Poemas Nao quero dizer Adeus

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Hoje eu só quero pedir uma coisa: “Que nem todas as dores do mundo me façam desistir.”

Eu às vezes tenho a sensação de que estou procurando às cegas uma coisa; eu quero continuar, eu me sinto obrigada a continuar. Sinto até uma certa coragem de fazê-lo. O meu temor é de que seja tudo muito novo para mim, que eu talvez possa encontrar o que não quero. Essa coragem eu teria, mas o preço é muito alto, o preço é muito caro, e eu estou cansada. Sempre paguei e de repente não quero mais. Sinto que tenho que ir para um lado ou para outro. Ou para uma desistência: levar uma vida mais humilde de espírito, ou então não sei em que ramo a desistência, não sei em que lugar encontrar a tarefa, a doçura, a coisa. Estou viciada em viver nessa extrema intensidade.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Conversa telefônica.

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Quero pegar, sentir, tocar, ser. E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só. (...) Sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim. Mas vale a pena.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Máquina escrevendo.

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Quero poder sempre te amar e ouvir o quanto sou amada, quero poder acordar com você me enchendo de beijos ou simplesmente acordar pra ver o quanto é lindo você dormindo.

Nunca disse: "Eu quero ficar sozinha." Eu apenas disse: "Eu quero ser deixada em paz." Existe toda uma diferença.

Só quero ficar quieta, no meu canto, pensando na minha vida. Sem ninguém pra me julgar. Quero ficar comigo, um momento, em paz. Quero pensar. Quero ser eu, por alguns segundos.

Quero ouvir você falar que tem todo o tempo do mundo pra me ouvir falar de nós.

Quando você me quiser rever, já vai me encontrar refeita, pode crer. Olhos nos olhos, quero ver o que você faz, ao sentir que sem você, eu passo bem demais. E que venho até remoçando, que me pego até cantando, sem mais, nem porquê. Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sua, venha sim! Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz!!

Hoje sou luxúria. Espero mãos pesadas, ópio na veia, sol de giz riscado no chão. Quero dividir meus erros, arranhar minha loucura.

E eu quero que você venha cuidar de mim. Quero acordar e assim que abrir os olhos, ver você. Perceber o quanto sou feliz por ter você. Quero que me beije devagar, me segurando com força, e dizendo que ficaria assim até não poder mais. Quero uma vida leve e serena com você. Uma casa só nossa, um filme no frio, e até um cachorro. Quero que você me faça a pessoa mais feliz do mundo, pois eu também te farei se sentir do mesmo jeito. Quero bagunça na cozinha, a gente tentando preparar alguma coisa, e acabando no chão. Quero você, as coisas simples. Então fica. Quero viver esse amor, quero viver nessa vida.

Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977.

Que eu me empenhe todos os dias a realizar tudo o que quero, e afaste para bem longe de mim qualquer sombra de dúvida, de vazio ou de frustração. Apenas a Glória é o que viverei!

Por que quero fazer de mim um herói? Eu na verdade sou anti-heroica. O que me atormenta é que tudo é "por enquanto", nada é "sempre".

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Quero a vibração do alegre. Quero a isenção de Mozart. Mas quero também a inconsequência. Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. E quero o fluxo.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia, e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe.

Todas as noites eu rezo e canto para as pessoas que eu quero bem. Você sempre está em minhas orações. Todas as noites eu canto pra você.

Eu quero depois, quando viver de novo, a ressurreição e a vida escamoteando o tempo dividido, eu quero o tempo inteiro.

Quero captar o meu é. E canto aleluia para o ar assim como faz o pássaro. E meu canto é de ninguém. Mas não há paixão sofrida em dor e amor a que não se siga uma aleluia.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

No fundo o que eu quero é que ninguém me entenda para eu poder te amar tragicamente!

Apontar meus defeitos é fácil. Quero ver você ter a coragem para admitir e aplaudir as minhas qualidades!