Poemas Vinicius de Moraes o Lago
Cuidado! A vida é pra valer.E não se engane não, tem uma só. Duas mesmo que é bom, ninguém vai me dizer que tem sem provar muito bem provado, com certidão passada em cartório do céu, e assinada embaixo: Deus! e com firma reconhecida.
A vida não é de brincadeira, amigo.
Nota: Trecho adaptado da música "Samba da bênção", composta por Vinicius de Moraes e Baden Powell.
...MaisSou um crente - e por que não o ser? A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer!
Não há mal pior que a descrença, mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão.
Você bem que podia me aparecer nesses mesmos lugares, na noite, nos bares. Onde anda você?
...E ela virá me abrir a porta como se fosse uma velha amante. Sem saber que é a minha mais nova namorada...
Comprovei que, quase tudo o que já foi escrito sobre o amor... é verdadeiro.
Shakespeare disse: as viagens terminam com o encontro dos apaixonados. Que ideia mais extraordinária! Pessoalmente, nunca experimentei nada, ou algo parecido. Mas estou convencida de que Shakespeare, tenha. Suponho que penso no amor mais do que deveria. Admira-me constantemente seu poder esmagador de alterar e definir nossas vidas. Também foi Shakespeare quem disse que o amor é cego. Pois bem, estou segura de que isso é verdade.
Para algumas pessoas, de forma inexplicável o amor se apaga. Para outras, o amor singelamente se vai. Mas é claro, o amor também pode existir, mesmo que só por uma noite. No entanto, existe outra classe de amor mais cruel.
Aquele que, praticamente mata suas vítimas. Chama-se "amor não correspondido" e nesse tipo... sou experiente. A maioria das histórias de amor fala de pessoas que se apaixonam entre si. Mas o que acontece com os demais? E as nossas histórias? Aquelas que nos apaixonamos?
Somos vítimas de uma aventura unilateral. Somos os amaldiçoados dos seres queridos. Os seres não queridos. Os feridos que se valem por si mesmos.
Os incapacitados sem estacionamento reservado.
Castanho-luz
Meu mundo está castanho:
Meus sonhos
Minhas músicas
Meus poemas
É a cor dos teus olhos que combinam tanto com o tom da tua pele clara e voz amiga.
Não preciso negar que afundei
Mergulhei de vez
No mar castanho-luz dos olhos teus.
[...] isto não é um poema. Poemas são um tédio, eles te fazem dormir.
Estas palavras te arrastam para uma nova loucura.
Você foi abençoado, você foi atirado num
lugar que cega de tanta luz.
O elefante sonha com você agora.
A curva do espaço se curva e ri.
Você já pode morrer agora. Você já pode morrer do jeito que as pessoas deveriam morrer: esplêndidas, vitoriosas, ouvindo a música,
sendo a música, rugindo, rugindo, rugindo.
Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência.
Não tenho frustrações porque vivi como em um espetáculo.
Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile.
Sou como Edith Piaf: "Je ne regrette rien" (não lamento nada).
Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência.
Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo.
Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile.
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Nota: Trecho do poema "Autopsicografia", de Fernando Pessoa.
Quem sabe um dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
A amizade consegue ser tão complexa.
Deixa uns desanimados, outros bem felizes.
É a alimentação dos fracos
É o reino dos fortes.
Faz-nos cometer erros
Os fracos deixam se ir abaixo
Os fortes erguem sempre a cabeça
Os assim assumem-nos.
Sem pensar conquistamos
o mundo geral
e construímos o nosso pequeno lugar,
deixando brilhar cada estrelinha.
Estrelinhas.
Doces, sensíveis, frias, ternurentas.
Mas sempre presentes em qualquer parte.
Os donos da amizade.
Sê
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Coisa amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doí
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Para aplicar a pena de morte, a sociedade deveria ostentar a autoridade moral de não ter contribuído em nada para fabricar esse criminoso.
Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles.
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente
Eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida