Poemas de Arnaldo Antunes
A face do dilema
Entre a lógica e razão
Nestas duas direções
Sem alterativas na exatidão
Resulto em perplexidade
Instante que toma a serenidade
Insensatez intensa
Não consigo decidir esse dilema
Ter que lutar pelo imprevisto e
Ainda assim insisto
Uma vontade louca da certeza
De ir além contigo
Viajar sem fronteiras.
Sonho com um refém
Como sou do amor também
O sentido está estampado em minha face
O que então levou o teu sorriso?
E me aprisionou nesse enlace?
Levou também minha paz
A única coisa que me satisfaz
Além de você, que não virei jamais!
Se não for amor
Se não for amor...
Não tire de mim suas verdades
Permite-me ter fé
Construir projetos e realiza-los
Sem medo desabafar
Se não for amor...
Não tire de mim a esperança
Acompanhe-me nas esperas
Sonhe comigo e concretize
Sem receio de errar
Se não for amor...
Projeta-me com teu olhar
Ele me faz acreditar
Mandei embora o silencio
E sinto a paz nos abraçar
Não lamente por tempos perdidos
Olhe para frente e prossiga
Ajude-me a enxergar
Novos caminhos que me leve
Ao teu lado estar.
Se não for amor...
Pense positivamente no acaso
Acredite no dia que vai chegar
Contemple cada um dos seus momentos
O sol de num novo dia vai raiar
Não foque excessivamente na saudade
O que é passado já tem marca de passar...
Mergulhe a cada instante sem receios
No significado da palavra amor
Se não for me amar...
Não vomite em mim suas frustrações
Não jogue em mim seus fracassos
Não me faça chorar pelas suas tristezas
Nem exaspere meus sentimentos
Não atropele minhas saudades com suas mentiras
Não destrua meus sonhos com suas ilusões
Não cegue a visão do amor que acredito
Não desperdice as palavras de carinho que te dedico!
Não engane meu coração com teus olhares
Nem manche meu coração com teus beijos carinhosos
Apenas diga que não é verdadeiro
Confesse!
Que não é teu amor que desejas me dar
Não esfacele a esperança que ainda me resta de amar
Imagem definida
Rascunhos tímidos no papel
Ainda sem traços definidos
Ideias chovem em minha imaginação
Chego a suar frio
Quando tocas minhas mãos
Emoção inunda minha alma.
Todos os dias rabisco
Os pensamentos que tenho de ti em mim
Surgem a cada momento mais nítido
Muito mais real a cada instante
Sem ti eu passo mal....
Coração esta perdido
Não sabe o que sentir
Se foge ou se entrega
Não quero te ver partir...
Para a paixão tanto faz....
Se ausente ou presente
Sua fase se refaz
E dentro de mim respiras paz
E constante saudades me trás
Não me deixas perder de vista jamais.
Nada mais!!!
Uma vez...
Nós três...
Eu, Você e o amor...
Nada mais restou!
A solidão ocupou!
Meu coração saudoso
Eu, a solidão e a saudade,
Nada mais era verdade!
Sem Inspiração
Sem inspiração...
Despi-me de minha natureza
Pois já não há nela vida...
Sem sentido! numa beleza oca.
Neste dia que mais parece ser o fim...
Sem me aprofundar nos valores da pureza...
Que me purifica a alma
E coração acalma...
Sigo caminhando...
Rego as esperanças com minhas lágrimas
Que continuamente gotejante...
Buscam teu rosto marcante...
Com alma soluçante
Mais parece que nem mais um coração eu tenho! ...
Dia nublado anuncia a partida de minha calma
Inércia de minhas plenitudes me infringia
A alegria desaparecida
Meu coração em murmúrios desconexos
Reduz-me a um único inerte pensamento
A eternidade dos nossos momentos.
Em cada resquício de morte, que a tristeza renascia
Derramei-me em uma nova vida
Que só assim me inspiraria.
Dura ausência
As minhas mãos estão tão solitárias sem as tuas!!!
Minhas saudades te pedem para ficar
Chego até ver-te sem te olhar
Não me importo em suplicar
Esqueça tudo e comigo vem ficar
Porque se for medo...
Deixas que os meus medos abracem os teus!
Não sei se meu destino é teu caminho ou
Se meu caminho é teu destino
Meus braços falam para você ficar
E na força desse abraço
Entenda...
