Poemas de Arnaldo Antunes
Eu cura.
Eu morte.
Eu ajuda.
Eu castigo.
Eu aqui para você ou para os meus?
Eu sou para escolher ou para escolher fazer?
Vim te salvar de todos ou te jogar para eles.
Quando teremos nossa vida em nossas mãos?
Quando deixaremos de confiar no saber do outro?
Sejamos detentores do nosso bem estar.
Não podemos ser sós.
... mesmo
um possível erro
conduz a algo que, para
o espírito resultará numa
condição vantajosa - em virtude
dos rudes desfechos e lições que
possa suscitar - transformando-o num
poderoso antídoto capaz de refrear
tão ásperas desordens
íntimas!
Me foi enviada com fé
a bolsinha de São José
me roubaram a bolsinha
no Metrô da Praça da Sé
Pois é...
Benê
... a razão
do viver não seria
uma busca desenfreada
por nossa felicidade - contudo,
em perceber-se útil - visto que,
virá desse senso de utilidade
o que nos possibilita
habitualmente
felizes!
Um dia
Um dia você vai acordar evitando abrir os olhos por não ter se entregado a quem realmente merecia, tendo assim evitado viver os melhores momentos da sua vida.
Jardim das Oliveiras
Tem raízes bem fincadas
ancestralidade matriarcal
de majestosa rainha
tem um jardim bem diversificado
colorindo risos altos e baixos
mistura o alemão, italiano
e português
onde canta belas canções de ninar
melodias ouvidas e ensinadas
no jardim das oliveiras
onde o vento sopra amor
no vale o rio peneira areia fina
a água reflete o campo florido
com todas as cores
azul, verde, castanho
cada uma com sua qualidade
dentro do seu ciclo de vida
onde o tempo não tem pressa
atrelada no seu compasso
desenha identidades
em um jardim muito florescente
passageiras de alma, às vezes incompreendida, de voos distantes
mágoas, amarguras doem corações
neste jardim grande, abraçar a todos,
às vezes torna-se um desafio
tirar o véu que cobre o silêncio
transcender nossa existência
com harmonia e amor
transformar reuniões em festas
papear, papear até amanhecer o sol
em risos grandes e calorosos
com vários voos
em várias direções
entender é difícil
mas dentro da roda
o giro é divertido
contagia os de fora
que riem sem nada entender.
Este é um jardim adoravel
liderado por mulheres
de corações enfeitiçados
@zeni.poeta
Ruínas da dor
Alicerces enfraquecidos, fugas da realidade,
num castelo aonde eu sou o rei as aparências são o meu melhor disfarce,
um dia agente percebe que é tarde demais para voltar atrás , e então de joelhos choramos em ruínas sobre as nossas próprias decisões,
carrego uma dor que não encontrou um lugar para ser enterrada,
nas brincadeiras a joia vermelha foi tratada como bobo da corte,
sob o sacramento a confissão virou piada, a rosa se encheu de espinhos, a mentira fingiu ser verdade e o romance virou uma mentira.
LINDO E VERDADEIRO TEXTO DA MADRE TEREZA: ENSINARAS OS TEUS FILHOS A VOAR -- MAS NÃO VOARÃO O TEU VOO. "Ensinarás a voar ...
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar ...
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver...
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar ...
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar...
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem...
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido! Madre Teresa de Calcutá".
Poema - És
És qual cantiga de ninar
a um sepulcral descanso;
O sopro frio de inverno
em secas folhas de outono ...
És do jardim da solidão,
pétala, e caíra ...
Assim pálida de adeus,
de abismos esculpida!
És raio de sombra de um sonho
e não se sonha em trevas;
Como descarnado abraço
que o amor desaconchega ...
És aos campos-santos
poesia de epitáfios
Pútrido coração
e deformada paixão não igualo ...
És a beijos de distância
folha a fio levada
Íris cadente alinhada
a luar em febril lábio ...
És das lágrimas mais puras,
desnuda não cairá
Comum brinde de corpos
por tênue sopro de amar! ...
Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Paimon
.
Ó andarilho —
Conquistador
da torre negra!
Senhor bastardo
que Serpenteia
e deus herdeiro
das Areias! —
Sopra a ampulheta
entre os meus olhos
que marca o tempo
de tua estrela:
Vem, anuncia
o aluvião!
Não silencia
a tempestade
que percorrendo
o meu Deserto
é um império
até então! —
Vem, andarilho,
reinar o pó
de minhas mãos —
elas são duas!
Vem, e confunda,
e ruja as mãos
e essas palavras,
elas são tuas!
Vem, andarilho,
veja o teu filho —
e como Dário,
como Alexandre
ou como Ciro
Ouve o meu Verso
entre o alaúde,
o dromedário
e o nosso Exílio! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Pássaros
.
Tenham pena,
suas Asas,
dissecadas
De pancada
debatidas
Por Canção —
se elas partem
meu telhado
se elas caem
Separadas
se elas chovem
Solidão:
Sacrifícios
de silêncio
artifícios
do Deus tempo,
pra tingirem
de tormento
pra escreverem
de vermelho
Na entrelinha
dessas mãos —
tenham pena
suas Asas
Arrancadas
como as minhas
costuradas
Na Canção,
se os meus Versos
são gaiolas
se a Minh'alma
nunca chora
porque a delas
foi embora —
é que as aves
estão mortas
e eu roubei
a Canção! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Gárgula
.
