Poesia Poema Natureza
Poema - Vodu
.
Dois botões
de um casaco,
duas cores
— O olhar dela —
Seu cabelo
arrancado
de almas mortas,
cheira a terra:
Com seus pontos
de remendo
( sendo pano
Empoeirado )
Seu vestido
nem os ventos —
quem ousou
Soprá-lo?
Maquiada
pelas traças,
Costurada
por aranhas —
É mestiça
é de palha
e também
porcelana!
— Das costelas
dela, um fio
Se soltando
é sombrio:
e vê caindo
das entranhas
tristes ossos
Estridentes,
Recheada
com agulhas
com unhas
E até dentes —
mais assombro
causa o nome
da boneca
De presente! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Café
.
A lenha atiça
o fogão (a)brasa —
pro fundo escuro,
o pó e a água:
Cheira a (e)coados
copos dos lábios
e aquece os corpos
como o pecado —
Odeia a boca
dos apressados
ama o silêncio,
Sofre calado,
Queima as más línguas
magoá-lo —
Ele envenena
Sem pena, amargo —
Ele envenena,
e os sonhos "Lembra
que estão acordados!" ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - dos Crepúsculos
Plena no horizonte
de negro arvoredo,
Nas brumas tardias
guardando segredos
Onde dando a luz
( mãe de pesadelos )
Ela tomou o vale,
fez das sombras reino —
Fez servos demônios,
Ela ensinou o medo
E ela — a própria lua —
sangra em desespero? ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Ensaios de uma Rosa e um Cadáver
.
Profundezas
ferrugíneas —
Nosso leito
conjugal,
Que perfumes
não declina —
Só os une
a odor mau! ( ... )
"Pouco importa
minha sina,
Estou morta
e o vermelho
É o sangue
de teus dedos —
só ferindo
meus espinhos" ( ... )
Teu caminho
de tristezas —
Teu desprezo
me venerem
Se uma lágrima
não caiu —
Se uma lágrima
há que reste —
Se por ti
sou outras mil! ( ... )
"Pouco importa
o teu amor
Contrapor —
ser meu fim,
Sou flor murcha
e ainda flor —
Entre vermes
e cupins!" ( ... )
Meu caixão
sendo adubo,
Serei teu
jardim de ossos —
E um casulo
só de moscas
Selaria
beijos nossos! ( ... )
"Há lá fora
tantos anjos,
Todos pálidos
e sem súplica —
Só reinando
a irmã morte —
Tem por trono
covas fundas!" ( ... )
Pois de inferno
farei céu —
Teus espinhos
a cercando —
Serão vasos
de caveira
E mais lindo
teu descanso! ( ... )
"Ouço um sino
badalar"
— É a igreja!
"Pouco importa"
— Silencia
tua voz
"Todos nós"
— E então chora? ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Monólogo de um anjo torto
.
Minhas asas,
minhas duas
negras asas —
Sangrarei
sem o céu
tocá-las?
Sete vezes
seu bater
Deixarei
pela estrada
– Sem que o ouçam –
e pela alva,
Sem caírem
como lágrimas!
Minhas asas,
minhas, duas,
Irmanadas
– Se abriram
debatidas
Pelo assombro
das palavras?
Choraria
nas florestas
Pelos bosques
pé de serras,
Pelas frias
madrugadas
Por tê-las,
minhas asas,
Entre estrelas
colocadas! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Um jardim estranho
As flores
deixadas
por ti
São passos
Adeuses
sem vaso,
São gestos
calados:
As flores
tem tempo
Teu tempo
Eu entendo
pois elas
– Se caem –
Também
perseguem
o vento!
As flores
deixadas
por ti
Sem ti
São nada:
Se flores
tem cheiro
de flores
Nenhuma
perfuma
a mágoas!
Mas flores
deixadas
por ti
– As flores
orvalho
de lágrimas?
Ahh
Melhor
seria
tirá-las ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Oráculo
.
São rosas de gelo
cada um de teus beijos,
És a tempestade
que assombra os outeiros
Com as folhas que caem
ouço os teus lamentos,
Fui o vendaval
quem os afugento!
Quem persigo as noites
rangendo as janelas
"Sê rios de sangue,
sou chamas de vela ...
Quem por eras e eras
eras o arrepio
És o quarto escuro
e eu em ti silencio
Eu, simples telhado,
fostes minha chuva
Nunca foram lágrimas,
era a espera tua! ...
Campos neblinosos,
de amor nuvens negras
E o amor, flor dos olhos,
'úmido de estrelas!
Sou hoje a madrugada
serei os teus fantasmas
e até o anjo negro:
Tudo serei, amada,
amando em segredo! ...