Que ainda quero te amar!
Recordo ...
Que a força do último abraço
Desperta a memória dos meus sonhos
E no infinito eu contemplo
A inquietude da manhã chegando
As portas das saudades se abrem
Como se ainda fosse possível
Ter-te em meus braços
O sobressalto da tua presença.
O reviver da minha entrega...
E o meu amor desvendado em um único olhar
Num infinito que me contemplo...
Na intimidade de um olhar nítido!
Sentimento que me deixa enclausurar
Por qualquer palavra tu me decifra
E no silêncio da tua ausência
Refugio-me nos sótãos dos meus poemas
Toques imperceptíveis
Nunca irá existir
A profundidade de ter você
O nascer no encanto do teu sorriso
Tudo o que criei em mim de ti
Emoção que não se descarregam
No meu peito aflora
Todo momento de outrora
O enamorar do carinho e do afeto
Teu beijo num passe de mágica
A hora certa...
O cheiro da esperança em teu olhar
A sabedoria do ser...
Do teu existir em mim.
A brisa derrama-se sobre mim
E a noite espalha-te em meus sonhos
E atravessando cada estrela
O silêncio a me sussurrar
Vens como uma prece ....
Breve instante...
Em minha fé vacilante
Num toque quase que imperceptível...
Grito de saudades
Estranhas gotas salgadas
Escorrem sem poder evitar
Lágrimas que se agigantam
Se deparam com teu olhar
Buscam brisa leve...
Até te encontrar...
O contraste do céu infinito
E em milésimos de segundos
Se despedem...
Esse tempo que não perdoa
Essa vontade de te encontrar
Que me deixa fora do ar...
Eras a força em mim que persiste em amar
Os pensamentos me arrebatam
Vontades de ti vem sem hesitar
Meus olhos flertando com teu olhar
Brotando na rocha do meu coração
Uma flor rara: a paixão.
O céu parecia finito
E essa primavera em mim
Florescendo ....
Vejo o sol escaldante do tempo
Querendo derreter de saudades
Mas as minhas lágrimas dentro de mim
Te vem regar...
A INCONSEQÜÊNCIA DA INSENSATEZ
Que saudades do meu bem
Alguém...
Que dentro de mim relembro também
Os momentos de te querer bem
Onde as dores que me detém
No meu mundo que sem você nada tem
Da nostalgia em sua magia sou refém
Não consigo mais pensar
Somente hipnotizada pelo teu olhar
Que já me faz acordada sonhar
Sem jamais querer despertar
Se estiver nos braços teus
Nunca ouvirei o teu adeus
Se for saudades apenas de ti
Nunca mais dores vou sentir.
És conforto para minha insegurança
Tua mão me acolhe como criança
Que precisa de sua mão
Segurando meu coração
Louca Insensatez...
Fez-me viver mais uma vez...
Se é saudade do teu abraço
Não sei...
Dentro de mim é eternidade.
Talvez...
Sei apenas que fui feliz se eu errei...
APRISIONADA EM VOCÊ...
Pensando todos os momentos
Fazendo-me criar hábitos de ti
Envolvendo-me nos teus planos
Fazendo-me sozinha sorrir
A cada momento desse teu espaço
Trazendo alegria e contentamento
Embora tua ausência seja meu lamento
Meu coração crer nessa magia
Que tão docemente um dia
Encontrou o teu olhar
Fazendo-me flutuar
Ainda que no ar
Sem poder respirar
Viciou-me nos teus beijos
Tirando-me todo momento do chão
Aprisionada em minhas lembranças
E nessa gostosa ilusão.
PONDERÁVEL NUDEZ DE SENTIR
As lembranças afloram feito o perfume das flores
Trazendo sentimentos solícitos de solidão,
Ainda suspiram quando ouço teu nome
Teu perfume grudou na minha roupa.
No coração intacto:
Sem sentido...
Nem palavras, nem mudanças
Me deixa muda e sem mudar
Guardando soluços dizendo
Que ainda te ama.
Sem pensar...
Incoerente...
Perdida em uma meia paixão!
Entre pensar e sentir
Tecendo nova direção
Em silêncio...
Aguardando o tracejar do tempo
Confortando meu coração.
