Poemas sobre a Ironia do Sorte

Cerca de 60585 frases e pensamentos: Poemas sobre a Ironia do Sorte

Não se deixe dissuadir
a quem não diz tudo
mais vale muito sorrir
que um coração mudo..

Luciano Spagnol
mineiro do cerrado

Inserida por LucianoSpagnol

NOTURNO (soneto)

O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento

O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima

O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento

Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês

Inserida por LucianoSpagnol

ADEUS AGOSTO

Adeus agosto, vai-se com a secura
Chegando o afável e a primavera
O tempo vai tecendo a sua costura

Crendice de desgosto, és quimera
Orna-se o setembro em partitura
Neste apartado boa é a atmosfera

Nas paragens do cerrado, mistura
O árido chão com esta novata era
Num balanço de cheiro e candura

Adeus agosto! Um novo mês gera
Que não seja somente de má jura
Mas na largura do ter sem espera...

Que venha setembro,
bem vinda primavera,
que seja com ternura...

Luciano Spagnol
31 de agosto, 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O romântico, de querer por inteiro, mas quem há de dar tanto?
O amor!
Este quanto menos fatiado, sacia, te deixa calado...
E aos lábios se torna amordaçado, num beijo...
Assim vejo, quem dá tanto!
Porém existiram os portanto...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

O viver é assim: mares, marolas, ondas, tsunamis... Surfar é o segredo.

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO CINZA

Então, matizei de cinza os meus passos
na secura do cerrado, todo empoeirado
me enroupei de gesto insano e calado
para dar cor aos sonhos tão escassos

No céu cinza, ressecado, me vi sentado
a rua silenciosa era só rotina e cansaços
num claustro cinza, tão cheios de traços
e todos irregulares, opaco e acinzentado

Tentei colorir a saudade, já sem espaços
aí, então em mim, o cinza ficou afogado
como se pudesse, eu haver mais regaços

Sumido neste cinza, estava o meu brado
e vi que nascia em mim, vários pedaços
do tempo, que carecia ser, então, colado

Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

MEDIDA DO AMOR (soneto)

Não se tem saudade, sem ter lembrança
Não se tem amor, sem que se tenha dor
A separação é a pétala de uma rara flor
Que se desgarra do fado em sua dança

A nossa existência é um bafo de vapor
Na emoção tem renúncia e esperança
É nos riscos que nos faz perseverança
De um olhar, um sonhar, de um clamor

Não se deixa os trilhos de ser criança
Sem paixão, afeto, calor a se interpor
Pois, na vida sempre há semelhança

A distância de um amor, vai onde for
Sua medida não se afere na balança
Viverá sempre conosco, no interior...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PRA OUTUBRO

Outubro, o mês da vida renovada
da casta, pura e bela primavera
tempo que fala poesia, nova era
com a vitalidade toda iluminada

É o mês dos corações na esfera
da nova celebração, nova estrada
do vento aflando cálida madrugada
de mãos dadas com terna quimera

Outubro das flores, natureza florada
em que o dia e a louvação se esmera
festejando a vida com hora marcada

E na dança da superfície da biosfera
o cerrado enroupa de frugal camada
de cor, odor, enodoando a atmosfera

Luciano Spagnol
01, outubro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VECCHIO POEMA

Amor medido, eternamente
Se dentro vive, comedido
Explode um dia certamente
Não mais sós, mas repartido

Nos tantos presságios, a mente
No constantemente é ungido
Sente-se frágil, estranhamente
No ato de se querer admitido

Sem eira nem beira, facilmente
O vecchio amor, de novo indo
De novo vindo, rapidamente
Como se não fosse ferindo

Ah! Se abarcasse unicamente
Um amar, com ele teria partido
Num vecchio poema, sutilmente
Assim escrito, e o teria vivido!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

LUGAR (soneto)

Se aqui vim, o lugar cativo é além
pois aqui, acolá, tudo é transitório
no definitivo tem-se o provisório
somos todos, e todos ninguém

E nesta morada frugal, o porém
não é fazer e ou ter, em inglório
mas ser mais que o satisfatório
sorte, fado, sem tornar-se refém

Tudo tem tempo marcado, notório
se revela para alma o mal e o bem
livres na escolha, dor é purgatório

Entretanto a ignorância nos retém
no breu das chances do absolutório
pra se ter um lugar, do amor advém!

