Poemas de Amor Abandonado
SONETO ESSENCIAL
Enxergamos tudo aquilo que está ao nosso alcance
"O essencial não se vê com os olhos" vai além
Duma paisagem, uma flor, um caminho, porém,
Podemos sentir com a emoção toda e qualquer chance
O que se sente não precisa ser visto, e sim, o que contém
A aridez, o calor, um perfume, o afago, que no sentido trance
E na alma desenhe o real e concreto da vida, em romance
Pois, sentir é o que captamos mesmo não vendo, também
Pode se estar vendo, mas o que julgamos é invisível
O conteúdo, a essência, ideais, aos sentidos impossível
Aparências não revelam a importância no sentir dum olhar
O olhar engana, miragem e nem sempre ao sentimentos compreensível
No entanto ver e sentir, no fado, será sempre compatível
Se ao ver e sentir, com o coração e, com ele, ter capacidade de amar...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry
AGORA EU QUERO IR (soneto)
A minha saudade tem saudade de crê
Me planejei, me desmoronei no sedento
Nas verdades não fui inteiro a contento
E no querer o todo, metade teve porquê
Experimentei descanso e, labuta à mercê
Confiei no silêncio, me encaixei no lamento
Precipitei no ir e na volta, foi ensinamento
Me desmanchei nos sorrisos em comitê
E na busca de me reconhecer, descanso
Afinal, as trilhas não são de vento manso
Porém, ao me refazer despertei com a dor
Se agitado ou imoto me equilibrei no balanço
Da quimera, pois sempre nos resta tal ranço
De jugo. Agora quero ir e, apreender o amor.
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 26 de março
Cerrado goiano
PEDAÇOS (soneto)
Em ti, ó saudade, acho parte de mim
São fragmentos craquelado e partido
Do meu eu que tenho então em ti sido
Eternizado numa dor que vive sem fim
O senso que faz em ti alarido saído
Em mim é silêncio, é solidão, enfim,
Vive da ilusão de lembranças carmim
Do comover sovado e não esquecido
Agora, o que faço para ouvir o clarim
Dos sons da quimera no porvir contido
Dando-me sonhos afora deste folhetim
Serei pouco, nada, de desejo desprovido
Se insistires em ficar tão presente assim
Aí, de pedaços o meu poetar será revestido
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, março, 05'55"
Cerrado goiano
SEDE
Tenho sede de viver
Quero o afeto beber
Saciar a infiel odisseia
Da ganância da fé ateia
Terçando o ressecado saber
Clamo o doce prazer
Olhar que nos fala
Sem o desprezo que cala
Que rasga e maltrata
Quero gratidão sem ser ingrata
Sensação, quero amor
Paixão com valor
Dignidade sem preconceito
Irmandade com preceito
Abraço com empenho
Palavras com avenho
Respeito semelhante
E a retidão de ir avante...
Luciano spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
SONETO IMAGINÁRIO
Imagino um soneto do imaginário
Que escorra da doce imaginação
Com o seu ilusório jamais solitário
E cheios de quimeras e de emoção
Que tenha na sua existência itinerário
Não só formas, nem aparência, ação
Onde os sonhos são seu mobiliário
Aduzidos dos cômodos do coração
Quero com que seja o meu amuleto
Guardado no peito tal qual a oração
Em mantra, não como simples objeto
E se, assim, brotar do tal poço secreto
Dos poetas, que venha com inspiração
Imaginando satisfação por completo
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
MOCIDADE JAZ (soneto)
Mocidade em mim, em simpatia
A sua lembrança já é sem graça
Na arena, silêncio, pouca galeria
E já tão distante, saudade, lassa
Nesta morrinha, de lado a ideologia
Pois, acima ou abaixo, tudo passa
Apressadamente, serventia é ironia
Velhice, prudente palavra: desgraça
Nos licores de prazer, só mitologia
As perdas já fazem parte da vidraça
Do fado, e o entusiasmo na periferia
Porém, nem tudo é ledice sombria
Curtir a paisagem e brindar a taça
Do viver, dizer não, fazem a alegria
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
FIAR POÉTICO
E então, ó poema?
A inspiração indaga:
qual trilha, que dilema
se a intenção vaga...
Reage a página vazia
siga a tua saga
de vida
tristura e alegria
desprezo e amor
Pois, só assim
verso e reverso
o poema há de compor
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Aliceando, Alice Ruiz
O SINO (soneto)
Do alto do cerrado meu eco sonoro
Percutindo alarma de chamamento
Riscando no ar gemido em lamento
De sombrio ato, sofrença com choro
Da torre franciscana sou sentimento
Festo, de paz e bem ao som canoro
Saúdo a vida, com meu fado oximoro
O orante da ave Maria, às seis, atento
Canto, pranto, em ruído éreo, laboro
Trino o dia se pondo e no nascimento
Musicando os céus, e assim, o coloro
Com que júbilo planjo dobres portento
Me juntando aos anjos em um só coro
Sou crebros nobres, fé, no sacramento
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Abril de 2017
Cerrado goiano
TEM DOR...
Tem dor que dói pra valer
Tem dor que passa rapidamente
As que te fazem outro querer
E as que ficam n'alma da gente
Sempre com marcas no viver
E nunca para o âmago mente
Tem vario tipo de dor há ter
Nunca as que duram eternamente...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
O canto triste e melancólico
da sabiá-laranjeira
que reside aqui em frente,
invade minha solidão.
Formamos um belo par de solitários,
ambos fora de tom:
ela, com seu canto,
lamenta o amor que se foi,
eu, em meu canto,
lamento o amor que não veio.
Um invisível vírus
Veio mostrar
Ao mundo
Como um
Governo omisso
Não tem
Nenhum compromisso
com seu povo
Patriotas corruptos
No Brasil
O que mais tem
É político
Que se diz
Patriota
Para fazer
O povo
De idiota.
Nada matou mais na história
Que as certezas totalitárias
Dos profetas religiosos e ideológicos .
Milhões sucumbiram frente às verdades absolutas
Dos mentirosos que se arvoraram em donos da verdade.
Da vossa verdade!
Eu vos suplico!
Não vos deixe enganar por salvadores .
São, em verdade, reles ditadores
Que ditam, antes dores
Que verdades.
Eis o que são os donos de vossa verdade:
Mentirosos! Mentirosos! Mentirosos!
Os mais canalhas deles!
eu,
que só ando só,
sou mais que só ,
sou infinitos sós .
mas,
invariavelmente,
são solitários
meus sós.
e passeiam sua solidão
por meu espírito
que convive,
impassível ,
com meus vários
sós- que,
solitariamente,
o norteiam.
Verso inverso
Reverso verso
Com verso
Converso
Sem nexo
Verso adverso
Universo
Unir verso
Verso a verso
Verso versus verso
Ódio!
O combustível
Do fanatismo.
O olho por olho.
O dente por dente.
Mundo demente,
Todos cegos e banguelas.
Humanidade doente!
Que ódio!
Sim, transformaram-nos em coisas:
Em quantos carros temos na garagem ,
No patrimônio material que juntamos ao longo da vida ,
No volume de nossa conta bancária .
Grandes coisas!
No caixão serás só tu.
E uma roupa que de favor te vestiram,
Qual tal o mendigo que humilhastes ,
Ou o operário que explorastes .
Um corpo em breve fétido,
Como a consciência que nunca tiveste .
E pelos cantos dirão:
Morreu a peste!
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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