Poemas para um Amigo Passando por Dificuldades

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Hoje desci com meu cachorro...
Corri no sol
falei com estranhos
dei risadas por motivos bobos
sentei na grama
andei pelo bairro
hoje percebi que meu cachorro e que desce comigo...
hoje percebo o quanto sou grato pela amizade dele...
hoje fiz o que ninguém faz sozinho, pois estava com um amigo!

Oásis

“O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço em algum lugar.”
(Saint-Exupéry)
Há dias em que nada parece dar certo,
já acordamos sem saber direito porque levantar,
a luta entre o nosso querer e o dever é enorme,
a fé se perde no desânimo, a dor se espalha,
e viver é como subir uma montanha com pouco ar,
cada passo é um peso, cada dia uma luta.

Ouve alma querida:
mesmo no deserto mais terrível existem oásis,
lugares onde as árvores crescem frondosas,
onde a água tão rara é abundante,
e os homens podem se refazer da longa jornada.
Por que na nossa vida seria diferente?

Não se fixe no problema, existem mil portas,
mil caminhos para buscar, mil lugares para conhecer,
milhares de pessoas para “reconhecer”,
novos amigos, novo amor, novos sabores,
descobrir “oásis”, novos poços, eis a sua missão,
sair da tristeza e da decepção e enfrentar o caminho.

Vem, vamos juntos nessa estrada,
que pode parecer deserta e seca,
mas logo ali, logo a frente,
um oásis te espera, para fazer uma festa,
transformar a sua vida em um jardim,
onde a mais bela flor, ainda é você.

E de repente sua vida começa a ganhar um novo sentido,
e mesmo os mais difíceis desafios tornam-se animadores,
e você começa a sentir que pode ser feliz de novo...

"Retribua com flores a todas pedras que te atirarem. Haverá um momento
em que as pedras de teus inimigos acabarão, e assim eles só poderão
atirar em você as próprias flores que receberam de ti ."

“ – Marco Polo, o mundo em que você vive é um teatro. As pessoas freqüentemente representam. Elas se observam o tempo todo, esperando comportamentos previsíveis. Observam gestos, suas roupas, suas palavras. A liberdade é uma utopia. A espontaneidade morreu.
Marco Polo jamais pensou que poderia encontrar sabedoria num maltrapilho. Recordou a primeira aula de anatomia, as palavras preconceituosas do seu professor, da psicóloga e da assistente social. Percebeu como somos superficiais ao julgar pessoas diferentes. Compreendeu a própria superficialidade.”

(O futuro da Humanidade - Página: 28)

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações...

Fernando Pessoa
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), in "Poesias". 15-1-1928.

O caminho do meio

O monge Lucas, acompanhado de um discípulo, atravessava uma aldeia. Um velho perguntou ao asceta:
“Santo homem, como me aproximo de Deus?”
“Divirta-se. Louve o Criador com sua alegria”, foi a resposta.
Os dois continuaram a caminhar. Neste momento, um jovem aproximou-se.
“O que faço para me aproximar de Deus?”
“Não se divirta tanto”, disse Lucas.
Quando o jovem partiu, o discípulo comentou:
“Parece que o senhor não sabe direito se devemos ou não devemos nos divertir”.
“A busca espiritual é uma ponte sem corrimão atravessando um abismo”, respondeu Lucas. “Se alguém está muito perto do lado direito, eu digo ‘para a esquerda! ’ Se aproximam-se do lado esquerdo, eu digo ‘para a direita!’. Os extremos nos afastam do caminho”.

O que pode se esperar de um ser humano perdido?
Que ele viva como nunca fosse morrer
Ou que ele morra como nunca tivesse vivido?
O que pode se esperar de uma pessoa que não pode sonhar...

Charlie Brown Jr

Nota: Trecho da música Be Myself.

TEU CORPO

O teu corpo muda
Independente de ti
não te pergunta
se deve engordar.

É um ser estranho
que tem o teu rosto
ri em teu riso
e goza com teu sexo.
Lhe dás de comer
e ele fica quieto.
Penteias-lhe os cabelos
como se fossem teus.

Num relance, achas
que apenas estás
nesse corpo.
Mas como, se nele
nasceste e sem ele
não és?

Ao que tudo indica
tu és esse corpo
-que a cada dia
mais difere de ti.