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

VENDAVAL (soneto)

Entre a saudade, a aridez do cerrado
ressecando as lembranças tão sós
adormecendo luas e sóis para nós
em suspiro e soluço ali amargado

Eis que um vendaval de tão feroz
arrombou-nos os sonhos sonhado
deixando o intervalo assim atado
num amarrilho lamento, num retrós

Aí, neste embaraçado, eu atordoado
Oh! Amor, nem sei se estou acordado
ou tão pouco adormecido na ilusão

Só sei que pouco a pouco aqui calado
na solidão, o coração tão esperançado
em vigília, que aporte de novo na paixão...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DE MIM

Na quietude e silêncio do cerrado
dos pensamentos eu me desligo
e o sentimento se põe aí calado
esta é a emoção onde me abrigo

Num vazio do tempo desfolhado
da saudade, sair eu não consigo
sou o ressecado chão empoeirado
e d' alma em evasão sou mendigo

E é neste legado de um passado
que saudosar tornou-se castigo
e o castigo sacrossanto enfado

Assim, tudo o que trago comigo
é amor, apenas sou... um fado!
Que tentou ser primavero e amigo...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

Em terra de secura, pingo d'Água é tempestade...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

DESPREZO (soneto)

Quão dor eu sinto, pelo desprezo
onde espera palavras num abraço
olhar no olhar enleado por um laço
e por vezes se tem o pesar aceso

Procuro então respirar, assim faço
nesta incisão, sair dali sendo ileso
do que cortês nele eu me ver adeso
ferindo o ser dum conforto escasso

Se leve ou reles, nos faz indefeso
é crueldade que só traz embaraço
Será que sabes deste agravo teso?

É complicado todo este compasso
do afeto em luta e ao bem coeso
quando o amor no amor é fracasso

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DORIDO

O poetar suspira com tons de tristeza
Num soneto dorido de eco e de soluço
Amarelecido num sentimento feduço
Onde a poesia seria de alvura e beleza

As rimas lacrimejam num cambaluço
D'alma, que sentida, cheia de afoiteza
Irradia negritude duma pura chateza
Onde a simetria vira angústia e rebuço

Numa emaranhada toada de crueza
Embuça os versos em um manhuço
Tão perversos e cheios duma vileza

Assim, a inspiração veste o garruço
Da "sofrência", com sua total frieza
Chafurdado os versos num chapuço

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

HORÁRIO DE VERÃO

Roubada hora
E o tempo não para
Adentra o dia, à noite a fora
Nesta roda vida, que mascara
A madrugada mais cedo
O entardecer que não chora
Embora,
O Relógio já não marque às horas!

Luciano Spagnol
Rio, 16/10/2011
20”14”

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO NUM MANTRA

Vai, poema meu, declame emoção
diz a vida, que o bom é ter sinfonia
se a rima em prece ou em melodia
no sentimento amor, luz e canção

Se de saudade, pouca sê a nostalgia
se com tristeza, que venha agitação
se silêncio, que seja para inspiração
só não deixe a sorte sem ter alegria

Pois sem estas razões, é desilusão
e desiludido o meu verso morreria
e a minha alma perderia o coração

Então, em cada estrofe, ore fantasia
enchendo os versos com doce ilusão
assim, num mantra de paz e de poesia

Luciano Spagnol
Outubro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO DO DESENCANTO

O soneto hoje é duma realidade
É lembrança de uma dor dorida
De um tempo outrora, é ferida
Que chora verso de infelicidade

E nesta solidão d'alma dividida
A esperança torna-se fatuidade
O desalento na vida banalidade
O amor, ah o amor! ...Fratricida!

No poetar acre com sonoridade
O cântico é sofrença tão sofrida
Que rasga em pranto, que brade

É uma desilusão tão desmedida
Que alarida em uivos a saudade
No reverso do verso, escondida!

Luciano Spagnol
Outubro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO PRA ALGUM LUGAR

Vamos pra algum lugar que faça sentido
Daqui eu já não escuto as ondas do mar
Aqui se esqueci como é o afeto de se dar
Vamos pra onde o poetar não fica perdido

Quero um sentido que nos dê um olhar
Pra que o sentimento fique embevecido
E não deixar o viver no viver tão partido
E tão pouco o querer sem querer tentar

Se não alcançar o fio do lugar, duvido
Que minha alma na glória irá lamentar
Pois, este é o sigilo do desconhecido

Assim, vem comigo e juntos caminhar
Lá fora o tempo nunca é despercebido
E dentro do peito, doce lugar pra amar!

Luciano Spagnol
Outubro de 2016
Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

SONETO SEM JUÍZO

Meu coração é sem juízo
Vive num mundo de louco
Que corrói pouco a pouco
E é sempre no improviso

Sensações num rebolco
No foco, só tem prejuízo
É vago no que é preciso
Um casmurro... Mouco!

Ah! Que bom que seria
Tê-lo na proeza a fora
E no amor ser ousadia

Entretanto, e agora?
Está cheio de mania...
E saudades de outrora!

Luciano Spagnol
16, outubro, 2016
Cerrado goiano
Horário de verão

Inserida por LucianoSpagnol