Poemas Vinicius de Moraes Mulher Cancer
Eu não sou nada. Eu nunca fui nada. Eu só sinto. Sinto tanto que não tenho tempo pra outra coisa. Se me perguntarem o que levarei daqui, do que levarei da vida, posso dizer que apenas os meus pensamentos. As minhas tristezas, pra ser mais honesto. As minhas inúmeras mágoas. E, principalmente, o desejo de saber se depois de anos e anos, eu ainda faria alguma falta.
Eu não consigo dormir, eu não consigo fazer sequer outra coisa senão chorar. E pesar o que tenho, quem eu sou, onde estou e concluir que o que fiz até aqui foi tão pouco. Foram só rastros. Foram só farelos jogados pelo caminho. Eu não tenho história, eu não tenho laços, eu não tenho identidade... Eu só tenho a mim mesmo tentando suportar cada dia que passa. A vida sorri, inquieta, me jogando um outro coração tão doente quanto o meu, mas nem isso eu sei valorizar. Eu nunca sei valorizar nada, porque isso também não nos ensinam. Ensinam só o que é obrigação. Nos ensinam só que um dia encontraremos o caminho da felicidade e que tudo passará a ser mais fácil, mas não é verdade. A cada dia que passa a vida pesa mais, ela te empurra pra baixo, as pessoas te empurram pra baixo, o sempre se torna mais uma palavra vazia e a solidão é tudo o que sobra. Eu fico imaginando o quão fácil seria se a solidão fosse física e não um sentimento, porque só assim o pra sempre teria sentido e as pessoas seriam completas.
Mas eu vou continuar tentando e juro por Deus, amanhã eu vou tentar com todas as minhas forças ser alguém melhor pra quem quer ser alguém melhor pra mim. Tem feridas que nunca cicatrizarão, tem vazios que nunca serão supridos, mas tem sentimentos que nos fazem esquecer o quão difícil a vida é. E é por essa pessoa, é por esse sentimento que eu continuo lutando.
Porque para algumas pessoas
é fácil simplismente dizer adeus, enquanto para mim foi tudo tão intenso? Tudo
tão real
Hoje em dia os seres humanos,
não andam merecendo amor nem dos próprios animais.
(desculpa sociedade)
SE EU SOUBESSE
Se eu soubesse a dimensão do amor que sinto por você, jamais teria algum tipo de desentendimento.
Se eu soubesse o quanto você me faz falta jamais me afastaria de você um segundo sequer.
Se eu soubesse o tamanho da alegria que é estar ao seu lado jamais ficaria ausente um instante.
Se eu soubesse a tristeza que é a minha vida sem você nunca teria me afastado.
Se eu soubesse o quanto nossa cama é grande sem você, jamais deixaria que dormisse uma noite longe de mim.
Se eu soubesse o quanto é triste nossa casa sem você, jamais permitiria você se ausentar.
Se eu soubesse como a hora do almoço é insípida sem sua presença, não teria deixado de almoçar com você um dia sequer.
Se eu soubesse o quanto o café é amargo sem sua presença, jamais teria deixado de ir tomar um café contigo tantas vezes.
Se eu soubesse que estar ao seu lado é a mais pura felicidade, jamais teria ficado emburrado perto de você algum dia.
Se eu soubesse tudo isso, hoje não seria esse homem com o coração partido, chorando pelo amor perdido, arrependido, pedindo a DEUS a todo instante que me traga você de volta.
O AMOR NÃO CONHECE SUA INTENSIDADE ATÉ A HORA DA SEPARAÇÃO
Cansei de fazer "isso" ou deixar de fazer "aquilo", porque é certo ou errado.
Cansei de tratar com educação quem merece ignorância.
Cansei de dar atenção a quem merece meu desprezo.
Cansei de dizer sim, quando queria dizer não. De mesmo estando mal, distribuir sorrisos e fingir que está tudo bem.
Cansei de hipocrisia, de ter que falar o que agrada e não o que penso.
Cansei de alimentar falsas esperanças. De sonhar, idealizar algo, criar expectativas e no final dar errado.
