Poesia Agua de Mario Quintana
Quem sou eu?
Sou quem o injusto,
o invejoso,
o falso,
o preconceituoso,
o hipócrita e o mentiroso
jamais serão.
Sou meu próprio espelho,
olho no meu olho e vejo meu coração.
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
DE funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
com o poema do tempo.
E afinal há uma sutil diferença
em nosso amor,
(ninguém o diz)
tu...queres ser feliz,
eu, quero te fazer feliz!!!!!
Lembranças de Um Amor Passageiro.
Um dia tive ao meu lado um grande amor,
tudo era perfeito quando estávamos juntos
viviamos cada momento como se fosse o último,
aproveitarmos a vida juntos era nosso lema.
Curtiamos cada oportunidade dada por
Deus, muitas viagens, festas etc...
mas um dia o sonho acabou, todos as
oportunidades pareciam ter sido dadas,
não havia mais nenhuma, foi quando
a realidade voltou, tudo era muito bom;
nossa vida juntos eram só de momentos
felizes.
Não queria ter acordado daquele sonho
mas a vida é uma caixinha de surpresa
e hoje sinto tua falta. nossos momentos
juntos podem terem acabados, mas nossas
lembraças sempre estarão guardadas em
nossos corações.
Sei que sou eu, durante o tempo em que me omito,
Apenas não sei quem sou, quando estou me enganando.
Seu gosto ficou em minha boca.
Seu rosto em meu pensamento.
E a minha dúvida é quanto de mim
restou em você.
Sou réu de amor
Confesso o meu pecado
Porem não me arrependo desse crime
Que amar alguém e talvez não ser amado
Seja o crime mais gostoso e mais sublime
A confissão por certo não redime
A quem quer continuar culpado
E se eu for por acaso condenado
Não há razão para que desanime
Pelo contrário, altivo, embora fique
Meu coração partido em mil pedaços
Eu quero que a justiça se pratique
Sou réu de amor e julgo-me indefeso!
Pela justiça, entrego-me a teus braços
Pois eternamente quero ficar preso...
Dália
Só queria te pedir desculpas...
Desculpa ter errado tanto
Desculpa se não fui forte o bastante
Mas achei que nosso amor fosse suficiente
Desculpa se não tive coragem de dizer tudo que sentia
Desculpa por todas as vezes que eu gritei, briguei e fingi não me importar
Desculpa por não ter te ligado, não ter te procurado
Desculpa as vezes que você esperou, as vezes que você tentou.
Me desculpa se eu te magoei, se eu te fiz chorar, se eu fui a causadora da tristeza em seu olhar
Desculpa se eu fui embora e não me despedi
Se eu pudesse voltar no tempo, não teria partido seu coração
Desculpa se eu não estava aqui quando você precisou
Se eu não enxuguei suas lágrimas quando você chorou
Se eu não te abracei quando você estava com medo
Desculpa por não ter estado ao seu lado
Onde quer que você esteja
Todos os dias
Por todo meu caminho
Cada passo que eu dou
Eu sinto sua falta
Daria qualquer coisa para ouvir sua respiração
Todas as noites eu rezo por você
Sei que você ainda vive após sua morte
E em algum lugar você está olhando por mim
E todos os dias eu irei sentir sua falta.
Bem sei que estou pagando caro,em sofrimento,
a alegria que colhi.
Mas valeu.
Felizes os que ainda tem a lembrança do sol
quando chega a invernia.
E porque o conheceram,
e o sabem além das nuvens,
ainda sonham e esperam por um novo dia.
30- SEM CORAÇÃO
Que eu não tenho coração
não és tu, sou eu que digo...
como hei de ter coração
se tu o levas contigo?
Lembra-te, quando fomos condenados
a magoa eterna da separação,
e a dor, o exílio, os anos fatigados,
me houverem corroído o coração;
pensa no extremo adeus, nesta triste existência!
Para quem ama, o tempo é nada, e é nada a ausência.
Meu pobre coração, até morrer,
sempre te há de dizer:
Lembra-te!
Lembra-te
ainda quando paz sem termo
ele, extinto, gozar na terra fria;
e quando, em meu sepulcro, a flor do ermo
Desabrochar suavemente um dia!
Não mais tu me hás de ver;
mas, onde quer que vás,
junto de ti minha alma - irmã fiel - terás!
E, alta noite, hás de ouvir a voz desconhecida,
murmurando sentida:
Lembra-te!
Crepúsculo
Na hora em que o dia
não é mais dia,
em que a noite
não é noite ainda,
tudo é magia,
e o céu parece
veludo furta-cor
escorrendo das mãos vazias.
O que é que é
que todos sentem
é igual e diferente
e sendo comum a todos
é sempre pessoal
e dependente?
O que é que é
que na batalha vence
o cabo e o general
que se dá no peito
de pobre e industrial
e transforma santo
em marginal?
O que é que é
que se pensa coisa humana
mas tem força animal
e sendo comezinho
é também transcedental
e posto que concreto
é abstrato e real?
O que é que é
que não se pode interromper
como se fosse vício
e a que a gente se entrega rindo
ignoranto o suplício.
Que coisa é essa
para o qual o médico
não tem medicamento
o engenheiro
não tem compasso
o ator
não tem disfarce
e o jardineiro
mesmo arrancando
nasce?
O que é que às vezes
começa sorrateiro
sem ser sentido
que não se tendo antes
experimendato e vivido
quando surge
é logo reconhecido?
que faz do mais tíido
atrevido
e do mais afoito
comedido
que quando mais cortado
mais comprido
e prazeroso
mesmo sofrido?
Oque é que é?
Quem souber
Sabe o que eu digo.
Dê valor às pequenas coisas do dia a dia.
Distribua sorrisos, junte um papel do chão,
ajude um deficiente seja ele físico, mental ou espiritual.
Faça o bem e o bem te retornará, lhe trazendo as respostas da sua vida.
O quarto em desordem.
Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
que não se sabe como é feita: amor,
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar
a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais defeso, corpo! corpo, corpo,
verdade tão final, sede tão vária,
e esse cavalo solto pela cama,
a passear o peito de quem ama.
O mundo morrendo, o que está acontecendo?
A natureza pede socorro enquanto você diz:
"Foda-se o povo, eu tô é vivendo."
Seu filho sofre efeito borboleta do que você está fazendo.
Depois que te foste
sou como um cais vazio.
Faltam bandeiras , faltam apitos , faltam amarras,
Falta o navio.
A sós ...
Como duas gaivotas
na solidão do céu,
em pleno mar,
sonhando no ar...
A sós
como duas mãos quando se procuram
e se encontram,
sem voz...
Como eu e tu
quando somos nós
a sós...
MEDITAÇÃO DO DUQUE DE GANDIA
SOBRE A MORTE DE ISABEL DE PORTUGAL
Nunca mais
a tua face será pura limpa e viva,
nem teu andar como onda fugitiva
se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
do teu ser. Em breve a podridão
beberá os teus olhos e os teus ossos
tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
sempre,
porque eu amei como se fossem eternos
a glória, a luz e o brilho do teu ser,
amei-te em verdade e transparência
e nem sequer me resta a tua ausência,
és um rosto de nojo e negação
e eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
Nunca mais te darei o tempo puro
Que em dias demorados eu teci
Pois o tempo já não regressa a ti
E assim eu não regresso e não procuro
O deus que sem esperança te pedi.
Sophia de Mello Breyner Andresen