Os teus sorrisos antecipam meus sentidos
Através dos papéis revelo meus segredos
Escrava dos teus olhares
Tremendo em terrores declarados
Na recâmara secretas do coração.
Na ânsia do instante
Silêncio torturante
Arrebatas-me a alma
Quando olho para traz
Como pássaro ferido e aflito
Numa devota eternidade
Deixando-te para traz
E o coração de olhar vazio
Dos meus pensamentos se vais...
UM GRITO PRESO NA GARGANTA
Um grito dentro de mim
Sufocado pelo tempo
Olho através dos meus sonhos
E como névoa voo para a longe
Instantes que Se desfazem desapercebidos
Um aperto no peito desespera
Os teus sorrisos acenavam com se não fosse voltar
Para meus olhos, o teu lar.
Ecoa dentro de mim
Um som que emudecem meus sentidos
Os gritos mais aguçados de saudades
Emudecendo os meus lábios
Acúmulos de muitas verdades insanas.
Um grito preso dentro de mim
Escondido nas recamaras de minhas esperanças
Levando meu querer e minhas lembranças
Toca o meu desejo com mãos geladas e trêmulas
Como se a alma escorresse entre os dedos
Atravessando o sol da minha existência
O grito preso dentro de mim
Clama do fundo das profundezas da minha alma
Para que ouça o meu silencio
Que veja o que não posso ver
Para que traga de volta
O que perdi à beira do caminho
E na trajetória da minha nova vida.
Devolva-me a liberdade de gritar!
Até que possas escutar
O som das minhas lágrimas,
Que caem no chão
Da minha solidão.
UMA METADE, UMA VIDA, SUA COMPANHIA
Aguardei o tempo passar,
Mas Ele nada decidiu...
Sucumbi-me nas confissões tolas que te fiz
E minhas lágrimas acariciava a solidão.
E já não era mais a tua falta!
Pois moro inconstante entre mil universos paralelos.
Não te chamo mais de ausência absoluta,
Pois habitas constantemente em meus desalentos
Um jeito que o tempo nunca se desfaz
As palavras abraçam meus sentimentos esquecidos
Em labirintos de afetos desfeito pela indecisão
Recolho olhares de histórias contadas no silencio
Onde as palavras estavam apenas de passagem.
E as lágrimas sobrecarregadas de tristezas
Deixavam me afagar pelos anseios do teu olhar.
Os dias eram quase processos inúteis
Sem expectativas de te ver chegar
Nos braços dos pensamentos
Prende-me a alegria desses tormentos.
Meu coração declara em vertigem lenta
versos sobre estes eternos momentos
Que o tempo não mais se desfaz
Numa morte súbita de lamentos
Esfacela minha alegria
Pois quase metade da minha vida,
Era sua companhia.
PASSANDO PELA TUA VIDA
Como águia voando veloz,
Avassaladora, passei pelo teu coração
E nos passados tristes passeastes comigo
Espantastes todos os meus medos
Decifrastes todos os meus olhares
E todo o meu interior foi espiado,
Esperastes um gesto dos meus acenos
Explorastes o baú de minhas antiguidades
E achastes riquezas que eu mesmo desconhecia
Bebestes de minhas vertentes com perseverança
Envolvestes comigo em minha vulnerabilidade
E chorastes os meus prantos.
Na terra infrutífera da minha alma
Plantastes sementes de valor
Em solo seco pelas dores
Derramastes também amor
Onde eu não via estrelas no céu
Erguestes o olhar a encontrar
E por nas nuvens sobrecarregadas de lágrimas
Acreditastes nos raios do sol.
Ansiastes todos meus beijos
E minhas aspirações com paciência
Iluminastes os becos das minhas ruas
E sob a luz de um luar desconhecido
Tratastes de minhas mais profundas feridas
E curastes-me com atos de amor.
ÉS AMOR OU AGONIA?
Outrora...
E numa manhã esplêndida abri a ti o meu coração
Senti a dor e alegria simultânea de venerar-te,
Molhei-me nas lágrimas que meus olhos choraram
Encontrei-te na eterna insatisfação
Por várias vezes tentei segurar a tua mão.
Poderia me curvar a minha alma a ti e te adorar
Pois levastes contigo a eternidade que me fez conhecer um dia
Quando iluminastes a vida no reflexo do teu olhar
Quando me ensinastes a amar.