Eu vi um santo
muito feio
Se sentar
aos pés
De uma Cruz —
Se chovia
suas asas
Lhe estendia
como taças
e bebia
água benta
aparada
de Jesus:
Era alado,
tinha um falo
Parecia
ser Diabo,
mas chorava
aos pés
De uma Cruz! —
Tinha garras
tinha presas,
Eram chifres
a tiara
que o adornava
e adorava —
abaixava
a cabeça!
Eu vi um santo,
dava medo:
Vi no topo
de uma igreja
e ele ria
sem sossego,
Com esgar
e incertezas —
Ele ria
quem olhasse
para o trono
das estrelas! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Vodu
.
Dois botões
de um casaco,
duas cores
— O olhar dela —
Seu cabelo
arrancado
de almas mortas,
cheira a terra:
Com seus pontos
de remendo
( sendo pano
Empoeirado )
Seu vestido
nem os ventos —
quem ousou
Soprá-lo?
Maquiada
pelas traças,
Costurada
por aranhas —
É mestiça
é de palha
e também
porcelana!
— Das costelas
dela, um fio
Se soltando
é sombrio:
e vê caindo
das entranhas
tristes ossos
Estridentes,
Recheada
com agulhas
com unhas
E até dentes —
mais assombro
causa o nome
da boneca
De presente! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Café
.
A lenha atiça
o fogão (a)brasa —
pro fundo escuro,
o pó e a água:
Cheira a (e)coados
copos dos lábios
e aquece os corpos
como o pecado —
Odeia a boca
dos apressados
ama o silêncio,
Sofre calado,
Queima as más línguas
magoá-lo —
Ele envenena
Sem pena, amargo —
Ele envenena,
e os sonhos "Lembra
que estão acordados!" ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Gaia
.
Costurei
ó criança,
Em meu ventre
o teu irmão —
Ele chora
tempestades,
ele arranca
tuas árvores
Toca os galhos
como mãos —
quando o vento
lhe balança,
Traz o raio
e o tufão!
Quem o nina,
nina tarde,
tem a morte
por compadre —
tem o abismo
por canção!
Tem no passo
os nevoeiros,
treme a terra
treme os lagos —
tem os rastos
desordeiros
Como rastos
de vulcão!
Também olha
como as vespas,
come as flores —
boca seca,
Depois bebe
do trovão:
Ele inunda
quando impera,
ele chove,
Desespera —
e faz guerra
por paixão! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - dos Crepúsculos
Plena no horizonte
de negro arvoredo,
Nas brumas tardias
guardando segredos
Onde dando a luz
( mãe de pesadelos )
Ela tomou o vale,
fez das sombras reino —
Fez servos demônios,
Ela ensinou o medo
E ela — a própria lua —
sangra em desespero? ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Verso - Eu, a sombra ...
Se a luz encontra
algum obstáculo,
Estarei a frente
bem mais que um passo —
E serei sempre,
Sempre o outro lado! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Ensaios de uma Rosa e um Cadáver
.
Profundezas
ferrugíneas —
Nosso leito
conjugal,
Que perfumes
não declina —
Só os une
a odor mau! ( ... )
"Pouco importa
minha sina,
Estou morta
e o vermelho
É o sangue
de teus dedos —
só ferindo
meus espinhos" ( ... )
Teu caminho
de tristezas —
Teu desprezo
me venerem
Se uma lágrima
não caiu —
Se uma lágrima
há que reste —
Se por ti
sou outras mil! ( ... )
"Pouco importa
o teu amor
Contrapor —
ser meu fim,
Sou flor murcha
e ainda flor —
Entre vermes
e cupins!" ( ... )
Meu caixão
sendo adubo,
Serei teu
jardim de ossos —
E um casulo
só de moscas
Selaria
beijos nossos! ( ... )
"Há lá fora
tantos anjos,
Todos pálidos
e sem súplica —
Só reinando
a irmã morte —
Tem por trono
covas fundas!" ( ... )
Pois de inferno
farei céu —
Teus espinhos
a cercando —
Serão vasos
de caveira
E mais lindo
teu descanso! ( ... )
"Ouço um sino
badalar"
— É a igreja!
"Pouco importa"
— Silencia
tua voz
"Todos nós"
— E então chora? ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Zéfiro
.
Com galhos
e janelas
se tocando
ele cessa.
Com a sombra
na parede
Pelo fio
do alfinete,
ele cessa.
Entre as teias
e o telhado
— as aranhas,
o terraço —
ele cessa.
Segue a chuva
pela fresta,
toca a pele
bem mais frio.
Ele cessa
o arrepio
Ele cessa
meu silêncio —
Só não cessa,
triste folha,
teus caminhos
pelo vento! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
Poema - Monólogo de um anjo torto
.
Minhas asas,
minhas duas
negras asas —
Sangrarei
sem o céu
tocá-las?
Sete vezes
seu bater
Deixarei
pela estrada
– Sem que o ouçam –
e pela alva,
Sem caírem
como lágrimas!
Minhas asas,
minhas, duas,
Irmanadas
– Se abriram
debatidas
Pelo assombro
das palavras?
Choraria
nas florestas
Pelos bosques
pé de serras,
Pelas frias
madrugadas
Por tê-las,
minhas asas,
Entre estrelas
colocadas! ( ... )
- Lemos de Sousa
@lemo.sdesousa
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