Poemas do Século XIX
O que me consterna às vezes é observar que a genialidade tem limites e a estupidez não.
O casamento é uma cadeia tão pesada que para carregá-la são necessárias duas pessoas, e ás vezes três.
Nem tudo que de mal te acontece é praga, mau-olhado ou obra de feitiçaria: lembra da semente que plantou? É a lei do retorno, fidedigna e avassaladora.
Sejamos sinceros: muitos de nós, nas profundezas mais inexploradas de nossa própria sordidez, adoraríamos que fôssemos pintados tal qual Dorian Gray, e que naquela tela enigmática a podridão das nossas atitudes fosse retratada, asquerosa e repugnante, mas coberta por um pano velho; tudo isso em troca de um esplendor eterno. Fato é que cada um de nós possui um quadro desses já pintado, escondido lá no sótão, aguardando por ser exibido - ou não - aos nossos olhos presunçosos e medrosos.
É monstruosa a forma como as pessoas criticam as outras pelas costas, dizendo coisas absoluta e completamente verídicas.
Afinal, o que é a moda? Do ponto de vista artístico, uma forma tão intolerável de horror que tem de ser mudada a cada seis meses.
Quando descobrirmos as leis que regem a vida, perceberemos que os homens de ação têm mais ilusões do que os sonhadores.
Gosto mais das pessoas do que dos princípios e, mais que tudo no mundo, gosto de pessoas sem princípios.
Uma obra de arte é o resultado singular de um temperamento singular. Sua beleza provém de ser o autor o que é, e nada tem a ver com as outras pessoas quererem o que querem.
O fato é que o público tem uma curiosidade insaciável de conhecer tudo, exceto o que é digno de conhecer.
Escolho meus amigos, pelo belo aspecto, os conhecidos, pelo bom gênio e os inimigos, pela inteligência. Não há necessidade de muito escrúpulo na escolha dos desafetos. Não tenho nenhum que seja tolo.
O passado sempre poderia ser anulado. O arrependimento, a negação ou o esquecimento poderiam fazê-lo. Mas o futuro era inevitável.
O sofrimento é o meio pelo qual existimos, porque é o único responsável por termos consciência de existir.
Diz-se frequentemente que a beleza é apenas superficial. É bem possível, mas ela é, seguramente, menos superficial do que o pensamento.
Mas seus remédios não curam a doença: só fazem prolongá-la. De fato, seus remédios são parte da doença. Buscam solucionar o problema da pobreza, por exemplo, mantendo vivo o pobre; ou segundo uma teoria mais avançada, entretendo o pobre. Mas isto não é uma solução: é um agravamento da dificuldade. A meta adequada é esforçar-se por reconstruir a sociedade em bases tais que nela seja impossível a pobreza.
