Poemas de Arnaldo Antunes

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Qualquer homem é capaz de fazer bem a outro homem; mas contribuirmos para a felicidade de uma sociedade inteira é parecermo-nos com os deuses.

A maledicência pode muitas vezes corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe.

Há grandeza mais verdadeira numa boa ação do que num bom poema ou numa grande vitória.

O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.

O nascer não se escolhe e não é culpa nascer do ruim, e sim imitá-lo; e é culpa maior nascer do bom e não imitá-lo.

O valor que não tem por fundamento a prudência chama-se temeridade, e as façanhas dos temerários devem atribuir-se mais à sorte do que à coragem.

Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas gerações futuras.

Um homem que acaba de arranjar um emprego já não faz uso do espírito e da razão para regrar a sua conduta e as suas atitudes perante os outros: toma de empréstimo a regra do seu posto e da sua situação; donde o esquecimento, a altivez, a arrogância, a dureza e a ingratidão.

A pobreza não tem bagagem, por isso marcha livre e escuteira na viagem da vida humana.

As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem.

Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada.

Ser-se livre não é nada fazer, é ser-se o único árbitro daquilo que se faz ou daquilo que se não faz.

Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

Existem a beleza que excita, a que comove e a que satisfaz: a melhor é a última.

Nos nossos revezes, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes, ou inábeis.

Há duas coisas que não se perdoam entre os partidos políticos: a neutralidade e a apostasia.

Um empreendimento imagina-se e começa-se com facilidade; mas na maior parte das vezes sai-se dele com dificuldade.

Os defeitos de quem amamos, devemos vê-los com os mesmos olhos com que vemos os nossos.

Não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios; nos que o são do entendimento ocorre mais vezes esse engano.