Poemas de Boneca

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Soneto a quatro mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

ANJINHO

Anjinho sapeca,
criança moleca...
Mil fantasias,
vestindo a boneca!

Cheia de sonhos,
cheia de graça...
Na rua descalça
fazendo arruaça!

Vestido de chita,
buxexas rosadas...
Joelho ralado
e muitas risadas!

De belas feições,
pureza divina...
Sonha em crescer
e ser bailarina!

É doce sua voz,
teu olhar é de luz...
Encanto sublime,
amor que reluz!

Sempre arteira,
cheia de emoção...
Um mundo inteiro
na palma da mão!

Acredita em fadas,
em bruxas e sapos...
Teu sonho é ter
um castelo encantado!

Num simples papel
desenha a vida...
Colore os dias
e o tédio rabisca!

Cabelos fininhos,
cheirinho de talco...
Um pedaço de chão
já vira o seu palco!

Após as bagunças,
dorme muito cansada...
Parece um anjinho
de asa quebrada!

Eu peço pra Deus
com boa intenção,
te proteja do mal
e do bicho papão!

BILHETE A PAPAI NOEL

– Pede a Papai Noel...

E eu pedi.
Pedi boneca,
pedi livros,
pedi viagens,
pedi um príncipe...

Aprendi a escrever
para escrever-lhe, ingrato velhinho,
mas você nunca se lembrou de mim:
não ganhei a boneca,
nem livros,
nem viagens,
nem príncipe.
Nada...

Só deixou no meu sapato
essa tristeza triste
de saber que você está muito velho
para subir morro.

Papai Noel, você devia ser criança pobre
para ver como morrem as ilusões.
Ver como se desmoronam os castelos
até restar somente essa tristeza triste.

Se você pudesse ver as almas...
Mas é melhor assim.
Ignorando-as, poderá continuar a mentir,
a distribuir ilusões,
a oferecer sonhos,
a brincar de você mesmo.

Myrtes Mathias
Presente para o menino

Ferro na boneca, pedrada na vidraça
Tudo que eu tenho eu conquistei na raça
Eu não sou simpático a ninguém
Hoje eu vou de limusine mas eu já andei de trem

Menina-não boneca

Não sou de brinquedo.
Então não brinque.
Pense duas vezes.
Se quiser desista.
Não persista.
Só fico nas mãos
de quem eu quero

BONECA DE CROCHÊ

Um homem e uma mulher estavam casados por mais de 60 anos.
Eles tinham compartilhado tudo um com o outro, tinham conversado sobre
tudo, não tinham segredo entre eles afora uma caixa de sapato que a mulher guardava em cima de um armário e tinha avisado ao marido que nunca abrisse aquela caixa e nem perguntasse o que havia nela.
Assim por todos aqueles anos ele nunca nem pensou sobre o que estaria
naquela caixa de sapato. Mas um dia a velhinha ficou muito doente e o
médico falou que ela não sobreviveria. Então o velhinho tirou a caixa de cima do armário e a levou pra perto da cama da mulher. Ela concordou que era a hora dele saber o que havia naquela caixa.
Quando ele abriu a tal caixa, viu 2 bonecas de crochê e um pacote de
dinheiro que totalizava 95 mil dólares.
Ele perguntou a ela o que aquilo significava, ela explicou:
- Quando nós nos casamos minha avó me disse que o segredo de um casamento feliz é nunca argumentar/brigar por nada. E se alguma vez eu ficasse com raiva de você que eu ficasse quieta e fizesse uma boneca de crochê.
O velhinho ficou tão emocionado que teve que conter as lágrimas enquanto pensava 'Somente 2 bonecas preciosas estavam na caixa. Ela ficou com raiva de mim somente 2 vezes por todos esses anos de vida e amor.'
- Querida!!! - ele falou - Você me explicou sobre as bonecas, mas e esse dinheiro todo de onde veio?
- Ah!!! - ela disse - Esse é o dinheiro que eu fiz com a venda das bonecas,a dois dólares cada...

Boneca de Porcelana

Descobri que há um tempo atrás eu era apenas uma boneca....

