Poemas de Mario Quintana - Vaca
Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo.
O poder é uma ação, e o princípio eletivo é o da discussão. Não há política possível com uma discussão permanente.
Deus, arquitecto do universo, proibiu o homem de provar os frutos da árvore da ciência, como se a ciência fosse um veneno para a felicidade.
Querendo prevenir males de ordinário contingente, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro.
Todo o argumento permite sempre a discussão de duas teses contrárias, inclusive este de que a tese favorável e contrária são igualmente defensáveis.
Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.
O amante é um arauto que proclama onde existe o mérito, o espírito ou a beleza de uma mulher. Que proclama um marido?
As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?
Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.
