Poemas q Estao de Luto por Pai q Morreu
Quando eram jovens e apaixonados,
contavam seus segredos um ao outro.
Mas quando envelheceram sem ter podido
fazerem-se felizes, viram seus segredos
degladiando-se diante dos seus olhos
e de seus cansaços.
Não sei bem explicar o que me atraia
para aquele ser tão insignificante,
Talvez nossa insanidade fossem irmãs gêmeas...
Suas histórias preferidas
eram as de quadrinhos infantis,
mas nessa altura da vida
Não se cabia em nenhuma delas.
COMPLEXO DE INFERIORIDADE
Nunca se sentiam suficientes um ao outro.
Mas não se abandonavam a si mesmos.
Talvez porque ninguém os desejasse.
O TEMPO
O tempo se molda na luz
E sob a luz.
Não há como verificar o tempo
No estado escuro para os olhos,
A não ser no dormir ou quando não conscientizamos
Da existência das coisas, pois
o tempo nada mais é que as coisas
Existentes naquele momento
E em outros momentos.
E as lembranças é algo que olhamos
Na repetição do tempo - nas coisas que se repetem
Porque nada é único.
Um bebê existiu com sua mãe e cresceu e sua mãe envelheceu
mas cresceram outras mulheres e nasceram outros bebês...
Então aprendemos a fazer o relógio inexorável das coisas
já existentes e que se repetem.
O tempo é o casulo e a borboleta;
ou a borboleta e o casulo.
Joana de Oviedo – Direitos reservados
Mãezinha
Eu tenho uma flor. E todas as noite olho para o céu no intuito de vê-la, e assim vejo uma brilhante estrela, e quando o dia amanhece, olho novamente para o céu e vejo uma branca nuvem, passando, passando... À noite ela se transformará em estrela novamente.
Escolhas!
Eu não posso simplesmente sofrer por alguém que não queira me amar
Também não posso fazer com que ela me ame, não posso me culpar nem tão pouco arrastar um caminhão de desejos, e fazer com que um dia simples de sol se transforme em um dia ruim!
Eu sei que não posso te desejar, sem ao menos te ter por perto, a escolha não é só minha, não serei egoísta em querer te prender somente pra mim!
Não quero ouvir de você que sou incrível, que sou maravilhosa, e você não dar a mínima pro que penso!
Mas de uma coisa eu tenho certeza, o tempo vai curar esse vazio que você deixou, e talvez um dia, quando você olhar para a trás poderá ser tarde demais, e claro você não estará mais nos meus planos!
Você escolheu não me escolher!
Transforme sua vida e prospere.
Tenha consciência que sua evolução depende de você!
Shirlei Miriam de Souza
Não pare...
Não pare a música da vida!
Se possível dance!
Deixe-a tocar assim:
displicentemente, fluente...
Deixe-a até o fim.
E se possível cante.
(Joana de Oviedo- Direitos reservados)
Pior que o cão é sua fúria,
pior que o gato é sua garra,
pior que a sanha de ferir
a que se esconde
sob feição de amor.
Pior que a vida é a não-vida
do que se faz espectador;
nem mergulha, nem nada, nem conhece
o mar fundo:
está sempre à beira da estrada.
Perdi a capacidade de assombro
mas continuo perplexa:
esta cidade é minha, este espaço
que nunca se retrai,
mas onde o ardor da antiga
chama, que me movia no mínimo
gesto?
Esperei tanto, no entanto, esvaem-se
na relva, ao sol, no vento,
os sonhos desorbitados,
parte da minha natureza
sempre em luta com o fado.
Perdi também no contato
com o mundo, pérola radiosa, vão pecúlio,
uma certa inocência;
ficou a nostalgia de uma antiga
união com o que existe,
triste alfaia.
Não conheci o desterro,
mas sei a quanto obriga.
Vivo na minha terra,
embora desencontrada. Quem sabe
de mim, quem me ouve
o que não digo, quem segura
a rédea de meu sonho, permitindo
o risco da vertigem, o perigo
de conhecer o abismo?
Minha felicidade vem de quando estou só
e ninguém me interrompe no poema,
essa espécie de transfusão
do sangue para a palavra,
sem qualquer estratagema.
A palavra é meu rito, minha forma
de celebrar, investir, reivindicar:
a palavra é a minha verdade,
minha pena exposta sem humilhação
à leitura do outro,
hypocrite lecteur, mon semblable.
De algum forma todos nos queimamos algum dia;
de alguma forma mesmo sem fogo sob o frio sob a chuva
que não passa o calor é terrível
no Rio de Janeiro, quem diria,
quando morei aqui na tua idade
não era assim, agora todos sofrem,
todos dizem que calor infernal
que calor dizem todos e é tudo
muito estranho tudo...
Sou um canteiro onde floresces
e nem sabes, sou o caule
indeciso do teu intenso modo de querer,
a linha reta que jamais se alcança,
a hipotenusa de um triângulo qualquer,
o bule sobre a mesa, a música de Bach,
o pássaro pousada no videira
do fundo de um quintal ou de um jardim
onde ninguém sabe, ninguém jamais ficou sabendo,
que este canteiro existe,
que este canteiro não obstante existe.
Em Amsterdam na Diezestraat 6
alguém me espera alguém me quer
alguém dá vida e brilho à minha vida
tão dividida que mal se define entre
aquilo e o que.
Alguém me espera entre tulipas
alguém me espera entre folhas tombadas
sob o sol sob a chuva sob o frio
alguém me espera espera espera.
Alguém constrói a sua casa
como artesã-abelha delicada;
sobre o sofá um quadro, uma explosão,
que cada dia mais entendo, cada ano mais,
e outros móveis, cortina,
cozinha, um banheiro
todo branco.
E para mim um quarto, uma cama,
um edredom azul, uma escova,
papéis e muitos outros objetos,
telas tintas um pedaço de ferro,
outro de ouro, outro de aço.
Alguém de longe me acena
com uma lareira acesa.
O passeio do outro lado da rua
Gente
Que não conhecerei nunca
Ninguém mais nesta mesa
De um café milenário –
Raras vezes
Terei estado menos só
A nave espacial chamada terra
Singra comigo tarde adiante
Tudo volve milenário
As pedras da rua
O cimento gasto do passeio
As recordações
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