Poesias de Gregorio de Matos Guerra
Não pode fazer com que um homem comum abandone uma ideia que ele julga difícil de compreender e que julga ter compreendido.
Os que reclamam para si maior liberdade são os que ordinariamente menos a toleram e permitem nos outros.
Para mandar muito tempo e absolutamente sem alguém é indispensável ter a mão leve e, nunca lhe fazer sentir, por pouco que seja, a sua dependência.
Apenas à dos mestres-escola se iguala a ignorância dos que aqui na terra têm a jactância de haver dito uma palavra que outros antes não disseram.
O que se qualifica em alguns homens como firmeza de carácter não é ordinariamente senão emperramento de opinião, incapacidade de progresso, ou imutabilidade da ignorância.
Ninguém resiste à lisonja sendo administrada, oportunamente, com a perícia e destreza de um hábil adulador.
No mundo apenas há duas classes de homens: os que têm e os que ganham. Os primeiros deitam-se, os outros agitam-se.
Os homens poderiam parecer-nos mais justos ou menos injustos, se não exigíssemos deles mais do que podem ou devem dar-nos.
A opinião pública é sujeita à moda, e tem ordinariamente a mesma consistência e duração que as modas.
Qualquer Francês deseja beneficiar de um ou mais privilégios. É a sua maneira de afirmar a sua paixão pela igualdade.
Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor.
Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores.
Aqueles que se aplicam muito minuciosamente a coisas pequenas, frequentemente tornam-se incapazes de coisas grandes.
"Minhas mãos em seu corpo
Caminham descaradamente
Com desejo, com fervor
Com carinho, com amor
Sinto sua respiração ofegante
E o seu desejo delirante
Sinto desejo, sinto amor
Sinto a alegria de um instante
O que se passa
Muitos tentam explicar
É a transcendente
Inexplicável forma de amar"
-Desde quando você se importa comigo?
-A pergunta deveria ser ''desde quando eu parei de me importar''?
Não me leias se não entende,
O que minhas palavras dizem,
Só os que a mim compreende,
Pois as almas nunca fingem...
Sou apenas versos perdidos,
Espalhados em uma fina seda,
Que a vida com alto bramido,
Fez de minha poesia uma lenda.
Fugindo por entre espaços,
Invadida por toda emoção,
O tempo me fez em pedaços,
Clamados pelo meu coração!
As ideias têm um anverso e um reverso e é difícil averiguar qual é o lado em que está o cunho legítimo.
O ato de mandar, branda ou duramente, deve acompanhar-se de algo que faça perdoar o privilégio do poder.
Dentro de um sonho tinha muitas coisas:
Sonhei com uma bruxa que sonhava em ser fada.
Tinha um rei que não queria sua coroa.
Havia tantas pessoas ruins que diziam ser boas...
Um homem que vendia alegria, mas cultiva agonia.
Mulheres bonitas de noite, mas que não eram assim de dia.
Vegetarianos que não comiam carne de animais, mas matavam homens nas guerras frias.
Um aleijado que falava muito.
Tinha um mudo que corria de todos.
Um cego que via o futuro.
Velhos que se prostituíam.
Esse meu sonho foi assustador.
Nem parecia que eu dormia.
