Poemas me Ame no Silencio
A noite.
A noite é o momento em que o som do nada se torna ensurdecedor.
Aquele silêncio que ora pressupôs paz, calor, de repente se desdobra em uma sinfonia desalinhada, suja, barulhenta, repleta de impudicícias e desarmonia.
É onde de repente, em um suspiro, a
sintonia se transforma naqueles pensamentos, velozes como a luz, ou como a ausência dela.
E então me pego pensando no Whisky barato, no vazio e no cansaço, no futuro, passado e no tempo que não passa quando as luzes se apagam.
E na noite.
A noite que dói, que trás vazio, falta, desespero, apego e mágoa. Que faz esperar um fio de luz em meio aquilo que não se pode enxergar.
Barulhenta e fria noite. Barulhenta e fria sátira.
Talvez o mundo não esteja em silêncio.
Talvez ele fale o tempo inteiro,
em sinais simples, em verdades nuas,
mas poucos escutam sem o ruído do ego.
O deserto não é externo —
ele nasce quando a mente se fecha
e transforma perguntas em muros.
As sombras não vivem fora da luz,
vivem no medo de encará-la.
As correntes não são de ferro,
são feitas de certezas vazias,
de ignorâncias defendidas com orgulho.
E a saída do labirinto não exige força,
apenas humildade para admitir
que a luz sempre esteve ali,
esperando ser vista.
No silêncio deste lugar
Navego no horizonte
Silêncio intenso
Leveza do caminhar
Norte dos passos
Procuro sair desta devastação
Da tua ausência
Dos sentidos que deixaste.
Minha boca sabe que amordaça... A causa deste silêncio é a timidez. Também sinto que amortalha o corpo inteiro de angústia e pavor da solidão.
Apesar de tudo, este sentimento é contraditório... Quando mais dói, parecendo isuportável, percebo que amortece. Acalma o todo e sempre me faz querer um novo caso,se mais um se acaba.
Com seu conjunto indecifrável de nuances, o mais cultuado entre os sentimentos tem suas armadilhas. Amo e me deixo amar, mas não ignoro que amorfina, mesmo sem encerrar o ciclo da vida.
...Sempre haverá uma amoreira no meio do caminho, apesar da pedra, para reabastecermos o desejo e a esperança do amor perfeito; verdadeiro; eterno... Sem amorragia.
AMOR TRANCADO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
O silêncio se rende aos teus passos lá fora;
eu me atenho às caladas desta sala escura;
fantasio, desejo, percebo de ouvidos,
que vieste segura, e porcerto estás bem...
Quero abrir essa porta para o corredor
e mirar o teu porte, fazer gentileza,
ver a cor do vestido com que foste hoje,
mas me vem a certeza de não ser prudente...
É preciso estancar este quase rompante,
pra manter meu instante, meu culto secreto
e sonhar com a chance que jamais terei...
Logo escuto ruídos da chave que fecha
tua porta pra minha, teu mundo pro meu;
o museu de miragens deste coração...
NOCAUTE
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Eram gritos demais pra pouco eco;
meu silêncio chegou a ficar rouco;
fui um louco incurável por você,
pela minha insistência em ficar são...
Foi usura sem bens, nenhum valor,
porque sempre sonhei lhe ter do nada,
sem falar desse amor trancafiado
no meu medo; na minha timidez...
Muita espera pra nenhuma procura,
tanta era e nenhuma ocasião
pro desvão dos meus olhos inibidos...
Deveria ter dado som aos gritos,
corpo ao mito, equilíbrio ao coração
que bateu até ser nocauteado...
No silêncio desta
noite nos prevejo
no giro do carrousel
dos teus abraços
e adorando os seus
beijos no melado
doce dos teus lábios.
Na galáxia dos teus
olhos profundos
navego ao ponto
de perder horas a fio
nos teus castanhos
e sublimes mistérios
de nossos desidérios.
É a lembrança do
que não vivemos,
porém sentimos
como já nós nos
conhecêssemos,
e silenciosamente
nos pertencemos.
De maneira mística
a sua presença
e a ausência capto
como estivesse diante
das minhas vistas,
Não fazes nem idéia
de cada sonho que
venho embalando
e reinaugurando
o Ano Novo a todo
o romântico instante.
A verdade nós dois
sabemos o quê já
está escrito sobre
tudo aquilo que
nos faz a cada
dia mais unidos
e mais absolutos.
A PERENIDADE DA BELEZA E O SILÊNCIO DO SER.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
Do Livro: Essências Do Jardim. 1991, dezembro.
