Poesias de Robert Louis Stevenson
A recusa da existência é ainda uma maneira de existir. Ninguém conhece, enquanto vivo, a paz do túmulo.
O dinheiro nunca falta para os nossos caprichos; somente discutimos o preço das coisas úteis e necessárias.
Não são as pessoas que são responsáveis pelo falhanço do casamento, é a própria instituição que é pervertida desde a origem.
Para a virtude da discrição, ou de modo geral qualquer virtude, aparecer em seu fulgor, é necessário que faltemos à sua prática.
As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles dos estrangeiros.
Os grandes erram sempre ao brincar com os seus inferiores. A brincadeira é um jogo, e um jogo pressupõe igualdade.
O pensamento, único tesouro que Deus põe fora do alcance de todo o poder e guarda como um elo secreto entre os infelizes e Ele próprio.
Os homens sentem uma grande atração pela esperança e pelo receio, e uma religião sem inferno nem paraíso não poderia agradar-lhes de modo algum.
Para aplicar a pena de morte, a sociedade deveria ostentar a autoridade moral de não ter contribuído em nada para fabricar esse criminoso.
Os regulamentos assemelham-se aos ritos de uma religião, que parecem absurdos, mas moldam os homens.
Os velhos invejam a saúde e vigor dos moços, estes não invejam o juízo e a prudência dos velhos: uns conhecem o que perderam, os outros desconhecem o que lhes falta.
Feliz de quem recebeu do céu um pedaço de pão e não precisa de agradecer a ninguém além do próprio céu.
Achar em tudo desordem é prova de supina ignorância; descobrir ordem e sistema em tudo é demonstração de profundo saber.
Se colocares numa parte da balança as vantagens e na outra as desvantagens, perceberás que uma paz injusta é muito melhor do que uma guerra justa.
A aparência das virtudes é muito mais sedutora do que as próprias virtudes, e quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente as possui.
Da maciez de uma esponja molhada até à dureza de uma pedra-pomes, existem infinitas nuances. Eis o homem.
Se eu fosse um fabricante de livros, faria um registo comentado das diversas mortes. Quem ensinasse os homens a morrer, ensiná-los-ia a viver.
Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas grandes qualidades, mas pelo uso que sabe fazer delas.
Nada há de mais belo e legítimo do que o homem fazer o bem e como deve ser, nem ciência tão difícil do que saber viver esta vida bem e naturalmente; e, de todas as nossas doenças, a mais terrível é desprezar o próprio ser.
O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram mas como deviam ser; e o historiador há-de escrevê-las, não como deviam ser e sim como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade.