Poemas Vinicius de Moraes de Mar
Se você vier eu trago um saco cheio de amores
Que eu guardei pra você
Jogo fora as mágoas, enxugo todas as minhas lágrimas
E atiro a tristeza aqui do décimo andar
Pra você me amar.
...
“ Como lembrar de você e não sorrir?
Como falar de você e não cantar?
Como saber se é certo sonhar com você?
Se eu devo seguir os seus passos e acreditar.
No amor que escolheu a nossa casa pra morar.”
O amor é uma dor
é um tédio sem remédio
que nem um prédio desabando
assim eu sigo te amando
sendo deixado de lado
sem ser amado
Mas um dia passou e outro nasceu pra podermos perceber que é possível viver de novo e melhor, que é possível olhar pra frente e ainda sim encontrar as pessoas que amamos perto de nós e até mesmo as pessoas que não nos damos bem, mas que nos fazem crescer espiritualmente na força e determinação para não desistirmos de nossos sonhos.
Vim aqui para te lembrar que mesmo que todos os dias eu fale, eu repita, vou sempre te dizer o quanto você é importante pra mim, por que não sabemos o dia de amanhã, e se ele existir mesmo pra mim, o meu amanhã sempre terá você, por que sem você e parte das pessoas que estão no mundo que eu vivo, eu não precisaria existir nessa terra, simplesmente existo por que Deus me enviou uma missão de amar à todos, e você é um amor único, diferente, assim como todas as outras pessoas também tem seu amor único.
No amor não precisamos de barreiras para vencer um obstáculo, por que o amor é único, não precisa de explicação para tê-lo em mãos, mas é preciso sentir dentro do próprio coração, é assim que vencemos qualquer coisa.
Titia,
Gastei todo o dia a pensar na sua carta, sem saber se obedecesse ou não; mas, enfim, resolvi obedecer, não só porque a senhora é boa e gosta de mim, como porque preciso de desabafar.
É verdade, titia, padeço muito, muito; não imagina. Meu marido é um friarrão, não me ama, parece até que lhe causo aborrecimento.
Nos primeiros oito dias ainda as cousas foram bem: era a novidade do casamento. Mas logo depois comecei a sentir que ele não correspondia ao meu sonho de marido. Não era um homem terno, dedicado, firme, vivendo de mim e para mim. Ao contrário, parece outro, inteiramente outro, caprichoso, intolerante, gelado, pirracento, e não ficarei admirada se me disserem que ele ama a outra. Tudo é possível, por minha desgraça...
É isto que queria ouvir? Pois aí tem. Digo-lhe em segredo; não conte a ninguém, e creia na sua desgraçada sobrinha do coração.
Marcelina
Ainda que esteje longe, te sinto aqui
Ainda que não posso ter ver, mais posso te sentir
Ainda que tudo esteje deserto, vc será o meu oasis
Ainda que nada faça sentido, vc será minha certaza
Ainda que eu esteje só, vc vive dentro de mim
Ainda que eu esteje triste, posso sorrir quando penso em vc.
Ainda que a escuridão me impeça de ver, vc será meu sol distante
Ainda que o amor acabe, vc sempre existira dentro de meu ser.
E será assim até meu ultimo respirar.
SOU COMO VOCÊ ME VÊ
Eu posso ser seu tudo...
Sua alegria e sua tristeza
Seus desejos e suas frustrações
Sua escrava e sua dama
Suas realizações e decepções.
Ser a flor e ser o espinho
Ser a água e ser o fogo
Ser o céu ser o inferno
Ser o sol ou ser a chuva
Ser o amor ou ser o ódio
Ser o sonho ou o pesadelo
Ser o começo e ser o fim.
Tudo vai depender de como você é,
Da maneira que me vê
E do jeito que me quer.
Não, não rasgue a página... Pois ela, como muitas outras, compõe o livro de sua vida, e por alguma lógica ali foi inserida. Simplesmente vire-a, e ela se juntará a tantas outras páginas viradas, que fazem parte da memória de tudo o que você já viveu.
Assim, se um dia o tempo provocar suas lembranças, cada página folheada será testemunha viva das histórias que compõem a sua vida, e da intensidade com que foi usufruída. Afinal, se a vida é feita de lembranças, nós somos tudo aquilo que intensamente foi experimentado ou vivido.
Escreva nas margens,
nos rodapés,
entrelinhas.
Mude livremente o enredo,
sua estória
você redige dia a dia".
