Poesias do Leonardo da Vinci
Poetizar é tentar externar o interno
É tentar explicar o inexplicável
É também materializar o pensamento
Através de uma vida variável ou tormento
Poetizar é materializar a alma
Num texto que acalma
Da vida cansada
De tanto lamento
Poetizar é isso
Não tem muita explicação
Apenas vive o perigo
Tentando firmar o compromisso
Com uma ilusão
Que sentir é preciso
O que é a vida?
A vida não tem definição
É um andar sem explicação
As vezes, agir com a razão
E em outra pela emoção
Seja qual for a forma de agir
O que importa nela é sentir
Sentir tudo em tudo
Viver o dia como se fosse o último
Mas tentar fazer o possível
Pra não deixar o impossível
Estragar o imprevisível
Que a vida torna aplausível
Mestre: LHS
Aquietar a alma
É tentar pensar no nada
É encontrar descanso
Mesmo no pranto
E quando tudo estiver perdido
A alma consegue abrigar
Diante de uma mundo
Que tenta romper-se em grito
E quando existir o equilíbrio
Mesmo no agitar das águas
Tudo está desprovido
Teremos a serenidade
Diante das adversidades
Para viver no agito
Mestre: LHS
Filho
Olha a pedra
Olha a lua
Olha o mar
Olha lá!
Sua realidade atemporal me pede calma.
Assim, aquieto-me.
Quando olha me ensina a observar.
Quando imagina me ajuda a sonhar.
Mas quando dorme sou eu quem o carrega, agradecido por fazer algo por quem tanto me fez.
“Me faço de folha
Disfarço-me
Aproveito a brisa
E alço voo.
Escrevo belezas
Enquanto despercebem-me.
Concentram-se na folha
Não veem minha poesia.
Por fora
folhas de outono
Por dentro,
borboletas de primavera.”
“Dúbia interpretação deste cristal líquido que umidifica a superfície da flora. Será choro ou suor sob a pele da folha fria?
Uso do mesmo artifício e hidrato meus olhos nas madrugadas gélidas de tristeza ou quando me emociono ante tamanha beleza como essas da natureza.”
Orvalho
“Ela é como a lua
tem fases e fusos próprios.
Míngua, cresce e se re nova.
Ela é como a lua cheia
de vontades.”
“O Choro é nosso primeiro ato.
Sinônimo de fracasso na adolescência.
Com o passar da existência
Vira significado de resistência.
A fragilidade é quem prova a mortalidade.
A tristeza é a fiel da balança,
Igualadora de homens.”
Autorretrato
“Faço apologia do inútil, fomento as desimportâncias.
Não sobrevivo apenas com o indispensável. O sonho e a loucura são essenciais.
Combato o óbvio e a pobreza da
descrição, cheia de certezas
turvas, com um segundo olhar.
Troco o fato pela frase, para
abortar extremistas e ditadores.
Economizo a informação para
aumentar o encantamento.
É o jeito que encontrei de revisitar o Éden. Utopia ajuizada não é utopia.
Penso que melhor uma verdade escrita é uma beleza bem contada."
Amar o próximo
“Em suma, mesmo que não a assumamos, existe uma cadeia cíclica que quando rompida faz com que a vida perca sentido de potência. A vida serve para servir.”
Distopia.
Desajeitado, andei, falei,
pensei.
O estranho é mais poético,
cada ato é verso,
já fui poesia.
Ambição de poeta é se tornar anônimo.
Ser, e só.
Improvável, o singular não cabe
no anonimato.
Para enquadrar-me,
travesti-me de multidão.
De poesia virei prosa, prosaico.
Descomprometi-me com a rima e seu desfecho,
conotação limitou-se a denotação,
o lirismo acabou com a chegada da distopia.
Matei o poeta, limitando-o.
E de mar, virei arroio.
Já fui verbo encarnado,
hoje sou texto inconcluso.
Meu mar doce,
represa-la?
Não posso.
És livre mar...
Navegantes?
Só os que permitiu,
mas
não há ainda quem
o desbrave.
És livre mar,
de
ondas curvilíneas,
poente de toda luz.
Povoa a mente dos homens,
morada do desejo.
És livre mar,
a ti, tenho
apenas
um pedido.
Afoga-me.
Todos a quem amo deveriam saber ...
Costumo observa-los a distancia.
Para que sempre tenham a liberdade
de poder voar e ao cantar escolher o
tom e canção.
A margem espero o descanso do rio.
Ao ouvir o som de suas águas aquieto-me.
Sinto um misto de esperanças vindouras e medos pontuais.
Transbordo. Rompo diques, mas nunca é o suficiente.
Estou cansado! Contenho-me. Sustento todo um ecossistema.
Será que um dia chegarei a minha margem?
E lá chegando... será que poderei finalmente descansar?
E nesse merecido descanso... encontrarei ouvidos interessados em meus ruídos a fim de encontrar neles sua própria calmaria?
A margem espero o descanso do rio...
Quando chegar as águas
e não mais poder distinguir
o paraíso terrestre do celestial,
Mergulhe.
Quando souber que chegou
lá onde céu e mar
se tocam num beijo azul,
Mergulhe.
Afogar-se é a melhor opção.
Não tenha medo.
O ar aqui é mais rarefeito...
É o que acontece quando se vê o belo,
falta ar.
Essa falta de oxigenação te fará bem,
ainda que esse bem te mate.
Não precisa morrer pra ver Deus,
mas se quiser conhecer os seus céus
sim.
Sonho com um dia
sem pressa.
Eu, meu filho, uma praça...
deitados olhando figuras de nuvens
sorrimos.
Inspirados por ipês amarelos
florescemos. E como eles
sem ligar para a pressão das estações
vamos criando nossas próprias primaveras.
Sonho com um dia
sem pressa.
Eu e meu filho
Sorrindo...
e o tempo não tendo poder sobre nós.
Voe...
Voe porque a tempestade sempre fica,
quem passa por ela é você.
Voe...
Voe e se defenda
bata teus versos contra os que
te querem engaiolar.
Voe...
Voe e se proteja.
A armadura do passarinho é a asa.”
Abri mão das receitas
para não abrir mão mim. Quando
percebi minha vida passando
sem me mostrar quem sou,
Disse:
- Basta!
Hoje só fico onde exista amor.
Podem até sujeitar meu corpo.
Mas na minh’alma
nunca ninguém mandou.
Fiz pacto poético,
chega dos ofícios de horror!
Quando vi minha vida passando
sem reconhecer quem realmente sou,
Disse:
- Basta!
Hoje eu só fico onde exista amor.”
Com a face temperada de choro ele se despede enquanto abre a porta.
Não quer demonstrar tristeza ou fraqueza já que este era o último adeus.
Ele a ama e sabia que precisava abrir a porta para seu amor poder ir embora.
Ato mais nobre não conheço, abrir mão do objeto de seu amor para demostrar ao mesmo que continua amando...
Mal sabia que durante o próximo semestre praticamente deixaria de existir.
É mais fácil quando não sabemos a dor que podemos causar.
É mais fácil continuar quando é a gente quem vai embora.
A canção de quem fica é sempre a mais triste.
As memórias são mais difíceis de esquecer.
Ele ainda ama, por isso a porta continua aberta.”