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Sete
.
Ela espalha
sete passos
pela sala:
Sete danças
Sete Saias
para cada
Os seus olhos
são feitiços
Os seus lábios
duas taças
Ela chove
pelos cantos
Sete flores
são seu pranto
Se sorri
Sorri estrelas
( Estou escuro
de vê-las! )
Sete vezes
me chamou
Sete vezes
me calei
Para ouvir
sua voz
Sete amores
decifrei
Fui encruza,
cemitério
Alma errante,
bode velho
Fui a gira
e a canção
Dos humores
que a cercam
( Divisores
da paixão )
Se as cortinas
anoitecem
Seu mistério
me confina
Se andarilha
segue os ventos
Eu respiro
seus amores:
Suas dores
meus delírios
( Bem versados
de magia! )
Pela pele
seus suspiros
E a palavra:
"Pombagira!" ...
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Minha elegia
.
Emudecida
pelos meus dedos
como me sinto,
não mais escrevo —
Sou dominada
pelas palavras
cheias de medo:
Minhas mãos tremem —
tocam a folha
como o meu espelho,
rabiscam a alma
que não desejo:
Minhas mãos mentem,
mentem pra mim
tudo o que leio —
mentem meu nome,
o meu silêncio,
Mentem meus olhos,
os meus tormentos:
Minhas mãos sentem,
minhas mãos sabem,
sabem que mentem
( Falam de mim
como mão estranha —
tão monstruosas
quanto as mãos frias
nos pés da cama )
Falam de mim
como vizinhas
divorciadas
da solidão,
ainda sozinhas —
Falam de mim
com as palavras
esquartejadas
de quem Canta
a própria história,
de quem Conta
as próprias mágoas:
Minhas mãos tolas —
Elas acham
que ainda acredito
que os meus fantasmas
São esses, Escritos
Esses seus versos
de meus "Achados",
nunca perdidos! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Nergal
.
Ruje, oriente!
Quem as sementes
frias de Nero
Sequer poupou! —
Quem vocifero
como as cabeças
dos próprios corpos
que separou! —
e eis o evangelho
Escrevendo ossos
pro meu Senhor:
São gloriosas
as pestes, rastos
de tua espera —
Quem contou do homem
que bebeu o rio
sedento que era?
Quem contou do homem
sangrando o outro homem
fazendo rios
Cheios de guerra?
Ele disse antes
Serem de sangue,
as mesmas águas,
O mesmo rio?
Sol de Meslam!
Quem sorriu
para as estrelas
que fulgiam
aos teus pés?
Quem contou do homem
como Meslam
Cruzando abismos,
Sem seu revés?
Quem conjurou
próprios demônios
que cercam Ela —
Ereshkigal?
Quem rugiu —
Leão abismal —
que até de Enlil
Cessou-se o sopro? —
Quem contou do homem
como Nergal? ( ... )
Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Asmodeu'
.
Em Sodoma
há um Rei —
Três coroas
de Gomorra
sobre o alado
de uma roupa
Ostentadas
pelo Rei!
Cospe fogo
de uma boca,
Seu dragão
entre as outras —
Assim é
o seu Rei:
Em Gomorra
há um Rei —
Dois calçados
de Sodoma
pés cobertos
com a escama
e as peles
de outro Rei! —
Ele corta
o inimigo
e as cabeças
de seus filhos
Só usando
da ciência
dos saberes
do destino
e a distância
dos mil Sóis:
Esse rei
é perverso
Com as artes
que corrói! —
Tem na palma
o universo
que ele forja
fúria e ferro
tanto o quanto
pesa em ouro!
Usa a lança
como escora
nadadeiras
Tem por fora
de onde contem
Seu tesouro —
e donde eu ouço
Feros feitos
que ele ensina
Como somem! —
das mulheres
tira o feto,
Come os restos
de seus homens! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Mulambo
.
Lua tão linda
o que ilumina?
O que ilumina
junto às velas?
Quem será ela
vestindo a treva?
Quem será ela
a lady andarilha,
bruxa perversa?
E será dança
ou será trilha
o que seu passo
nunca revela?
Que é a noite
senão uma saia?
O que são rosas
se anda descalça?
Trapos de linho
manchas de vinho
suas pegadas
Domínios seus
são por onde ando
sombras que avisto
seda que visto
e ela Mulambo
Desde a sarjeta
à silhueta —
É meretriz
será donzela!
Por tantas bocas
feita bitucas
A tantas línguas
que, amor, iluda
nenhuma soube
de seu mistério,
Deixo a critério:
"quem será ela?" ...