A beleza, quando observada pelo espírito atento, não é um ornamento do mundo, mas uma manifestação perene do próprio Ser. Aquilo que chamamos belo não se limita ao contorno sensível que os olhos alcançam; reside antes numa essência que se resguarda das vicissitudes, mantendo-se íntegra mesmo quando as aparências se esvaem. Por isso, afirmar que " a beleza não morre, mas se torna mais bela " , é reconhecer que o fluxo do tempo não a corrói: apenas revela camadas que antes estavam ocultas ao olhar imaturo.
Na intimidade da consciência, percebe-se que a beleza cresce na medida em que o sujeito se aprofunda em si mesmo. A percepção estética não é estática; ela acompanha a maturação da alma, que aprende a decantar o transitório e a contemplar o que permanece. Assim como o pensador de então, compreende o belo como expressão do bem, o indivíduo moderno que se volta para dentro descobre que a beleza verdadeira não é uma conquista exterior, mas uma revelação interior.
O ser humano, ao atravessar os próprios abismos, aprende que as cicatrizes deixam de ser rupturas para tornar-se inscrições. A beleza amadurecida nelas se abriga. Nada do que foi legitimamente belo se extingue: transmuta-se, aprofunda-se, torna-se mais grave e, por isso mesmo, mais luminosa.
" Cada passo na senda do espírito revele não o declínio, mas o desdobrar silencioso da grandeza que jamais se desfaz, conduzindo a alma à sua forma mais alta de permanência. "
As rotas construo de muito
longe desde o primeiro dia,
O silêncio é terra fértil
para crescer como Calabura
da América Tropical
para alimentar com ternura
os seus pássaros
da liberdade profunda,
para se unirem com os meus.
A glória do amor e da vida
nos pertencem com todos
os contornos de cobiça
incontrolável para que adiante
estejamos enlaçados com
tudo o que pede um romance.
O teu aroma de Via Láctea
tem servido a memória
de maneira voluptuosa,
Segredos foram superados
por certezas quentes
que pedem tempo,
zero censura e exibição pública
típica dos apaixonados.
Diante dos prazeres ondeantes
intermináveis que teremos,
O oceano luxurioso quando
for necessário ser sussurrado,
nos manterá bem ocupados;
em vez de nos preocupar se
estão tecendo ou não comentários.
Não confunda solidão com solitude,
Não tente roubar o que é meu altar.
Eu amo o silêncio é pra mim uma virtude,
E a paz de, em mim, sempre habitar.
“Teu amor é como o pôr do sol sobre o mar: chega em silêncio, tinge tudo de dourado como um murmurejar de eternidade, e permanece em mim mesmo depois que a luz se vai.” ©JoaoCarreiraPoeta.
Campinas, 05/12/2025.
“Em cada silêncio que me habita, teu nome reverbera como se o amor tivesse voz própria — e ela solfejasse apenas: nós.” ©JoaoCarreiraPoeta.
Campinas, 13/12/2025.
“Nesta tarde dourada, o tempo repousa no silêncio das árvores, e cada raio de sol sussurra que a beleza vive em quem sabe enxergar com os morfemas do coração.” ©JoaoCarreiraPoeta.
Campinas, 13/12/2025.
“Na dicotomia entre o silêncio e o verbo, os fonemas se rebelam, grugulejando verdades que o peito ainda não soube nomear.” ©JoaoCarreiraPoeta.
Campinas, 13/12/2025.
Em silêncio, as estações da alma se sucedem, cada uma trazendo consigo um novo cenário, um novo reflexo no espelho do tempo. E nós, peregrinos da nossa própria jornada, precisamos aprender a respeitar o ritmo das mudanças.
Os fios brancos na barba são como flocos de neve que caem suavemente, silenciosamente, marcando o tempo que passa, a sabedoria que se acumula. Mas não é apenas a idade que nos traz sabedoria, é a capacidade de acolher cada fase da vida, de respeitar o processo de transformação.
As metamorfoses são como a alquimia do fogo, que transforma a matéria-prima da nossa existência. É um processo lento, doloroso, necessário, para que possamos emergir como seres novos, com uma nova perspectiva, uma nova compreensão.
No entanto, quando nos tornamos carrascos de nós mesmos, quando nos cobramos demais, quando nos julgamos sem piedade, nós nos perdemos no labirinto dos nossos próprios pensamentos, e nos esquecemos de que somos seres humanos, frágeis e imperfeitos.
