Poemas que dizem sobre Contos de Fadas
Soneto do desejo
Às linhas azuis a quem escrevo
desejo uma curta vida de aventuras
desejo o medo de não temer as alturas
desejo o desejo de ser imatura
Desejo que reveja a assinatura
desejo que misture sua loucura
desejo que mate e descubra a cura
desejo que releia as escrituras
Desejo paz a pele escura
desejo vida a quem é pura
desejo fruta que esteja madura
Desejo mais de mais cultura
desejo curvas as esculturas
desejo amor a esta jura
Era desbotada. Era á tarde.
Era longe e de saudades os pensamentos.
Era verde. Era botão.
Era doce. Era ternura.
Meiguice angelical.
Virgem flor, linda menina.
Era noite.
O abajur á meia-luz.
Era sombras.
Sombras do passado.
Era vento forte e cortinas alheias.
Era meu quarto. Era solidão.
Era gotas de orvalho na vidraça.
Era lágrimas. Era meu rosto.
Meus olhos embaçados. Chorávamos:
Eu e a noite.
Era branca a folha de papel,
Atropelada por poemas já não lidos.
Frutos da árvore dos meus sentimentos,
Levados pelo vento.
Era outono.
Era apenas mais uma folha.
Mais uma folha caída ao chão.
“ 𝗥𝗲𝗳𝗹𝗲𝘅𝗮𝗼 𝗰𝗿𝗶𝘀𝘁𝗮 🕊️
𝗤𝘂𝗲𝗺 𝗦𝗼𝗺𝗼𝘀 𝗤𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗡𝗶𝗻𝗴𝘂𝗲𝗺 𝗡𝗼𝘀 𝗩𝗲
“ Diante dos olhos humanos, somos moldura…
Rosto composto, gestos medidos, palavras filtradas.
Mas quando o silêncio nos envolve
e os olhos do mundo se fecham…
Ali, sem plateia, sem máscaras,
surge o eu verdadeiro —
o que ora em secreto… ou o que se esconde do altar.
Porque diante dos homens, parecemos.
Diante de Deus… somos.
Santo ou profano, luz ou trevas,
não é o que mostramos que define,
mas o que escolhemos ser no escuro.
No secreto, Deus sonda.
No invisível, Ele pesa corações.
Quem és tu quando ninguém te observa?
Quem habita tua alma quando as luzes se apagam? ”
📖 “ O Senhor não vê como o homem: o homem olha a aparência, mas o Senhor olha o coração.”(𝟏ª 𝐒𝐚𝐦𝐮𝐞𝐥 𝟏𝟔.𝟕)
𝐏𝐫𝐨𝐣𝐞𝐭𝐨 𝐈𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐧𝐬𝐚𝐠𝐞𝐧𝐬 𝐃𝐞 𝐂𝐫𝐢𝐬𝐭𝐨
Mais Tannat
Venho vinho veio de ouro de uva no chão, vermelho rubi cabernet souvignon, seus beijos, abeijos e tribeijos.
Venho vinho estou merlot malbeck bem querer coração. Tanta, mantra solidão, canta, espanta, planta raiz enfincada no ar da emoção.
Vendo e compro sem ver, sem tocar sem sentir, Sinto, minto, retinto tanino sem vermelhidão, Chardonnay branquidão.
Venho vinho veio sem partir nem chegar, Pinot Grigio nun grito ou Noir, Caminho incerto Carménerê terroir.
Venho vinho e vindo fui mais Tannat.
O tempo devora tudo
A vida é escrava do tempo
Ele jamais volta atrás
Nem corre antes da hora
O tempo escolhe o momento
E os momentos completam o tempo
Nada será como antes
Nem o ontem pode ser renovado
E o velho nunca remontado
A vida segue seu rumo
Pelos caminhos que formam o mundo
Te mostrei o caminho
Mesmo estando sozinho
Nada mudará
E o que foi
É tudo o que será.
Águas claras
Quando meus pés não sentem mais o chão
E aquele velho pensamento toma meu coração
Quando as lembranças enterradas
Num passado não esquecido
Voltam trazendo sentimentos perdidos
Alegrias, sofrimentos, pequenos momentos
Sonhos, desilusões e arrependimentos
Pior que lembrar ou sentir
É saber que realmente foi o fim
Que nunca voltará, que sempre será
Uma lembrança perdida no vão das palavras
Juras de amor nunca cumpridas
Perdas sofridas refletidas em águas claras
Silêncio e temor, tristeza e dor
Não é rancor, muito menos raiva
É apenas a perda marcada na alma
Dia, noite ou madrugada
Já não me importa,
Ando por aí bem longe de casa
Seguindo meu caminho
Andando sozinho e descalço
Nessa estrada de espinhos.