Quando
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Marcas Do Eterno
Antes de você entrar na minha vida
De se decidir por mim
Por minha história
Haverá de ter clareza de saber bem
Quem eu sou
Pra depois não me dizer
Ter se enganado
Eu não posso ser o que você quiser
Sou bem mais do que os seus olhos
Podem ver
Se quiser seguir comigo
Eu lhe estendo a mão
Mas não pode um só momento
Se esquecer
Sou consagrado ao meu Senhor
Solo sagrado eu sei que sou
Vida que o céu sacramentou
Marcas do eterno estão em mim
Antes do seu amor chegar
Um outro amor já me encontrou
E me envolveu com tanta luz
Que já não posso me esquecer
Se mesmo assim quiser ficar
Seja bem vindo ao meu lugar
A este coração que resolveu
Plantar-se inteiro em Deus
E hoje não quer mais se aprisionar
Eu lhe peço que me ajude
A ser mais santo
Que por vezes me esqueça no meu canto
É que a minha santidade
Necessita solidão
Só assim minha presença
É mais saudável
Não me peça o que de mim
Pertence a Deus
Nem dê mais do que eu preciso receber
Ser amado em excesso
Faz tão mal quanto não ser
Eu lhe peço que me ajude a ser de Deus
Turno à Janela do Apartamento
Silencioso cubo de treva:
um salto, e seria a morte.
Mas é apenas, sob o vento,
a integração da noite.
Nenhum pensamento de infância,
nem saudade nem vão propósito.
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.
A soma da vida é nula.
Mas a vida tem tal poder:
na escuridão absoluta,
como líquido, circula.
Suicídio, riqueza ciência...
A alma severa se interroga
e logo se cala. E não sabe
se é noite, mar ou distância.
Triste farol da ilha rosa.
Acordo, levanto e agradeço a Deus
Por me da tudo que pedi e peço a ele...
Agradeço pela sua grande misericórdia, pelo seu amor,
Pela força que ele me da, agradeço pelo seu olhar,
Agradeço pela sua mão me mostrando a direção
Pra onde proceguir.
Agradeço pela minha família, pelos meus amigos,
Pela comida que está sobre a mesa,
Agradeço pelo seu carinho, por nunca me deixar sozinha
Mesmo quando eu mereço está.
Agradeço a ele pela vitória, por criar uma história envolvendo eu e você.
Agradeço por ter posto você no meu caminho,
Colocando um sorriso no meu rosto, dando-me alegria,
Disposição para enfrentar o que for, querendo o meu melhor.
Agradeço pela sua vida, por da a minha vida mais cor.
Sou como um papel e você a tinta e o Senhor o criador
Dessa obra prima.
P.S: Te amo
os cabelos de minha amada
novelo de Ariadne
me conduzem pela noite escura
pelos labirintos que me afligem
CIGARRA
Diamante. Vidraça.
Arisca, áspera asa risca
o ar. E brilha. E passa.
CHUVA DE PRIMAVERA
Vê como se atraem
nos fios os pingos frios!
E juntam-se. E caem.
OUTUBRO
Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.
O HAIKAI
Lava, escorre, agita
A areia. E, enfim, na bateia
Fica uma pepita.
NOTURNO
Na cidade, a lua:
a jóia branca que bóia
na lama da rua.
HORA DE TER SAUDADE
Houve aquele tempo...
(E agora, que a chuva chora,
ouve aquele tempo!)
OS ANDAIMES
Na gaiola cheia
(pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.
QUIRIRI
Calor. Nos tapetes
tranqüilos da noite, os grilos
fincam alfinetes.
Mesmo que fosse cego
e existirá mil caminhos a minha frente
te encotraria no fim de todos
pois todos os caminhos levam-nos
ao que mais precisamos.
Puxei um pequeno pedaço de papel
e o brilho, dispo-se a mim, ouvi um forte
tilintar que atravessou minha alma e minhas caras
começaram a tecer um breve poema.
Um suspiro, os sons, milhares de restingues me devolviam
as origens e eu insistia em buscar os meus restos, os rastros
do que não fui ou pelo menos não pude ser.
Quando já me encontrava voltado ao velho mundo de meus deuses
bastou apenas um vulto de consciência para as reais virtudes humanas
me trouxessem bruscamente ao meu eu, quando me vi...
pobre diabo, réu, vestindo a mesma mortalha, fruto de mim mesmo
que tive tudo, mas nunca encontrei um breve instante para me devolver
ao mundo de onde vim.
Por infindos momentos busco definir-me.
Afinal,quem sou?
Quem sabe a chuva que lança a areia no Saara, de Caetano?
Ou mesmo a mosca que pousou na sopa de Raul?
Sinto, por vezes, que sou eu mesmo o trocado por Pessoa...
E outras vezes, pareço a garça triste que mora na beira do rio, de Alves...
Seria eu o que deseja ficar no teu corpo feito tatuagem,
como Chico?
Não sei... Jamais saberei!
Precisaria de duas vidas de infindos momentos para,pelo menos, supor!
A liberdade é algo bom, mas pense;
Passarinho voa livre, e existe sempre uma águia a caçar
Se queres a liberdade, terás que ter alguém, e saber que sempre vai haver a águia a te esperar.
