Poemas de Humberto Gessinger
deve ser o que chamam TÚNEL DO TEMPO
ano 2000 era futuro há pouco tempo atrás
há uma luz no fim do túnel
e não é um trem na contramão
(eterna luz em fuga)
há um tempo certo para tudo
para tudo uma razão (ou não)
há uma luz no fim do túnel
uma chama que nos chama, nos atrai
(lanterna sangra e suga)
é a luz do fim do túnel do tempo
fogo fátuo, falta de ar
força não há
capaz de enfrentar
uma idéia cujo tempo tenha chegado
a força não é
capaz de salvar
uma idéia cujo tempo tenha passado
pra pegar a onda tem que estar
na hora certa num certo lugar
pra pegar a onda, deixa estar
deixa a onda te pegar
deixa a onda te levar
pra pegar a onda tem que estar
surfando karmas & DNA
não dá pra domar a força do mar
deixa a onda te pegar
deixa a onda te levar
Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer
Que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar
Que o dia já chegou
O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia é bombardeada, a libido e o vírus
O poder, o pudor, os lábios e o batom
Eles querem te vender;
Eles querem te comprar;
Quem te matar de rir, querem te fazer chorar.
Quem são eles? Quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógio;
Silicone contra a gravidade;
Dedo no gatilho, velocidade;
Quem mente, antes diz a verdade.
Satisfação garantida;
Obsolescência programada;
Eles ganham a corrida antes mesmo da largada.
Eles querem te vender;
Eles querem te comprar;
Querem te matar a sede, eles querem te sedar.
Quem são eles? Quem eles pensam que são?
"Não interessa o que o bom senso diz;
Não interessa o que diz o rei;
Se no jogo não há juíz, não há jogadas fora da lei!
Não interessa o que diz o ditado;
Não interessa o que o Estado diz;
Nós falamos outra língua, moramos em outro país."
Ele estendeu a mão de forma insuficiente. Uma isca. Para me obrigar a virar a cabeça. Queria cruzar olhares. Eu nem teria notado, não fosse o sino das chaves batendo uma na outra. Meu olhar saiu do painel do carro, onde eu procurava uma rádio em que não estivessem dizendo bobagens. Do painel para as chaves, das chaves para os olhos dele, quase invisíveis sob a sombra do boné.
O tanque estava cheio, o troco estava certo. Não era isso que ele queria dizer. Queria dizer que era meu fã. E que agora não era mais. Havia se convertido: só ouvia música religiosa. Fiquei feliz. Só não pedi desculpas pelo tempo que ele perdera com minha música porque soava deslocada minha felicidade. Eu perdera um fã, ele ganhara um sentido para a vida. Por que, então, eu estava alegre e ele parecia triste, constrangido?
Fiquei constrangido por ele estar constrangido. Seria contagioso? E se a corrente de constrangimento saísse do carro, jorrasse da bomba de gasolina e contaminasse todo o posto, a loja de conveniência, os prédios ao lado? Constrangeria o mundo inteiro?
Uma buzina trouxe minha mente de volta ao triste rosto no posto. Tentei animá-lo. Falei que trocaria de lugar com ele, na boa, pois deve ser bom ter as respostas definitivas pro espírito e um emprego fixo pro corpo. Foi como se eu não tivesse dito nada. Ele já não me ouvia.
Voltei pra abastecer outras vezes. Nunca mais o encontrei.
Amanhã numa cidade diferente, não haverá diferença no ar. As noites passarão do mesmo jeito, as estrelas estarão no mesmo lugar.
Eu conto as horas que passam, eu conto estrelas no céu, na solidão das noites sem graça nos quartos de hotel.
Eu tenho medo do medo que as pessoas têm
o sol nasce pra todos todo dia de manhã
o mal nasce do medo da escuridão
Eu tenho medo do medo que as pessoas têm
o mal nasce do medo como o ovo e a galinha
nasce do medo do medo que as pessoas têm
Quem toca baixo fica com calo no dedo, quem é sapateiro fica corcunda, quem é crítico fica meio rancoroso.
