Poesias de Mário Quintana

Cerca de 126 poesias de Mário Quintana

"Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue “imagem e ação” e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo."

Qualquer um pode se tornar um poeta quando está amando, o duro é ter que se fazer de um justamente por não estar.

As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais inprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou, nada lhes sobrou, uma vida não basta ser vivida: também precisa ser sonhada.

Com a adição de mais um dia nos anos bissextos – esse indesejado 29 de fevereiro – a gente sempre desconfia que na verdade foi vítima de uma subtração.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Cada palavra é uma borboleta morta espetada na página:
Por isso a palavra escrita é sempre triste...

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Poema Tristeza de escrever.

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A vida era muito mais intensa quando não passava, na média, de quarenta anos. Agora é um longo, um interminável arrastar de correntes: nós somos as almas penadas deste mundo.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Só as crianças e os bem velhinhos conhecem a volúpia de viver dia a dia, hora a hora, e suas esperanças são breves.

O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo.

O bicho,
quando quer fugir dos outros,
faz um buraco na terra.

O homem,
para fugir de si,
fez um buraco no céu.

Mario Quintana
As covas. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Os chinelos são um par de gêmeos obedientes, sempre juntinhos ao pé da cama, pacientemente à espera do papai, que às vezes custa tanto a chegar.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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” Querias que eu falasse de "poesia" um pouco mais... e desprezasse o quotidiano atroz... querias... era ouvir o som da minha voz e não um eco - apenas - deste mundo louco!”

(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)

A arte de escrever é, por essência, irreverente e tem sempre um quê de proibido: algo assim como essa tentação irresistível que leva os garotos a riscar a brancura dos muros.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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Velhice é quando um dia as moças começam a nos tratar com respeito e os rapazes sem respeito nenhum.

Mario Quintana
A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Há dois sinais de envelhecimento. O primeiro é desprezar os jovens. O outro é quando a gente começa a adulá-los.

Mario Quintana
Cautela!. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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O mais espantoso nos velhos é a sua falta de pressa, como se eles dispusessem de todo o tempo que teriam os moços se não tivessem tanta pressa.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O que há de mais admirável nas democracias é a facilidade com que qualquer pessoa pode passar da crônica policial para a crônica social.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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CONFUSÃO

Essas duas tresloucadas, a Saudade e a Esperança, vivem ambas na casa do Presente, quando deviam estar, é lógico, uma na casa do Passado e a outra na do Futuro. Quanto ao Presente - ah! -, esse nunca está em casa.

“ Era um lugar em que Deus ainda acreditava na gente... Verdade que se ia à missa quase só para namorar mas tão inocentemente que não passava de um jeito, um tanto diferente, de rezar”...

(trecho extraído do livro em PDF: Baú de Espanto)

As religiões cresceram entre os humildes porque aqueles que estavam por cima já se julgavam no paraíso.

Mario Quintana
Paraísos. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.