A pausa é um tempo de gestação, um tempo de elaboração, um tempo de amadurecimento. É um tempo de silêncio, um tempo de escuta, um tempo de compreensão e de respeito por nós mesmos.
E quando finalmente nos respeitamos, quando finalmente nos acolhemos e nos amamos, nós nos sentimos como uma obra de arte que se completa, um ser humano que se torna mais autêntico, mais verdadeiro.
Nesse momento, nós nos tornamos capazes de enfrentar os desafios da vida com coragem e determinação. Nós nos tornamos capazes de nos reinventar, de encontrar um novo sentido para a nossa existência. E é assim que nós nos encontramos, no final do caminho, com a alma renovada, com a compreensão de que somos seres em constante transformação, e que cada fase da vida é um presente precioso.
De que serve a minha poesia
se a sua boca não me diz,
se o silêncio faz sangria
no que eu quiz fazer feliz
de que serve o verso escrito
com o peso da intenção
se o meu grito mais bonito
não alcança o seu perdão .
pois a rima se esvazia
e o papel vira desterro
de que serve minha poesia
se seu beijo é o meu erro.
Inconcebíveis
Inconcebíveis palavras são ditas
No silêncio do pensamento
Exulta, ó sensível coração!
Tua essência é como uma árvore frutífera e sedenta
Que alimenta e sacia os pobres famintos;
Vem a mim, ó doce e apetecível vinho,
Deixa o teu líquido verter pelos córregos
O teu veneno imortal;
Deem-me numa taça as borbulhas
Deste intenso vermelho sanguíneo
Manchando minha consciência
No cume da minha eterna felicidade.
Esconde no recôndito de teu coração
O jardim que tanto cuidaste
Para a farta produção dos nobres parreirais.
As Margens do Silêncio
Sento às margens do rio para refletir. A água tranquila funciona como um espelho e devolve a minha própria imagem – nítida, brilhante, revelando instintos expostos, emoções desordenadas. Sei que o tempo guarda todas as respostas, mas, mesmo entendendo o cenário ao meu redor, não consigo ouvi-las. O que escuto é apenas o silêncio, um silêncio que se acomoda ao meu lado como uma companhia serena, quase amigável.
É então que, como um filme silencioso, vejo teu semblante surgir na memória. Há tristeza, amargura, cansaço. Há um peso que não consigo explicar. Um nó, sobe pela minha garganta, apertando como se mãos invisíveis tentassem impedir que qualquer palavra escapasse. As lágrimas contidas, pedem libertação. E como finalmente permito que venham, elas deslizam pelo meu rosto e molham minha pele, levando consigo um pouco do que me sufoca. O sorriso que sempre esteve estampado em mim, desaparece – some sem aviso, como truque de ilusionista.
Sinto o frescor da manhã tocando meu rosto, como se fossem mãos suaves acariciando minha pele. A natureza ao redor transforma o espaço em um refúgio, um pequeno abrigo onde posso descansar meu corpo e aliviar a mente. Meus pés tocam de leve a água e, ao mínimo movimento, círculos se formam, desenhando imagens que lembram mandalas – figuras quase sagradas, que parecem guardar em si algo de cura.
Encontro ali um momento raro de paz, entre o vento que passa devagar e a correnteza da água. Não consigo explicar o que sinto, pois, naquele momento não preciso mostrar minha fortaleza. Continuo a observar a água, ouvindo o silêncio e pouco a pouco o mundo dentro de mim se reorganiza.
Sinais do Silêncio
Ele, também poderia se retratar – entrar em contato, dizer que a saudade consumiu os seus dias. Que o seu corpo sentiu a mesma intensidade que o meu. Dizer que tudo não passou de um mal-entendido, explicar as suas razões, de ter sumido, talvez deixar clara a situação.
Desmontar toda essa confusão e revelar o que se passa dentro do seu coração. Esses mal-entendidos poderiam ser esclarecidos. Eu poderia tentar entendê-lo. Mostrar que tudo o que se passou foi intenso, sublime. Mostrar que fui importante.
Entendo que talvez o sentimento seja apenas de minha parte. Mas então, porque há invasão em meus pensamentos? Invasão em meus dias ternos e serenos? Tudo vira uma revolução, uma guerra interior, quando, sem permissão, ele vem - sem ser convidado.
Há pendências batendo à porta. Esse estranho caminho que me conduz por encruzilhadas desconhecidas, me mantém em alerta.
Os sinais que a vida dá são claros. Dizem tudo o que eu preciso saber. Mostram caminhos.
Rita Padoin
Escritora
