Poemas de Fernando Pessoa -Salazar

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Se o tal "amor" é impontual e imprevisível que se dane! Não adianta: as pessoas são impacientes! São e sempre vão ser! Tem gente que diz que não é... "Eu não sou ansioso, as coisas acontecem quando tem que acontecer." Mentira! Por dentro todo ser humano é igual: impaciente, sonhador, iludido... Jura de pé junto que não, mas vive sempre em busca da famosa cara metade! Pode dar o nome que quiser: amor, alma gêmea, par perfeito, a outra metade da laranja... No fim dá tudo no mesmo. Pode soar brega, cafona... Mas é a realidade. Inclusive o assunto "amor" é sempre cafonérrimo. Acredito que o status de cafona surgiu porque a grande maioria das pessoas nunca teve a oportunidade de viver um grande amor. Poucas pessoas experimentaram nesta vida a sensação de sonhar acordada, de dormir do lado do telefone, de ter os olhos brilhando, de desfilar com aquele sorriso de borboleta azul estampado no rosto.

Luis Fernando Verissimo

Nota: Adaptação de trechos de Link

Vou te dizer o que sinto: sabe o que é você dormir pensando em alguém e acordar com esse mesmo alguém na sua cabeça? Como se já não bastasse o meu coração que acelera só quando falo contigo, tinha que dominar também os meus pensamentos? E os meus ouvidos? Parecem coligados com minha alma, todo bom som e toda boa música, me traz você. E os meus olhos, estes são deslumbrados por ti, porque quando os fecho, o seu rosto é a única coisa que consigo ver, de um jeito só meu, um jeito que tive que criar na tentativa de saciar a vontade de te ter. Minha boca já nem mais me obedece, vive falando seu nome sem me deixar perceber. E os meus lábios? Estes vivem na espera de encontrar os seus.

Porque eu estou ainda muito inseguro de mim mesmo, e não acreditando absolutamente que alguém possa me curtir bem assim como eu sou. Eu não tenho quase experiência dessas transações, me enrolo todo, faço tudo errado — acabo me sentindo confuso. Tudo isso é tão íntimo, e eu já estou tão desacostumado de me contar inteiramente a alguém, tão desacreditando na capacidade de compreensão do outro, sei lá, não é nada disso, sabe? Conviver é difícil — as pessoas são difíceis — viver é difícil.

Mesmo assim eu não esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava.

A impressão que tenho é que nunca vai passar… Que a cicatriz não fecha… Que só de esbarrar, sangra.

Deixa que a loucura escorra em tuas veias. E quando te ferirem, deixa que o sangue jorre enlouquecendo também os que te feriram.

Com a faca da nostalgia do longe cravada fundo no peito. Às vezes dói, mas logo passa também.

Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente. Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias.

Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo o que eu ganhei com o tempo e que vento nenhum leva. (…) O pouco é muito pra mim. O simples é tudo que cabe nos meus dias. Eu vivo de muitas saudades. E quem se arrebenta de tanto existir, vive pra esbanjar sorrisos e flashes de eternidade.

Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.

Além disso, sou terrivelmente instável e entender as minhas reações é coisa que às vezes nem eu mesmo consigo. Não posso mentir a você, não quero. Mas por favor não fantasie, menina, não seja demasiado adolescente. Como eu te escrevi várias vezes, é no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir. Veja se você consegue separar o sonho da realidade. Anel, por exemplo, é um sonho. É um sonho que trago comigo há muito tempo e que comuniquei a você? E que não é hora ainda de ser realidade, porque não tenho absolutamente nada além da minha cuca? Você me entende? Menina, menina, tenho uma ternura enorme por você? E para mim é muito difícil isolar essa ternura da razão, quando te escrevo. Como fiz agora. Talvez tenha te parecido duro ou demasiado frio. Mas acho, honestamente, que você não deve se arriscar a ter uma tremenda decepção, depois de um ano inteiro de sonhos. Nós vamos nos ver, nós vamos conversar, sair juntos, provavelmente nos tocar? E de repente tudo pode realmente ser. Ou não. Mas de jeito nenhum quero, sei lá, ser irresponsável ou não medir as conseqüências dum negócio que pode ser muito sério. Já não sou o mesmo, como você também não é. Endureci um pouco, desacreditei muito das coisas, sobretudo das pessoas e suas boas intenções.

Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê.

Quando pensava em parar, o telefone tocou. Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?),uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar...

Vê se ri um pouco. Tenho aprendido que tudo tem jeito, o tempo é remédio pra tudo, vivendo e aprendendo. Por aí.

E Deus continua sussurrando: "Não desista, o melhor ainda está por vir".

Como um filtro, um filtro seletivo, vão ficando apenas as coisas e as pessoas que realmente contam.

Porque eu também sinto medo, e haverá a morte um dia. A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa.

(...) saudade daquilo que fui e, sei, não sou mais e nunca mais voltarei a ser. Mais logo afasto essas coisas da cabeça. Só trazem tristeza, reavivam coisas que eu não queria mais sentir. Essas lembranças passam pela cabeça sem se deter. São humildes, parecem esperar um aceno para caírem sobre mim. Quase nunca faço esse aceno; ela desaparecem, deixando um gosto e um cheiro muito leves de poeira, armário aberto depois de muito tempo, lençol limpo, café preto com broa de milho.

Eu vou deixar pra lá, fingir que esqueci, agir como se não importasse. O que é verdadeiro volta. E quem tem que ficar, fica.

Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.