Lembranças
Ainda lembro-me dos dias de sorrisos, assim como os de solidão, lembro do seu rosto e das batidas do seu coração, dos nossos segredos, dos erros e das brigas sem razão.
Lembro-me das promessas que já não existem mais, lembro das conversas, dos beijos e abraços que deixamos pra trás.
Sou mais fraco, eu confesso.. Deixei o medo me tomar, até em minhas próprias palavras deixei de acreditar e talvez não seja tão fácil quanto pensei, talvez não hajam asas pra voar tão alto quanto cegamente eu sonhei.
Sua Luz
Por quê a vida machuca tanto?
Será que ela tem realmente seu encanto?
Dando cicatrizes em minha pele,
Com a dor que tanto me fere.
Será que é meu destino caminhar em solidão?
Pois choro ao lembrar daquela canção,
E essas lágrimas deságuam em um mar de ilusão,
Me afogando em tamanha escuridão.
O que fiz pra merecer isso?
Toda essa dor em um terrível destino,
Enquanto eu conto-lhes meu sofrimento,
Congelo meu coração nesse tormento.
Durmo, esperando sua luz me libertar,
Anos passam e eu continuo a esperar,
A sua bela voz em seu timbre cantar,
sua antiga melodia me fará despertar.
É sempre 8 ou 80
Minha mente sempre bem intensa
Sentimentos que vem e vão
Nem sei se estou são
Minha vida é uma música
Começa no Si e termina no Dó
Meu estomago sempre dá um nó
Toda vez que ela muda
Será que estou vivendo errado
Pela dúvida paguei caro
Sou um autosabotador nato
Cansado pelo fato
Fato esse que não aprendo
As vezes sou bem lento
Pertenço, mas não me encaixo
Perco, mas não saio
ALELUIA DA MANHÃ
Nasceu, chama-se dia,
Que alegria!
Ou será o meu sonho de rebeldia
Gerado nos travesseiros
Sem que ninguém descobrisse?
Talvez a noite o parisse,
Enquanto contava carneiros...
Horas rápidas, sol com cio
Como gatos ao desafio
Nas telhas da noite fria.
Canário amarelo que não canta
Nem encanta:
Só pia!
Sino que toca em nostalgia,
Gente que desabrocha
Como a luz de uma tocha
Num milagre de alegria.
Que belo é viver
O prazer,
De um novo dia!
O PRESÉPIO
Este presépio, saibam todos, é meu!
Ergui-o dos alicerces ao telhado,
Talhado em casca de sobreiro enrugado
Tal como este rosto que Deus me deu…
Já mo quiseram comprar, confesso eu:
Mas não cedo nem que castrado!
Ia lá vender um tesouro amado
Que é um bocado do corpo meu!?...
Que diria S. José, ali mesmo ao pé
Virado para Nossa Senhora, até !?...
E os animais e a estrela que reluz!?..
Meu presépio, obra minha, filho meu!
Não vendo o lar onde alguém nasceu
Com o nome de Menino Jesus!
As guerras, sobretudo as maiores das outras demais guerras, nascem inexoravelmente da miópica cegueira dos soturnos cérebros desmiolados, os tais que se consideram ser iluminados pelos deuses com pés de barro.
Que nojo, que náuseas e dó me metem todos aqueles que nesta sociedade em declínio vertiginoso, ainda não arranjaram uma unha de vergonha em irem à missa de tais sumidades tirânicas.
A jactância, a fanfarronada, a vanglória de alguns galifões de crista baixa, geralmente é só e felizmente bem absorvida, assimilada, por seres de memória curta e nada dada ao sentido do pensar.
Depois, é só ler como vai o pensamento, a reflexão, a atuação em palco da vida de tanta massa humana que preenche espaço deste século XXI e que pensaríamos ser o futuro mais risonho da humanidade terráquea.
Como a gente boa, sem querer, se engana.
Desde tenra idade que o som de um piano me encanta, seduz e acalma.
Há dias, num sonho, tive a revelação de tão gozosa predileção:
- Noutra vida, eu fui um homem de forja que batia ferozmente no ferro quente com o martelo em ritmo compassado na bigorna feita instrumento, como se estivesse a matraquear com os dedos calosos e inchados no suave teclado de um piano desafinado.
