanto ele sabe mas no quanto ele tem consciência que não sabe.

“O filósofo das ruas estava se tornando mestre de um jovem da elite social. O jovem admirou o mendigo e o mendigo se encantou com o jovem. Começaram a ser amigos. Ambos viviam em mundos distintos, mas foram aproximados pela linguagem universal da sensibilidade e da arte de pensar. Uma fascinante história seria desenhada.”

(O futuro da Humanidade. - Página: 29)

Mas continue a supor. Suponha que todos os mundos, todos os universos se reúnam num único nexo, um mesmo portal, uma Torre. E que dentro dela haja uma escada, levando, talvez, à própria Divindade. Você teria coragem de subir até lá, pistoleiro? Não é possível que em algum lugar sobre toda essa infinita realidade exista uma Sala?...
“Você não teria coragem.”
E na mente do pistoleiro, aquelas palavras ecoaram: você não teria coragem.

Por um momento eu tive medo de perder o teu sorriso
E ver tornar-se opaco o que é sempre colorido...
E seguir a passos solitários e sem destino
Entoando sozinho uma leva de canções apaixonadas e tristes
Resistindo à força e a esmo neste mundo
Pela simples necessidade de ter que aprender a viver
Uma vida sem sonhos
Uma vida sem motivo...

Ouvi dizer que você tá bem
Que já tem um outro alguém
Encontrei moedas pelo chão
Mas não vi ninguém pra me abraçar, me dar a mão

Eu chorei sem disfarçar
Quando vi seu carro passar
Vi todo amor que em mim ainda não passou
Eu já não sei bem aonde vou, mas agora eu vou

Tentei falar mas você não soube ouvir tente admitir
Tentei voltar e pude ver o quanto errei
Te amei mais que a mim
Ah, bem mais que a mim, mais que a mim

Ouvi dizer que você tá bem
Que já tem um outro alguém
Encontrei moedas pelo chão
Mas não vi ninguém pra me abraçar, me dar a mão"

Eu sempre fui um tipo de garota,
Que escondia meu rosto
Com medo de dizer para o mundo
O que eu tenho que dizer
Mas eu tenho esse sonho
Bem dentro de mim
Eu vou mostrar isso, essa é a hora
De deixar você saber

No mundo quis um tempo que se achasse
o bem que por acerto ou sorte vinha;
e, por experimentar que dita tinha,
quis que a Fortuna em mim se experimentasse.

Mas por que meu destino me mostrasse
que nem ter esperanças me convinha,
nunca nesta tão longa vida minha
cousa me deixou ver que desejasse.

Mudando andei costume, terra e estado,
por ver se se mudava a sorte dura;
a vida pus nas mãos de um leve lenho.

Mas, segundo o que o Céu me tem mostrado,
já sei que deste meu buscar ventura,
achado tenho já, que não a tenho.

"A PLENITUDE DO AMOR"


Todo mundo é capaz de se lembrar de um momento, que é universal, comum a todos, talvez da primeira infância, no qual desejou amar a tudo e a todos - seu pai, sua mãe, seus irmãos, os maus, os bons, um cão, um gato, a grama - , e quis que todo mundo se sentisse bem, que todo mundo se sentisse feliz; mais ainda quando quis fazer algo de especial para que todos se sentisse felizes, que mesmo com seu sacrifício pessoal, mesmo dando sua vida para que todos pudessem se sentir felizes e alegres. Este sentimento é o Sentimento do Amor, e é preciso voltar a ele, pois ele é a vida de cada um de nós.

[ "Tudo que Você Faz deve Estar Pleno de AMOR" ]

Ser é ser além do humano. Ser homem não dá certo, ser homem tem sido um constrangimento. O desconhecido nos aguarda, mas sinto que esse desconhecido é uma totalização e será a verdadeira humanização pela qual ansiamos. Estou falando da morte? não, da vida. Não é um estado de felicidade, é um estado de contato.

Ah, não penses que tudo isso me nauseia, acho inclusive tão chato que me torna impaciente. É que se parece com o paraíso, onde nem sequer posso imaginar o que eu faria, pois só posso me imaginar pensando e sentindo, dois atributos de se ser, e não consigo me imaginar apenas sendo, e prescindindo do resto. Apenas ser – isso me daria uma falta enorme do que fazer.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Aquele que deseja continuamente "elevar-se" deve esperar um dia pela vertigem.
O que é Vertigem? Medo de cair? Mas por que temos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada sólida? Vertigem não é medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados.

Procuro ser um artesão das palavras. Escrevo e reescrevo
continuamente cada parágrafo, dia e noite, como se fosse
um escultor compulsivo.

A pessoa inteira é aquela que estabelece um contato significativo e profundo com o mundo à sua volta.
Ela não só escuta a si mesma, como também às vozes de seu mundo.
A extensão de sua própria experiência é infinitamente multiplicada pela empatia que sente em relação aos outros. Ele sofre com os infelizes e se alegra com os bem-aventurados.
Ele nasce a cada primavera e sente o impacto dos mistérios da vida: o nascimento, o crescimento, o amor, o sofrimento, a morte.
Seu coração bate com os enamorados e ela conhece a alegria que está com eles. Ela conhece a alegria que está com eles. Ela conhece também o desespero, a solidão dos que sofrem sem alívio; e os sinos, quando tocam, ressoam de maneira singular para ela.

Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?

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