Sei que você não me ama,
Nesse mundo ninguém mais me engana,
Sou apenas um brinquedo;
Boneca de porcelana
Que se quebra e sente medo
Nas mãos de homens traiçoeiros!

Sei que você não me ama
Sou apenas seu passatempo no login virtual
Da conversa casual,
E nem pense que você me compra
Com esses corações vermelhos.

Sei que você não me ama,
E só sente interesse,
Olha aqui, menino tolo
Não serei o seu joguete.

Presto apenas por um tempo,
Eu não quero mais te ver,
Quando a diversão acaba
É melhor me esquecer.

Sei que você não me ama,
Nesse mundo ninguém mais me engana,
Sou apenas um brinquedo;
Boneca de porcelana
Que se quebra e sente medo
Nas mãos de homens traiçoeiros!

No teatro dessa história
Sou apenas uma atriz,
Quando fecham-se as cortinas
Ninguém lembra mais de mim.

Quando era uma criança
Eu brincava de bonecas,
Eu só não imaginava
Que eu seria uma delas.

Mas se na hora da tristeza
De mim você sentir saudade
Me ponha em sua prateleira
E se distraia à vontade.

Sei que você não me ama,
Nesse mundo ninguém mais me engana,
Sou apenas um brinquedo;
Boneca de porcelana
Que se quebra e sente medo
Nas mãos de homens traiçoeiros!

Sou apenas um brinquedo...
Boneca de porcelana...
Boneca de porcelana....

Olho de Boneca (Orquidea Dendobrium)

Essa é a flor
que desabrocha
e invade o ar
com seu perfume
encantador...
essa é a flor
que simboliza
o meu nascimento
a minha chegada
neste mundo
verdadeiro...
desde pequeno,
comemoro meu aniversário
com este perfume encantador
que invade as ruas
que transforma a cidade
num grande jardim em flor
és os olhos da vida...
és orquídea divina...
és flor da minha vida...

⁠ Eu sou uma boneca.
Escolhem como ando, a roupa que visto e o modo que vivo.
Só falta um dia eu perder a cabeça... e continuarem tomando apenas conta do meu corpo".

Crepúsculo

Na hora em que o dia
não é mais dia,
em que a noite
não é noite ainda,
tudo é magia,
e o céu parece
veludo furta-cor
escorrendo das mãos vazias.

Solidão
da madrugada
no silêncio noturno
pensamentos
vagueiam
na lua de Saturno
no labirinto do coração
pelos porões obscuros
acende a luz da alma
num lampião de lembranças
um souvenir de esperança
e tu para e pensa
calma alma...
nada mais importa
agora...
já não faz mais diferença...
As coisas têm um tempo certo pra ser...
E nem sempre depende de você.

Mulheres...
são orquídeas
bailarinas
disfarçadas
de meninas
nas sendas da vida
dobram o vento
quebram tabus
vestem tutus
de renda
são orquídeas
floridas...

Estou aqui a olhar esse teto branco, que lembra o manicômio onde aprisiono a louca que vive em mim.
A louca que as vezes foge, para um lugar distante que talvez só exista para ela.

Depois fecho os olhos, me teletransporto para um penhasco alto.
Onde não sei se me jogo, ou apenas olho, e lamento pelos meus fracassos.

De repente me vejo perdida em um buraco negro, que me leva a questionar: E se eu não existisse? Não vária diferença.
Sei disso porque eu existo, mas não tem quem note minha existência.

Quem é forte não fica se lamentando sobre sua sorte...
Se queremos ver flores temos que plantá-las num jardim, num canto, num beco que seja...
Fazer um horto na alma
É certeza que floreja.

Observo há GUERRA de EGOS MADUROS
Os tantos ACHISMOS DENTRE CEGOS
Me calo, porque se muito falo
Engravido das palavras precoces
E o parto pode ser prematuro.

As amoras

O meu país sabe às amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade
O Outro Nome da Terra

Telha de vidro

Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...

A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que - coitados - tão velhos
só hoje é que conhecem a luz doa dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!
- Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você na experimenta?
A moça foi tão vem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

Contemplação

Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre ideias e espíritos pairando...

Que é o Mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...

E dentre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só pressentindo...

Mors Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

Sonho Oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Antero de Quental
Os Sonetos Completos de Antero de Quental