Poemas Curtos de Amor de Mario Quintana

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Por que os casais brigam?
Minha esposa sentou-se no sofá, junto a mim, enquanto
eu passava pelos canais.
Ela perguntou, “O que tem na TV?“
Eu disse, “Poeira. “
Aí então, a briga começou...

O amor é igual a uma borboleta: quando você tenta pegá-la, ela foge, mas quando você está distraído, ela vem e pousa em você!

Trova
Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava.

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.

Outono

É uma borboleta amarela? Ou uma folha que se desprendeu e que não quer tombar?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Sê bom
Mas ao coração
Prudência e cautela ajunta.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.

Slogan para o ministério da saúde: o fumante é um retardado que ainda não conseguiu deixar de mamar.

Ah! quanta vez a vida nos revela que "a saudade da amada criatura" é bem melhor do que a presença dela.

Diálogo inútil

– Mas por que tu não fazes um poema de amor?
– Todos os poemas são de amor.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

Eu me esqueci no armário.
Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!
Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.
Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.

Que esta minha amada paz e este meu
amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade
bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsoria
dos cemitérios
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto

Se a tua vida não puder ser uma tragédia grega – por amor de Deus! – não a faças um tango argentino...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Inserida por pensador

Coexistência pacífica

Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Qualquer um pode se tornar um poeta quando está amando, o duro é ter que se fazer de um justamente por não estar.

O homem – eternamente escravo de suas paixões pessoais – é absolutamente incapaz de imparcialidade.

Triste mastigação
As reflexões dos velhos são amargas como azeitonas.

(in: Sapato Florido, 1948.)