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Cramulhão
.
Eu vi um homem
empalhando
o Diabo —
Sangrou um bode,
deu lhe o casco
Serrou os chifres
coroados —
Costurou asas
de morcego,
Deu lhe as unhas,
deu lhe pêlo,
Deu focinhos
perfurados,
Deu lhe as barbas
por cabresto —
E da crista
de dois galos
fez lhe o rabo
mais vermelho!
De um de briga,
degolado
Tirou lhe olhos
e esporões —
Seus três pés
espetados
bem servidos
de aguilhões —
Um bastardo,
só bastando
Dar lhe a língua
de nações! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Senhor Escuro
.
O canto
das sombras
é meu —
Atrás
da Cruz
Capaz
de Deus —
Componho
o sonho
e a estrela,
A noite
é minha
e sempre
é negra —
Sou feito
clareiras
de lua,
Um verbo
obscuro
e o muro
às nuas,
Sou as mãos
de árvore
na fresta
— Tremendo
a chama
das velas!
Nem mesmo
a luz
— Ciúme
o dela —
Sem mim
ousou
seguir
as trevas! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - A quatro paredes negras
.
Oh meu telhado!
O quanto geme
de ventanias
o meu telhado?
Minhas paredes
hoje mais frias
que a chuva fria
quem as deteve?
Minha janela,
por quem rangias
por que te abrias
a noite e trevas?
E a minha cama?
Sozinha dorme
nua dos corpos
dos que se amam!
Diz, madrugada,
cada fantasma
é no silêncio
em que se guarda?
Sou solidão
quarto vazio
porta trancada! ...
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Montanha
.
O que és
quando a Lua
a teu lado
Se põe Nua
e nublada
tu te escondes
Só — Temendo
a volúpia?
O que és
quando a Noite
por ti passa —
Como pôde
a deixar
no horizonte?
O que és
como as nuvens
entre as fontes
Quando os homens
nunca olham
pras alturas?
O que és
junto as árvores
não conjuras
que declarem
Pelas brumas
deste vale —
bem mais plenas
pela tarde
Quando as sombras
são só uma?
O que és
para o Sol?
De ti nasce,
de teu colo —
Sangra longe
de teus olhos
e só volta
por vê-la
enlutada
entre estrelas!
O que és
para os deuses? —
nem mulher
e nem homem!
Se estás triste
és cachoeira
e os seus corpos
só te acolhem —
Mas se te ergues
até eles,
treme a terra,
Todos fogem! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Menina, mulher, que intimida atitude
De quem sabe o que quer, mesmo que o tempo mude
Ela é sol, é verão
É poema, é canção que alegra o meu coração
Eu sou a impulsividade e a calmaria.
A tempestade e o sol que brilha.
A mulher e a menina.
Eu sou MIL e sou única.
Sou Alma.
DEIXA CRISTO NASCER
Desce a noite lenta sobre a terra,
Bela e triste, quase irreal!
Bela demais em seu sublime encanto,
triste demais para nascer um santo:
Nasce Deus no primeiro Natal.
À ordem de César, Belém regurgita,
anima a cidade o decreto real:
cheia demais está a hospedaria,
à virgem cansada resta a estrebaria:
Nela nasce Deus no primeiro Natal.
Pastores que velam na escura montanha,
ouvindo a nova do coro angelical,
deixam o rebanho, em busca da luz,
primeiros crentes, vão ver a Jesus:
Adoram a Deus no primeiro Natal.
Sábios, a espera do doce milagre,
reconhecendo a estrela divinal,
deixam o Oriente, trazendo um tesouro,
simbólica oferta: mirra, incenso, ouro:
presentes para Deus no primeiro Natal.
Homem, não maldigas tua sorte incerta,
Não tornes vã a noite sem igual.
Que importa Jesus tenha nascido?
Que importa Ele tenha sofrido?
Se ele não nascer em ti neste Natal?
Deixa o orgulho, a indiferença, o ódio,
sê humilde e crente, abandona o mal.
Não faças do teu coração hospedaria,
onde lugar para Cristo não havia:
dá lugar a Deus neste Natal.
Aceita a história simples da estrebaria,
a estrela linda, o coro angelical.
Entrega teu coração em mística oferta.
Em tua alma haverá paz, no céu haverá festa,
se Cristo nascer em ti neste Natal!
Gato
Gato nasce
Gato cresce
De manhã é gato
De noite é pantera
Presas, garras e saltos de fera
Gato não espera
Gato não "manera"
De um gato oque se pode esperar?
Lhe dê muita atenção
E com certeza ele te morderá
Gato é diferente
Gato muda a gente...
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