Poesia Carinho Machado de Assis
" E o ouro brotou da terra, do mar
como o calor brota das entranhas
para caminhar devastando o medo
numa obra de ninguém ver
sobrou até para o presente
que de louco tinha tudo
inclusive um passado a esconder...
" Movam-se mundos, rezas
crenças, correntes
Deus, que seu grande poder nos salve
da agonia de podermos fazer tão pouco
ou quase nada
a não ser esperar
vida e vida
novamente e sempre
em primeiro lugar...
Soneto do desejo
Às linhas azuis a quem escrevo
desejo uma curta vida de aventuras
desejo o medo de não temer as alturas
desejo o desejo de ser imatura
Desejo que reveja a assinatura
desejo que misture sua loucura
desejo que mate e descubra a cura
desejo que releia as escrituras
Desejo paz a pele escura
desejo vida a quem é pura
desejo fruta que esteja madura
Desejo mais de mais cultura
desejo curvas as esculturas
desejo amor a esta jura
[A nossos filhos]
talvez seja mais importante
mostrar que há
força na fragilidade
do que supor que há
fragilidade
na [pretensão] de se forçar.
No modo automático
O tempo passando rápido.
Anos e anos se passam,
e não me sinto realizada
Por que sinto que fui programada,
eu que estou funcionando
no modo automático.
Acabou-se as vontades,
acabou-se a paixão.
E não consigo mais ver
a luz, ou a razão
para continuar lutando
Sigo no modo automático,
para o bem dos que me rodeiam,
e ninguém nem percebeu,
que faz tempo que não estou mais presente.
Sou somente uma casca,
uma boneca robotizada!
A Saudade e os Cincos Sentidos:
A saudade por si, não existe: mas, sorrateiramente, se faz presente enquanto se apodera dos nossos sentidos, arrancando suspiros.
Surge do nada, invade os nossos sentidos, ocupa os ouvidos, adentra pela ponta do nosso nariz e vai até os lábios paralisando o tato e o paladar, até que, de forma ingrata, some enquanto se dissolve pelas pontas dos nossos dedos.
Ela acende em nós as marcas de tudo o que se foi: aromas, sons, sabores, lágrimas, sorrisos e até o arrepio do toque dos ventos.
A saudade é o motor dos nossos sentidos sem presenças físicas e eu desafio a ciência a dúvidar disso.
Saudade, você nâo existe! risos...
E juntando-se aos seus, mentia e embalava o coro:
Joga pedra no José
Joga bosta no José
Ele é bom para apanhar
Ele é bom para cuspir
Ele come qualquer um
Bendito José...
E viva Chico Buarque que me arrancou risos que apertaram os meus olhos chorosos, com a sua poesia universal.
Eu me tornei mesmo um imundo no seu mundo!
" A gente nunca perde o que não tem
eu nunca te perdi
porque nunca te tive
você também não me perdeu
porque nunca me teve
então assim amor
estamos empatados...
JEITINHO MALANDRO
Esse jeitinho malandro de me conquistar
esse jeitinho dengoso de me possuir
Essa carinha de anjo me entorna a cabeça
Fica fazendo charminho, não me deixa dormir
E eu fico fora do mundo, não sei o que fazer
Escreve versos de amor para te agradar
Não sei se é fantasia tudo isso que sinto
É esse jeitinho malandro de me conquistar
Te escrevo dos pés à cabeça e te pinto no avesso
Leio o teu pensamento prá frente e prá trás
Te faço dormir no meu colo mordendo teu queixo
E esse jeitinho malandro me pede arrevesso !
o amor tem a grandeza de jamais ser igual da mesma forma que nunca atravessamos o mesmo rio duas vezes
pode-se amar várias vezes e o amor será sempre original e único
Ao longo do tempo, fui plantando sonhos e me esquecendo do feijão.
Assim, fiquei aí pela vida, semeando utopias e colhendo solidão.
Descobri-me enfim, um adicto da poesia, injetando-a diariamente em minha veia e hoje, embora possa, por vezes, estar de estomago vazio, minha alma permanece cheia.
noite fria
com ventos nas ruas cantando sem rima
uma mulher gelada e nua em plena rua
acenando a mão para o céu.
e o gelo caindo sobre o véu da noite
gelando-me a carne sem piedade
eM todas as noites frias, ficava contemplando serena
o frio, plantado na alma do ser que habita
as faces das nuvens cinzentas
queria ser fogo e esquentar a terra
mas cada vez mais me encolho
com receio de virar pedra...
...........
e vem o dia...
sem a dança do sol nos arredores dos montes...
ciça b. lima
( in "balada do inverno triste " do livro "só poemas" )
Cada uma das pessoas deste mundo
É um verso, de uma estrofe
Das muitas que compõem ...
A eloquente poesia
A que chamamos de vida
pouso a mão exausta
na circunscrição do objecto
demorado no meu tempo
chamo-lhe qualquer coisa
circunciso-lhe a consistência
porque não há segredos
no universo exacto
a memória não é exacta
os pés da terra são
terríveis hastes moles
árvore que se dança
é tudo quanto basta.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "a mão exacta")
multiplicam-se sombras
ténue pestilência
sigilo absoluto
infestam mudas
o chão
a parede
o tecto
e a alma
à luz da noite
brotam
impetuosas
precipitando a diáspora
do corpo humano.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "infestação")
no silêncio metamórfico das rochas
irrompendo do solo como um trovão
o tímido ladrar canino da alcateia
constitui o único vestígio humano
abandono absoluto no tempo presente.
homens íngremes de outrora ergueram
na imponente altura dos mistérios
cruzes dispersas como faróis acesos
liturgia imóvel dos mil cataventos
apontando ao destino o seu caminho.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "aldeia dos cães")
de que vale o consolo humano da lágrima
trespassando a carne viva do coração
se são os meus horrendos e gigantes pés
ágeis pincéis que sangram no céu escarlate?
(Pedro Rodrigues de Menezes, "inutilidade da lágrima")
nunca o meu corpo abstracto
na sua infinita aritmética
encontrou a geometria da mão
que o elevasse ao quadrado
multiplicador da sua raiz.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "obtusidade no corpo")
o parco roçagar da frondosa giesta
acesa pelo vento como um chicote
acelera em mim a lúcida consciência
de que as árvores, procurando o solo,
regressam ao útero que as gerou
por isso também eu caminho pleno
um homem plano sobre outro plano
uma luz, um astro cego, um abismo
desenhando um círculo com palavras
no misterioso alfabeto da criação
vou enchendo a boca de terra
vou abraçando a morte iminente
porque tudo em mim é imediato
o grito, o eco e o súbito silêncio.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "cabo de gata")
uma crisálida indecifrável
que respirasse
na perpendicularidade
das minhas pálpebras
como uma força
vibrante e extraordinária
a desenhar as novas veias
fartas e cálidas
do dogma
filosofia ou religião
paradoxais
um paradoxo forte
imbatível e irrefutável
que fizesse esvoaçar
a inércia do verão
que é na memória póstuma
dos outros
o solstício
permanentemente sombrio
uma silhueta contendo
os risos verdes
lá atrás
onde os braços descansam
nus
no imponente esquecimento
do mundo.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "crisálida indecifrável")
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Poesia de amigas para sempre
- Frases de carinho e amizade para expressar gratidão e afeto
- Poesia Felicidade de Fernando Pessoa
- Poemas de amizade verdadeira que falam dessa união de almas
- Poemas de Carinho
- Poemas para o Dia dos Pais (versos de carinho e gratidão)
- Poesias para o Dia dos Pais repletas de amor e carinho