ERA
Como se fosse hoje, minha mãe partiu
Num treze de maio que o Maio sentiu
Como se fosse a mãe dele a fugir
Para outro maio de sentir
Como ele sentiu.
Era Fátima no altar do mundo
Era esse o mundo de minha mãe
Deixando os que amava em horror profundo
E a Fatinha dela, pequenina, também.
Era o desabar de vidas coloridas
Entre flores vivas, vividas
E num relâmpago destruídas
Por um raio de vidas partidas.
Era, como se fosse hoje, treze de um maio
De há quarenta e cinco idos, falidos
Nos gemidos de minha moribunda mãe
Ao ir-se sem o primogénito ver...
Meu Deus, que razão de sofrer !?
Que castigos!
Só depois de tu ires, ó Cristo é que foi a tua mãe!
Eu que tanto queria partir em vez da minha
Choro agora e sempre, pela manhãzinha
A dor que só sente quem a não tem...
INDIFERENTE OU TALVEZ SEMPRE TRISTE
A tristeza inventa sabores de doçura
E se o triste diz isso a alguém contente
Sempre de frente ou com ar diferente
O outro lhe responde ser loucura.
Tão triste é ser triste já sem cura
Aos olhos malignos de satânica gente
Que nunca sentiu e jamais sente
A alegria de ser triste com ternura.
Tantas vezes sonhei ser sorridente
Cantar e dançar nos palcos do mundo
No rir só por rir tão indiferente.
Arrependi-me logo em tom profundo
Do alegre de ser dessa obscura gente
Prefiro ser triste que alegre ser imundo.
SAUDAÇÃO DE UM BICHO
Nunca eu vos enganei
Ó gentes do meu amar
Porque haveria eu de vos lograr
Se não sei o que sequer serei?
Tal e sempre por bem vos amarei
Com raízes espetadas no coração
Que alimentam como se fosse o pão
Vivo de esperança, ai, eu o hei!
Trago-vos vivos no meu olhar
Aqueço-vos na minha fogueira
Mesmo que ela apague a noite inteira.
É este o bicho homem a saudar
Outros da mesma massa de amassar
O pão da vida ainda por levedar...
Carlos De Castro
Finisterra, 26-05-2022.
LETRAS POR ESCREVER
Serão escritas um dia, da serra
Rumo ao mar
Outras letras minhas
Sereninhas,
Inocentinhas
Que enviarei desta terra
Ao vento do meu gritar
Para poisarem no telhado
Da casa da escuridão
Em que escrevo versos
Controversos
Sem me deixarem comer
Desta fome de paixão!
Que ilusão
Que bendito chão
Da pocilga em que nasci...
Pelo menos aí
E ai,
Eu era carne de minha mãe,
Que Deus tem,
Sangue dela
E a dor sentida
Repartida
A acender a primeira luz da vida
Na vela
Pelas mãos nervosas de meu pai.
AS BRUXAS DA BANDA DE CÁ
NAS NOITES DE LUA MEIA
ENQUANTO NÃO HOUVER LUA CHEIA
Ó bruxas, que seguem cegamente o poeta
Porque o perseguis, inúteis madraças
Nas arremetidas das noites baças
Quando ele só quer paz de anacoreta?
Senhor meu das odes minhas, ó profeta
Livra-me destes vulcões de lava
Deste bruxedo que não se acaba
Neste peito cansado de correr sem meta!
Fugi de mim, loucas sombras feiticeiras
Do meu leito de desprezo e desamor
Deixai-me sentir o viver, ó coveiras!
Da minha vida já ida de sonhador
Neste tempo amargo em que as bandeiras
Ficaram sem mastro de adriça, nem amor!
(Carlos De Castro, em Maiorca, 07-06-2022)
(IN) SOSSEGO
Vá,
Sossegai
Agora e já...
Dormi muito
Muito,
Sem acordares jamais
Ó Parca terror dos mortais!
Parca das três Parcas fatais
Se já tendes vosso bicho roedor
Dentro de mim
Dilacerando-me as carnes em furor
Que quereis vós, afinal, em fim!?...
Para quê, ó Parcas porcas da má sorte
Não vos basta já o vosso nome de Morte
Porque me quereis tanto assim!?...
Se tendes tudo já de mim, em vida
Porquê desejar-me tanto a morte!?...
(Carlos De Castro, em Sonhos Lindos, Argoncilhe, 15-06-2022)
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