E até já tens medo
De olhar no espelho:
Lento como nuvem
o rosto que eras
vai virando outro.

E a erupção no queixo?
Vai sumir? Alastrar-se
feito impingem, câncer?
Poderás detê-la
com Dermobenzol?
Ou terás que chamar
o corpo de bombeiros?

Tocas o joelho:
Tu és esse osso.
Olhas a mão.
A forma sentada
de bruços na mesa
és tu.

Mas quem morre?
Quem diz ao teu corpo – morre –
quem diz a ele – envelhece –
se não o desejas,
se queres continuar vivo e jovem
por infinitas manhãs?

O gato e o pássaro

Uma cidade escuta desolada
O canto de um pássaro ferido
É o único pássaro da cidade
E foi o único gato da cidade
Que o devorou pela metade
E o pássaro deixa de cantar
E o gato deixa de ronronar
E de lamber o focinho
E a cidade prepara para o pássaro
Funerais maravilhosos
E o gato que foi convidado
Segue o caixãozinho de palha
Em que deitado está o pássaro morto
Levado por uma menina
Que não pára de chorar
Se soubesse que você ia sofrer tanto
Lhe diz o gato
Teria comido ele todinho
E depois teria te dito
Que tinha visto ele voar
Voar até o fim do mundo
Lá onde o longe é tão longe
Que de lá não se volta mais
Você teria sofrido menos
Só tristeza e saudades

É preciso nunca fazer as coisas pela metade.

Eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo

eu preciso dizer que eu te amo
te ganhar ou perder sem engano
e eu preciso dizer que eu te amo tanto

e até o tempo passa arrastado
só pra eu ficar do teu lado...
eu já nem sei se eu tô misturando

eu perco o sono...

lembrando cada riso teu...
eu preciso dizer que

eu te amo, Tanto!

Cazuza

Nota: [Preciso Dizer que Te Amo]

A UM GATO

Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.

Um cara difícil exige uma paciência oceânica.
Ele vai ser romântico e muito bruto. Ele vai ser generoso e muito casca-grossa. Ele vai dizer a verdade e vai mentir às vezes. Ele vai fazê-la se sentir uma eleita entre todas e depois vai dar
mole para muitas. Ele vai implicar com as mínimas coisas, e com as grandes também. Ele vai exibir qualidades que você nem sabia que um homem poderia ter, e em troca vai abusar de todos os defeitos que você sabia que todo homem tinha. Ele vai ser ótimo na cama. Vai ser um perigo dirigindo um carro. Vai ser gentil com sua mãe. Vai ser um brucutu com a mãe dele. Ele mudará de humor a cada 20 minutos, ele vai brigar por nada, vai beijá-la demoradamente por horas e, com essa bipolaridade bem ou mal disfarçada, ele a deixará tão tonta e exausta que você pensará que foi atropelada por um trem descarrilhado. – Quem sou eu? – será sua primeira pergunta ao acordar sobre os trilhos.
No primeiro encontro, pergunte: – Você é um homem difícil? Se ele responder que é, procure imediatamente um psicanalista. Para você, santa.

Quem nos dá as maiores alegrias?
Quem nos faz amargar dores sem remédio?
Quem dá um espirro e nós que ficamos gripados?
Quem, com um soluço, nos faz desmontar em lágrimas?
Com um sorriso, faz o dia mais cinzento brilhar como só num impossível caribe?
Quem mora na nossa cabeça, como um ocupante bem-vindo e eterno?
Quem nos mostra, com todas as letras, que não somos nada, não servimos para nada, além de servir?
Quem, com uma nota baixa, consegue despertar nossa fúria?
Com um biquinho, acaba com nossa marra?
Quem nos criva de preocupações?
Nos rouba noites de sono, por uma palavra não dita, pelo telefone que não toca?
Quem nos faz acordar antes do sol, para que não se perca a hora de dizer, sem falta: presente!?
Quem nos reapresenta à vida e nos faz ver o mundo como se fosse pela primeira vez, de novo?
Quem nos revela nossa velhice e decadência?
Por quem seríamos capazes de morrer?
E ainda assim, quem nos faz imortais?