Estou cansado de ver que a primeira vez é a última chance, estou cansado de ser mal interpretado.
Cansei de nadar contra a maré.
A donzela casta e sincera que supunha vir encontrar desaparecia para dar lugar a uma mulher de coração pérfido e vulgar espírito.
O arriscar
Existe situações no qual nos confunde, nos balança, nos encanta.
As vezes estamos estruturados, estabilizados e jamais arriscariamos em algo que nao foi planejado.
Mas a vida nao teria graça se tudo fosse correto, concreto, sem aquele gostinho do incerto.
Aos olhos dos outros uma loucura, da minha mente uma aventura, no qual desafia minha estrutura.
Enquanto muitos nao faria, eu faço. Deixando pra trás todos os laços. Com medo de cair a cada passo.
E a loucura se torna coragem, com um tom de selvagem, um instinto sem nenhuma margem.
Se vai dar certo eu nao sei, so sei que arrisquei, sem ter medo se perdi ou se ganhei.
Eu jogo pra ganhar, nao sei perder sem lutar, enquanto muitos pensam eu quero jogar.
Sera que vale lutar por tudo isso? Assumir com si proprio um compromisso? De tentar apostar nisso?
Eu prefiro descobrir tentando, Como em um jogo eu estou apostando, a certeza so terei arriscando.
Arrisque!
Foda é quando você descobre,
que a luta que mais sonha em vencer,
é a unica que você não lutou,
e que agora o prazo acabou,
tem outro no lugar onde você mais queria estar...
O câncer irá me matar? Talvez. Mas durante um bom tempo ele vai ficar se perguntando quantos mais iguais a este velho chato. Porque eu irei lutar.
POEMA
A minha vida é o mar o abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.
Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.
Rasas na altura da água
começam a chegar as ilhas.
Muitas a maré cobre
e horas mais tarde ressuscita
(sempre depois que afloram
outra vez à luz do dia
voltam com chão mais duro
do que o que dantes havia).
Rasas na altura da água
vê-se brotar outras ilhas:
ilhas ainda sem nome,
ilhas ainda não de todo paridas.
Ilha Joana Bezerra,
do Leite, do Retiro, do Maruim:
o touro da maré
a estas já não precisa cobrir.
O Engenheiro
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
A um rio sempre espera
um mais vasto e ancho mar.
Para a agente que desce
é que nem sempre existe esse mar,
pois eles não encontram
na cidade que imaginavam mar
senão outro deserto
de pântanos perto do mar.
Por entre esta cidade
ainda mais lenta é minha pisada;
retardo enquanto posso
os últimos dias da jornada.
Não há talhas que ver,
muito menos o que tombar:
há apenas esta gente
e minha simpatia calada.
Poemas seriam perda de tempo?
E notas de rodapé?
Se ainda vale a matemática
que me ensinaram,
dois números negativos
multiplicados
resultam num número positivo.
Espero que
uma perda de tempo
ao quadrado
seja um ganho... de tempo.
nascemos em poemas diversos
destino quis que a gente se achasse
na mesma estrofe e na mesma classe
no mesmo verso e na mesma frase
rima à primeira vista nos vimos
trocamos nossos sinônimos
olhares não mais anônimos
nesta altura da leitura
nas mesmas pistas
mistas a minha a tua a nossa linha
Não consigo escrever
sem pensar em você
poemas de amor
sonetos de paixão
musicas que vem do coração
ao pensar no seu sorriso
em seu olhar cheio de brilho
meus pensamentos vão longe
vagando no infinito
começo a escrever
não consigo mais parar
pois no meu pensamento
você sempre vai estar
isso é coisa de louco
pra quem não conhece o amor
para mim é mais um dia
de escrita ao meu amor...
“espero mandar pra você mais alguns poemas
logo, porque acho que
as pessoas que publicam meus poemas são meio
loucas, mas tudo bem. eu também sou.
seja como for –
Espero,
nesse ínterim
que vocês não desistam
antes
que eu
desista.
c.b.”