(Programa Livre 1991, resposta sobre críticos)
“O preço é uma prece... pague pra ver.”
“Nada de meias palavras de duplo sentido.”
“Quando se anda em círculos nunca se é rápido demais”
“Deixei de ser criança quando descobri que Roger Waters, a cabeça do Pink Floyd, era defensor da caça como esporte. Voltei a ser criança nos primeiros acordes de Julia Dream.”
“O nosso amor é uma abobrinha”
Berros da Liberdade
Ah se a multidão da terra pudesse ouvir ou tentasse escutar o som da reflexão.
e revelasse o filme do pensamento, paciente dos problemas das pessoas que vivem na aflição.
Ah se eu pudesse fazer o video tape das belas histórias, que a gente vive nos sonhos bons.
Ah se o perfume da comunicação, exalasse sempre as mensagens concretas e otimistas e envolvesse a harmonia das cores como o som infinito das galáxias.
Seria bom se a gente usasse mais o nosso tempo na construção da sabedoria e pintasse os painéis da ignorância com tinta branca da aprendizagem, e com o fogo da verdade, queimasse o lixo da inveja, da calúnia, da traição, da indecência desonesta, que habitam na elite da hipocrisia das pessoas que se vestem com a inocência de cordeiro e se perfumem com o hálito fúnebre da maldade.
Porém é preciso cultivar, o jardim da esperança determinada e regar todos os dias as flores do afeto, do perdão, do amor, da humildade, semeando o bem, e deixar crescer com abundância os espinhos sérios que protejam as raríssimas rosas da honestidade.
e florescer de novo a fé, no seio da sociedade, todos querem subir bem alto, por exemplo: no azul do céu!
No pico do mundo e cantar com a força da emoção sentindo o eco das montanhas nos Berros da Liberdade!
Vivemos em mundo de manipulação mais nem sabemos somos enganados facilmente com um simples jogo de futebol que rouba nosso tempo ai depois choramos na igreja pedindo piedade pela nossa falta de respeito com nos mesmos
Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar
Você me apresentou engenheiros do hawaii , por isso gosto tanto...
Cama de casal
Luz bem baixinha pra ver
Gemidos de dor e alegria
Sair de si por três minutos
Isso é amor
Amor quente
Supermercado, escolher iogurte
Fazer compras juntos
Brigar por besteiras
Isso é amor
Amor quente
Tomar café, banho, brisa
Champanhe, tristeza, beleza
Cremes, músicas, sucos, água
Drogas, fumo, passar perfume
Isso é amor
Amor quente
Essa também me lembra você
Se é pra ser sincero como não se deve ser, conte comigo. Sempre fui explícito quanto às minhas preferências. Por mais fora de moda que pudessem estar. Nunca quis ser parecido com os cadernos de cultura dos jornais. Não me interessa quais são seus filmes da semana, bandas do dia, livros do mês. Nada de heroísmo aqui: talvez eu seja assim mais por preguiça do que por virtude.
"A gente faz as contas, projeta uma vida na outra, tenta se enxergar como se fosse outra pessoa… a gente busca espelhos por que viver é solitário. Busca simetrias porque a vida é torta. A simetria acalma. Talvez acalme por que nós mesmos somos simétricos. Uma linha imaginária, dos pés à cabeça, nos divide em duas partes iguais. Buscamos o que já somos? Será? Esquecemos que esta simetria nunca é perfeita."
"...Perder é bem pior do que não ter. Quem já teve casa, quem já teve asas, pode me entender.. Perder é bem pior do que não ter, eu já tive as chaves como as aves tem o céu…"
A segunda-feira amanheceu cinzenta e fria. Mas por algum dos tortuosos caminhos da afetividade, simpatizei com ela.
"Dias nublados também podem ser belos dias. Se os ventos da mudança fossem previsíveis, não seriam os ventos da mudança, né?"