Fomos contagiados por um vendedor de ideias que nos ensinou a não negar o que somos.
Antes desse contágo, éramos todos "normais", estávamos todos doentes. Queríamos de alguma forma
ser deuses, sem saber que ser deus é andar sobrecarregado, tenso, pesado, com o compromisso neurótico
de ser perfeito, de se preocupar com a imagem social, de dar importância vital para a opnião
alheia, de se cobrar, se punir, exigir. Perdemos a leveza do ser. Parecíamos zumbis engessados pelos nossos
pensamentos estreitos. Fomos educados para trabalhar, crescer, progredir e infelizmente
também para ser especialistas em trair a nossa essência no diminuto parêntese do tempo em que
existimos. Em que fábrica de loucura vivemos?

Definição de poesia

Um risco maduro de assobio.
O trincar do gelo comprimido.
A noite, a folha sob o granizo.
Rouxinóis num dueto desafio.

Um doce ervilhal abandonado
A dor do universo numa fava.
Fígaro: das estantes e flautas –
Geada no canteiro, tombado.

Tudo o que para a noite releva
Nas funduras da casa de banho,
Trazer para o jardim uma estrela
Nas palmas úmidas, tiritando.

Mormaço: como pranchas na água,
Mais raso. Céu de bétulas, turvo.
Se dirá que as estrelas gargalham,
E no entanto o universo está surdo.

Boris Pasternak
My Sister - Life

Eu acredito no amor. Não como uma salvação.
Mas como um prêmio de quem consegue se achar.
E se conhecer.

Horóscopo de mulher

O carácter é um pouco egoísta, independente, teimoso e autoritário (sobretudo para os inferiores sociais), se bem que estas qualidades sejam compensadas por qualidades sociais intensas e efusivas. Há uma acentuada ambição, sobretudo social, uma forte intuição das coisas práticas, e um grande poder de dominar, uma grande força de vontade e tenacidade. Isto apesar de ser fácil de zangar, impulsiva, tendente a ir até ao exagero em tudo, tanto que muitas vezes terá de se arrepender de actos impulsivos, cujas consequências nem sempre serão agradáveis. A excitabilidade nervosa é grande e deve sempre evitar coisas que a preocupem e tudo quanto possa incidir sobre os nervos, sobretudo as emoções muito fortes, que não tem a resistência precisa para suportar. Há uma certa propensão para a tristeza, que pode às vezes chegar até à melancolia, isto muito embora haja uma grande disposição para tudo quanto representa passatempo e diversões. Em todo o caso, há muita espontaneidade e sinceridade e uma grande impressionabilidade às coisas da vida social.

O espírito é engenhoso, imaginativo, sempre irrequieto, com facilidade em arranjar soluções para as dificuldades que lhe possam surgir, e é ao mesmo tempo preocupado e instável, sendo, porém, no fundo, intenso e violento em tudo. Há uma grande dose de subtileza e diplomacia feminina.

Fernando Pessoa
Pessoa inédito. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor
Um favor... por favor

Simples como um fim de tarde

Foi esperando quase nada que um quase tudo apareceu. Simples como um fim de tarde. No começo era medo, incerteza, insegurança surgindo como relâmpago no céu. Depois, uma sensação de pertencimento, de paz, de alegria por encontrar um sentimento desconhecido, mas que fazia bem. Não teve espumante, holofote, tapete vermelho. Foi simples como um fim de tarde. Algum frio na barriga, interrogações deslizando pelas mãos suadas, uma urgência em saber se aquilo era ou não pra ser. É que um dia alguém nos ensina que quando é pra ser a gente sente. Eu sempre quis que fosse pra ser, mas nunca foi. Com isso, me distanciei de mim e das minhas crenças. Mas então, o que não tinha nada, nada pra ser, foi. E eu fiquei ali, perplexa, parada, estupefata, com medo de dar certo. Porque a gente tem um medo que nos mastiga lentamente. Um medo azedo, que deixa a boca adormecida, que cutuca insistentemente. Medo da felicidade. Medo de que um sonho aconteça. Medo de enfrentar nossos sentimentos que ainda não acordaram. Então, abri os olhos. Não era sonho. Eu vivi aquilo. Eu sobrevivi ao medo. Eu encontrei o que chamam de amor.

(Posso dividir uma coisa com você? Apesar de meio bobo, às vezes chato e outras tantas maluco, ele é simples como um fim de tarde.)