Acostumei-me com tua ausência
O chão aberto engoliu minha existência
Fui marcado com a agonia da desesperança
O mundo para mim é um inimigo
Onde já não tenho abrigo.
E cujo o fim...
Já não sei se rio ou choro
Se vivo ou morro
Se és meu amor ou minha agonia.
E neste dia frio...
Sem tua voz a vida é vazia e triste
E essa tristeza grande demais para um coração
Que busca aflito voltar a sorrir
No teu amor, minha agonia.
FALA-ME COM TEU SILÊNCIO
Um sorriso basta!
Do que não sei ao certo
Gosto de ti até quanto te calas
E em teus lábios colho palavras
Que alimentam minha vida
E molda minhas esperanças.
Delicadamente observo nos olhos do futuro
Sonhos...
Alguns deles destruídos,
Alguns mais redirecionados
E alguns outros misteriosos
Que degustei ao longo da existência.
Despi-me das perguntas
Pois já não havia respostas óbvias
E eu faria qualquer sacrifício
Para que teus sorrisos fossem eternos
E não apenas de momento.
Lancei ao mar o grito que bradei
Querendo dar-te liberdade
E calei os sentimentos que afagam minha alma
Grande amor que foi essa mentira!
Nesta grande mentira mergulhei minhas verdades.
CANTO DA PARTIDA
Quando foste embora...
O céu nublado já anunciava
Apagão os raios das tuas vindas
Que não mais deveria percorrer as veredas de tuas idas
E aspergir tua voz no campo de minhas esperas.
Iluminavas o mundo com a eminência da sua áurea
E até as andorinhas voavam livres
Quando chegavas de mãos erguidas
Guardando doces alegrias em suas lembranças
E nas areias de minha agonia
Os resquícios dos teus sorrisos.
No coração imprimi os teus passos
Em vulcões esquecidos, nas erupções de saudades
Nas curvas do caminho eu te esperava...
E esta sina gravava a fogo Minh’alma.
Drenastes-me a alma em tua partida
E colhi os mais ardentes e eterno desamores
E foi assim...Na espera dos meus dias...
Tentando esculpir esperanças
Tateei novas letras para formar um novo canto.
Eternizando cada passo, mesmo que no mais chuvoso dia.
As lágrimas das flores traziam o teu perfume
A emissão da ansiedade angustiada de um futuro próximo
Com dádivas de amores sufocadas
Congelei o coração em minhas esperas
E com alma no canto esquecida...
Compus novo canto na minha alma ressequida
Para esquecer a melodia fúnebre da tua partida.
PARA SEMPRE...
Infinitamente inerte diante o manto do teu olhar, que me cobria
Pela eternidade de nossos sentimentos me entreguei...
Senti então o grau esplêndido da alegria que havia desaparecido
Lentamente fomos nos afundando nas águas do desejo entorpecido
Nosso primeiro beijo...
Fluí contigo para além desse universo
Onde só existia sinfonia dos anseios de te reencontrar
Primeira noite dormimos satisfeitos como por um encanto
Nos reduzia em um único pensamento.
Morrí sempre! Em meus gemidos em cada um, tu estavas presente.
E quando achei que tudo se perdeu...
Entregastes o coração teu
Onde só existia relampejo desconexos
Derramávamos um para o outro em uma nova vida
e... então como sem saída...
Resolvíamos nos amar até o fim de nossos dias...
CONSCIÊNCIA SER TUA.
No golpear de uma caneta
Envolvo-te numa vertigem lenta
Mãos tremulas de anseios
No volver dos meus momentos,
Abraço palavras de receios
Contando aos meus silêncios
Das imensidões de suas saudades.
Ausência quase que absoluta!
Deitada nos braços dos meus pensamentos
Mergulho como luz no fim do túnel,
Na esperança renascida, com teu riso
Existe um riso que brilha na tua face
Um riso que se mistura com o olhar que acolhe.
Que me cobre.
Parecem inúteis os dias que vivi
Buscando verdades perdidas no tempo
Distraídos olhares, perdidos entre instantes
Ocultei os meus afetos mais íntimos
No intuito de viver, te guardei em segredo
dentro de minhas esperanças
e na tua falta... deixo me afagar em poesias
quando me declaro em letras que suspiram
As palavras certas com pitadas de ternuras
no universo de desejo
Que só descrevem coisas sem sentido
O que eu era antes de você